Rainha Do Egito escrita por MayLiam


Capítulo 7
Minha decisão


Notas iniciais do capítulo

Pode estar cheio de erros de digitação, mas eu espero que entendem o conceito de sem tempo... Desculpem, qualquer dúvida...
Boa leitura...



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Depois daquela noite, eu quase não o vi mais. Damon estava me evitando, quando cruzava comigo nos corredores do palácio, ou nos víamos nas refeições, mal me olhava, me evitava ao máximo. Decorreram duas semanas desde sua volta, e então, ele estava se preparando para ir embora. Novas tropas hicsas estavam chegando e o exército precisava de seu comandante de volta aos campos de batalha. Uma nova reunião do conselho foi marcada, pela busca de novas estratégias, isso era o último compromisso de Damon antes de partir. Mulheres não eram autorizadas nestas reuniões, mas eu queria muito estar nessa. Eu acho que sei como ajudar, mas terei que fazer um pedido ao grande Rá.

-Você está maluca senhora? – Rose estava alarmada.

-Em primeiro lugar, o faraó nunca escondeu que seu consentimento sobre o meu casamento com o filho partiu da fé que ele tem que eu seja a reencarnação da deusa. Bem se ele pensa assim, então eu tenho chances de persuadi-lo a me deixar partir.

-Mas senhora, é uma guerra.

-Sei perfeitamente disto. Não posso fazer nada daqui, no entanto, creio que posso fazer algo direto de lá.

-Senhora...

-E tem mais... Você virá comigo. – ela arregala os olhos e me dirijo determinada a porta onde então reunidos e dois guardas me impedem de passar.

-Mia amumi, - um diz comedido – não pode passar.

-Como? Estou aqui a chamado do próprio faraó, – minto – vão me impedir de passar? Passar por cima da ordem dele? – eles se entreolham e engolem... – Bem...? Não tenho todo o dia. – eles se afastam da porta me deixando passar, me volto para Rose. – Me espere aqui. – ela me reverencia assentindo e fica, eu adentro a reunião.

-Meu pai sabe que não concordo com estes termos... – é a voz de Damon que imediatamente cala quando todos se voltam pra mim assustados.

-Esposa... – Stefan avança contra minha direção. – O que está fazendo? – diz ao chegar perto de mim e é quase um sussurro. Eu apenas o encaro, e nada lhe falo, me dirijo até bem próximo do faraó e me curvo, ao encará-lo tomo coragem. – Meu soberano... Sei como ajudar. –digo olhando no fundo de seus olhos.

-Meu pai, realmente não temos tempo pra isto... – Damon começa, mas o faraó o para erguendo a mão e sinalizando para que eu continue.

-Diga criança... – ele me incentiva, engulo e continuo.

-Sei o que devo fazer. Consigo ajudar nesta nova batalha contra os hicsos, no entanto, preciso de sua autorização. – eu jogo e ele cerra os olhos pra mim.

-Do que fala? – me pergunta.

-Quero sua autorização para partir com a comitiva do príncipe até o campo de batalha. – falo bem rápido.

-O que? – Damon e Stefan gritam juntos e eu os encaro de imediato, estão se olhando, de testas franzidas.

Me volto para o faraó, ele me olha especulativo enquanto todos os homens ao nosso redor protestam.

-Minha esposa não partirá para a linha de fogo. É uma loucura. - Stefan vocifera.

-Meu pai, não tenho por que assentir esta loucura, ela não vai comigo. – Damon fala zangado.

-Bem... – o faraó cala a todos. – Acho que ela pediu autorização a mim, não a vocês. Então não devem se sentir injuriados, a decisão não é de vocês. – acho que estou sorrindo por dentro.

-Mesmo assim meu pai. – Damon reluta. – O que a faz pensar que sua presença seria de valia para a batalha? Só me imagino tendo que protegê-la a todo tempo, ela seria um alvo, com toda certeza. - Damon diz olhando pra mim.

-Bem minha criança... Por devo deixá-la partir? – o faraó me pergunta e me sinto corajosa a responder, dada a crise e grosseria que acabei de presenciar pela parte de Damon. Ele só me vê como um estorvo?

