Era Ele escrita por Biaa Black Potter


Capítulo 16
Capítulo XV - Decode


Notas iniciais do capítulo

Finalmente de volta!
Espero que gostem desse capítulo, foi que eu mais goste de escrever junto com que Lily descobre que está apaixonada por James.
É o penúltimo cap da fic :(
Mas vou postar um especial depois do último, como se fosse uma espécie de epílogo de cada personagem - menos Lily.



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– Por que você fez isso, Dorcas? – perguntei, a minha voz falhando.

Ela me olhou e parecia que ia responder, quando desviou o olhar. Como se estivesse com vergonha. Era estranho vê-la assim, com vergonha de mim e Lene.

– Por favor, Dorcas... – pediu Lene.

Dorcas continuou encarando o chão, mas respondeu.

– Não foi culpa de vocês, garotas. Vocês sempre foram as melhores – sorriu fracamente – Eu só queria ser bonita.

– Do, você já é linda. Não precisava fazer isso – falei chorosamente – E mesmo que não fosse, quem se importa? Se a pessoa julga o outro pela beleza, ela não merece atenção ou respeito. Eu preferia ser feia a mudar para que os outros querem – falei, a encarando.

Dorcas me olhou com raiva.

– Eu sei que o que eu fiz foi errado, Lily – falou alterada - Sei que me tornei uma pessoa ridícula – sussurrou.

– Pare com isso, Dorcas – Lene falou irritada – Você é tudo menos ridícula. Você é boa, inteligente, corajosa e bem humorada. Você é tudo, menos ridícula – ela somente nos olhou como se não acreditasse - Foi você que estava lá para mim, quando eu não tive forças para enfrentar a morte da minha mãe – terminou Lene.

Fechei os olhos querendo que tudo fosse pesadelo e não ouvir a medi-bruxa se aproximando.

– Sra. Meadowes, vamos ter que avisar a sua família dos seus sintomas – falou.

Dorcas entrou em pânico.

– Por favor, não! - pediu.

A bruxa a olhou com pena.

– Eu tenho que.

– Me dê só até o natal – implorou Dorcas.

A medi-bruxa suspirou.

– Quando você voltar do natal, eu mando uma carta para os seus pais – falou.

–--

Estava esgotada quando vi Remus andando sozinho.

– Marlene? Lily? Está tudo bem? – perguntou estranhando.

– Dorcas está na enfermaria – falou Lene simplesmente e o vimos ir correndo para lá.

– Espero que ele não vá a machucar – ameaçou Lene.

– Eu não acho que Remus vai machuca-la – disse, tentando pensar com clareza.

– Lily, ela já está machucada. Se Remus fizer alguma coisa...

Calei-me quando percebi que Marlene tinha razão. Dorcas já estava machucada. E não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso e isso era enlouquecedor.

Olhei para Lene.

– Eu ainda não acredito em nada disso – falei. E eu estava falando da guerra também. Eu tentava fingir que estava tudo bem, mas não podia. Não com todos em perigo.

Voldemort acreditava que somente sangue-puros deviam viver no mundo da magia, e muitos concordavam com ele ou o seguiam por medo. E ele tentava acabar com todos os “sangue-ruins” – o que eu era – e não se importava com limites para conseguir o que queria. Dizer que eu tinha medo era pouco. Eu nem conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Parecia a época em que prendiam negros e vendiam como escravos, mas pelo menos queriam os negros vivos.

– Mas está acontecendo, Lily. Está acontecendo – disse fechando os olhos. E eu sabia que ela tinha entendido.

***

Esse vai ser o pior natal de todos, pensei deprimida na carruagem de Hogwarts. Não conseguiria lidar com Petúnia, porque já estava irritada com o que Dorcas estava passando. O que Dorcas tinha provocada a ela mesma.

Estava só com Lene, porque Dorcas ainda estava com Remus - não com todos os marotos, só com ele. E Lene também não parecia muito feliz. Só nessa hora me lembrei que ela ia passar o natal com a família de Dorcas – como ela teria coragem de encarar os pais de Dorcas sabendo que a filha deles escondia algo tão grave?

– Lene, você pode ir pra minha casa se quiser – falei.

Ela me encarou, parecendo tentada pela oferta.

