“Dizem que quando Deus fecha uma porta ele abre uma janela. Mas as vezes ele derruba uma parede.”

P.O.V’s Ashley.

Três dias. Setenta e duas horas. Quatro mil trezentos e vinte minutos. Duzentos e cinquenta e nove mil e duzentos segundos.

Era esse o tempo que tinha se passado desde o dia que o Sirius havia me pedido em namoro e que estávamos – para o completo choque de Hogwarts inteira – juntos.

Os três dias mais felizes da minha vida.

Ok, isso soou extremamente meloso. Ignore.

A questão é... varias coisas tinham mudado por aqui. Em tese.

Rose e Scorpius finalmente assumiram para a escola inteira que estavam juntos o que causou um choque incrível, não que isso fosse uma novidade para qualquer um de nós. O ponto alto foi com certeza o berrador que o Rony havia mandado – já que o Hugo “acidentalmente” deu com a língua nos dentes – para os dois e que fez questão de gritar no meio do salão principal em pleno café da manhã com a voz do Weasley, que existiria uma doninha albina e Sonserina a menos no mundo, porque quando ele pegasse o Scorpius, o loiro estaria morto.

Fred e Audrey não se desgrudavam mais. Serio. Perdi a conta de quantas vezes entrei no meu dormitório e tive que expulsar o Weasley de lá a base de feitiços enquanto a fabulosa gargalhava.

Assim que a noticia que eu e o Sirius estávamos namorando chegou na Toca e no ouvido de todos fora dos muros de Hogwarts, nós recebemos os mais diversos tipos de “parabéns” e de bilhetes. Desde um berrador do George que gritava aos quatro ventos que já esperava que isso fosse acontecer, até uma carta do Harry e da Gina que nos disseram o quanto estavam felizes por nós e um pequeno anexo dizendo que meu pai não estava lá muito feliz com a noticia, mas que o Potter tinha dado um jeito no “porco de peruca”. Amor de família é tudo nessa vida.

Eu não precisava fazer muito esforço para estar sempre o com o Sirius, afinal tínhamos as mesmas aulas, éramos da mesma casa e do mesmo ano. Mas era verdade... passávamos a maioria do tempo juntos. Era agradável.

Hogwarts inteira ainda estava se acostumando com a noticia. Depois de três dias eu esperava que o choque já tivesse passado, mas eu ainda percebia os olhares tortos que algumas pessoas nos mandavam. Nada que me incomodasse de verdade.

Eu não tinha falado com o Rich ainda a respeito de tudo isso e dessa vez, era eu que estava meio que fugindo dele. Eu não sabia se ele estava com raiva e a ultima coisa que eu quero no mundo é magoa-lo. Apesar de achar que já o tinha feito. Não queria brigar com ele. Rich era um amigo muito especial para mim, uma hora tudo ia se encaixar no seu devido lugar.

Mudando levemente de assunto, é com um imenso prazer que anuncio... A veela demoníaca realmente me odeia agora. Serio, se eu não fosse vacinada contra vadias eu realmente ficaria com medo. Na verdade eu não achava que era bem ódio que ela sentia por mim... já tinha passado disso. A Dominique me repudiava. Todo mundo notava os olhares quase assassinos que ela me lançava, não que isso realmente me importasse.

Eu estava feliz. Nem ela estragaria minha felicidade.

– Ashley... acorda. – alguém me sacudia irritantemente. Resmunguei algo incompreensível, e puxei o cobertor para cima cobrindo a minha cabeça e ouvindo um bufo irritado. – Não acredito nisso! Não acredito que você ficou até tarde de novo estudando. – voltou a me sacudir com mais força. Eu ia dar um murro nesse instante em quem quer que fosse. – LEVANTA CARAMBA! – dessa vez gritou.

Eu apenas peguei meu travesseiro e coloquei por cima da minha cabeça e suspirei contente ao notar que tinha abafado toda e qualquer voz. Estava morta de cansada, tinha estudado para os NIEM’s – que estavam chegando – até tarde ontem a noite. Não tinha ficado com o Sirius para estudar. Hoje não tinha aula para a gente então... O QUE ESSE POVO QUERIA ME ACORDANDO A ESSA HORA DA MANHÃ NESSA PORRA?

Ouvi a pessoa – provavelmente a Audrey – murmurar algo para si mesma e depois sair do dormitório batendo a porta. Suspirei contente, pensando que agora eu poderia voltar para os meus sonhos onde eu era uma Estrela do Rock e me casava com Harry Styles. Não contem para o Sirius, obrigada.

– Ruiva. – ouvi uma voz agora masculina e completamente rouca sussurrar próximo ao meu ouvido. Essa voz fez algo se agitar na minha barriga, uma sensação boa. Só que entenda... quando eu estou com sono fico pior que o demônio, ou seja a Dominique.