-Meu senhor já mandou seu filho em minha busca, por que acredita que eu posso ser a solução para os problemas de seu povo. Chegou a hora de mostrar que sou esta solução. Outra coisa é que muitos de seus homens comandante, - digo para Damon o encarando, ele me olha e posso dizer que está furioso. Pouco me importa. – são tão crentes quanto o seu pai, e alguns deles tiveram a oportunidade de ver que eu realmente posso fazer algo, inclusive o senhor. Sabe de meus dons. – há uma comoção ao redor, todos em tom admirável.

-Do que está falando? – Stefan se dirige a mim. – Do que ela está falando? – se volta para o irmão que nada diz.

-Meu soberano, me entristece que seu comandante não seja um homem crente. Sei que o senhor bem o sabe disto, mas eu sou, assim como a maioria dos homens deste exército, e do outro também. Assim como os seus homens tem esperança em mim, os hicsos me temem. Só minha presença naquele campo de guerra seria um incentivo e um anseio.  A nosso favor, é claro.

Há um momento de silêncio...

-Meu pai, por favor, seja sensato, não considere isto. – Damon usa sua voz mais gentil.

-Você presenciou os dons dela? – o faraó pergunta, e agora Stefan e seu pai encaram Damon, assim como todo o conselho. Ele hesita.

-Não presenciei nada que possa nos ajudar na batalha. Só a vi adoecer por fazer um truque ou dois com o vento, e nada mais. Pai, no momento magia não nos ajudará.

-Meu pai, não a deixe ir. – Stefan pede e me olha. – Não posso conceber que vá.

-Sei me defender sozinha. E posso lhe mostrar. –olho para Stefan. – Posso mostrar para o senhor também. – digo olhando para Damon. – Não precisarei de proteção. – o faraó se acomoda na cadeira interessado.

-Mostre-me! – ele diz a meio riso.

-Meu pai. – pede Stefan.

-Deixe-a mostrar. – ele se afasta. Agora Damon e Stefan sentaram-se perto do trono do pai.

-Peça que os dois homens que estão fora da sala do conselho, entrem aqui e me ataquem. – falo pra Damon que arregala os olhos.

-Como? – ele sorri debochado.

-Faça! – o faraó diz sério.

-Mas... – Damon iria relutar, mas o olhar do pai o parou. Stefan apenas está calado, e vejo que está apreensivo e aborrecido comigo, tanto quanto Damon.

Damon se ergue e chama seus homens, todos a nossa volta quietos e observando. Há vários pilares na sala e estamos diante de um grande poço retangular, cheio de água. É uma grande sala, cheia de imagens dos deuses egípcios e ao centro o trono, onde estou diante. Os dois homens entram acompanhados por Damon, e ao ouvirem as ordens se olham apreensivos e hesitam. Damon retoma seu lugar.

-Sem piedade, como se suas vidas dependessem disto. – eu digo e ouço Damon gargalhar. Estou alheia a ele e focada nos homens agora. – Acredite, elas dependem... – falo e me aproximo de Damon.- Dê-me sua espada! – estendo a mão, ele me olha irônico e me sede a espada.

Me volto pros soldados.

-Bem... – digo esperando que me ataquem.

-Façam! – o faraó fala sem paciência e o primeiro vem até mim, com um golpe hesitante que rapidamente eu consigo evitar.

-É assim que defenderia sua vida? – pergunto o afastando de mim e o jogando longe até bater na água. O faraó gargalha. – E você? – provoco o segundo que vem com mais determinação. Trocamos alguns golpes pesados. Em toda sala só há o som das espadas em atrito.

Em um momento de hesitação o soldado se distrai e eu o faço ficar de joelhos e sem a sua espada.

-Nunca hesite. – eu ofego, estou cansada, ele me deu trabalho, o faraó apenas gargalha.

-Meu filho, não me admira nada que nossas forças estejam sofrendo, até minha princesa pode derrubar um de seus homens. – me afasto do homem e então apenas ouço o grito de meu marido.

-Irmão!

Ao me virar, por puro reflexo me defendo do ataque de Damon. O que ele está fazendo?

-Damon! – o faraó avisa, mas ele vem implacável pra cima de mim.

-Estes não são a guarda de meu exército, são a guarda do palácio. – fala entre ataques – Terá que saber se defender de ataques piores que estes. – ele continua sem hesitação. Eu estou cansada, mal consigo segurar a espada.