– Obrigada, Lily, mas acho que isso só vai irritar Dorcas.

Nessa hora, olhei para a janela e já a familiar área do lugar da Plataforma 9 ³/4.

– Chegamos – anunciei.

Eu e Lene calmamente pegamos as malas e conseguimos ser uma das primeiras a sair daquele trem lotado. Não demorei muito para achar a minha família. Meu pai balançava a chave do carro entre as mãos e minha mãe olhava ansiosamente ao redor, me procurando. Sorri.

– Pai! Mãe! – gritei e fui correndo abraçar eles. Cheguei primeiro ao meu pai e ele me abraçou e levantou como se eu fosse uma garotinha ainda. Era um pouco vergonhoso, mas era bom.

– Senti tanto a sua falta, filha... – falou.

– Eu também, pai – e mesmo não querendo sair dali, me soltei para dar um abraço na minha mãe.

– Você mudou tanto – falou e ri. Eu não tinha mudado tanto assim.

Marlene e Dorcas passaram.

– Olá tios – cumprimentaram meus pais e pararam para falar com eles um pouco. E quando elas iam saindo, fui com elas também para cumprimentar a mãe e o pai de Dorcas.

Falei com eles um pouco, e já estava voltando quando senti alguém tocar em mim, me virei e vi que era James, junto com os outros marotos.

– Ei, Lily – sorriu.

– James, Remus, Peter e Sirus – cumprimentei e olhei para James - Cadê seus pais? – perguntei.

– Estão vindo – respondeu tranquilamente – E os seus?

– Já chegaram, só fui cumprimentar o pai e a mãe de Dorcas – falei, e olhei para Remus, que olhou para o lado. Só agora me dando conta que talvez meus pais ficassem irritados, acrescentei – Acho melhor eu voltar.

– Vamos com você – anunciou Sirius e eu sorri para ele, surpresa – Estou entediado – explicou e eu ri.

E com isso, os quatros me seguiram. Meus pais estavam com uma cara meio confusa quando me viram voltando com 4 rapazes que eles não conheciam e percebi que nunca tinha falado deles nas cartas, porque desde que eles entraram na minha vida, tudo aconteceu tão rápido que eu nem tive tempo de mandar uma carta maior do que dizendo que eu estava bem.

– Mãe, pai. Este é Peter Pettigrew – falei e ele olhou envergonhando para os meus pais. – Este é Remus Lupin – falei e ele apertou a mão do meu pai. – Sirius Black – ele cumprimentou o meu pai e fez tudo certo, inesperadamente – E esse é James Potter – falei e parecia que minha mãe tinha visto um fantasma. James deu um sorriso confuso para a expressão dele e acenou para o meu pai, que perdeu o sorriso.

Para evitar um momento mais tenso ainda, os marotos disseram que os pais de James tinham chegado – mentira – e que eles precisavam ir embora.

O caminho até casa foi constrangedor. Encarei minha mãe e o meu pai depois que eles saíram, mas nenhum dos dois me olhava.

A única coisa boa de chegar em casa era que Petúnia estava trancada dentro do quarto dela. Decidi que não aguentaria mais um segundo ali.

– Mãe? O que James fez para você? – perguntei.

– Ele não fez nada – replicou secamente.

– Então porque você age como se ele fosse um fantasma?

– Ele não fez nada – repetiu.

– QUAL É O SEU PROBLEMA? – gritei, perdendo a paciência.

– O meu problema é o TIO dele – gritou de volta.

Fiquei em silêncio por um segundo. Como assim tio? Minha mãe conhecia o tio de James? E o que ele tinha feito?

Ela me olhou receosa.

– Eu quero a verdade – exigi.

– Quando vocês eram crianças, nossas famílias eram muito próximas. Vivíamos indo para a casa um do outro – começou a contar – Dorea e Charlus se amavam muito, você conseguia dizer só de olhar para eles. E eu e seu pai... Nós também nos amávamos, mas não tanto. E estávamos tendo vários problemas no casamento, nunca concordávamos em nada. Em um desses dias... – suspirou – Eu encontrei Hyan, o tio de James, na casa de Dorea e Charlus. Era uma casa grande, e acabamos ficando um pouco longe dos outros. Ele estava um pouco bêbado. E eu também.

