Rainha Do Egito escrita por MayLiam


Capítulo 19
Eu consigo!


Notas iniciais do capítulo

Voltei!



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Mais tarde, na celebração que Stefan preparou, eu fiquei olhando pra ele. Não que Damon estivesse fazendo o mesmo. E não que, ao fazê-lo, eu facilitasse as coisas pra mim sobre seguir nossa promessa. Nós deixaríamos de lado nossos sentimentos um pelo outro, e aceitaríamos o nosso destino nesta vida. O meu era estar ao lado de seu irmão e juntos, governarmos o Egito nestes tempos ruins. O dele era garantir que o fizéssemos em segurança.

Eu não consigo esquecer o semblante dele ao saber do filho que espero. Senti algo quebrar em seu olhar, no tom de sua pele eu notava que algo se extinguia... e em mim houve... vazio. E mesmo estando na fase mais plena na vida de uma mulher, me senti vazia.

Mas eu consigo!

Consigo cumprir nossa promessa, consigo salvar o Egito, consigo ser sua rainha. E nada mais.

Sinto a mão de Stefan em minha perna, ele sorri pra mim enquanto estamos sentados no grande salão, observando as danças, e então, eu ouço aquele som familiar, esse mantra ainda me persegue, sinto toda minha pele eriçar, e sei que vai piorar.

Rebekah ganha o centro do salão e dança divinamente, é sempre novo, embora seja o mesmo, porque acada dança ela tem a capacidade de mostrar o quanto o ama, e sempre há mais, como se seu amor só aumentasse a cada dia. Está lá, nos olhos, nas mãos nos sopros. Tudo, absolutamente tudo é para Damon, ela vive para ele.

Quando ele a segue até o meio do salão, todos ao redor estão maravilhados e eufóricos, Stefan, inclusive, mal disfarça o quanto se alegra vendo o belo par que seu irmão forma com a esplêndida dançarina. Meu corpo me trai uma vez mais, e me sinto tremer, mas nada me prepararia para o que vinha a seguir.

Damon a segura tão gentilmente ao final, suas mãos cobrem as faces dela, tem posse e desejo em seu olhar, quando ele a beija, ali,diante de todos, tudo a nossa volta se transforma. Há aplausos, mais música, o centro do salão se enche de pessoas em júbilo, todos dançando e cantando, e sou incapaz de me mover, estou paralisada, apenas minha respiração agitada, e tudo começa a se misturar, as imagens, sons, parece que no fundo de tudo, eu ouço meu coração palpitar descompassado. Há um vulcão dentro de mim querendo se libertar.

—Elena?!

Não sei se ouvi ou pensei que ouvi meu nome.

Calor, falta de ar, calor, e então, dor. Uma dor dilacerante.

—Elena!- sou tragada de uma verdadeira escuridão da alma quando meus olhos encontram os de Stefan. - O que é? - Ele pergunta aflito.

Eu não posso falar, apenas aceno que quero ir embora, e quando levantamos do salão, ninguém parece ter nos notado sair de lá. Stefan me guia pelos corredores, os guardas atrás de nós, mal consigo andar, então ele me ergue, e quase começa a correr comigo.

Não lembro de nada mais.

Quando eu acordo, estou em meu quarto, em minha, cama, Rose e Stefan comigo, meus olhos circulam pelo quarto. Ele não está lá. Porque deveria?

—Elena, você me assustou. O que houve. - engulo diante de toda ternura por trás do tom de voz do meu marido, se ele soubesse o que me atormenta...

—Senti uma dor forte, eu não sei... Aqui. - seguro meu ventre com toda força. - Preciso que traga alguém aqui pra ver se está tudo bem com a criança, eu me assustei.

Ele assenti e sinaliza para Rose, que sai em seguida.

—Me desculpe pelo susto.

Stefan bufa e sorri.

—Sempre cuidarei para que esteja bem e feliz, Elena.

Sorrio, pois sei que é verdade.

No dia seguinte, estamos todos juntos novamente, de maneira mais intima. Stefan, Damon, Rebekah e sua dama, Rose e eu. Fico olhando boba ao perceber que Caroline foi a escolhida dela. Embora eu acredite da boa alma de Rebekah, é bem verdade que sua personalidade tem uma dose muito bem medida de veneno e cálculo. Tudo o que ela mais quer em sua escolha é mostrar a outra que venceu, e claro, de todas do harém real, Caroline é a que mais se dá bem com ela, se posso pensar assim.

—Estimo suas melhoras, majestade. - Ergo os olhos pra Rebekah e Damon lhe encara confuso, depois a mim, e eu desvio rapidamente. Não sei bem o que estou sentindo. Só creio que o beijo de ontem foi um ato cruel comigo, e não quero crer que foi uma espécie de vingança por estar esperando um filho do irmão dele.

—Obrigada. - digo e tento sorrir.

—Sim, ela está bem melhor. - Stefan fala, e sorri para mim. - Só um susto. Coisa da gravidez, suponho.

—Damon relaxa um pouco, eu percebo, olhando se soslaio sua postura, mas sinto seu olhar em mim e sei que ele quer uma explicação. Uma explicação minha.