Bufei irritada e pressionei com mais força o travesseiro contra meu rosto desejando com todas as minhas forças que o ser, seja quem fosse, simplesmente evaporasse.

– Vamos lá ginger... – a voz voltou a sussurrar enquanto agora afagava meu cabelo ruivo. – Esta na hora de acordar.

Minha resposta foi dar um tapa na mão da pessoa e me afundar ainda mais nos lençóis enquanto ouvia uma risada rouca que me fez dar um leve suspiro.

O quarto ficou em silencio novamente e eu achei que o ser tivesse desistido. Quase comemorei, até senti um peso ao meu lado o que me fez pensar que alguém tivesse deitado comigo. Se eu não tivesse com tanta preguiça eu teria xingado e gritado, mas eu também reconheci imediatamente quem era.

O perfume não deixava mentir. Ao sentir a sua temperatura e o seu cheiro se infiltrando no meio das cobertas, eu me permiti dar um leve suspiro.

– Hey, dorminhoca... acorda. – o Sirius sussurrou me abraçando de lado. Me aproximei dele me aconchegando em seu peito e tentando voltar a dormir mais confortável enquanto ouvia sua risada. – Serio ruiva... você precisa levantar.

– Me deixa dormir, ainda é cedo porra. – resmunguei delicadamente enquanto ele me dava um beijo na testa e eu sentia seu sorriso.

– Sua delicadeza me comove. – ele riu. – E não, não é cedo. Você perdeu o café da manhã e o almoço, já é de tarde ruiva!

Isso me fez abrir os olhos e encontrar seus olhos lindos tão pertos dos meus. Ele estava lindo como sempre e eu provavelmente estava parecendo que uma vaca tinha me lambido de tão desarrumada. Foda-se.

– Ta brincando. – suspirei frustrada.

– Não. – ele beijou a minha bochecha. – A Audrey não quis te acordar antes porque achava que você estava cansada, mas quando veio te acordar agora, você nem se mexeu então ela me pediu para vir aqui fazer o trabalho.

– Eu quero matar você e ela nesse momento. – suspirei enquanto me aconchegava ainda mais a ele. – Porque não me deixaram dormir mais?

– Porque a Tia Minnie quer falar com a gente. – Sirius disse simplesmente.

Isso me fez acordar. Me sentei rapidamente e virei minha cabeça para ele no maior estilo da menina do exorcista enquanto estreitava os meus olhos.

– O que você aprontou Potter? – lhe mandei um olhar reprovador.

– Eu não fiz nada dessa vez. Juro. – ele riu se levantando enquanto bagunçava os cabelos daquele jeito que só ele conseguia fazer. Sexy. – Ela disse que quer eu, você, a Audrey e o Fred na sala dela o mais rápido possível.

– Se você e o Weasley aprontaram alguma eu juro que jogo vocês dentro do lago. – resmunguei enquanto me levantava bocejando.

– Relaxa. – ele riu se aproximando de mim e me abraçando apertado enquanto enterrava a cabeça no meu pescoço e respirava no mesmo me fazendo arrepiar.

– Vaza do meu dormitório Sirius. – falei não querendo me afastar dele. – Vou me arrumar.

– Pode se arrumar na minha frente. Eu não me importo. – ele tinha aquele maldito sorriso malicioso nos lábios. Rolei os olhos e me afastei quando ele tentou me beijar. O que? Eu provavelmente estava com mau hálito matinal.

– Vaza. – apontei para a porta e ele riu.

– Sua delicadeza me comove. – comentou enquanto eu o empurrava até a saída. – A proposito... – ele falou já do lado de fora antes que eu pudesse fechar a porta. – Bela camisola. – completou me olhando risonho.

Olhei para baixo e vi que a minha camisola era uma grande blusa com um panda na frente. O que foi? Eu amo pandas. E claro... um short curto preto pro baixo. Idiota.

Rolei os olhos e bati a porta na cara dele, enquanto ouvia sua gargalhada.

[...]

– Aleluia! Pensei que tinha morrido dormindo. – a Audrey comentou quando me notou descendo as escadas. Eu rolei os olhos para ela, notando que todos os meus amigos Grifinórios estavam ali, o que com certeza era um milagre.

– Se eu tivesse morrido dormindo, vocês poderiam escrever na minha lapide: “Morreu fazendo o que amava”. – revidei fazendo todo mundo rir enquanto ia me colocar ao lado do Sirius que sorriu para mim e me puxou para sentar do seu lado.

– Eu acho que nunca vou me acostumar com isso. – a Roxy comentou nos encarando enquanto eu encostava a minha cabeça no ombro do garoto ao meu lado.