Parou, como se revisse a cena. E eu já começava a passar mal imaginando o fim da história.

– Ficamos juntos naquele dia. Depois eu falei com ele e decidimos esquecer isso... Mas acabamos ficando juntos mais algumas vezes, e eu comecei a gostar dele também. Não ficávamos juntos frequentemente, entenda, foram só algumas vezes... Mas na última... Seu pai viu – fechou os olhos – Ele ficou furioso com Hyan e partiu para cima dele. Hyan tentou se defender sem usar magia, mas não conseguiu e Charlus teve que usar. E por ter usado magia na frente de trouxas a punição dele foi mudar de cidade fora multas.

– Dorea fiou muito irritada quando soube de tudo; ela nunca me perdoou. Sempre foi muito protetora de Hyan e vê-lo machucado assim por minha culpa... – a voz falhou – Ela me odiou e ainda odeia, provavelmente.

– E ver o pequeno James hoje, tão parecido com o pai e com o tio... Foi como se tudo tivesse acontecendo de novo, Lily. Nem eu nem seu pai sabemos lidar com isso. Mas eu sempre amei o seu pai.

Dizer que eu estava em choque era pouco. Eu não conseguia pensar - não conseguia acreditar que minha mãe tinha traído o meu pai. O meu pai. Com o tio da pessoa por quem eu estou apaixonada. E não acreditava que tudo que aconteceu de ruim na minha infância era culpa da minha mãe. Me sentia traída. Sentia que minha mãe não me amava mais, se ela amasse nunca teria tido coragem de dormir com outra pessoa quando estava com o meu pai, nem que fosse só pensando no como eu iria ficar.

– Você é um monstro. Nunca mais se aproxime de mim – falei, friamente, me afastando da minha mãe – Não conseguiu resolver seus próprios problemas e arruinou a minha vida. Você não é a minha mãe – despejei. E saí.

Queria gritar mais, só que as palavras não vinham. Queria que tudo fosse um sonho, mas não era. Queria que tudo pudesse voltar a ser como antes, mas nunca voltaria. Agora eu enxergava a mentira que era minha família. Eu era uma bruxa, minha uma traíra, meu pai um mentiroso e minha irmã era a falsidade em pessoa. Quem diria que a bruxa da família fosse a melhor pessoa.

Andei na chuva sem pensar para onde eu ia, tudo que eu queria era me afastar dali. Afastar-me daquela casa de mentiras. Quando olhei para cima, estava na frente da casa de Dorcas.

Bati na porta e quase no mesmo segundo, Lene apareceu com Dorcas. Elas pararam horrorizadas, tentando entender o que tinha acontecido comigo. Sabia que devia estar horrível: minha maquiagem toda manchara por causa da chuva, meu vestido estava melado da lama da rua, e minha expressão não devia ser a mais feliz.

Mas nenhuma das duas me perguntou o que aconteceu. Só me colocaram para dentro da casa. Levaram-me pro quarto de Dorcas e vasculharam a gaveta atrás de roupas e jogaram algumas para mim. Entrei no banheiro – já tão familiar – de Dorcas e mecanicamente entrei de baixo da água tentando pensar. Não consegui, só olhei a água.

Terminei o banho e me sequei, colocando as roupas limpas de Dorcas e secando o meu cabelo com o secador.

Saí do banheiro e vi que as meninas tinham mudado de roupa também, colocando uma roupa mais arrumada.

Falei tudo que tinha acontecido para elas. Dorcas e Lene somente me abraçaram.

– Vamos para casa dos Potters – anunciou Lene.

– E os seus pais? – perguntei a Dorcas.

– Coloquei um feitiço para eles dormirem por algumas horas – disse dando de ombros.

– Vamos – concordei. E aparatamos com Lene, que já tinha uma licença (de alguma forma, o pai dela tinha conseguido uma para ela nas poucas horas que não estava bêbado).

Normalmente, eu ficava tonta com a aparatação mas dessa vez nem senti. Só sabia que precisava contar a verdade para James agora.

Aparatamos na frente da mansão de James, que Marlene já tinha ido algumas vezes com a mãe que conhecia Dorea. Batemos na companhia. Demorou um pouco, mas James e Sirius abriram a porta. Sorriram ao nos ver. James me puxou rapidamente para um abraço e Sirius puxou Marlene.