-Já chega! – grita Stefan.

-Medjay. – o faraó grita e Damon me deixa ao chão, depois de uma rasteira que me fez bater bruscamente a cabeça no chão. Como ele pôde? Mas se pensa...

...

Ela está me olhando ofegante, a lamina da espada que empunho está pressionada contra sua garganta.

-Não pode se defender sozinha, não contra um inimigo semelhante a mim. – eu a olho nos olhos. Ignorando os gritos de meu irmão e meu pai.

-Você também não. – ela fala ofegante e então eu sinto, uma pequena lâmina fria pressionando meu abdômen. Como ela fez isso?

Consigo ouvir as risadas de meu pai e de meu irmão, quando finalmente percebem o golpe dela e relaxam. Me afasto dela e lhe ofereço a mão, ela nega e se põe de pé sozinha.

-Bem... Acho que ela sabe se defender. – todos riem, olho pra Elena que me olha com certo ódio. – Leve-a! – diz o faraó.

-Mas papai... – Stefan e eu protestamos juntos, mas ele ergue sua mão nos calando.

-Minha palavra é lei. Sou o deus sol na terra. E agora decreto, que minha amumi Elena partirá com sua comitiva amanhã pela manhã. – sua voz estava num tom assombroso. – Que Amón-Rá os guie. E que a luz da mãe terra esteja sempre com você criança. – ele diz pra Elena que apenas se curva e logo todos nos curvamos.

...

No fim da tarde Stefan veio visitar-me e não escondeu sua indignação. Falava sempre que não queria me ver machucada. Conversamos por horas até que eu o acalmei, ele não se conformou por completo, mas sabia que não poderia fazer mais nada. O faraó decretou.

Na manhã seguinte estávamos prontos para regressar ao deserto. Rose veio comigo assim como eu queria. Ao longe pude ver Rebekah se despedir de Damon, desviei de imediato.

-Creio que minha amumi casou-se com o príncipe errado. – Rose me diz e a encaro perplexa.

-Cuidado com o que diz, não seja inconveniente.

-Perdão alteza. – ela fala, mas está contendo o riso e eu também.

-Serão longos dias quentes e muito sangue em vista. – ela continua.

-Sobreviveremos... – eu falo aceno ao longe para o meu marido que observa a partida da varanda principal, ao lado de seu pai. Ele faz os gestos da aceitação pra mim.

“Meus olhos, meus pensamentos e meu coração são seus.”

Apenas me inclino com a mão no coração em resposta ele sorri. E então estamos nos afastando da cidade. De volta ao deserto...

...

Montamos o primeiro acampamento, não é longe da cidade sede, cavalgamos durante todo dia, debaixo de um sol escaldante e nos encontramos com as primeiras topas em vista. Estamos na cidade de Tebas, um dos grandes domínios do alto Egito, uma das poucas cidades que resistem as secas.

Acho que Elena me deve explicações e avanço contra a sua tenda ignorando todos ao meu redor.

-Saia. – falo para a dama dela que a ajuda a prender seus cabelos. A mulher hesita, e ainda de costas pra mim Elena repete a ordem fazendo que com ela se vá.

-Ela não está recebendo suas ordens medjay.

-O que pensa com tudo isto?

-O que quer dizer? – ela se vira pra mim, seu olhar esnobe e autoritário. Está... Como é linda. Me pego calado e sem respirar e então sacudo minha cabeça.

-Se sabia se defender tão bem desde o começa, por que não se defendeu do hicso?

-Ah... Isso! – ela fala esnobe, se dirigindo a um cesto com frutas e de maneira provocante leva algumas uvas a sua boca. – Tenho instinto de sobrevivência.

-Como? – ela existe???

-O que você queria? Que eu atacasse o príncipe hicso no meio de seu acampamento? Queria que eu lutasse contra ele sozinha?

-Bom pelo menos deveria tê-lo impedindo de tocar-lhe. – ele me olha, se aproximando de mim aborrecida, entendendo minha insinuação.

-Medjay, eu realmente não sei onde pretende chegar com esta história, mas se você tem a fraqueza da falta de memória eu sugiro que trate-se, por que isto é realmente irritante. Lembro perfeitamente de ter lhe dito que eu me defendi, mas infelizmente ele é mais forte do que eu. Agora se me der licença... Tenho que banhar-me.

