O Mapa Cor-de-Rosa escrita por Melanie Blair


Capítulo 25
Hipótese


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Este último mês (mês e meio, talvez?) foi recheado de testes e trabalhos. Lamento imenso, a sério. Espero que me perdoem.
Como estou de férias (aleluia), mesmo que sejam umas míseras duas semanas, recompensar-vos-ei. Até já estou a preparar a prenda de natal e tudo (hihihi).
Boa leitura!



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**Christian Pov-On**

Abri a porta do bar, encontrando, no seu interior, cinco vultos com sinais extremos de cansaço e, até, uma certa irritação.

– Isso é muito arriscado!

– Nunca resultará!

Fiz o meu caminho para o único assento disponível, aquele que me era destinado, ao lado do homem que tem sido o meu maior apoio desde que levaram a minha irmãzinha. Este parecia anormalmente nervoso.

– É a nossa única hipótese!- gritou Castiel.- Temos que arriscar!

A ruiva baixinha, uma das velhas amigas de Esmeralda, que se encontrava à nossa frente parecia estar gradualmente mais aborrecida com a situação.

– Então o teu plano é confiar em nós e esperar que tudo corra pelo melhor?- perguntou Iris.

Castiel afundou-se mais na sua cadeira, como se cada palavra de Iris lhe pesasse mais um quilo na mente.

– A menina deve considerar todos os riscos deste julgamento. Estamos a competir com alguém bastante poderoso. Devemos antecipar cada passo que ele dará.- explicou o Senhor Faraize.

Iris não pareceu mais confiante. Para acalmar a ruiva, Helena falou:

– Testaremos Raúl. Se ele responder ao plano A, usaremos o B. Não podemos mostrar os truques todos de uma vez! E se o B não resultar, ainda temos outras vinte letras do alfabeto. Relaxem.

– Vinte e uma.- corrigi.

– Ou isso.- disse Helena, revelando pouco interesse.

Helena não era de se envolver nos assuntos da minha irmã. Costumava dizer “Se arranjaram problemas, lidem com as consequências. Só não os traguem para cá nem arruínem o meu negócio!”. Porém, desta vez foi diferente. Helena parecia sentir-se culpada por Esmeralda estar na prisão. A consciência era-lhe demasiado pesada. Afinal foi ela que chamou Raúl. Penso que, mesmo que ela tente esconde-lo, ela ainda nutre ternura pela minha mana. Essa quantidade (seja ela qual for) nunca deixaria Esmeralda sozinha nesta situação. Ou isso ou isto era a maneira de ela se sentir melhor consigo própria, como se emagrecesse o fardo que se colocara nos ombros dela desde que Esmeralda foi levada. De qualquer maneira estava contente por ela estar ali. Milagrosamente estava a comportar-se devidamente (pergunto-me se isso se deve a eu lhe ter escondido o whisky) e a apoiar-nos naquilo que ela fazia melhor: calar os outros.

– Mesmo assim…- falou pela primeira vez Violette.- Estudar o inimigo é um plano que requer tempo…

– E não sei se repararam, mas nós não temos tempo. A Esmeralda não tem tempo!- completou Iris, elevando o timbre da voz.- Sabemos lá o que se passa dentro daquele edifício…

Todos baixaram o olhar, com preocupação. Depois de um minuto de silêncio, Iris elevou a cabeça e fitou-me, como se se lembrara de algo:

– Como está ela, Christian?

Fingi um sorriso, controlei a respiração e calmamente respondi:

– Ótima, como sempre. Ela é forte, não há razão para preocupações.

Ouvi uns suspiros de alívio na sala. Senti um olhar penetrante, dormente nas costas. Sabia a quem pertencia. Não correspondi o olhar. Temia que, se o fizesse, toda a máscara que eu estava a tentar compor, se desmazelaria.

Continuaram a discutir por entre a noite. Não entrevi. Ainda tinha algo a ocupar demasiado a minha cabeça.

Quando o sol já se esforçava para nascer, clamaram a reunião como terminada. Depois das despedidas feitas e dos agradecimentos agradecidos, tentei subir até ao meu quarto. Uma mão impediu-me de o fazer.

