Rainha Do Egito escrita por MayLiam


Capítulo 18
Não consigo!


Notas iniciais do capítulo

Apenas não posso deixar estes personagens sem um fim.



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Seis meses depois...

—Senhora? - Rose vem até mim, apreensiva, enquanto cambaleio até a cama. - Sente-se mal?

—Outra tontura. A segunda este mês. - Ela me olha carrancuda enquanto me ajuda a recostar nos travesseiros.

—Sabe que tem que contar ao faraó.

—Eu o farei. Mas não agora, em meio a uma campanha, com o casamento do irmão tão próximo. - Ela assente. -Apenas devo esperar a hora certa.

Por conhecer bem minha dama de companhia, sei que algo está entalado em sua garganta.

—O que foi, Rose? - Ela hesita, mas de jeito nenhum perde a chance de repetir seu discurso.

—Não entendo, simplesmente não consigo entender. A senhora suspeitando de gravidez, o medjay a ponto de se casar com Rebekah, mais alguém esqueceu de tudo o que aconteceu e toda a coisa das profecias e almas gêmeas?

—Ninguém esqueceu nada. Metade da fé de todos e suas crenças se foram desde a morte do faraó, e a outra metade vem da decisão, minha e de Damon, de fazer a história seguir um curso diferente. - Ela bufa. - Damon decidiu ajudar seu irmão a ser um bom rei, um bom homem. E eu decidi viver minha vida dignamente, honrando meu posto e marido.

—E vocês varreram pra debaixo do tapete todo aquele amor?

Rose me faz suspirar, já tivemos esta conversa infinitas vezes, há pouco mais de seis meses atrás, quando Damon deixou meu quarto, meu coração estava triturado, mas foi o melhor. Todo ódio e fúria que Damon descreveu no olhar de seu irmão, todo nosso medo pelas histórias de nossos antepassados, de maneira alguma Damon e eu, permitiríamos que nossos sentimentos fossem o gatilho do corrompimento dos do irmão. Já havíamos tomado a decisão de fazer diferente nesta vida para nos redimir pelas outras. Fomos apaixonados, amantes, e todo esse mar de sentimentos só nos trouxe destruição, a salvação estaria no outro lado, deve estar, tem que estar.

—Rebekah provou seu vestido ontem. - Eu falo tentando desviar a raiva dela pra outra coisa, que não eu, ou Damon.

—Sim, ela estava radiante. Podia ser qualquer uma...

—A melhor chance que ele tem de tentar ser feliz é com ela. - Rose bufa. Afundo mais nas almofadas, me sentindo tonta e cansada demais pra continuar. - Preciso de água, eu acho.

—Eu vou cuidar de você.

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—Não devíamos estar preocupados com todos estes ataques aqui?— Ouço Stefan. - Damon?

—Não, acho que... - nem sei o que estou falando, Stefan me olha apreensivo e dispensa todos a nossa volta, ficamos sós.

—O que há de errado, irmão?

Sinto meu coração palpitar, é uma sensação ruim, mas familiar e tortuosa como os infernos. Elena. 

—Tem algo errado com Elena. - Ele arregala os olhos e se aproxima de mim.

—Ela está ferida? - Nego.

—Eu não sei se é ruim, só sinto... Deve voltar, estar com ela. Eu comando tudo aqui, só... Volte. - Ele assenti, desconfiado.

—Termine antes do seu casamento, de preferência.

—Sei onde está meu dever, você mais do que ninguém deveria saber disso. - O encaro com ódio, sinto seu olhar suavizar, então ignoro. - Estarei lá para o meu casamento, talvez antes se esta maldita sensação não me deixar. Como você bem fala, devo proteger Elena e você, como minha rainha e rei.

—Espero que não esqueça disso nunca, iraf. 

—Não vou. Nunca.

Ele se vai, e depois de horas o vejo partir, e, voltando para minha tenda, me permito sentir, e amargar a nova realidade a qual me propus. 

—O que está havendo com você, Elena?

Essa sensação ruim me persegue por dias, seja o que for, só consigo pensar que ela está em perigo, e que eu estou a cada dia mais longe dela, e isso me quebra.

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—Minha rainha. - A voz de Stefan me faz remexer nas almofadas, para me acomodar melhor. - Deitada a esta hora, não se sente bem? - Ele faz a pergunta a mim, mas encara Rose.

—Meu rei, que surpresa... Rose. - Chamo a atenção dela, que entende sai.

—Senti que devia voltar e vejo que acertei. O que está acontecendo?

—Como está a campanha?

—Falamos disso depois. - Ele acena negativamente com a mão dispensando meu assunto. - O que há de errado?

—Nada, eu suponho... - Depois de mais uma semana d mal estar, eu tenho a confirmação de que preciso. - Bem, não há nada de errado acontecendo, mas...