-Foi uma grande imprudência sua este pedido ao meu pai. Meu pobre irmão ficou com o coração na boca. Achei que levasse os sentimentos dele em conta.

-Eu levo. Acredite, estou pensando neles ao vir aqui.

-Você veio pra dentro de uma baralha. Eu realmente não saberei como proteger você se o pior lhe acontecer, eu... – ela avança contra mim e eu silêncio de imediato, por que estamos muito próximos.

-Talvez no final do dia... Seja você que precise de proteção medjay.

E lá vamos nós outra vez... Eu sinto seu cheiro, é como voltar para casa depois de uma batalha sanguinária e olhar pra sua mulher e ver que você realmente sobreviveu. Por que eu tenho este sentimento perto dela? Elena está me olhando, fundo nos olhos e eu correspondo seu olhar,e de repente, não estou mais aqui....

“-Sabe que não gosto que se envolva nos planos de Setúbal.

-Isisme, por favor, ele é seu primo.

-Bem, você também é meu primo.

-E seu marido. Não seja tão imprudente.

Ela me dá as costas desviando o olhar do meu, cruzando seus braços e posso ouvir seu suspiro.

-Tenho tanto medo de lhe perder...

Me aproximo dela, abraçando-a por trás. Beijando seu ombro. Seus cabelos possuem um perfume divino.

-Não irá me perder. Estarei sempre com você de uma maneira ou de outra. Não importa a distância, eu te amo. – então eu a coloco de frente pra mim e beijo-lhe os lábios. Afundando no beijo enquanto fecho meus olhos.”

E é um choque quando a sensação se vai e estou de frente para uma Elena confusa.

-Tudo bem? – ela me pergunta e eu recuo de seu olhar assustado, me apoiando em algum objeto atrás de mim. – Medjay... – sua voz está num tom preocupado. – Por favor, me responda, sua pele está pálida e foi do nada.

-Eu preciso... – meu fôlego se vai – Tenho que falar com meu general. Boa noite amumi. – eu quero sair deste lugar o mais rápido que posso Elena fica me olhando tensa e do lado de fora sua dama está parada e se assusta ao me encarar, parecendo ver um fantasma, apenas desvio e sigo até minha tenda, estou me sentindo tonto. O que diabos foi aquilo?

...

Na manhã seguinte eu acordei com o som do trotar dos cavalos. Saí de minha tenda apressada, deixando Rose adormecida, me vi diante de uma cavalaria armada, pronta para abandonar o acampamento. Olhei para Damon, erguido em seu cavalo e fui até a ele pisando fundo.

-Iria sair sem me levar?

-Vou sair sem te levar. Não vai pro campo de guerra.

-Essa foi a ordem de seu pai.

-Bem, estou tomando uma decisão estratégica. Você fica aqui.

-Eu devo ir junto. – rosno me pondo de frente de seu cavalo.

-Você é uma maluca, sem qualquer noção de amor próprio e eu realmente não quero ter que te defender. Estarei muito ocupado.

-Medjay...

-Sem discussões princesa, ficará no acampamento. Vamos! – ele grita e os cavalos ao nosso redor se agitam enquanto ele toma a dianteira com o seu e se afasta, levando os homens consigo.

-Ah, mas não vai mesmo...

Me dirijo até a tenda e procuro armas. Uma espada leve e um arco e flecha, sei atirar perfeitamente bem. Com minha agitação acordo Rose.

-O que faz alteza?

-Estou de saída para a batalha. – ela arregala os olhos.

-Vai lutar?

-Bem, eu disse ao faraó que tenho algo em mente e não foi ficar no acampamento enquanto os homens saem pra batalha, devo estar com eles lá.

-Mas alteza....

-Rose eu não quero discutir com você também, já disse que sei o que estou fazendo.

-Não parece nada racional.

-Nada em toda esta guerra é racional. – eu grito. – Homens morrendo, suas mulheres em desespero, fome, dor. Temos que tentar começar a parar tudo isto e sei como começar a tentar.

Eu a ignoro e procuro um cavalo ao sair da tenda, quando me movo para cima do animal vejo dois soldados parados diante de mim.

