The Helper escrita por loliveira


Capítulo 8
Verdade




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Eu pensei em sair correndo, mas não ia valer a pena. Então estou aqui, me segurando para não chorar enquanto ele fala com ela no celular. Não escutei o que mais ele disse para ela, porque ele acabou de sair daqui e foi para o corredor; então estou terminando o texto pra poder sair daqui o mais rápido possível. Gostar de alguém é uma droga. Estou me sentindo um lixo. Um lixo muito grande. Urgh. 

Termino o texto na hora que ele entra na sacada outra vez. Não olho para ele. Não quero correr o risco de começar a chorar na frente dele... ia ser muito constrangedor!

-Oi. 

-Oi. Muito importante? -Eu pergunto, tentando ao máximo tirar o tom de ironia (ou sarcasmo, nunca sei a diferença) da voz.

-Não muito. -Ele volta a sentar. -Terminou? 

-Não ria. -Eu digo e dou pra ele o maldito papel.

-Nunca. Vou ler depois tudo bem? 

-Claro. 

-Quer conversar? -Ele pergunta. Conversar? Sobre o quê? 

-Sobre... -Eu digo. Ele pensa por alguns segundos. 

-Sobre... já sei. Vamos fazer um jogo.

-Beleza, qual? 

-É difícil. 

-Ok.

-E bem pesado.

-Só fale de uma vez! -Eu começo a perder a paciência. 

-Verdade. -Ah. Não. 

-Urgh, tem certeza? -Qualquer outro. 

-Você pediu. -Já chega. 

-Manda. -Verdade é um jogo fácil, e acho que toda a escola conhece. Uma pessoa pergunta alguma coisa profunda e pessoal, nunca coisas como 'qual sua cor preferida' ou 'você prefere tênis ou saltos altos', se você passar, vai ser a vez da outra pessoa e se ela responder a pergunta, ganha. Só não espero que ele pergunte coisas que eu serei obrigada a passar. Geralmente, quando você perde, tem que dar um um dólar para o outro jogador. Não estou afim de perder grana.

-Por que pareceu que você estava com raiva hoje quando Mrs. Goode perguntou se você queria escrever? -Dessa pergunta eu não tenho medo. -A verdade! -Ele me lembra, qual é, não sou tão malandra assim. 

-Porque ela pediu para Madim escrever. Não eu. Às vezes eu queria um pouco o crédito. Becky acha que ela me convidou porque eu escrevo bem, mas ela só convidou porque Madim é popular. -Eu digo com firmeza, sem pensar duas vezes. Ele balança a cabeça. 

-Você não se dá crédito. Madim é você. 

-Mas eu não sou ela. É complicado sentir isso, e eu não sei explicar como é, mas aquilo me incomodou. Minha vez. -Eu anuncio.

-Vá em frente. 

-Qual a coisa mais nojenta que você já fez? -Ray é encantador,  a resposta não pode ser tão ruim. Ele pensa por alguns segundos antes de responder.

-Beijei um sapo. 

-Ew! -Eu faço uma careta, que nojento! Ele ri. -Sua vez. -Digo com minha voz ainda falhando por causa das imagens que vem sem minha permissão em minha mente. 

-Me explique o porquê de você continuar amando tantos seus pais mesmo depois de tudo que eles fizeram. -Ok. Ele pegou pesado. 

-As pessoas nunca entendem, mas tudo bem, vou tentar explicar. Sabe alguns dias atrás, quando eu recebi aquele e-mail sobre o pai que batia na garotinha, e a pessoa que mandou achava que ele estava bêbado? -Ele assente. -Então, meus pais me deixaram seu comer por dois dias, e perdemos nossa casa. Perdi alguns amigos e eu não tenho contato com meus avós por causa da gravidez da minha mãe e as drogas, é claro. Mas mesmo assim, apesar de tudo isso, meu pai nunca levantou um dedo contra mim, ou minha mãe. Nunca levantou a voz pra nenhuma de nós. Porque mesmo nessas condições, ele tinha consciência de que ele amava minha mãe e me amava, por isso nunca fez isso. Acho que nossa casa nunca deixou de ter amor. Porque eu não me sentia em perigo junto com eles na nossa antiga casa. Não sentia que precisava me proteger de algo que eles fariam. Eu ficava assustada, porque as drogas dão medo, mas nunca precisei fugir ou correr deles. Acho que eles me amam tanto que mesmo naquelas condições, nunca me abandonaram. E é por isso que eu ainda amo eles. Eu nunca deixei de amar. -Ficamos em silêncio um tempinho, acho que ele está processando minha resposta. 

-Eu não sei o que responder. -Eu ri. Ninguém sabia. -Sua vez. 

-Quantos irmãos você tem? -Eu pergunto, na tentativa desesperada de deixar as coisas mais leve entre a gente. Essas conversas sobre sentimentos me deixam meio abalada. Ele ri. 

-Quatro. 

-O quê?! -OMG.

-Um você já conheceu. -Ele sorri. -Tem os gêmeos bebês e um na faculdade.

-Todos meninos? 

-Sim. 

-Ah meu Deus. -Como ele não é pirado? Eu piraria se tivesse quatro irmãos! Como ele arranja tanto tempo para  estudar? Meu Deus!!!

-Seu primeiro beijo. -Ele dispara. 

-Jay. -Ray empalidece. Eu disse algo errado? 

-Sério? Quando? 

-Na sétima série. Samantha Brown -Ou melhor, sua namorada idiota -Estava me enchendo por causa disso e eu estava meio triste, Jay percebeu e me beijou para ela parar de falar. -Simples assim. Às vezes é muito fácil amar o Jay. Ele faria uma coisa dessas, mesmo sendo gay, para me ver feliz. 