– Você não tem mais ninguém para encher o saco não? Tipo o meu precioso irmão? – Sirius comentou despreocupadamente me fazendo dar uma risada anasalada enquanto ele brincava com as minhas mechas ruivas.

– Por falar nisso... – comecei quando a morena ia abrir a boca para responder. – Qual é o milagre de estar todo mundo junto aqui? Até mesmo o John que vive se agarrando com a Charlotte por aí e quase nunca está conosco deu o ar de sua graça.

– Queremos saber o que a professora Mcgonagall quer com vocês. – a Rose falou despreocupadamente e eu ergui meu olhar para o Fred e o Sirius.

– Serio... o que vocês dois aprontaram? – questionei irritada. – Se levarmos detenção, eu juro que chuto a bunda de vocês daqui até Hogsmead.

– Nada. – os dois se defenderam juntos e rindo.

– A delicadeza da sua namorada sempre vai me comover. – Fred completou rindo e o Sirius sorriu enquanto eu voltava meu olhar para a fabulosa sorridente.

– Você não aprontou nada, não é? – perguntei.

– Jamais. – ela sorriu inocente.

Bufei voltando meus olhos para o Sirius que me observava de perto enquanto passava seus braços pela minha cintura me puxando ainda mais para ele e colando a sua testa com a minha. Nessa posição, eu tinha a visão privilegiada do seu sorriso torto e absolutamente sexy e, claro... dos seus olhos.

Com um sorriso terno nos lábios ele se inclinou e depositou um selinho nos meus que automaticamente se curvaram para cima também. Abri levemente os olhos e ele entrelaçou com carinho a sua mão na minha. Aquele gesto simples me aqueceu por dentro de um modo que eu não imaginava.

– Arg, açúcar demais. – a Audrey resmungou se levantando do lado do Fred. Eu e o Sirius rimos baixo. – Potter, larga a minha melhor amiga e vamos logo ver o que a Tia Minnie quer com a gente.

– Ok, vamos lá. – eu concordei me levantando rapidamente.

Os dois bocós se levantaram resmungando, e com cara de preguiça nos seguiram até a saída do buraco do retrato.

O Fred entrelaçou sua mão com a da Audrey e foram caminhando um pouco na frente enquanto o Sirius me abraçava por trás. Eu achava o jeito que a fabulosa e o Fredoca estavam lidando com o namoro muito interessante porque, bom... eles pareciam tão naturais. Como se tivessem sido feitos para ficar juntos e não pareciam nada mais com aqueles dois cabeças duras de um tempinho atrás.

– Vocês sabem onde é a sala da Tia Minnie? – perguntei voltando meus olhos para os olhos castanhos esverdeados do garoto ao meu lado. Eu já tinha esquecido o caminho sendo que a vez que eu vim aqui foi com a praga da Dominique e eu estava mais ocupada tentando me concentrar para não pular na cara dela outra vez.

– Depois de sete anos aqui, muitas detenções e sendo James Sirius Potter e Fred Weasley II saber a sala da diretora não é algo muito complicado. – ele riu jogando a sua respiração no meu pescoço. Eu apenas dei um sorrisinho enquanto ele entrelaçava o braço na minha cintura e caminhávamos sem pressa alguma pelos corredores.

– Será que eles nunca vão se acostumar? – questionei rolando os olhos ao ver duas Corvinais passarem por a gente nos olhando como se não fossemos desse planeta.

– Vamos combinar que essa não é a situação mais normal do mundo. – o Sirius riu.

– Você tem razão. – admiti do mesmo modo.

– Sempre tenho. – se gabou.

– Ego inflado. – resmunguei fazendo ele dar um beijinho na minha testa sorrindo.

– Ei, novo casalzinho... – o Fred chamou a nossa atenção. – Acho melhor adiantarmos. A Tia Minnie não gosta de esperar.

Nós apenas assentimos adiantando o passo e dentro de poucos minutos estávamos em frente a gárgula na qual os meninos disseram que marcava a sala da diretora.

– Qual é a senha? – Sirius perguntou ao Fred que retirou um papelzinho de dentro do bolso.

– Bola de lã. – leu e em seguida deu uma gargalhada junto com o moreno ao meu lado o que fez eu e a fabulosa rolarmos os olhos enquanto observávamos a gárgula pular para o lado, dando lugar a uma escada de espiral.

Tratamos logo de subir a mesma, enquanto os dois idiotas ainda riam. Oh Merlin... dai-me paciência.

– Com licença... – pedi a porta da sala e olhando para a diretora que apenas assentiu como se dissesse que estávamos liberados para entrar.

