The Helper escrita por loliveira


Capítulo 7
Becky, batatas fritas e Ray.




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Dúvidas e questões sobre relacionamentos? Pergunte à Madim!

Todos os nomes são protegidos para manter o anonimato dos autores.

Essa coluna pertence à Rixon High School.

Querida Madim,

Tenho um melhor amigo que só fala comigo seu eu ignoro ele. Mas quando eu procuro ele, ele não está nem aí, o que eu faço?!

Querida amiga,

Isso não é melhor amigo. Eu sugiro se afastar dele agora mesmo, porque isso só está te fazendo mal. Por favor. Boa aula e tente não dormir.

Com amor, Madim.

Assim que as aulas terminam, eu vou para o refeitório, depois de ligar para mamãe, avisando que não vou almoçar em casa. É quase uma hora da tarde, e eu e Becky estamos comendo batatas fritas! E eu não estou dando a mínima.

–Então, a chave é intercalar as palavras curtas com as grandes.

–Ok.

–E não escrever muitos "eu acho". Isso confunde as pessoas.

–Por que?

–Sei lá. -Ela dá de ombros. -Coisa de Mrs. Goode.

–Será que ela se pega nas salas do zelador com algum professor?

–Hmm, acho que não. Eu vi ela na igreja com o marido.

–E daí?

–E daí? -Ela ecoa, incrédula. -Você não vai na igreja com o marido a menos que seja muito correta.

–Isso é julgar demais, Becky.

–Não, julgar demais é achar que só porque ela é bonita, se pega com algum professor. -Ela contra-ataca.

–Ok. É verdade.

–Voltando ao caso, use bastante palavras do dicionário, as pessoas acham que você é inteligente.

–Nossa, obrigada.

–Você entendeu.

Ela fala bastante. Eu só faço as perguntas necessárias e deixo ela falar a melhor parte do tempo. Tenho que lembrar de dar um tapa no namorado cretino dela. Ela é muito legal para alguém que se pega com Brown. Depois de comer, eu vou para casa. Minha casa fica numa rua a seis quadras do parque central, então sempre dá para ouvir carros passando por aqui. Eu moro num loft. No quinto andar. O mesmo andar do velho surdo e da adolescente com problemas de autoestima. Mas tudo bem, é legal ouvir as declarações de amor do velho para as garotas da rua e a menina com pouca autoestima tem um bom gosto com música. O loft é bem pequeno até. Eu moro na parte de cima. Na cozinha eu consigo sentir o cheiro dos cupcakes da minha mãe no forno. Desde que ela saiu da reabilitação, ela tem feito cupcakes para ajudar na escola pública da cidade. Acho que pra reparar o que tinha feito.

Eu preciso subir uma pequena escada pra chegar no meu quarto. Eu abro as janelas e as cortinas. Meu quarto é o maior de todos, o que é engraçado porque só uma pessoa dorme aqui. Deito na cama e dou um grito abafado no travesseiro. Tenho que pensar nos e-mails, nas tarefas, em Ray e nos fogos.

Eu odeio a escola. Com todas as minhas forças. Acho que se eu pudesse, eu pulava essa etapa da minha vida até a parte que eu estou noiva, com um trabalho legal, um lugar pra morar onde o elevador pare no meu apartamento, e sem espinhas. Quando se é adolescente, é tudo tão ruim. É como se tudo fosse três vezes pior e mais dramático do que realmente é. E quando você se apaixona, parece que cada vez que respira, respira pela pessoa. Cadê minha independencia? Onde está minha autosuficiencia? Até parece que eu não sei controlar minhas emoções! Urgh.

Às vezes eu queria ser Audrey. A Audrey é linda e rica. Sei que isso é ser superficialista, mas qual é, ser linda e ter dinheiro ajudaria a subir na vida e ter anos mais felizes na escola. Audrey tem olhos azuis e cabelos loiros. Ano passado, quando alguém disse que ela era muito sem personalidade, ela foi no mercado e comprou tinta para cabelos. Roxa. E pintou as pontas do cabelo. Quando a mãe descobriu, teve um ataque, mas levou ela à Franco - um maluco da Itália - e ele pintou o cabelo dela direito. Ela tem duas casas de verão, a faculdade já paga, uma BMW e uma lancha. E odeia tudo isso! Inacreditável.

Passo minha tarde fazendo as lições. Inútil. Mas acho que quando crescer, vou descobrir porque é útil, é isso que meu professor diz.

Quando chega às seis horas, eu vou para a cozinha, porque se minha mãe não me ver, acho que ela pira. Ela sempre acha que eu fui sequestrada ou alguma coisa assim. Ela está terminando de confeitar os cupcakes.

Eu pego um sem ela ver e como antes que ela se vire para ver as provas.

–Mãe.

–Oi, querida. Como foi na escola?

–Me pediram pra escrever um artigo para os fogos. -Agora ela me dá um cupcake, e eu como como se fosse o primeiro.

–E você vai escrever?

–Se eu conseguir.

–Você vai.

–Mãe, preciso ir, Ray vai me dar dicas para escrever bem.

–U-uh! -Ah não, mãe.

–Tchau! -Eu digo antes que ela comece a me constranger mais. Eu nunca disse que gosto dele para ela, mas ela deve ter uma ideia. -Onde está papai?

–No escritório querida, mas ele vai para o jantar e você? -Ela grita, porque eu já estou na porta.

