Assim que me viro para Elena e vejo seu sorriso debochado e sarcástico, uma enorme força surge dentro de mim e grita para que eu a ataque, mas luto contra todas as minhas vontades e a reprimo. Meus últimos incidentes com ela em eventos públicos não foram bons, e isso gerou algumas consequências.

– Elena! – tento esconder minha careta com um sorriso falso. – Que surpresa desagradável. – viro-me para Victória e lhe dou um rápido abraço. – Victória, com licença, eu vou falar com Mia, Grace e Kate que acabaram de chegar.

Saio às pressas e sinto que Christian vem atrás de mim, de repente sinto um que ele puxa meu braço, me agarra e sua boca encontra a minha. É um beijo intenso, o desejo explode dentro de mim e retribuo o beijo no mesmo fervor tentando suprir a falta que esse homem me faz. Passo as mãos por seu cabelo e só me dou conta do que estou fazendo quando alguém pigarreia atrás de nós. Interrompo o beijo, ofegante e me viro tentando me esquivar de Christian.

– Huhum... – Bradley tenta chamar minha atenção. – Steele!

Quando me viro pra ele percebo sua cara de decepção e raiva e noto que todos estão olhando para nós, inclusive ela. Para minha felicidade a cara de Elena não é a de quem está soltando fogos de artifício. Apesar da minha perda de controle, os resultados desse beijo foram os melhores possíveis. Christian tinha um sorriso estampado no rosto, Mia, Kate e Grace me olhavam perplexas e Elena estava se corroendo de raiva.

– Brad, que surpresa te ver aqui! Veio com quem?

– Daniel, filho da Sra. Grayson é um amigo da faculdade, vim para cá durante alguns verões e recebi o convite para a festa a algumas semanas. Infelizmente não consegui uma acompanhante. Eu nem iria vir, mas nossa... Ainda bem que mudei de ideia, você está linda!

– Sr. Bradley, eu já disse que é Sra. Grey. – retruca Christian seu tirar seu sorriso do rosto.

– Sr. Grey, eu acho que a Ana não se importa que eu a chame de Steele, ontem à em meu apartamento me pareceu até que ela preferisse que eu a chamasse assim. – Bradley da um sorriso sarcástico.

– No seu apartamento? – Christian olha para mim com uma expressão totalmente diferente. Seus olhos estão com um tom cinza chumbo e ele transborda raiva. Ele inspira tentando manter a calma e quase tenho a impressão de que consigo sentir sua ira, como se fosse uma corrente elétrica. Mas eu precisava agir, meu plano tinha que dar certo. Ter Bradley aqui é uma ótima ajuda.

– É... Ontem eu e Bradley ficamos conversando por um tempo e tomando um bom vinho. – sorrio. – Mas eu não te devo satisfações Christian. Bradley, eu não me importaria de te fazer companhia... – me viro para ele e sorrio. – Venha comigo. Quero te apresentar a algumas pessoas.

– Claro Ana. – ele oferece o braço e eu o pego deixando Christian para trás e indo em direção a Mia, Kate e Grace que nos olham confusas.

Mia estava divina, parecendo uma boneca! Um vestido longo e vermelho, muito lindo, que lhe dava uma postura mais madura e sensual, mas sem perder seu charme de garotinha. Kate estava como uma dessas atrizes de Hollywood que fazem inveja em todas as mulheres com um vestido preto que mostrava toda sua coxa e era tomara-que-caia. Grace, como sempre muito elegante, com um vestido nude em cima e uma calda preta.

– Meu Deus, Ana! Como você está linda! – Grace me dá um abraço rápido.

– Oh Grace, obrigada! Você também está linda. Pra falar a verdade, todas estão!

– Obrigada querida. E quem é este rapaz? – Grace sorri.

– Kate, Mia e Grace, esse é Bradley, um amigo meu da época de colegial. – faço as devidas apresentações e deixo a conversa fluir normalmente. Christian estava a todo tempo fitando a mim e Bradley com um olhar de reprovação, e Elena ficava nos rondando o tempo todo. Meu joguinho estava dando certo.

– Com licença senhoras... – um garçom nos interrompe. – Aceitam caviar?

Oh Deus, que cheiro enjoativo.

– Não, obrigada. – ponho a mão na boca tentando evitar que a bile me suba pela garganta.

– Ana, você está bem? Está tão pálida! – Mia pergunta preocupada.

– Pálida? Ela está quase verde, Mia! – diz Kate.

– É só um mal estar. – tento tranquiliza-las. – Vou ao toalete. – saio às pressas e vou em direção ao banheiro. Só quando começo a vomitar que percebo que Mia, Kate e Grace vieram atrás de mim. Kate segurava meu cabelo para que eu não me sujasse e Mia me apertava contra seu corpo para que eu não caísse de tão fraca.

Depois de pelo menos 3 minutos vomitando, senti que seria impossível ter mais alguma coisa em meu estomago para por pra fora. Consigo ficar em pé sem apoio de Mia e vou até a pia limpar a boca. As três me observam preocupadas até que Grace se manifesta.

– Eu vou falar com Christian. Vocês precisam voltar para o hotel. Você não está em condições de ficar aqui.

– Não! – protesto antes que ela sai. – Eu juro que estou bem Grace. Deve ser só uma intoxicação alimentar.

– Intoxicação alimentar ou um bebê Ana! – Kate interrompe.