– Desculpa, Chris.- disse Castiel.- Deves estar cansado mas tenho de falar contigo.

Anuí e voltei a sentar-me no lugar que me pertencia, que ainda estava quente das horas que ali estivera. O ruivo, porém, não se sentou no seu lugar, na cadeira a meu lado. Sentou-se, sim, à minha frente. Percebi, então, que ali ele detectaria melhor as minhas mentiras. Espero não ser tão transparente como Esmeralda.

– Agora que todos se foram embora,- começou.- Podes me dizer o que verdadeiramente se passou.

Sabia que não havia volta a dar. Não podia mentir-lhe. Nem queria. Nem ele o merecia. Depois de tudo o que ele tem feito até o meu pequeno Ford (que me é precioso) lhe dava (claro que apenas depois de certas condições serem escritas e esclarecidas).

Assim, e como o meu Ford fora-me escondido (castigo injusto, se querem mesmo saber), comecei a contar-lhe a minha tarde de hoje.

** Christian Flashback On**

Estava sentado numa sala demasiado branca. Não um branco puro, como era previsto, mas sim com cinzas e castanhos imundos, um branco nojento. Enquanto ponderava há quanto a mesma não era limpa, ouvi ruídos vindos de fora do compartimento.

– Ok, ok.- protestava uma voz.- Já estou a ir. Não é necessário tanta violência.

Reconheci a voz sem esforço. Só havia uma pessoa no mundo que, nesta situação, preocupar-se-ia com a educação de outro.

Uma mulher foi empurrada para dentro da sala. Pouco satisfeita, virou-me costas e, para o homem que a tinha acompanhado, disse:

– Se a tua mãe soubesse dos modos que tratas as raparigas, decerto que ficaria muito desiludida. Talvez seja por isso que não consigas esposa.

Meteu-lhe a língua fora e percebi que tinha tocado num “ponto fraco” do homem. Não sei se foi a desilusão da “mãe” ou a inexistência da “esposa” que fez o guarda corar, como se culpado.

Fechou a porta na cara da mulher que, sacudindo as roupas, finalmente me fitou. Asseguro-vos que, se não fosse pela voz, talvez não chegasse a reconhecer a minha própria irmã. Estava magra, demasiado até. O cabelo escuro parecia oleoso e até sujo.

À medida que se aproximava, as semelhanças com a Esmeralda que eu conhecia desvaneciam-se. Enquanto se sentava à minha frente, notei, além de sujidade, olheiras na pele dela. Tentando concentrar-me noutra coisa, balbuciei aquilo que me veio, primeiramente, à minha cabeça:

– Como sabias que o homem não era casado?

Ela fitou-me, surpreendida.

– Olá Christian. Como estás? Estou bem, obrigada por perguntares. Como estão as coisas pelo bar? A vida aqui é fabulosa, as pessoas fantásticas, obrigava, novamente, por perguntares. E sim, também tive saudades tuas.

Envergonhado, pedi desculpa. Ela sorriu-me, como se me perdoasse.

– Não me digas que não sabias que a tua irmã é uma excelente detective?- perguntou-me, retoricamente.- Estou bastante desiludida. Até grandes nomes como Poirot já elogiaram a minha eloquência.

Fiz beicinho. “Mentirosa”, pensei. Até eu fazia contas de somar mais rápido que ela. Ou isso ou ela deixava-me ganhar… Continuemos a pensar que eu sou, realmente, mais inteligente que a minha mana.

– Diz lá.- insisti.

– Bem, nenhuma mulher se casaria com um falhado que, além de não ter boas maneiras, trabalha neste local.- fitei-a, à espera de alguma prova mais ridícula.- Ok, ok. Ele não tinha anel no dedo anelar.

Vêem? Ela não é nenhum génio. Ri.

– Isso explica tudo.- gozei com ela. Foi a vez de Esme de fazer beicinho, desagradada.

– Vá.- incentivou-me ela, olhando para o relógio gravado na parede.- Só nos resta três minutos.

Respirei fundo.

– Tenho uma mensagem do ruivo.- disse-lhe. Ela sorriu, com saudades.- É acerca do julgamento.