–Acho que não, qualquer coisa eu ligo. -E então eu vou para onde minha bicicleta está guardada, na sala do Guardinha Gordinho. As ruas estão bem vazias, só tem movimentação onde restaurantes estão abertos, mas eu não ligo muito, desde que possa sentir o vento no meu rosto. Acho que isso é melhor que antidepressivos, mas não posso dizer muita coisa, porque nunca tomei antidepressivos ou fiquei depressiva, mas me deixa muito, muito feliz. Quando eu paro na frente da casa de Ray, ajeito minha blusa, meu casaco, meu cabelo, meu rosto e qualquer coisa visível em mim, antes de apertar a campainha. Quando eu finalmente tenho coragem, um menino da metade do meu tamanho abre a porta para mim, de pijamas de foguetinhos e um pirulito na boca.

–Quem é? -Como alguém deixa uma criança abrir a porta desse jeito?

–Oi, eu sou...

–Charlie! -Finalmente vejo Ray vir em nossa direção. Ele está sorrindo e um pouco cansado, mas está de jeans e moletom azul. Quando ele chega me dá um abraço e eu torço para ele não sentir as batidas irregulares do meu coração. Eu me sinto corada e meio tonta e quando ele sussura um oi no meu ouvido eu paro de vez de sentir minhas pernas. Fala sério, eu sou uma idiota.

–Oi. -Eu digo sem graça, me desvencilhando do abraço. Eu olho para o menino, parado nos encarando.

–Esse é Danny.

–Oi, Danny. -Eu me abaixo e dou um soquinho na mão dele. Danny sorri, acena e sai para ver Bob Esponja, que está passando na tv. Também percebo que tem um bebê chorando, mas não consigo ver onde ele está. E o cheiro de chocolate é muito, muito bom. Acho que engordei só de sentir o cheiro.

–Entra aí. -Ele me guia até o quarto dele, e o barulho do andar de baixo fica mais abafado. Eu me sento na cama meio desconfortável. O que eu falo? O que eu faço? Pego meu celular para ter algo para fazer enquanto ele pega alguma coisa que eu não sei o que é.

Dúvidas e questões sobre relacionamentos? Pergunte à Madim

Todos os nomes são protegidos para manter o anonimato dos autores.

Essa coluna pertence à Rixon High School.

Querida Madim,

Meu padrasto é um idiota comigo, mas minha mãe não acredita em mim, o que eu preciso fazer? Estou magoada e desesperada.

Querida,

Procure a psicóloga da escola, fale com ela, peça para ela ligar para sua mãe. Ela é mais inteligente que eu e vai saber o que fazer. Sinto muito por sua mãe. Boa aula e tente não dormir.

Com amor, Madim.

–Charlotte? -Dou um pulo de susto. Ray está muito perto, muito perto mesmo. Posso sentir o hálito dele. Ele está sentado na cama ao meu lado.-Acordou?

–Ah, claro.

–Ok. Ao trabalho?

–Ao trabalho. -Ele pega minha mão e me leva para a sacada.

Agora a tortura começa. Tenho que me concentrar para não fazer papel de idiota na frente dele. Será que iria destruir minha imagem se eu ficasse enjoada agora mesmo? Ai meu deus. Esqueci como se respira.

SOS.

Estou começando  a pensar que essa coisa de falar bastante é mal de escritor. Porque Ray não cala a boca por um segundo. Fala sério, estou toda linda aqui e ele nem vai olhar para mim direito? Isso é praticamente uma facada no coração e um soco na minha autoestima. 

-Então, você entendeu?

-Ah, claro. 

Não, não entendi nada, seu burro, olha para mim!!!! 

-Você não está com a menor vontade de me ouvir falar não é? -Ele larga o caderno no chão da sacada, do seu lado. 

-Não. 

-Vamos fazer um exercício então. 

Honestamente, nunca achei que Ray fosse tão nerd. Eu respiro fundo e ele começa a rir, mas não diz nada. Idiota. 

-Claro, porque não? 

-Então porque não fazemos um texto, descrevendo o melhor dia das nossas vidas. -Mais escola? 

O bom é que agora eu já me acostumei com a presença dele. É só ficar algumas horas perto dele que os sintomas baixam um pouco a guarda, o que é muito útil porque não seria legal corar de tudo que ele diz. 

Ele me dá um pedaço de papel e eu penso no melhor dia da minha vida. No dia que eu conheci ele, talvez? Acho que no dia em que meus pais conseguiram minha guarda de novo. Ou quarta passada... Ray usou uma jaqueta de couro para ir para a escola que definitivamente fez meu dia um dos bons... mas acho que estaria entregando as cartas se escrevesse isso.

Escrevo sobre o dia que meus pais conseguiram minha guarda mesmo. Boto mais palavras do que botaria se fosse um trabalho de escola. Acho que é porque Ray vai ler isso. Mas eu escrevo meus sentimentos e como me senti no dia. Uso até umas palavras que li no dicionário hoje enquanto fazia o trabalho de Trig. Só paro e olho para cima quando o celular dele toca. 

-Oi? -Alguém diz algo no celular e ele cora. Não, não, não! Por favor, que não seja quem eu estou pensando que é. -Só um segundo, Charlie. -Ele levanta e sai do quarto, eu vou voltar a escrever, mas ouço ele dizendo:

-Oi, Samantha. 



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Notas finais do capítulo

gente no próximo, como minha leitora diz (fkjsdhf) vai ter ação! dkjfhsdfhskjfhsdkfhsksdjhfd tenho dois leitores!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! omfg!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! amo vcs.
vcs acham que os dialogos estão realistas? E que tá boa a história? (: