Rainha Do Egito escrita por MayLiam


Capítulo 20
Feitiçaria


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Uma semana depois de seu último encontro com Damon, Elena tinha certeza de que tudo daria certo. Ela manteve a opinião na semana seguinte, quando ele finalmente casou-se com Rebekah, numa cerimônia muito mais arrebatadora do que a sua com o rei. Elena suspeitava que as circunstâncias de sua união fossem o motivo, mas no fundo sabia que Stefan e Rebekah estavam muito felizes em fazer do dia algo memorável, quem sabe até o próprio medjay, principalmente depois do que ela o fez crer.

Dois meses depois do casamento, enquanto ela tomava banho junto com as outras mulheres no palácio, ela já começava a pensar que, mesmo que seu foco fosse o compromisso e dever, e mesmo estando tão decidida a fazer dar certo, Rebekah constantemente, ao falar de como sua união era sublime, estaria fazendo com que Elena desejasse ter parado Damon aquela noite, e o dito como ele era tolo só de deixar o pensamento dela amar Stefan invadir sua mente. Mas tudo já havia passado. Ela tinha perdido a chance, ela tinha uma promessa a realizar e deveres a cumprir. E agora, a criança em seu ventre ficava cada dia mais forte. Tal pensamento a fez sorrir.

Havia mais para se preocupar.

—Vossa alteza parece ainda mais radiante em sua gravidez, Sempre foi linda, todos sabemos, mas rezo a Deusa para que, quando der um herdeiro a meu marido, que me preserve tão linda como a senhora.

E havia Rebekah, claro.

—Obrigada pelo elogio. Tenho certeza de que assim será. Já és uma das mulheres mais belas desta corte, por certo sabes.

Elena via seus dias cercados de conversas maçantes, e desejava mais do que nunca voltar ao tempo onde ela invadia reuniões do conselho e defendia fronteiras egípcias dos hicsos. Ela mais do que nunca sentia falta do antigo faraó, mas seu marido jamais permitiria tais ações, ainda mais em seu estado. A ideia da vida ser passada boa parte na casa das mulheres começava a lhe parecer vazia, fria e cheia de aflições.

—Senhoras... - era  voz do rei, que vinha acompanhado de seu irmão e Niklaus, o general mais confiável do reino.

—Meu marido insiste em invadir esta ala, neste momento. - Elena realmente falou em tom de repreensão.

—É irresistível. E deve ser proibido a qualquer outro homem, senão estes que aqui estão. Eu, pois sou o rei. Meu irmão, que também tem o direito de manter o olhar sobre sua bela esposa e nosso general, para nos proteger de aventureiros.

Stefan falava com humor, mas Elena ouvia com raiva.

—A que devemos a ilustre visita? - perguntou ela.

—Pois já lhe expliquei, minha rainha.

—Por tal motivo não encontro razão para suportar o constrangimento de ter seu irmão e seu general presentes pro meu banho.

O silêncio que ficou no ar foi incômodo pra todos.

—A gravidez está chegando num estágio instável, suponho. - Stefan falou com certa hesitação.

—Não deve supor nada, marido, apenas nos deixar em nossa privacidade. Todos, aliás.

Stefan recuou um passo atrás e olhou pro irmão que deu de ombros.

—Que assim seja. - Ele disse e acenou para que os outros dois homens o seguissem.

Elena se permitiu respirar.

—Quanta intransigência. - Disse Rose, apenas para ela ouvir.

—Quero voltar ao quarto. Vamos terminar este banho de uma vez.

Rose sabia a que se devia o mau humor dela, sabia o motivo da explosão, mas também sabia que não podia mais citar. Não podia mais relembrar coisas que sua rainha tentava esquecer. Pro bem dela, e, talvez, pro bem de todos.

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—Não! Por favor... Por favor... NÃO!

A explosão do último grito fez o príncipe saltar na cama, sentando-se e dando de cara com sua esposa, assustada e, ao mesmo tempo, solidária com sua aflição.

—Outro pesadelo? - Ela questiona, lhe oferecendo um abraço. Damon foge do carinho e assente, levantando da cama. - Aonde você vai?

—Preciso sair, preciso respirar.

—Você pode respirar aqui.

Damon a olha com irritação. E ela suspira, desabando os ombros.

—É a terceira noite que você me deixa, apenas fique comigo e garanto que dormirá bem. Meu príncipe, meu amor. Do que foge?

—Não quero perturbá-la por não querer voltar a dormir. Estes pesadelos me perseguem. 

—Mas quero estar com você a todo tempo, para apoiá-lo, como prometemos um ao outro.

—Rebekah. - O tom dele não deixa espaço pra discussão. - Fique, durma, lhe vejo pela manhã. Vou sair.