-Perdão amumi, mas temos ordens de não deixá-la sair.

-Vocês podem escolher entre ficarem vivos ou serem pisoteados por meu cavalo, eu sairei de uma forma ou de outra, a menos que vocês tenham em mente me puxar do animal.

-Não podemos tocá-la. – um deles diz alarmado.

-Pois bem. – digo avançando contra eles que saem da frente imediatamente.

-Minha senhora, tenha cuidado. – ouço o grito de Rose ao longe. E avanço contra a poeira erguida pela guarda já distante de Damon.

...

Não foi preciso cavalgar muito para encontrarmos mais um círculo de destruição. Por Rá, oo que será de meu povo?

É um final de tarde e avistamos uma pequena tropa lutando para manter a fronteira da cidade de Tebas intacta. Foi uma boa hora para retornar a batalha.

-Niklaus. – desço de meu cavalo indo ao encontro de meu mais dedicado general.

-Mei amum. – ele diz se curvando.

-Qual a situação.

-Estou tentando atraí-los para o outro lado da muralha, mas precisamos de algo, uma distração que os leve até lá. Foi bom aparecer com mais homens.

-O que pretende ao levá-los pro outro lado da muralha?

-O rio senhor... – ele diz e já entendo seu plano.

-Precisamos de uma distração. Vou posicionar alguns de meus homens na encosta do outro lado. Mantenha a atenção deles aqui enquanto eu busco outra maneira de levá-los para o rio, vai nos dar uma vantagem.

Ele assente e se vai. Há fogo e pedregulhos por todos os lados, está quente.

Estamos resistindo a um tempo, meus homens posicionados enquanto busco uma alternativa e então tudo é muito rápido.

-Entraram! – ouço um soldado gritar e uma chuva de hicsos avançam contra nós e eu o vejo, em seu cavalo ao longe atacando o outro lado da muralha. Droga!

Estou n meio de vários homens, minha espada já manchada de sangue, derrubo vários enquanto vejo vários dos meus sendo derrubados e um torpor me invade, tudo fica lento a minha volta, eu não vejo como podemos revidar este ataque se nossas forças estão quase extinguidas, não é como se um milagre fosse cair do céu. Eu estou focado no soldado hicso na minha frente, embora seus movimentos pareçam lentos pra mim, quando finalmente o derrubo ouço um som cortante as minhas costas e um grunhido de dor e é como se eu voltasse ao tempo real, me voltando para trás vejo o soldado hicso com uma espada erguida as minhas costas, e estou sem defesa, mas sua expressão é dolorida, seu olhar segue para o meio de seu dorso, onde uma flecha o atravessou, o fazendo sucumbir de joelhos diante de mim. E ao erguer meu olhar eu a vejo. Me olhando com fogo nos olhos, um arco na mão, ela avança contra mim.

-Você estava desatento. – ela rosna para mim aborrecida. – Quem protegerá quem ao final? – pergunta e olha ao redor, depois me olha e eu apenas estou parado a olhando. – Temos que levar eles pro outro lado. – ele diz muito rápido, tão rápido quanto saca outra flecha e dispara contra mim, atingindo outro hicso a minhas costas. – Acorde medjay.

Sua voz me traz de volta e apenas me reencontro, indo contra os hicsos com o mesmo empenho que ela. Ora com uma espada, hora com uma flecha, ora fazendo da flecha uma arma e é tão talentosa quanto o melhor de meus homens. Estamos lutando juntos e somos uma força incomum, conseguimos reduzir um grande número de hicsos.

-Niklaus tem um plano. – eu grito para ela ao longe. – Temos que atraí-los para o outro lado da muralha.

-Eu sei o que fazer, mas preciso que vocês mantenhas os portões do lado sul intactos, precisaremos de uma rota de fuga.

-Fuga?

-Não conteste medjay. Consegue os manter?

-Sim, eu consigo. Se você estiver longe. Quero que suba a muralha, você é melhor com o arco e flecha. Dê cobertura ao máximo de homens que puder e quando os tivermos do outro lado, você e meu general podem colocar algo em exercício.

Derrubando mais uma remeça de homens terminamos o diálogo, Elena me encara ao longe e segue até as escadas do topo dos muros. Estou mantendo os hicsos longe do portão sul e nem sei ao certo o por que, estou seguindo as ordens de uma maluca que invade uma batalha e luta contra homens treinados. E como ela luta? Nunca vi igual.

