The Helper escrita por loliveira


Capítulo 4
Espiões




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Dúvidas e questões sobre relacionamentos? Pergunte à Madim!

Todos os nomes são protegidos para manter o anonimato dos autores.

Essa coluna pertence à Rixon High School

Querida Madim,

O que eu faço se minha amiga traiu o namorado mas não quer contar para ele?

Querida Necessitando-De-Coragem,

Você dá um tapa nela e ameaça contar para ele. Isso não se faz.

Com amor, Madim.

Simplesmente não posso acreditar. Não, não é possível. Me recuso a acreditar que isso esteja acontecendo. Audrey acabou de dizer que escutou Ray dizendo que vai sair com Samantha Brown. Ray. Samantha Brown.

Ele, saindo com aquela MEGERA! Isso só pode ser uma piada. Uma piada NADA ENGRAÇADA.

–Como você sabe? -Nós estamos sentados na cama enorme de Audrey. Jay fingindo não escutar nossa conversa.

–Tommy acabou de me mandar uma mensagem. -Tommy é o melhor amigo de Ray. Isso só pode ser brincadeira.

Sabem o pior? Eu achei que ele gostasse de mim. Sabe quando você gosta de uma pessoa e parece que tudo que ela faz tem algo a ver com você? Quero chorar.

–Mas... -Eu começo, só que Audrey me interrompe. Ela levanta e bota a mão na minha boca. Eca.

–Eu sei onde eles estão. Vamos. -Eu me levanto imediatamente.

–Mas e seus pais?

–Olhe, você quer ir ver ou não? -Ela diz com aquele tom de voz que grita "Vai mexer comigo? Sério?" e eu entendo que os pais dela nem mortos deixariam a gente sair. Vamos ter que ir por baixo dos panos.

–Estou com as mesmas roupas da escola, me empreste alguma coisa! -Eu grito animada e Audrey corre para seu closet, enquanto Jay, que agora não se importa em deixar evidente que ouviu nossa conversa, vem mais perto.

–Solte o cabelo, baby, cabeça erguida, mãos balançando, biquinho. -Eu até tento o "biquinho sexy" de Jay, mas não, não dá. Audrey traz um vestido de tecido vermelho, um casaco marrom e botas Jimmy Choo. É bem difícil não ter inveja da Audrey. Ela deve ser quase tão rica quanto Presidente Obama. Um pouquinho menos, é verdade, e menos individada também.

Tenho que confessar, eu me sinto bonita.

–Mãe, vamos dormir! -Ela diz, mas eu sei que não vai servir para nada. Os pais de Audrey são desligados feito o ar condicionado da escola. Ela tranca a porta e Jay abre a janela, enquanto ele se preparam para nossa fuga, eu dou uma maquiada leve-porém-útil no meu rosto. Descer sem sermos vistos vai ser fácil, quero ver passarmos pelo portão que abre com o controle.

Um controle que Audrey não tem.

Jay é o primeiro a descer a escada de madeira azul que leva até o chão. Audrey diz que a escada já estava ali quando compraram a casa, que era a fuga dos prisioneiros que ficavam ali quando o lugar ainda era uma delegacia. Os policiais deviam ser muito burros.

Estou me preparando psicologicamente para o que eu posso encontrar lá. Por que estamos falando de Samantha Vaca (Me desculpe, mamãe) Brown. Ainda não posso acreditar. Ray sempre foi tão legal e... simples. O que diabos ele foi ver em uma garota como AQUELA?

E eu nem comecei a pensar no que eu vou fazer quando ver os dois. Quer dizer, eu não ganharia uma suspensão se desse um soco nela, porque não estaríamos na escola, mas dá pra dar queixa se alguém te dá um soco? Tomara que não. Se eu desse, acho que viraria uma heroína na escola, só que nem veria as pessoas me adorando porque estaria ocupada demais na prisão. Acho que meus pais me matariam.

–Charlie, dá pra acordar e descer! -Audrey grita então eu percebo que eu estou parada no mesmo lugar ainda. Eu desco as escadas, dando um pulinho para alcançar o chão. Nós nos abaixamos, porque bem atrás de nós, a janela do escritório do pai de Audrey está aberta.

–E agora? -Eu digo, sem emitir som. Audrey nos olha com uma cara que eu suspeito que Hitler usava quando convencia os exércitos babacas a meterem bala nas pessoas, porque imediatamente a gente se sente poderosa e por mais que eu saiba que a ideia vai ser idiota, nós vamos fazer. Ela não diz nada, só aponta para o portão de madeira - que é mais inofensivo que o outro, de aço - e depois aponta pra cima. E então eu entendo.