-E vocês estão de boa com isso?

-Bem, demorou umas duas aulas para eu voltar a olhar para ele, mas depois -Dei de ombros - foi tranquilo. Porquê não seria? 

-Claro, claro. -A expressão dele é tão engraçada que eu tenho que me segurar para não rir. Parece constipado. Por dentro, estou rindo. Bastante. 

-SEU primeiro beijo. -Eu digo, hiper-mega-super-curiosa. Ele me encara.

-Sally Puckerman. 

-Isso é uma piada? -Eu explodo em risada. Sally era uma garota muito nerd. Muito. Nada contra ela, ela era bem querida, mas usava uma aparelho que espantava todo mundo. 

-Foi antes do aparelho! -Ele diz meio indignado, mas está rindo também! Meu Deus!

-Acho que vou morrer. -Eu digo em meio as risadas, meu Deus. Sally Puckerman beijando Ray!!!! Meu peito dói de tanto que eu rio. -Sua...vez. 

-Qual foi a coisa mais ariscada que você já vez? 

-Fugir da casa de Audrey com ela e Jay. -Para ver você beijar Brown. Eu não disse isso em voz alta, é claro. -Nos sentimos as Charlie's Angels. -Nós rimos. 

-Qual foi a nota mais baixa que você já tirou? 

-F. -A ideia de Ray tirando F é quase ridícula. 

-Virgem? -Eu coro. Que pergunta!

-Não acredito que você perguntou isso! 

-Não tinha mais nada pra perguntar! -Ok. Que constrangedor.

-Virgem. -Ele ri. Eu jogo meu lápis nele. Babaca!

Mentira. 

Você é muito fofo, Ray. 

Infelizmente. 

-Sua...vez. 

-Quem era no telefone? -Eu disparo, com muito, muito, muito medo da resposta. Ele fica sério de novo. 

-Passo. 

Não sei se, se ele falasse que foi Samantha, doeria menos do que dói agora saber que ele não quer me contar. Por quê? 

-Por quê?

-Porque sim, puxa. -Sinto como se alguém tivesse esfaqueado meu coração. Ou acho que isso dói menos. Por favor não chore aqui, Charlotte, não chore não chore, não chore. Pra mim já chega. 

Charmoso idiota.

-Escute... -Eu começo firme. É isso aí, Charlotte, mostre quem manda. -Tenho que ir. 

-Já? 

Ok. Ele que manda. 

Não, seja forte. 

-Sim. 

-Tudo bem com você? -Como ele tem a coragem de me perguntar isso. Como? COMO? Não fui eu que fiquei falando com Samantha no telefone. Não fui eu quem beijou a vaca na sexta. 

QUE TIPO DE CRIATURA SEM CORAÇÃO É ELE? 

Não sabe que eu estou apaixonada por você, seu babaca?

Não estou bem. Samantha Brown te ligou!!!

-Sim. -Eu enfim olho para ele. Que se levantou e está balançando a cabeça. 

-Vamos. -Ele me leva até a porta e o irmão aparece outra vez. 

-Até outro dia. -Eu forço um sorriso para ele. Qual é, ele merece. Ele me dá um sorriso bem mais genuino. E acena. -Obrigada pelas dicas. -Eu digo para ele. Ele só assente e me dá um beijo da bochecha, segurando no meu braço de novo. Estou tão magoada que nem ligo para isso. 

-Até amanhã. 

Acho que nunca chorei tanto. Nunca, nem quando vi eles se beijando. Minha cabeça dói muito. Mesmo. Eu não presto atenção no caminho de volta. Eu só deixo as lágrimas encherem meus olhos. Porque eu não sou bonita? Porque eu não sou forte? Porque, porque, porque? 

Sou uma droga de pessoa. 

Quando chego em casa, abro meu e-mail. Já está meio automático fazer isso. 

Dúvidas e questões sobre relacionamentos? Pergunte à Madim!

Todos os nomes são protegidos para manter o anonimato dos autores.

Essa coluna pertence à Rixon High School.

Querida Madim, 

Minha menstruação está três meses atrasada e eu estou com muito medo de estar grávida. Fui numa festa alguns meses atrás e fiquei bêbada, minha mãe me fez prometer que eu não tinha feito sexo com ninguém, mas eu não tenho certeza e agora estou morrendo de medo de falar isso para ela. O que eu faço? 

Querida Talvez-Grávida, 

Tenha certeza primeiro! Vá em uma farmacia e compre um teste. Peça para alguém de lá comprar pra você se você quer "manter as aparências" mas faça isso rápido. Depois, se você tiver certeza, conte para sua mãe. Depois pense em quem poderia ser o pai e se ele iria te apoiar. O resto é com você e sua família. 

Realmente espero que você não esteja grávida. Por favor, nunca mais fique bêbada numa festa. Por favor.

Com amor, Madim. 

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Essa coluna pertence à Rixon High School

Querida Madim, 

Estou apaixonada pelo meu professor de francês! Acho que ele não corresponde, mas eu não consigo evitar me apaixonar. O que eu faço?

Querida, 

 Isso pode ser só atração, não paixão ou amor. De qualquer forma, troque a aula de francês pela de italiano. Bem mais útil. Fique longe da tentação!

Com amor,  Madim. 

Minha mãe está batendo na porta. 

-Tenho uma surpresa para você! -Ela exclama. Corro e abro a porta. Então eu vejo a surpresa. 


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Notas finais do capítulo

PERDOEM ERROS ORTOGRÁFICOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Vou ficar até domingo sem postar, porque vou viajar pra praia! Vai ser o maior período de tempo sem postar da história das minhas fics!!!!!!!!!!!!! então, só avisando (:
O que acharam? ( : Querem ver a surpresa? MUAHA



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