E então veio do nada. O vento muda ao nosso redor e eu reconheço esta sensação. Elena! Olho em volta e noto os hicsos se retraindo cada vez mais para o lado da muralha que queremos.

-Não! – é o grito do príncipe hicso. – Voltem seus idiotas. – ele tenta, mas seus soldados estão assustados demais, fugindo da rajada repentina que agora derruba grande parte do muro, deixando a entrada deles bloqueada, estão encurralados e fora a saída que minhas tropas defendem só há o recu do rio. É onde os queremos. É exatamente para lá que estão indo e então estão totalmente cercados. Não fosse o Rio a sua frente, há mais homens nossos bem em sua margem e agora sua única rota de fuga é pela saída sul, a qual eu bloqueio.

Olho para Elena, ela tem a mão erguida para o lado da muralha onde agora apenas rochas quebradas existem, ela está bem.

-Desgraçada! – é a voz de Elijah outra vez, feroz, por entre a batalha, ele saca uma flecha e atira contra Elena e é rápido demais para eu poder reagir, tão rápido quanto a resposta de Elena que encara a flecha sem mover-se a torna cinza antes mesmo de lhe atingir. A cena afugenta soldados hicsos, que avançam desesperados contra o rio e ao mesmo tempo inflama meu exército com uma força renovada, que vai contra a guarda de Elijah, e não demora muito, todos estão rendidos.

Eu caminho contra o hicso, que está rendido por meu general. Niklaus o joga diante de mim e ele me encara do chão. Elena está vindo em nossa direção.

-Ansiava o dia de rever você.

-É uma ânsia compartilhada, desde que levou minha melim.

-Ela não era sua para começar.

-Se contarmos por ordem de chegada. Eu a vi primeiro e toquei também. – meu peito se arma contra ele e apenas quero o matar aqui e agora.

-Adoraria enfiar minha espada em seu esterno, mas acredito que meu pai tenha planos melhores em vista pra você e seus homens. Por hora, acredito que seu horrendo pai esteja esperando por notícias. Mandarei um de meus falcões lhe informar sobre os avanços de batalha. – ele rosna e tenta avançar contra mim, mas está imobilizado por Niklaus. Ele olha para Elena, que está estática ao meu lado.

-Seus truques com o vento e magia pagã não resistirão para sempre amumi. O exército de meu pai é muito maior do que qualquer mágica que possa profanar, e suas forças estarão enfraquecidas. Você não viu nem a metade do que podemos fazer contra esta terra.

-E no entanto, em meu primeiro dia aqui, consegui lhe aprisionar. Não precisarei recorrer a magia, ela apenas nos servirá de auxílio. Seu ego é seu pior defeito hicso. As vezes a inteligência supera a força eu só precisei de uma distração.

-Distração cara esta... – ele ironiza e faz Elena piscar. – Isto é sangue em sua orelha? – fala esnobe e vejo Elena recuar de imediato. – Cuidado feiticeira, sua força vital está indo com sua audácia.

Eu avanço contra ele em um soco cru, ele cospe sangue no chão e me encara.

-O que fará quando não tiver a ajuda dos truques dela? – ele desafia esnobe.

-Você vai pro inferno, mas antes eu vou fazer com que você o sinta em vida. – falo o encarando face a face, ao me prostrar diante dele, depois faço um sinal pro meu general e ele o retira de minha vista.

Os outros homens estão cuidando de alguns soldados que ficaram, os outros fugiram pelo rio e agora temos muitos prisioneiros. Eu me volto para Elena, ela está de costas para mim e encara o cenário a sua frente.

-Você está bem? – ela se volta pra mim em um pulo, como se eu a tivesse puxado de um pesadelo. – Está ferida? – ela nega. – Há sangramento? Você fez algo grande aqui hoje.

-Eu estou bem. – diz com voz firme e se afasta de mim. – O que pretende fazer com ele?

-Interrogar, descobrir suas rotas de ataque. Temos uma vantagem com ele preso e seu exército sem líder, além do mais os homens que conseguiram fugir darão um relato do que você fez e acho que temerão um outro ataque por hora.