A felicidade dela desapareceu num instante. Esmeralda tinha medo. Com a minha (um pouco) mais pequena, alcancei a mão dela e toquei-lhe, esperando que isto a acalmasse.

– Vai tudo correr bem, mana. Temos excelentes planos.- menti-lhe. O único plano que tínhamos não era excelente. Era rudimentar. Mas, por vezes, as coisas mais básicas falhavam aos mais poderosos. Espero que seja o caso.

– Eu não queria que ele se envolvesse. Não queria que tu te envolvesses.- respirou fundo e sorriu-me, como se o assunto já estivesse esquecido.- E qual é a mensagem do “Mr. Hide”?

“Mr. Hide” foi alcunha forjada por mim. Fixe, não era? A minha irmã falara-me da dupla personalidade de Castiel e lembrei-me da personagem. Não era uma alcunha que usávamos frequentemente, pelo menos não à frente dele, já que não sabíamos a que ponto a cultura de Castiel ia. Normalmente ficávamos pelo “ruivo”, que, na minha opinião, era quase tão fixe como “Mr. Hide”.

– Ele disse-me para eu te disser para tu não falares durante a sessão toda.- assim que um ponto de interrogação se formara na face da minha irmã, acrescentei- Não me disse o porquê. Só disse que tudo o que te perguntassem seria respondido por outros.

Antes da minha irmã questionar ou até reclamar daquilo que lhe tinha dito, o mesmo guarda abriu a porta e anunciou que o tempo tinha terminado.

Esmeralda levantou-se e abraçou-me. O abraço foi demasiado longo. Não gostei daquele abraço. Não era um abraço tipo “Adoro-te”, mas um do tipo “Não te esqueças que eu te adoro”. Era um abraço que me transmitia que ela pensava que talvez nunca mais me pudesse dar outro. Um abraço assustador. O guarda separou-nos e levou-a até à porta:

– Então, já repensaste nas tuas maneiras?- gritou-lhe Esmeralda. Antes da porta fechar, esboçou-me um sorriso- Vemos no tribunal, irmãozinho.

E a porta fechou-se.

** Christian Flasback Off **

** Esmeralda Pov-On **

– Diz-me por favor que sabes, pelo menos, colocar os talheres na posição correta no final de comeres.- ralhei ao guarda, que estava farto de me ouvir. Esta é a minha diversão do dia. Gozar com um guarda. Até sentia pena do pobre, que nunca me respondera a nenhuma das minhas insinuações.

Pelo menos estava ocupada com as boas maneiras e não com aquilo que Christian me tinha acabado de dizer. “Castiel disse para tu não falares” era um raio de um plano. Não absurdo, mas esquisito. Até o compreendia. Eu normalmente só digo asneiras quando estou nervosa. O melhor, realmente, é estar calada.

Assim que o homem me deixou, ouvi uma voz:

– Teu irmão?

Encarei a voz e percebi que era uma das raparigas da brincadeira da ratazana, uma pertencente à família real.

– Também lhe deste uma sopa com proteínas a mais, foi?- perguntei-lhe, sarcasticamente. Ela riu-se, calma.

– Só te vim dar um aviso mais nada.- disse-me ela.

– E qual é?- perguntei, desinteressada.

– Aproveita enquanto podes. Daqui a algum tempo, ninguém te virá visitar.

Perguntei-me se aquilo teria um segundo significado, mas não ponderei por muito tempo.

– Não planeio estar aqui por muito tempo.- respondi-lhe.

– Nenhuma de nós planeava e vê naquilo que deu!- exclamou.

Virou-me costas e começou a encaminhar-se para as celas. Enquanto ponderava se ela era maluca ou se só fingia ser, a rapariga virou-se novamente para mim e acrescentou:

– Quase me esquecia. Se eu fosse a ti não dormia nessa tua cama. Sabe-se lá o que certas pessoas podem fazer com uma cela aberta.

Assim que o riso maléfico terminou, dei por mim a reclamar:

– Raios! Mais uma noite sem fechar os olhos!


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Notas finais do capítulo

Até à próxima!



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