Nós. Vamos. Pular.

Ou melhor dizendo, morrer.

–Você está maluca?! - Eu grito baixinho, se é que isso existe. Ela dá de ombros e eu tenho que deixar minha raiva pra depois. Nós vamos andando como três espiões durante uma missão. Só ficaria mais legal se alguém tocasse a música de James Bond. Nós combinamos que eu vou primeiro, porque sou a mais importante nessa missão, depois Audrey, e Jay. Jay vai ficar por último porque é mais alto que nós e não precisa de ajuda pra subir no portão. Audrey abaixa as mãos e eu apoio meus pés em suas mãos, enquanto Jay me levanta. Eu apoio meu outro pé na estaca no meio do portão e levanto a outra perna até passar para o outro lado. Depois levo o outro pé até o outro lado e pulo no chão. Depois Jay bota a mão para baixo para ajudar Audrey e ela passa para o meu lado também, fazendo barulho às vezes, mas o vento cobre o som. Depois Jay pula - tenho que dizer, ele daria um ótimo hétero - e passa as pernas para o outro lado. -Todos vivos?

–E prontos para ação.

–Nós somos as Charlie's Angels. -Jay brinca, fazendo graça. Audrey faz uma arminha com as mãos e diz:

–Vamos detonar.

Demora dez minutos para o táxi que Audrey pediu chegar. E ele nos leva - rápido demais, estou quase enjoada - até a lanchonete em que eles estão. Antes de entrar eu entro em pânico.

–O que fazemos agora?!

–Relaxa, tenho dinheiro, nós vamos, pedimos coca e damos uma olhada nos dois.

–Urgh. -Resmungo. -E se ela beijar ele alguma coisa assim?

–Você vai lá, com seu rostinho bonito, e mete charme nele, querida.

–Falar mete charme é muito esquisito.

–Calem a boca. -Eu digo. -Ok. Vamos lá.

Nós entramos, bem casuais, como se não estivéssemos lá para arruinar a vida de Samantha Brown, como se fossêmos apenas amigos saindo às sete da noite para beber coca. Como se fizessemos isso todos os dias!

E lá estão eles. Ray está gato como sempre e Samantha está idiota como sempre. Com um vestido muitos centímetros menor que o meu. Fala sério, Ray nem vai olhar para mim com ela vestida desse jeito. A gente senta e Jay pede as cocas.

–Vocês acham que Gabe Knight é gay?

–Se não é, finge que é.

–Como você sabe?

–Ele andava de mãos dadas com um menino na oitava série e dizia que tinha um namorado ano passado, mas não sei, ele tem aquele jeito, tipo você e... -Ela continua falando, mas eu não presto atenção. O garoto por quem eu estou apaixonada está conversando com a maior idiota da Rixon High School. Ele fica sério e parece que está falando de negócios, mas ele fala assim como todo mundo. Ela fica alisando o braço dele e fazendo biquinho (aquele que EU NÃO CONSIGO fazer). Eu me mataria pra saber o que eles estão falando.

Ai o pior desastre de todos os tempos acontece. Ela chega perto dele e ele vai para trás, mas deve estar surpreso. Então ela vai lá e beija ele. Beija com aquela boca nojenta dela. Estou acabada. Lágrimas caem dos meus olhos.

Acho que Audrey e Jay só percebem que eu sai chorando de lá depois de um tempo, porque só me encontram quando eu já estou com a maquiagem toda borrada.

–Vocês viram? -Jay me abraça.

–Vimos. -Audrey diz ao mesmo tempo que Jay diz "não". Audrey dá um tapa nele.

Eles nem falam nada no caminho de volta. Sabem que eu estou triste. E o pior é que eu nem lembrei de socar ela ou jogar meu charme nele! Acho que gosto dele mais do que sabia.

Dúvidas e questões sobre relacionamentos? Pergunte à Madim!

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Essa coluna pertence à Rixon High School

Querida Madim,

O que eu faço quando eu gosto de alguém que não gosta de mim?

Isso até parece uma piada.

Querida,

Você senta. Você senta e chora.

Com amor, Madim.


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Notas finais do capítulo

charlie's angels é "as panteras" mas eu quis fazer um trocadilho com o apelido da charlotte aí eu deixei no nome original das panteras sdkfhjsdkfjh que trocadilho sem graça fsdkjfhskfh nass



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