-Eu odeio esta luta, estas perdas. – ela aponta pros homens caídos a nossa volta, egípcios e hicsos.

-Ao final não terão morrido em vão.

-Será? Olhe ao redor. Nada disso faz sentido, esta guerra... Por que o homem se destrói tanto? Ele não se dá conta que tem que se unir, que há forças maiores do que ele? – seus olhos estão marejados e uma lágrima cai enquanto ele sucumbe diante de mim, se rendendo ao chão, acompanho seu movimento e a vejo tremer.

-Você tem fé demais nos homens.

-E você não? – me encara coma face molhada.

-Para alguns não há esperança Elena.

-E é você que decide isso?

-É apenas a verdade. A maldade já ganhou o coração de muitos deles e outros apenas são arrastados.

-Podemos os arrastar de volta para o lado certo.

-Eles já estão do lado certo. Do lado que escolheram, não há nada que você possa fazer.

-Ninguém mais precisa morrer ou matar. Você não anseia a paz? Será que seu coração só aceita a batalha. Você é um protetor dos homens. Sua missão na terra como medjay é garantir a sobrevivência de sua raça, não ajudar a diminuir o número dela.

-Você fala como se eu gostasse da guerra. Não tenho culpa se meu sangue pulsa para defender os ideais que acredito. Não escolhi nascer um guerreiro, isto é o que eu sou.

-Só que não é só isso. – ela diz e se ergue me deixando ao chão. – Você é mais do que um guerreiro talentoso. Você tem uma missão, recebeu ela quando recebeu está marca, ela aponta para meu pulso. – Você apenas foge do seu destino por que não sabe o que ele lhe reserva, tem medo dele. Prefere seguir as ordens de seu pai a encara seu verdadeiro ideal. Você não quer mais guerra por terra, você quer a paz. Está cansado de lutar pelas coisas erradas, mas é covarde.

-Você não me conhece. – avanço contra ela me pondo de pé.

-Talvez mais do que você imagina.

-Você fala tanto sobre não batalhar, mas a pouco parecia defender a mesma causa que a nossa, quando sua flecha atacava aqueles homens.

-Estava defendendo você.

-Não preciso de defesa.

-E no entanto... – e ela se vai indo contra mim e retomando o caminho para seguir meus homens.

-Ah, mas não vai mesmo. – eu corro até ela, ignorando todo o cenário a nossa volta, ignorando os homens e a devastação. Seguro seu braço de forma brusca e ela me encara com fúria.

-Solte-me!

-Obrigue-me!

-Não me provoque...

-Use sua mágica contra mim se quiser, não me importo.

-Medjay. – ela sacode-se contra maus braços e eu apenas a aperto mais.

-Não deveria entrar em batalhas que não são suas. – eu falo com toda a raiva que corre por meu corpo. E ela encara minha boca paralisada e tremendo contra mim.

-Você estava distraído, iria morrer. – sufoca pra mim.

-Seria uma morte digna de um soldado. Este é meu destino, eu não vou interferir no seu, faça o que quiser, se quer morrer, ou tentar a paz o faça, mas também não pode interferir no meu. – eu a solto e tomo sua frente indo atrás de meus homens. Monto em meu cavalo e saio dali.

...

-Não vai conseguir tirar nada de mim, não sou fraco como os de sua raça. Vai ter que me matar.

-Não duvide que eu quero isso hicso, mas como eu já falei a morte seria uma recompensa a suas ações.

-Estou apenas tentando expandir o reino de meu pai. Você esquece quantas batalhas já travou e quantos de meu povo já matou em nome da ambição de seu faraó, ou é apenas hipócrita de nascença.

-Não iguale minhas ações a suas. Você e seu pai vem profanando uma campanha suja e sanguinária contra meu povo. – ele sorri debochado, está joelhos diante de mim, e eu estou ao meu nível também de joelhos, suas mãos estão presas nas costas e eu já o bati o suficiente para deixar seu rosto manchado por seu sangue. Ouço a entrada da tenda se agitar.

-Por Ísis. – Elena. – O que está fazendo com ele?

-Saia daqui. – eu rosno sem olhar pra ela, encarando Elijah que não tira os olhos dos meus.

-Você vai matá-lo.

-Ele é mais forte do que aparenta.