Depois do café eu não vejo mais ninguém, até o cair da alta noite. Primeiro por ter ficado todo o dia no meu quarto, pensando, descansando, e segundo porque foi só ao cair da noite mais profunda, que, ainda acordada,  me sobressalto na cama, ao som de um baque mudo em meu quarto.

—Não acredit...

—Sim, acredite! 

Sua voz é seguida de sua sombra, que vem a mim até ficar bem nítida sob as chamas próximas a minha cabaceira.

—Pensei que tínhamos superado essas situações.

—Eu superei, mas é uma emergência.

—Para quem? Não me sinto emergenciada. - ele ergue a sobrancelha numa expressão irônica.

—Emergen... isso existe? - bufa sorrindo. Dou de ombros, não me importa, quero que ele se vá.

Ou não.

Agora o vendo aqui, perto, sozinho, por mim...

Não!

Quero que se vá.

—O que quer, Damon?

Ele hesitantemente senta-se no chão, me olha especulando.

—Quero que me conte sobre ontem. Ele testa as palavras na boca, e eu estou revirando os olhos.

—Arriscou seu pescoço para saber de algo que na verdade já sabe?

—Não estou arriscando na...

—Ah, está sim. Está invadindo os aposentos de sua rainha, um grito meu e você vai pra forca, mesmo sendo o príncipe.

Ele recua o corpo surpreso, e sinto minha respiração alterada.

—Ah, já percebo.- Ele engole e baixa a cabeça, ouço seu sopro, longo e cansado. - Me perdoe. Apenas não conseguia dormir com a explicação de meu irmão. Ficou vago. Minha noite ontem foi incômoda e, eu pensei...

—Sim,eu imagino o quanto de incômodo você sentiu ontem. - ele pisca com minha interrupção.

—Não sei o que aconteceu com você nos últimos meses, mas, eu ainda me sinto conectado a você, e não dormi ontem, sentindo... Era ruim. Por isso quando falaram de você na mesa, eu juntei tudo, achei que era mais do que todos diziam, porque o que senti foi... - ele fecha os olhos e sacode a cabeça, como se tentasse se livrar da lembrança da sensação. Sua voz é tão doce, e preocupada, mesmo depois de minha grosseria, que sinto minha garganta dar um nó.

—Vazio. - eu falo, e eme me olha, surpreso.

—É. - então ainda não perdemos isso? 

—Não.

—O que houve?

—Porque você a beijou? - pergunto sem rodeios. - Diante de todos, não precisava, todos...-Ela é minha noiva, eu apenas...

—Queria exibir isso? - ele me olha com certa impaciência e raiva.

—Elena, eu estou tentando...

—Viver sua vida, eu sei, e acredite eu tam...

—Para de me interromper! - ele grita me silenciando. seus olhos arregalados, ele engole, relaxa, fecha os olhos e respira, fundo e lentamente. - Quando consegui dormir ontem, eu tive um sonho. Depois dele só consegui pensar que você... - ele para, parece doer, - que você ama ele também.

Acho que meu coração parou. O quê?

—Você acha o quê?

—Eu penso, - ele corrigi- que você também o ama. Como homem.

—Damon, eu achei que tínhamos...

—Combinamos viver nossas vidas, e eu estou lutando a cada segundo desde que voltei para disfarçar o meu desejo de ser o pai de seu filho, pois não amo Rebekah, não poderia jamais. Amo apenas você. É a única mulher pra mim, mas...

Eu estou tremendo, pois a serenidade na voz dele, é um contraste comparado à angústia que seus olhos refletem. ele é um conflito ambulante, mas o pior é o fato dele pensar assim.

—Damon... - eu tento, mas ele ergue a mão.

—Eu preciso saber. Mais do que qualquer outra coisa, se vim aqui, é também por precisar que me diga. 

Sua voz é um sussurro quando pergunta.

—Você o ama?

Aí está, ele jogou a bomba pra cima de mim. Não imagino sequer a razão de está pergunta surgir na mente dele, depois de tudo, eu não amaria mais ninguém. Então eu vejo, que talvez, os deuses estejam me mandando a solução, o caminho mais fácil para nós. Se eu amar Stefan também, Damon poderá se abrir para o mesmo.

Eu consigo!

—Eu... - ele me olha com expectativa. - Eu não sei o que eu sinto.

Ele baixa a cabeça e sorri amargamente. Eu sei o que significou.

—Quero que saiba que... - a voz dele vacila, e eu fico assistindo seu lábio tremer, e ele controlar sua respiração, para quando me encarar. Quando ele o faz,seus olhos estão marejados, mas ele é bom nisso e nenhuma lágrima escapa. - Saiba que, estou feliz por ele, mas dilacerado por mim e você.

Damon levanta, passa a mão no rosto, pigarreia, arruma sua postura, e praticamente bate continência antes de dizer:

—Boa noite, rainha do Egito.

Eu respiro e prendo a resposta que vem na minha língua. Era algo como: pare, espere,não. Era quase um eu te amo, mas eu segurei, e apenas curvando de leve minha cabeça, pude vê-lo se afastar, e depois deixar meu quarto, por onde veio, como sempre fez, saltando da sacada.

—Eu consigo!

Falo pra mim mesma esta frase, enquanto afunda em minha cama, tremendo, chorando, querendo gritar.

—Eu consigo. Eu consigo. Eu consigo!

 

 


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Notas finais do capítulo

Tchau!