O Mapa Cor-de-Rosa escrita por Melanie Blair


Capítulo 12
Pessegueiro


Notas iniciais do capítulo

Novinho, acabado agora de escrever. Se houverem erros, toca toca a dizer-me okay? Desculpem por tudo!!!



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- Quanto é que este custa?- perguntou-me uma voz, apanhando-me totalmente e inegavelmente desprevenida (fazendo-me, por isso, dar um salto de surpresa).

Depois de acalmar devidamente o meu ritmo cardíaco, levantei o meu olhar até encontrar o de um homem.

O idoso olhava interessado, não para mim (o que acontece com a maioria dos homens), mas para o quadro exposto atrás de mim. “Um cliente”, pensei, sorrindo. Levantei-me do banco onde me tinha sentado e cumprimentei-o.

- 100 reais.- respondi-lhe.

Em resposta, ele fitou novamente o quadro.

- É tão intrigante!- confessou-me, distraído. Fiquei curiosa.

- Intrigante? Porque diz isso?- perguntei-lhe, sem conseguir ficar calada.

O homem olhou-me, como se não soubesse o que dizer. Depois de pensar na melhor maneira de me explicar, replicou:

- Por ser impossível.

Pela primeira vez, olhei o quadro (o que é estranho quando se está a tentar vendê-lo). Ao perceber o que o quadro tratava, senti as minhas retinas a abrirem-se de espanto.

Pintado ao pormenor e com a maior diversidade de cores possível, um fundo de azuis e roxos escuros enchiam a tela- era uma noite de lua cheia. Debaixo do luar encontrava-se um pessegueiro em flor que, sem sucesso, tentava esconder um casal apaixonado que se beijava.

Era um quadro belíssimo.

- Impossível?- perguntei.

Ele acenou a cabeça.

- Factos científicos referem que em noites de lua cheia, as árvores de flor relativamente pequena recolhem-nas, ficando os ramos nus por algumas noites.

Inclinei a cabeça com entusiasmo.

- Há lendas que dizem que, se por algum motivo as árvores não conseguirem recolher, nessas noites, as suas flores…As lendas dizem que é um mau presságio, que algo horrível está prestes a acontecer.

- Porquê?- perguntei.

- A lua cheia é sinónimo de noite de bruxas, lobisomens, tudo o que é horrível e nojento. As flores do pessegueiro, por sua vez, são um símbolo de pureza e do bem. Se esse bem fosse exposto a uma noite recheada de mal…ele apanharia parte da maldade presente no ar e acabaria por ceder à tentação do mal. As flores deixariam de ser o puro e passariam a ser o maior símbolo de um desistente, de alguém que sucumbiu aos encantos do diabo.

“Uau”, pensei.

- E aqui estão dois jovens que, pelo amor que sentem, mostram que não têm medo do que lhes possa acontecer, que o amor deles é mais forte que todas as lendas.

Subitamente, fitou-me.

- Muitos parabéns! Fez um belo trabalho!- felicitou-me e, admito, que a inteligência faltou-me. Dei por mim a, perceber o que ele queria dizer, dois minutos depois.

- Não, não, não!- repeti.- Não sou a pintora.- enquanto o homem me olhava, algo surpreendido chamei Violette, a verdadeira artista.

Depois de os ter apresentado, o homem felicitou-a e pediu-lhe, educadamente, se podia dar uma olhada pelo resto dos seus quadros.

O cabelo roxo de Violette voava pelo vento quando ela se virou para me ver. Sorri-lhe e ela responder-me com uma expressão apologética.

- Desculpa Esmeralda.- pediu-me.- Não te queria incomodar…mas como a Iris não veio…e tu sabes como é que eu sou…

Era sábado. Pela manhã, deram-me a conhecer que uma das minhas colegas e amigas do bar, Iris, estava de cama com uma gripe terrível. A nossa doente costuma acompanhar, todos os sábados, Violette até ao mercado local, numa tentativa de vender o que esta última mais gosta de fazer: pinturas. Como Violette, minha amiga desde que puxei os cabelos à minha tia (logo no meu primeiro dia aqui, um primeiro dia comemorado com alguns castigos injustos), é uma rapariga muito tímida. Eu sabia que ela não conseguiria vir para um sítio tão público sozinha e, como tantas vezes ela me tinha feito, decidi ajudá-la, oferecendo-lhe a minha companhia.

- Não te preocupes Violette. Até me fizeste um favor, sabes? Tinha mesmo de sair do bar!- tentei confortá-la.

Ela olhou-me, curiosa.

- Pois…o rapazinho de ontem…Conta-me tudo!- pediu-me, enquanto o nosso cliente espreitava pelos muitos quadros expostos.

****Na noite passada***

- Como foi o encontro?- perguntou-me o ruivo.

- Como é que sabes?- questionei-o. Mas a minha resposta veio segundos depois, assim que mirei o meu irmão, que tentava-se esconder por detrás do pilar.

- Christian!- berrei-lhe. O meu irmão, ao perceber que eu estava chateada, corou, envergonhado.

Assim que dei o primeiro passo na sua direcção, o miúdo fez um “Ehh” e correu até ao seu quarto, trancando a porta de seguida. “Que covarde!”, pensei, ao dar o segundo e terceiro passo em direcção à porta fechada: o puto tem que aprender algumas maneiras!