-Medjay. – estou sem paciência e me ergo para lhe encarar.

-Não devia tentar defender o homem que a fez tanto mau.

-Não quero mais nenhum derramamento de sangue.

-Você não tem que querer ou deixar de querer nada, saia da tenda.

-Damon, muitos já morreram...

-Elena...

-Oh eu entendo – é a voz esnobe do hicso atrás de nós. – Você a deseja em sua cama, e ela também, no entanto o faraó decretou que ela seria a esposa de seu irmão. E agora você coloca cornos no idiota mais novo da casa de Rá. Vocês egípcios conseguem ser tão sujos.

Eu avanço contra ele, minha espada erguida e por Osíris eu teria o matado.

-Não! – Elena grita e meu braço hesita. – Por favor amum, você é melhor do que ele, não vê? Querendo despertar o seu pior. È apenas um recurso desesperado, ele não tem mais nada. – eu apenas a ouço, mas com calma ele se aproxima e segura minha mão, desce até minha espada e devagar a tira de minhas mãos. – Está aqui dentro a horas, por quase um dia inteiro, está cansado, ele vai abusar disto. Precisa vir comigo, comer, então pode voltar e tentar tirar dele o que quer, mas agora se deixar sua fúria tomar conta vai fazer o pior. – eu encaro a mulher destemida diante de mim e recuo.

-Isso, obedeça a mulher amum. – Elijah debocha a minhas costas enquanto eu avanço para a saída.

-Apenas o ignore. – Elena fala logo atrás de mim, suas mãos delicadas em meu braço e ela larga minha espada perto da entrada da tenda.

-Isto, me ignorem. – ouço a voz do hicso fria e logo tudo muda, tão rápido quanto um relâmpago cortando o céu o grito de pavor de Elena corta meus ouvidos.

-Não! – eu paraliso ao ouvir o som abafado e cortante as minhas costas e ao me voltar o corpo de Elena sucumbi contra o meu.

-Que tola. – o hicso ofega e apenas corre contra nossa direção, pegando e usando minha espada ele corta o fundo da tenda e escapa antes que eu poça fazer qualquer movimento para o impedir, mas eu não posso me mover, Elena está caída ao chão em meus braços, ela está tremendo e chorando e em sua barriga está uma lâmina enterrada, suas frágeis mãos estão ao redor, mergulhadas em sangue que jorra insistente de seu ferimento.

-Calma, estou com você, eu vou tirar. – eu digo tentando manter a lucidez, agarro a faca e hesitante a puxo, Elena começa a gritar pela dor que isto lhe causa e eu removo de maneira brusca a faca que é mais extensa do que eu podia imaginar, Rá, estava totalmente enterrada nela, é profundo demais. Elena esbraveja um grito cortante quando removo a lâmina e mais sangue está jorrando. – Não se mexa, pressione aqui. Aperto minhas mãos contra as suas que ainda estão sobre seu ferimento.

-Me perdoe. – ela ofega, tremendo e chorando. – Eu... não sabia.... foi tão depressa, eu só... pensei...

-Fique quieta. Niklaus! – eu grito, depois de segundos ele está na tenda.

-Mei amum... Amón-Rá. – sua voz vacila.

-Chame os curandeiros aqui. Agora! – grito outra vez e ele se vai. – Você vai ficar bem, vai ficar bem.

-Doi... – ela está revirando os olhos. Não!

-Precisa olhar pra mim, olhe pra mim. Não faça isso comigo. Isso era pra mim.

-Está frio... – seu corpo sacode em meus braços e seus olhos se fecham.

-Elena! – ela não responde. – Por favor, por favor...

-Amum o hicso. – um soldado entra na tenda. – Por Ísis.

-Onde está?

-Alguns homens o seguiram senhor, ele pegou seu cavalo. – fala encarando a cena diante de si apavorado.

-Quero ele de volta, não importa o que tenham que fazer, tragam ele de volta. Agora! – nunca me ouvi assim, mas fez efeito o soldado se foi as pressas.

Elena!

Há muito sangue, suja o fundo da tenda, minhas vestes, as dela, ela está ficando pálida em meu colo. Não morra. Não por mim.


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Notas finais do capítulo

Eu adoro estas coisas e adoro como Elena irá se curar.... Tão lindo estes dois. Até breve!