– O que? Você está doida Kate? Eu não estou grávida! – digo quase gritando.

– Oh não? Como você tem tanta certeza? Você mesma me disse antes do acidente de Christian que estavam planejando mais um filho. Tenho certeza que vocês tiveram bastante tempo para tentar antes dessa confusão toda acontecer, não foi? Ai Ana... Você nunca teve um filho não? Sentir enjôos repentinos assim é o um dos primeiros e mais óbvios sinais de gravidez, você sabe muito bem disso. Tenho quase certeza que não deve ser a primeira vez que você está vomitando nesses últimos dias. Ou você é muito tapada pra não perceber que está grávida, ou está tentando esconder isso. – Kate retruca.

Lenta e sorrateiramente, as palavras de Kate começaram a ecoar em minha mente e fazer algum sentido. Então era isso o tempo todo? Não é possível! Não agora. Não depois de tudo o que ele me fez passar. Não depois de ter me traído.

– Ana... – Mia tenta falar, mas eu a interrompo.

– Não contem para ele. Por favor. – imploro.

– Você está louca Ana? Como assim não contar para Chris? Ele é o pai! - Mia diz indignada. – Só porque vocês estão passando por uma crise você não vai dizer a ele que vão ter um filho? Isso não está certo.

– Uma crise Mia? Não é apenas uma crise. Meu marido sofreu um acidente de carro, um de nossos funcionários que era praticamente da família morreu, Christian ficou semanas em coma e quando acordou não se lembrava de mim nem de seu próprio filho. Ele me desprezou até perceber que era um erro. Então ele se desculpou, nós passamos uma noite juntos e quando eu acordo ele não está mais comigo. – tento conter as lágrimas. – Eu vou atrás dele e o encontro com aquela monstra da Elena, com quem ele me traiu! Me traiu Mia! Ele ficou com ela enquanto rejeitava a mulher que lutava e sofria por ele todos os dias. Agora ele se lembra de tudo e tenta fazer com que eu entre nos seus joguinhos. Christian sabe quais são meus pontos fracos, mas eu não posso deixar que ele consiga me enfraquecer, eu não o perdôo, só estou aqui para que ele perceba o como é ruim se sentir traído, por isso estou com Bradley. – limpo minhas lágrimas. – Então, por favor, Mia, não conte para ele. Eu estou implorando para vocês três.

– Traiu? Eu vou matar esse Grey! – Kate diz indignada. – Nós não vamos falar nada Ana. Eu juro. – Grace e Mia acenam com a cabeça concordando com o que Kate diz.

–-

– Você está mesmo bem Ana? Se quiser eu te levo de volta para o seu hotel. – insiste Bradley.

– Não Brad. Eu já disse que estou bem. É sério. Grace disse que é só uma intoxicação alimentar e eu já tomei um comprimido que Victória me deu.

– Ok... Mas você quer que eu pegue alguma coisa para você?

– Se você conseguir um copo d’água eu ficaria muito grata. – sorrio.

– Espere aqui que eu volto em um minuto. – ele se levanta e me deixa sozinha na mesa.

– Anastasia. – uma voz aveludada e conhecida surge atrás de mim me irritando profundamente.

– Elena... – Me levanto e viro para ela.

– Já tem um tempo em que eu quero conversar com você a sós, mas infelizmente a falta de oportunidade nos atrapalhou, como também o seu selvagerismo e histórico de me atacar... Mas eu acho que finalmente chegou à hora de nós acertarmos algumas pendências...

– Seja direta e clara, eu geralmente tenho certa dificuldade para entender a língua das vacas...

– Sempre petulante... Eu até hoje não entendo como Christian conseguiu ficar tanto tempo com você. Ele precisa de uma submissa, não de uma moleca arrogante!

– Qualquer submissa que Christian arranjasse você colocaria defeito Elena. Pensa que eu não vejo o quão obcecada você é por ele? Você não quer que ele tenha uma submissa, você quer que ele queira você!

– Não seja tola garota, você está insinuando que eu amo Christian? Já te disso isso uma vez Anastasia, há anos atrás, quando também lhe disse que você nunca faria Christian feliz. Amor é para tolas Anastasia. Tolas como você, que no final das contas vão estar sofrendo pois foram substituídas por mulheres como eu! Exatamente como você foi.

Tento reunir todas as minhas forças e manter a calma e o autocontrole. Sem muito sucesso, parto para o plano B. Mesmo tonta consigo lhe acertar uma bofetada no meio de cara que faz com que ela cambaleie para trás.

– Antes uma tola do que uma mulher que precisa bolar um assalto para conseguir arquivos pessoais comprometedores e usá-los como forma de chantagem, arquitetar um acidente, que infelizmente não atingiu quem você queria, mas que por sorte acabou te beneficiando, e por último se aproveitando de um homem sem memória para tentar se sentir amada. É isso que você quer que o Christian sinta por você, você quer o que a tola aqui tem, e o que você nunca conseguiu! Pensa que eu não sei que quem está por trás de tudo isso é você Elena? Eu sei muito bem a monstra que você é! E eu estou pronta para te derrubar!

Por um momento eu penso que ela vai simplesmente negar tudo, mas nunca se sabe o que se esperar de uma cobra...

– Que bom, pois agora você já sabe exatamente pra quem vai perder essa briga. - ela vem em minha direção e antes que eu possa desviar, revida minha primeira bofetada.