– Preciso contar uma coisa – sussurrei para ele e me afastei. Ele me olhou preocupado.

– Não vamos ficar aqui a noite toda, vamos? – murmurou Dorcas, parecendo ansiosa. Ah, ela queria ver Remus.

– Não – falou Sirius e foi na frente com Marlene, como se a casa fosse dele. E era também pelo que eu sabia.

Fomos atrás deles, os seguindo até chegar numa sala com várias de pessoas. Cumprimentei todas, mesmo me sentindo envergonhada e tio Charlus piscou para mim como se soubesse que eu gostava de James. Corei.

Quando eu fui falar com Dorea, foi como rever uma mãe. Abracei-a sem pensar e ela nem hesitou antes de me dar um abraço apertado. Seus olhos eram carinhosos e eu percebi que ela não me culpava pelo que minha mãe fez, ao contrário da minha que culpava James pelos erros de Hyan. Me senti em casa pela primeira vez em muito tempo.

Conversei um pouco com os pais de Remus também, que, como o filho, era muito educados e com o pai de Peter, que era meio agitado, diferente do filho. Não foi surpresa nenhuma não ver nenhum dos Blacks ali.

Sai para tomar um ar, na varanda, e James me seguiu.

– O que você tem para me contar? – falou tenso, se colocando do meu lado.

– Eu descobri porque minha mãe me fez te esquecer, Jimmy – falei, o encarando – Ela foi muito egoísta.

James esperou eu estar pronta para continuar.

– Ela tinha um caso com o seu tio Hyan – falei e ele me encarou surpreso.

– Hyan morreu anos atrás – falou baixinho e antes de eu perguntar acrescentou – Comensais.

O abracei. Não imaginava como era perder um tio, já que eu nunca tive um, mas perder qualquer pessoa era muito doloroso.

– Meu pai descobriu e Hyan e ele brigaram. Charlus teve que separar os dois usando magia e ele foi penalizado por uso de magia em frente a trouxas, foi por isso que vocês se mudaram – falei.

– Eu entendo – falou James – E você está bem?

– Não – confessei - Não consigo nem mais decidir o que certo e o que é errado. É como se tivesse vivido uma mentira. Mas eu não vou deixar eles fazerem isso de novo. Não dessa vez.

– Lily – falou James – Eles podem até ser uma mentira, mas você não é. Sabe disso, certo?

Não. Eu não sabia mais de nada.

– Eu só sei que eu tenho você – falei.

– Você me tem – confirmou.

Aproximei-me dele.

– E tem mais uma coisa, Jimmy – eu era pura emoção, não tinha imaginado isso, não tinha pensado. Mas precisava. Eu tinha que contar.

– O quê, Lils?

– Eu estou apaixonada por você – falei docemente.

James sorriu como se fosse a pessoa mais feliz do mundo.

– Você é a única pessoa que consegue me fazer rir quando tudo que eu quero fazer é chorar. É o único que tem paciência pros meus dramas. É o único que me enxerga pelo que eu realmente sou. E eu amo estar junto de você, porque quando estou... a melhor parte de mim aparece. Você é o único que tem o poder de me fazer esquecer todas as minhas preocupações – terminei.

– Então, vamos esquecer o resto do mundo – falou e me beijou.

Nunca senti nada parecido antes, com nenhuma outra pessoa que eu fiquei. Não era só como se eu tivesse pegando fogo. Era como se eu fosse o fogo. E eu iria deixá-lo queimar.

Seus lábios provocam os meus, me acedendo. E mesmo sendo um pouco forte, ainda era gentil, doce.

Eu queria que aquele momento nunca acabasse. E mesmo assim não era suficiente. O puxei para mais perto e James passou as mãos pelo o meu corpo. Pressionei mais forte ainda os seus lábios contra os meus, eu precisava dele. Passei a mão pelo seu cabelo e percebi o quanto era macio. Ele gemeu. E fiz com mais força.

– Eu te amo – murmurou James.

Parecia impossível que ficássemos mais juntos, mas ele conseguiu trazer o meu corpo para ainda mais junto do dele. E naquele momento nada mais existia.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram?
Todo mundo com a raiva da mãe de Lily?