"Por mais dificil que seja, ou por mais dificil que possa parecer, as vezes é necessário fazer o que é certo."

P.O.V’s Ashley.

Eu tinha minha boca aberta em um perfeito “O”, enquanto nas minhas mãos estava o retrato que o Albus havia me dado de Natal e eu tentava assimilar tudo que a Hermione havia me contado.

Aquilo era uma completa loucura.

Por favor... entender que James Potter e Lilly Evans não se davam lá assim tão bem quando se conheceram era fácil. O problema era notar o quão bizarramente tudo isso era parecido com a minha relação com o, bom... com o Potter.

Sinceramente agora eu estava começando a entender porque as pessoas achavam minha rixa com o Potter tão engraçada.

E isso não deixava de soar maluco.

Olhei novamente para o retrato na minha mão, notando o quão bizarro era o modo como perecia tudo ser idêntico. Como parecia que eu estava nas duas molduras.

Claro, não bastava eu ser só fisicamente parecida com Lilly Evans, eu tinha que ser parecida com ela, ter a personalidade dela e parecer querer fazer cosplay da vida dela.

Sim. O amor de Merlin por mim é tocante.

– Deixa ver se eu entendi... – minha voz soava um pouco desesperada. – James Potter e Lilly Evans se odiavam inicialmente.

– Eles achavam que se odiavam. Sim. – Mione me respondeu enquanto a Audrey apenas observava de um jeito divertido.

– Então ela vivia gritando por aí: “Eu não sou sua ruiva Potter!” ou “É Evans, Potter, Evans!” – imitei outra voz e a Hermione riu.

– Exatamente.

– E no ultimo ano deles, Lilly percebeu que gostava do James e deu uma chance ao garoto que se provou um homem maravilhoso e eles se casaram e tiveram um filho. – depois foram mortos, mas eu preferi não falar isso.

– Sim.

– Ok, pode parar de me zoar Merlin! – eu falei olhando para o céu.

Isso era perturbador.

Você se sentiria do mesmo modo se descobrisse que ouve uma pessoa que teve uma vida praticamente idêntica a sua. Que você é parecida com ela e que a sua vida é... pirada.

Então eu me forcei a lembrar: Eu não era Lilly Evans!

O Potter não era James Potter. Bom, ele não era o original.

E eu não tinha dado uma chance a ele e nem tinha me casado com o bocó. E provavelmente isso nunca ia acontecer porque eu era cabeça dura e o odiava.

Ok, o argumento do ‘ódio’ já não tem mais o mesmo efeito de antes.

– Ashley, mantenha a calma. – a Mione falou percebendo o meu estado. – Ninguém esta falando que você já tem seu destino traçado ou algo do tipo. Por mais que vivemos num mundo da magia... as coisas não são assim. A maioria delas pelo menos. Você tem o direito de escolha.

– Eu nunca duvidei disso. – pelo menos eu achava que não.

– Eu estou te contando isso porque eu acho que você tem o direito de saber o motivo de todos nós acharmos a sua briga com o Jay tão interessantes. – ela continuou. – Olha Ash, um bruxo muito sábio disse uma vez que o amor é a maior magia de todas.

– E o que isso tem a ver com essa loucura? – perguntei.

– Eu sei que você não mencionou uma parte da vida de Lilly e James de proposito, acho que com medo de tocar em uma ferida. – as vezes eu ainda me impressionava com a inteligência dessa mulher. – Mas a morte deles foi mais uma prova dessa teoria. O amor é maior que tudo e foi o amor de Lilly Evans que salvou o Harry sabia? Foi o amor dela que o fez estar vivo até hoje.

Eu fiquei em silencio tentando absorver essa informação.

– E é o amor do James que faz ele ainda ter esperanças de te ter um dia. – Hermione cortou o silencio novamente.

Eu quase abri a boca para falar que o Potter não me amava, mas não o fiz. Motivo? Nem eu mesma sei.

– Então quer dizer que se eu seguir os passos de Lilly Evans no final eu vou ser morta por um bruxo do mal e sem nariz? – minha tentativa de brincadeira foi meio tensa.