Um calor familiar apertou-me o pulso, parando o movimento das minhas pernas.

- Deixa-o ir!- pediu-me Castiel. – Temos outras coisas que falar!

Enquanto ele me puxava para o meu quarto, pensei uma e outra vez “Estou fodida!”, “Estou fodida!”.

No fim de me empurrar para a cama, olhou-me, com raiva incandescente nas pálpebras. Estremeci. Inesperadamente, do pouco que sabia dele, não se sentou ao meu lado. Continuou em pé, a fitar-me com os seus olhos laser que me penetravam o corpo, com os braços cruzados no peito musculado escondido pelo colete preto. Voltei a estremecer. Aquilo não seria uma conversa fácil.

- O encontro? Com quem foi?- perguntou-me, sem deixar de perseguir o meu olhar.

Fechei os meus olhos e suspirei. Deixei-me cair no colchão, que há tanto me atentava. Não lhe queria responder. Não era ele o juiz que condenava os erros da minha vida. Não era a ele, ou a qualquer outra pessoa, que tinha que dar justificações do que fazia.

- Estou à espera de uma resposta!- disse-me.

Voltei a suspirar.

- E não sairei daqui até estar satisfeito com as tuas justificações.- alertou-me.

Levantei-me, de rompante.

- O que queres saber?- perguntei-lhe, algo apressadamente.

- Quem foi o teu encontro?- perguntou-me, tão apressado, ou mais, do que eu.

- Não te interessa.- ouvi-me a dizer.

As sobrancelhas dele arquejaram: um símbolo digno de irritação. Tentei explicar-me.

- Tu não és mais do que alguém que mostrou interesse em mim. Não és mais do que alguém que anseie por uma noite comigo e, no final, deixar-me no chão frio, magoada. Não és mais do que o resto dos homens- falso, arrogante e frio.

Por fim, pedi-lhe baixinho.

- Não me dês esperanças. Não me trates bem. Não me digas que te importas comigo…- fui interrompida com uma dor na parte esquerda da minha face.

Praguejei uma asneira que não ouso escrever.

Levantei o meu olhar até encontrar o da pessoa que me tinha esbofeteado.

- Quem és tu?- perguntou-me ele.- O que fizeste à Esmeralda que eu conheço?

Não respondi a nenhuma das suas questões retóricas.

- A Esmeralda que eu conheço, a Esmeralda por quem me interesso, a Esmeralda por quem não matei um violador de crianças, a Esmeralda que me fez mudar o modo que eu vejo o mundo… essa Esmeralda não é assim.

Parou para respirar e voltou ao ataque.

- A Esmeralda que eu conheço não é tão fraca como tu. Essa Esmeralda combateu contra males e pelo bem do irmão, essa Esmeralda dança mesmo com o pé torcido…essa Esmeralda nunca desconfiaria de mim. Não depois de tudo o que fiz e ouvi dela… Interrompi-o.

- Talvez a Esmeralda que conheces não seja a verdadeira.

- Se isso é verdade, então não a quero conhecer!- exclamou ele, abrindo-me um buraco no peito.

Começou a dirigir-se até ao limite do meu quarto. Abriu a porta e, antes de sair, disse-me:

- Eu, mesmo depois de ouvir a tua história, continuo aqui ao teu lado. Será que isso não é suficiente para confiares em mim?

Assim que saiu do meu compartimento, não consegui suportar a dor que tinha crescido no meu peito e comecei a chorar. “Porque sou tão estúpida?”

***Hora actual***

- E por tudo isso, não consegui pregar o olho ontem à noite. Estou exausta!- confessei a Violette.

- Mas sabes que ele tem certa razão, não sabes?- perguntou-me ela.

Eu sabia disso. Era o facto de ele ter razão que me fazia continuava a doer o peito, o buraco. Mas eu era demasiado orgulhosa e teimosa…teria de arranjar maneira de lhe pedir desculpas sem ferir o meu próprio orgulho…Tinha mesmo de lhe pedir misericórdia…

Um alvoroço fez-se sentir pelo mercado. As pessoas começaram a afastar-se e a abrir caminho para um certo casal passar, algo que só se fazia para alguém de grande respeito. “Que estranho”, pensei. Coloquei-me em bicos de pés, sem conseguir avistar nenhuma das caras dos ricos que se aproximavam.

- Quem são eles?- perguntei a Violette, que estava tão curiosa quanto eu.

- A rainha e o herdeiro ao trono, o príncipe.- esclareceu-me ela.

A minha curiosidade aumentou. Como seria a cara de um príncipe? Até consigo imaginar: uma expressão séria, assustadora, com um bigodinho, cerca de trinta anos…

Sem conseguir resistir à euforia que me invadia, dei um saltinho. Nos poucos momentos que estive no ar, consegui avistar roupas caras, penteados presumidos e…esperem lá…olhos bicolores?

Percebendo de quem se tratava, praguejei um “Merda” e escondi-me por detrás da bancada dos quadros.

“Porque será que só me meto em problemas?”, perguntei-me, enquanto rezava que Lysandre, o príncipe herdeiro de Sweet Amoris, não me visse.


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Notas finais do capítulo

PS. IMPORTANTE: O capítulo do encontro será ligeiramente alterado (para melhor acho), por isso estejam atentos/as a algumas atualizações importantes.