The Helper escrita por loliveira


Capítulo 15
Loft Para Seis


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo está pesado. Nem tem muitos elementos leves, que dão a graça da história, porque eu quis abordar esses temas comum com mais seriedade, sei lá. Espero que gostem e nos vemos lá embaixo.



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Jay está péssimo. Acho que isso é dar pouco jus à situação, mas é a única palavra que eu consigo pensar. Do outro lado da cama, Josh, irmão de Jay, chora explicando o que aconteceu. Jay tinha desistido de ir à festa da praia porque Josh pediu para que ele e o pai fossem conhecer família e os amigos de Cindy, a namorada de Josh (que está sentada chorando tanto quanto ele), então eles foram ao clube onde a família da pobrezinha joga golfe. Depois de algumas cervejas, perguntaram para Jay se ele tinha namorada, e então ele disse que era gay. Quando ouviu isso, um amigo superbêbado de Cindy começou a bater em Jay, o que resultou nisso que está acontecendo agora, nós no hospital, vendo meu melhor amigo cheio de marcas roxas pelo corpo todo e inconsciente.

Cindy tem cabelos ruivos e olhinhos bem pequenos, ou podem ser normais, mas como ela está chorando, não posso saber. Os dentes dela são grandinhos o que deixa ela com uma aparência engraçada, mas continua bonita. Acho que ela faz faculdade com Josh.

Vou bater no superbêbado.

–Cadê seu pai? -Audrey pergunta.

–Ele foi o pior de todos, ele não sabia que Jay era gay ainda, e quando ouviu, pirou. Isso foi antes de começarem a bater nele, ele gritou na frente de todo mundo e saiu furioso. Quando eu liguei para avisar que Jay estava aqui, ele mandou que eu cuidasse disso, porque ele não apareceria.

Vou bater no pai de Jay também.

–Filho da mãe. -Eu resmungo um pouco alto demais. Escuto Cindy chorando sentada e Josh levanta e vai consolar ela. Eu sinto um pouco de pena também, quer dizer, não foi culpa dela. Ninguém poderia saber que o superbêbado poderia ser um homofóbico ou coisa assim.

Josh tem 22 anos. É moreno, com feições meio latinas, mesmo que ele seja 100% americano. Ele faz Arquitetura em uma universidade pública no Bronks. Ele era o único da família de Jay que sabia sobre a "opção sexual" de dele. Não que a família seja grande. Jay é o mais novo de três irmãos, e a mãe morreu no parto dele. Acho que é por isso que o pai dele está tão furioso, deve ter alguma coisa relacionada à isso. Ele tem outro irmão também, Jacob. Jacob está no Canadá estudando Arte. Ele é o mais velho e tem 25 anos. Eu só vi ele duas vezes, e nas duas ele não disse uma palavra. Acho que cada um dos irmãos J (apelido idiotinha que eu e Audrey demos para eles alguns anos atrás) tem uma personalidade diferente. Eles são bem parecidinhos até, mas de personalidade cada um deles é diferente.

–Por que ele está inconsciente? -Eu pergunto, meio curiosa.

–Porque deram sedativos. Acho que os remédios fazem mais efeito, eu sei lá. -E então nós ficamos aqui. Olhando com horror para o roxo no corpo dele, enquanto ele não se mexe. Audrey está chorando de novo, para combinar com o som do choro de Cindy. Eu abraço Audrey, porque eu sei que, apesar de ela estar triste por Jay, ela também está abalada com toda aquela coisa da mãe dela.

Isso me faz pensar na minha família. O que anda acontecendo bastante ultimamente. Deve ser por isso que eu, Jay e Audrey ficamos amigos em primeiro lugar. Mesmo que naquela época, a gente não sabia, acho que todo mundo tinha problemas com a família. Todo mundo tem problemas com a família. E agora eu vejo que, mesmo aquelas vezes que eu queria ter a vida de Jay, para evitar todas as perguntas chatas da minha mãe, ou a vida de Audrey, para nunca ter que sofrer com falta de dinheiro, eu não trocaria a minha por nada. Todo mundo tem famílias chatas e problemáticas. Mesmo que os problemas dos outros pareçam um pouco menores que os meus agora.

–Isso é tão horrível. -Ela sussurra.

–É.

–Estou me sentindo tão culpada! -A gente ouve Cindy falar. Josh fala alguma coisa para ela, e ela se acalma um pouco.