Damon fez como disse, e ela, como dissera, pela terceira noite, ficaria só. Toda vez que o príncipe achava que estava tudo ficando certo, e as coisas caminhavam para o curso delas, algo em seu coração apontava para o outro lado. Ele mesmo não entendia as razões de ainda sentir tanta vontade de abandonar tudo e correr pra Elena, mas os pesadelos constantes que tinha com ela não ajudavam muito a se manter firme, mesmo estando destroçado, por saber que o amor dela não era só para ele.

Ele caminhava pelos corredores do palácio, e por duas noites foi assim, até o dia começar a iluminá-los. Mas naquela noite, em especial, ele era tentado a ir um corredor mais adiante, e ele se viu na ala dos aposentos da rainha. Ela estaria só, e Rose estaria no quarto ao lado, no fim do corredor. Seu coração estava acelerado, ele não sabia porque suas pernas o haviam guiado até ali, mas foi como um ímã, e ele estava parado diante daquela porta, tremendo e ofegando.

Um empurrão, e lá estava ele, sentindo o cheiro do quarto dela, sentindo o brisa que vinha da sacada bater em seu rosto antes de se virar, fechar a porta atrás de si e se voltar na direção da cama, sentindo o aroma de... de...

Sangue!?

—Minha rainha?

Damon quase gelou com a cena, ele sentiu vividamente seus dedos congelarem e ele paralisar onde estava. Elena estava no chão, ao lado de sua cama, contorcendo-se de dor, segurando seu ventre com força.

—Amón-Rá! - Ele fala antes de atirar-se no chão, ao lado dela e segurar seu ombro.

—Me ajuda. - a voz dela sai desesperada e engasgada ao mesmo tempo, uma mistura agonizante para os ouvidos dele.- Me ajuda, Damon. Ai! Me ajuda.

—O que... O que eu...

—Me leva pra fora. - ela sufoca, enquanto se apoia nos braços dele, que ainda a seguram pelos ombros.

—Ir lá fora? Pra quê? O quê...

—Me leva. - ela quase grita. - Por favor, me leva lá fora, me leva no rio.

—Você não pode estar falando...

—Damon! - Ele arregala os olhos com o grito dela. Um misto de dor e apelo, talvez mais, repreensão mesmo. - Eu estou perdendo meu filho. Me leva, não questiona nada agora, só me leva, por favor. Os deuses o enviaram pra isso. Me leva. - Ela solta os braços dele, arqueando o corpo pra frente, quase deitando-se no chão enquanto grita por mais uma pontada forte de dor. - Agora! - Ela chora e isso faz ele se mover, levantando-a do chão em seus braços.

—Calma, eu vou levar você, mas não sei o que você espera fazer no Nilo essa hora.

—Confia em mim. Por favor. - A voz dela é trêmula e ela está quase perdendo os sentidos. Damon praticamente corre com ela pelos corredores.

—Eu vou levar, calma.

Minutos depois lá estavam os dois. Às margens do rio.

Damon amparava Elena, enquanto ela seguia pra dentro das águas... O dia quase amanhecia.

—Elena, não devíamos estar aqui, deveria tê-la levado até os curandeiros isso...

—Oh, Ísis não permita. - Ela falava ignorando-o totalmente. - Não permita.

Damon ficou calado, e relutou a deixá-la solta, mas ela se esforçava para se soltar de seu amparo, até que ele a deixou entrar nas águas e, seguindo-a, a ouviu fazer orações e chorar rogando a deusa por seu filho.

—Não... Por favor... Por favor... Não! - Ele a ouviu dizer e sentiu-se arrepiar, sua garganta fechou,e o choro dela aumentou, e logo ela estava gritando, e se arrastando até a beira do rio, caindo e deitando no chão, enquanto gritava, e gritava, e chorava e gritava. E sol nasceu e o rio estava manchado de sangue, as vestes brancas de Elena corrompidas pela cor de sua perda, e o coração do príncipe ficou no chão. - Não podia acontecer, não podia acontecer.

Elena chorava e Damon estava ajoelhado ao seu lado, mas sentia que não devia a tocar. A dor que ela sentia, estava emanando de seu corpo e atingindo o peito dele. Ele queria confortá-la, ampará-la. Mas não havia mais o que fazer. E ele ficou ali, esperando-a parar, esperando a hora de levá-la de volta.

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—Está feito Elijah. As ervas funcionaram e abriram a porta como agentes de meu feitiço.

—Não tinha dúvidas Ayana. Você é a feiticeira mais astuciosa de todos os reinos.

—Isso foi cruel, até pra você.

—Não quero herdeiros no trono do Egito, quero que a dinastia finde de uma vez.

—Mas há outra princesa.

—Com ela não preciso me preocupar.

—Não sei de onde você tira tanta segurança.

—Tenho os meus olhos dentro da casa de Rá. Na verdade, tenho-os em toda parte. Talvez isso a incentive a não me trair.

—Nem em sonhos meu príncipe. Nem em sonhos...


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Notas finais do capítulo

Beijo!



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