Nós voltamos para a escola onde as coisas pareciam jamais mudar independente do que estivesse acontecendo do lado de fora dos muros do castelo, isso de certa forma nos dava uma falsa sensação de segurança, mas foi apenas dois meses depois que retornamos que eu finalmente descobri o quão tênue era essa proteção e senti o que realmente era uma guerra.

Nós estávamos jantando juntamente com Alice e Frank, quando uma coruja marrom pousou na minha frente trazendo um bilhete preso a perna, tão confusa quanto os meus amigos eu abri o pequeno papel para me deparar com uma caligrafia elegante e o seguinte conteúdo:

Venha até a sala do diretor Dumbledore imediatamente.

Professora Mcgonagall

PS a senha é Pastilhas de menta.

- O que você fez? – Alice perguntou preocupada.

- A pergunta correta seria o que você fez sem nós? – Remo corrigiu, mas também estava preocupado.

- Eu não fiz nada ou pelo menos acho que não. – Falei enquanto pegava minha mochila e me levantava da mesa. – Mas é melhor eu ver logo do que se trata.

Eu caminhei até a estatua que abria a passagem para a sala do diretor, como devem ter imaginado eu e meus amigos já estivemos muitas vezes aqui, e disse a senha.

- Pastilhas de menta.

A gárgula deu lugar a uma escada que eu subi rapidamente, mas me lembrei de bater na porta antes de entrar.

- Entre. – Eu escutei a voz do professor Dumbledore e abri a porta. – Senhorita Wikiman, sente-se, por favor.

Eu estava ficando cada vez mais confusa com toda a situação principalmente quando notei que a professora Mcgonagall também estava presente, mas acabei fazendo o que me fora solicitado.

- Eu fiz alguma coisa errada?

- Quem dera querida, quem dera. – Dessa vez foi a professora Mcgonagall que me respondeu e espera aí, ela está chorando? Tem alguma coisa muito errada com essa história.

- O que está havendo?

- Senhorita Wikiman, você sabe que os seus pais são aurores, na tarde de ontem eles saíram em uma missão para o ministério, mas infelizmente seus caminhos acabaram cruzando com o de Voldemort.

- Não, não, não, isso não pode ter acontecido. – Eu gritei já percebendo aonde chegaria essa história.

- Eu sinto muito Ravena, mas os seus pais estão mortos.

Eu senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, sinceramente eu não conseguia me lembrar da última vez que tinha chorado, mas nada mais me importava, eu ignorei tudo e todos quando sai correndo sem um rumo definido, minha vida começara a desmoronar bem diante dos meus olhos.

POV terceira pessoa.

Os Marotos seguiram Ravena logo depois que ela deixou o Salão Principal, pois assim como ela haviam percebido que algo estranho estava acontecendo. Eles chegaram a gárgula apenas alguns segundos depois da própria Ravena ter passado por ela, mas como não haviam decorado a senha se sentaram no corredor para esperar o retorno da amiga e não precisaram esperar por muito tempo, pois alguns minutos depois Ravena desceu as escadas correndo e passou direto por eles como sem nem os tivesse visto.

- Foi impressão minha ou a Nix estava chorando? – Remo perguntou aos outros sem conseguir acreditar no que tinha visto.

- Eu também vi isso. – Os três responderam ao mesmo tempo em certo estado de choque e sabendo que algo muito ruim devia ter acontecido, pois os quatro sabiam muito bem que Ravena Ciaran Wikiman nunca chorava.

Os marotos já se preparavam para segui-la quando viram Minerva Mcgonagall saindo da sala do diretor com uma mochila vermelha nas mãos, a mochila de Ravena.

- Professora o que aconteceu com a Ravena? – James gritou e qualquer um poderia notar a preocupação em sua voz.

- Eu acredito que a própria senhorita Wikiman deva lhes contar.

- Professora ela é nossa melhor amiga e está chorando, precisa nos dizer o que houve. – Sirius falou mais sério do que qualquer um ali já o havia visto.

Minerva não entendeu como eles poderiam ter tanta certeza da gravidade da situação, mas sabia que aqueles quatro se preocupavam muito com a jovem menina.

- Os pais da senhorita Wikiman foram assassinados por vocês-sabem-quem. Levem isso para ela. – Ela falou estendendo a mochila na direção dos meninos.

Os quatro se entreolharam rapidamente, pegaram a mochila e saíram correndo para a torre da Grifinória, a direção que Ravena tomara quando passara por eles. Não demorou para que chegassem lá, mas quando não a encontraram no salão comunal chegaram a conclusão de que ela estaria em seu próprio dormitório entretanto como todos sabem meninos não podem entrar no dormitório feminino e Alice não estava a vista, a única pessoa que poderia ajudá-los no momento era Lily Evans.

- Lily, a Ravena passou por aqui? – Remo perguntou se aproximando da ruiva, afinal ele era o maroto que ela menos odiava.

- Ela subiu para o dormitório, por quê?

- Precisamos falar com ela, por favor, vá chamá-la. – James implorou.

- Nem pensar, ela merece privacidade.

- Mas precisamos mesmo falar com ela. – Peter disse baixinho.

- Provavelmente ela quer manter distancia de vocês e não sou eu que irei contraria esse direito dela.

- Droga Evans, ela acabou de saber que os pais foram assassinados, precisamos ajudá-la. – Sirius explodiu enquanto Lily passava a encará-los sem fala.

- Vou fazer com que ela desça. – A ruiva respondeu enquanto saiu correndo escada a cima.

Os quatro permaneceram em pé esperando pela volta das duas, mas apenas Lily voltou do quarto com uma expressa completamente confusa.

- Ela não está lá, a única coisa que indica que alguém esteve no quarto é a janela aberta, mas eu teria notado se ela tivesse passado de volta.

- Você só não deve ter notado, mas obrigado mesmo assim. – Remo respondeu educadamente.

Com essa informação eles recomeçaram a correr, se a janela estava aberta eles sabiam muito bem para onde ela havia ido, afinal uma filha da lua não poderia ficar longe do céu em um momento como esse.

POV Ravena

Eu havia me transformado em fênix e voado até a torre de astronomia uma vez que como não haviam aulas ela estaria completamente deserta. Eu ainda chorava enquanto olhava para a foto que fora buscar no quarto, uma velha foto do meu aniversário de um ano onde eles sorriam para mim, eles foram as primeiras pessoas que me aceitaram do jeito que eu era e agora estavam mortos. Foi nesse momento que a porta se abriu revelando James, Sirius, Remo e Peter.

- Sabíamos que você estaria aqui. – James falou tentando sorrir.

- Sentimos muito. – Sirius falou por todos eles.

- O que eu faço agora? Eu perdi duas pessoas que eram importantes de mais para mim.

- Você ainda tem a gente. – Remo falou calmamente.

- Eu sei que tenho, são minha família também.

- Vou escrever para minha mãe, ela vai resolver tudo e você vai ficar comigo e com o Sirius. – James falou se aproximando de mim. – As coisas vão melhorar.

- Vai superar essa e vamos estar ao seu lado, irmãzinha. – Sirius falou enquanto me puxava para um abraço, exemplo que foi seguido pelos outros.

Nós ficamos abraçados enquanto olhávamos para as estrelas, só agora eu finalmente conseguia parar de chorar e mesmo assim só por causa deles, afinal já era muito que eles tenham me visto chorar.

- Vocês são minha única família agora. – Murmurei enquanto que meus olhos voltavam a brilhar com essa nova determinação. – Não vou perder vocês também, Voldemort mexeu com a garota errada.