—Mas... - ele está quase caindo em cima de mim.

—Estou um tanto zonza e enjoada.

—Porque não chama um curandeiro, você... - Ele para, porque estou o olhando de uma forma que sugere muita coisa.

—Eu não chamei porque sentir isso é normal em meu estado, meu rei. - Stefan pisca aturdido, o semblante eufórico.

—Você... depois de quase três anos... Eu... Nós... - Eu acho que quero sorrir, porque um filho é sempre uma alegria.

—Estou esperando um filho seu. - Ele ofega, e depois, avança contra mim, me beijando e me abraçando.

—Elena... - Sua voz é emocionada. - Eu amo demais. - Ele sorri e me beija outra vez, o que eu agradeço, ainda não sei como responder isso.

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—Ayana, você não serve para nada!

—Não desconte em mim sua frustração, senhor. Faço apenas o que me pede. O problema de seu plano é que não há muita ação, está mais passivo a espera da revolta do faraó. Sua perda de terrenos e batalhas se deve ao fato de esperar uma ruptura na casa de Rá.

—Eu tirei tudo dele! - Elijah grita. - E ainda sim, ele e o irmão estão juntos destruindo meus exércitos. Como?

—Parece que nesta geração, o amor de Ísis por Osíris ficou em segundo plano.

—Nunca! - Ele duvida, você não viu o que eu vi. Aquele amor nunca morre. Eles estão sacrificando tudo, para fazer o que acham certo.

—Quebrar os irmãos não funcionou. Mesmo com todo o rancor do rei intacto, a passividade e submissão de Damon e Elena não abrem brecha para conflitos.

—Então o caminho está em quebrar a passividade dos dois.

—Não entendo.

—Eles abriram mão de seu amor, por um bem maior, mas, se um deles não conseguir ser tão altruísta assim?

—Damon ama o irmão, e Elena ama os dois.

—Exato! Ela ama os dois.

—Damon ama apenas Elena.

Com um riso maligno, Elijah tem mais uma estratégia em sua mente.

............................................

Duas semanas depois....

—Mei amum. - Rebekah corre até meus braços e me beija. - Senti saudades.

—Como está tudo aqui?

—Tudo quase pronto para a festa, mas hoje teremos uma celebração. 

— Eu não soube de nada.

—O exército não foi avisado, nem te esperava aqui.

—É, eu... - não aguentava mais de saudades de Elena. - resolvi vir antes de nosso casamento e organizar tudo com você.

—Eu amei isso.

—Mas o que vamos celebrar?

—Ninguém sabe. Na cozinha do palácio todos comentam que nunca houve tamanho banquete, e a quantidade de bebida é gritante.

—Bem, eu devo me juntar a meu irmão agora, mas a verei na ceia. - Ela assenti e não me deixa partir sem mais um beijo, eu a correspondo com todo fervor.

—Amo você. - Eu apenas me curvo e me afasto.

Chegando ao palácio vou me reportar ao meu irmão, que, de uma maneira nova pros últimos tempos, parece realmente feliz ao me ver, mesmo não me esperando, mesmo eu basicamente o desobedecendo.

—Iraf! - Diz me estendendo os braços e me puxando pra um abraço forte.

—Soberano. - Digo, recebendo e correspondendo o abraço.

—Os deuses lhe enviaram hoje.

—Preciso lhe fazer meu relatório.

—Depois, depois. Antes, venha comigo. Há algo que quero lhe mostrar.

Eu assinto o seguindo, e depois de um tempo fico alarmado ao perceber que ele me guia até os aposentos da rainha, eu travo.

—Pode vir, venha! - Ele chama feliz e abre as portas sem se anunciar, sem saber se poderia... Eu paraliso com a visão de Elena, sendo envolta em um manto.

—Minha rainha! - Falo virando de costas, e ouço o sopro sobressaltado de Elena.

—Stefan! - Ela reclama. Imediatamente vejo Rose deixar o quarto, levando com ela outra mulher. Permaneço de costas pra porta.

—Vamos, irmão, ela está composta para os seus olhos, eu suponho. - ele diz me virando novamente para a entrada, e Elena já está envolta em outro manto. - Olhe só quem acaba de chegar de surpresa.

—Minha rainha. - Me curvo.

—Medjay! 

—Vocês estão muito formais. Irmão, abrace sua cunhada. - Eu olho dele para Elena e depois para ele, então dou um passo a frente e estendo meus braços para ela, que não hesita em me abraçar com ternura. - Agora a parabenize pela gravidez. 

Meu sangue congelou nas veias, eu senti, senti também o tremor de Elena. Por isso a celebração. Um filho. Eles terão um filho.

De algum lugar agitado dentro de mim, cresce apenas a convicção de que não consigo. Não consigo encontrar motivos para celebrar.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês o mais breve possível!