– Ninguém esta dizendo que você vai seguir os passos dela Ash, porque você não é ela! – a Mione exclamou me olhando. – Você não é Lilly Evans e ninguém vai jogar nas suas costas essa responsabilidade.

– Eu não tenho vergonha de ser comparada a Lilly Evans. – falei de um modo como se tivesse me defendendo.

– Ninguém teria. – Hermione falou com um sorriso compreensivo. – Ela foi uma mulher incrível que morreu para ver aquele que amava bem. Para ver o seu filho bem. Mas ser comparada a uma mulher que a Lilly foi, as vezes é um grande responsabilidade. E eu sei que você sente um peso. Algumas vezes.

Agora eu sei de onde a Rose herdou a sua mania irritante de estar sempre certa.

– Sua historia é interessante por ser parecida com a dela. – Mione admitiu. – Mas isso não interfere em nada, porque você não é ela. Você esta livre para fazer as suas próprias escolhas e ninguém esta dizendo que a sua historia será igual a dela até o final. Mas talvez no fundo, você saiba que talvez quisesse que sim.

– Mas eu não quero morrer na mão de um bruxo das trevas sem estilo e sem nariz. – eu falei nervosa. Quando eu fico nervosa solto piadinhas sem perceber.

– Não estou falando de morrer Ash e você sabe disso. – ela falou pacientemente. – Você conhece a historia do Harry, afinal todos conhecem a historia do menino que sobreviveu. Me diga... o que nos permitiu vencer?

Eu sabia a resposta.

O amor.

Foi o amor de Lilly Evans que a fez morrer para salvar o seu próprio filho, que viria a ser destinado a salvar o mundo.

Foi o amor de Harry por aqueles que lhe eram importantes que o fez enfrentar o seu destino de cabeça erguida.

Foi o amor que destruiu o maior bruxo das trevas da historia.

Porque o amor é a maior magia existente.

– O James te ama. – Hermione continuou. – Acredite... sei o que você sente já que a minha relação com Rony nunca foi flores, mas quando a gente ama, ama os defeitos da pessoa também. Ama o que ela é por dentro. O Jay ama essa ruiva esquentada com cara de confusa que esta a minha frente. Ele ama a ruiva que grita com ele sempre e que vive em pé de guerra. Ele ama a garota com manias que no fundo só ele nota os mínimos detalhes. Ele ama a garota linda e temperamental que se parece tanto com Lilly Evans, ao mesmo tempo em que é tão diferente dela. Você não é Lilly Evans Ash... mas é tão incrível quanto. Sabe porque? Porque você é você mesma.

Eu olhava nos olhos castanhos da mulher a minha frente e o modo como ela sorria ternamente para mim me transmitia calma. Uma calma que eu precisava desesperadamente no momento.

– O James esta enraizado aí. – ela apontou para o meu coração. – Porque você pensa nele o tempo todo. Porque ele é o único que com uma frase é capaz de te tirar do serio. Porque ele é o único que te faz... sentir como nenhum outro. Porque por mais que aparecem outros garotos mais calmos, com jeitinho de príncipe, nenhum vai se comparar a ele, porque você vai tratar de estar sempre comparando os dois e o modo como são diferentes. Porque, por mais que negue, você sempre vai procurar nos outros algo que você só vai achar nele.

Eu não sabia o que responder.

– James já achou a sua definição de amor. – Hermione continuou em resposta ao meu silencio. – Ele descobriu que quando se ama, se luta para ter. Ele descobriu a pessoa com que ele mais se importa no mundo inteiro e sabe quem é? Você. Por isso ele tem tanto medo de te perder. Por isso até hoje ele não desistiu de você. – ela fez uma pequena pausa. – Mas qual é a sua definição de amor Ashley?

Talvez essa pergunta fosse realmente retorica, porque sem esperar resposta Hermione se levantou e saiu da torre de astronomia me deixando sozinha com uma Audrey que me olhava impassível.

Mas nada disso me importou, porque assim que ele fez a ultima pergunta algo veio imediatamente a minha mente.

Olhos castanhos-esverdeados.