A sala da diretora continuava a mesma coisa desde a vez que eu vim aqui. Ok, já ter estado na sala dela, na situação que foi não era algo para me gabar, mas todo vez que eu pensava nisso um sorrisinho brigava para se abrir no canto dos meus lábios. A imagem de afogar a cabeça da veela falsificada na privada nunca ia deixar a minha mente.

– Sentem-se. – a voz severa da Tia Minnie me retirou dos pensamentos. Ela indicou as quatro cadeiras em frente a sua mesa e obedientemente tratamos de nos sentar.

– Vejo que estão, finalmente, juntos. – a voz serena do ex diretor de Hogwarts invadiu mais uma vez o ambiente e nós olhamos para o quatro onde Dumbledore sorria terno para nós. – Se me permite dizer... era de se esperar. – acrescentou para mim e para o Sirius.

– Pois é. – falei meio tímida enquanto o garoto ao meu lado apenas sorria.

– Sabe Ashley... – Dumbledore se dirigiu apenas a mim agora. – Ser comparada a alguém como Lily Evans é um grande peso nas costas, por mais que a honra também seja grande. Você não é ela, mas sei que é tão inteligente quanto. A vida é feita de escolhas, você escolherá certo no final. – minha sobrancelha se ergueu pelo modo como ele falou parecendo saber exatamente o que eu pensava. O problema era... eu não sabia o que ele queria dizer. – Se precisar de ajuda com algo, eu estarei aqui. – piscou levemente no final.

– Enfim... – Tia Minnie limpou a garganta rompendo o silencio meio confuso que havia se instalado. Movi meus olhos do quadro para a diretora que agora encarava nós quatro. – Bom, creio que devem querer saber o motivo pelo qual foram chamados aqui.

– O Potter e o Weasley aprontaram não foi? – adivinhei.

– Não senhorita Dursley. – ela me respondeu e eu pude ver um sorrisinho disfarçado nos seus lábios. – Não dessa vez. – acrescentou como se repreendesse os dois garotos que apenas sorriram. – Mas o assunto é igualmente serio, além de uma grande responsabilidade. Espero que, como alunos da Grifinória casa da qual fiz parte e fui diretora, vocês não me decepcionem.

– Ah, pode falar Tia Minnie. – a Audrey falou ganhando um olhar de reprovação por causa do apelido.

– Como vocês sabem... – começou nos olhando. – O final do ano letivo esta chegando e junto com ele a formatura dos setimanistas, ou seja, vocês. E eu quero que os quatro fiquem responsáveis pelos discursos.

– Discursos? – o Fred e o Sirius fizeram coro.

– Sim. Discursos. – encarou os dois. – E espero que vocês não me decepcionem com eles.

– Como faremos isso? – a fabulosa perguntou confusa.

– No discurso vocês irão falar as experiências que viveram aqui no castelo. – Tia Minnie explicou. – Creio que isso não será um problema para vocês levando em conta a quantidade de confusões que vocês arrumaram.

– Olha Tia Minnie... – o Sirius começou soando persuasivo. – A senhora sabe que eu amo a senhora e que se a senhora fosse uns 100 anos mais nova eu te pegava fácil, sem ofensas Ash... – completou pra mim.

– Potter! – a diretora gritou com ele enquanto o resto de nós tentava ocultar as risadas. Até Dumbledore estava rindo!

– Mas é verdade Tia Minnie! – ela se defendeu sorrindo maroto.

– Detenção hoje a noite.

– Serio tia? Eu falo isso e a senhora me da detenção? Eu ia estudar para os NIEM’s com a ruiva hoje a noite. – ele fez a melhor cara do mundo de cãozinho que caiu da mudança.

– Eu sei muito bem o que vocês iam estudar. – o Fred debochou.

– Cala a boca Weasley! – gritei com ele ao mesmo tempo em que sentia minhas bochechas ficarem vermelhas. Sirius apenas riu sacana.

– Não Potter. Vocês estudam depois. – a diretora rolou os olhos. Serio? Plagio a essa hora? Eu que rolo os olhos por aqui. – A questão é... vocês quatro vão fazer os discursos e isso não é um pedido.

– Sim senhora. – a Audrey resmungou baixinho.

– Estão liberados. – falou indicando a porta. Nossa... obrigada por nos expulsar Tia Minnie, vou fingir que isso não magoou.

– Senhorita Dursley... – a voz calma de Dumbledore soou mais uma vez antes de eu cruzar a porta. Me virei o vendo me olhar pro trás dos óculos meia-lua. – Lembre-se do que eu disse. – acrescentou com um sorriso terno.

Olhei confusa para ele e em seguida para os meus amigos que tinham as expressões se assemelhando com a minha. Depois simplesmente assenti e saí da sala fechando a porta atrás de mim.