Então uma pergunta vem à minha cabeça:

–Para onde ele vai agora já que o pai de vocês não quer mais olhar pra cara dele?

Josh fica com a mesma expressão torturada de Ray, naquela hora que eu perguntei sobre Samantha. Eu posso ver que ele está pensando muito sobre isso, mas que não achou a resposta certa. Josh mora na república da universidade então não daria para Jay morar junto com ele. E Cindy também.

–Não sei. -Ele responde. Então eu tenho outra ideia genial (acho que todas as minhas ideias geniais envolvem Jay).

–Bem, ele pode morar comigo.

Eu sei que minha ideia foi genial quando todos param o que estão fazendo e olham para mim. Principalmente Josh, que está com um brilho de esperança nos olhos, Cindy volta a chorar e Audrey grita um "Isso aí!". Honestamente, daqui a pouco vou acrescentar Cindy a minha lista de pessoas-que-eu-tenho-que-bater porque o choro dela está me irritando.

–Mas, e seus pais?

–Eles deixam. Eu acho, vou ligar para eles. -Eu digo e ele faz um sim com a cabeça. Puxo Audrey comigo porque quero aproveitar para falar sobre a mãe dela, e não quero que o irmão de Jay escute nossa conversa. Eu ligo para os meus pais e bem, eles, me enchem de perguntas. Como porquê, como vamos fazer para ir para a escola, e se o pai dele vai deixar. Eu conto para eles o que aconteceu, (e já nessa parte eu sei que eu ganhei eles) e falo que nós podemos pegar a bicicleta de Jay e botar junto com a minha, assim nós podemos ir de bicicleta para a escola. No fim eles concordam, e eu dou uma passadinha no quarto de Jay para avisar que ele pode ficar lá, e Josh e Cindy começam a fazer uma lista de coisas que eles vão precisar pegar pra levar para minha casa. Então eu saio e encontro Audrey no corredor. A gente senta no chão e eu começo a falar:

–Como você está?

–Foi o final de semana mais esgotante da minha vida. Estou acabada.

A safadinha está fugindo da pergunta.

–Você SABE o que eu quis dizer.

Ela demora mais para responder.

–Quero sumir, mesmo que eu já tinha descoberto sobre minha mãe, ainda acaba comigo toda vez que eu me lembro.

–Como você descobriu?

–Eu peguei o telefone na hora errada. -Ela diz, no seu modo de explicar as coisas. Meu coração aperta por ela.

–O que você vai fazer?

–Eu não sei. Eu tenho medo de tentar falar sobre isso com ela ou meu pai e acabe mudando alguma coisa lá em casa. Quero dizer, as coisas estão desabando, mas mesmo assim nunca estiveram melhores. Eles não brigam mais. -Ela diz e eu entendo o que ela quer fazer. Ela quer acreditar que tudo vai ficar bem, pensando que tudo vai ficar bem. Eu não sei o que eu faço, se eu a encorajo à contar para o pai ou conversar com a mãe. Eu até entendo ela. Ela não quer mudanças. Audrey tem medo de mudanças porque ela gosta de ter as coisas sob controle na maioria das vezes. -O que eu tenho que fazer?

Ela me pergunta com uma voz tão esperançosa, tão frágil que nem dá pra acreditar que ela foi a mesma menina que fugiu dos pais e me ajudou a ir espionar Ray. Ela é mais sensível do que parece, e eu só percebi agora.

–Eu não sei, A. Mas nós vamos dar um jeito, eu vou pensar em alguma coisa. -Eu a abraço e escuto ela chorar. Depois de uns cinco minutos ela fala outra vez.

–E o Ray? Eu vi vocês conversando.

–Acredita que ele tentou me dizer que não estava namorando? Aí eu disse que eu tinha visto ele beijando Samantha.

–Nossa! E o que ele fez?

–Ele disse que a gente precisava conversar sobre ela. Eu disse que não queria e sai. Acha que eu fiz certo?

–Claro que sim. Não é você que está saindo com Brown.

–Eu sei mas....

–Mas nada, Charlie, já chega com essa coisa de sentir pena de si mesma por causa dele.

E a Badgirl Audrey está de volta.

–Mas então o que eu faço?

Ela dá AQUELE sorriso maléfico que só ela sabe dar.

–Nós vamos esfregar na cara dele que você está namorando Benjamin McCoy. Não era esse o plano entre você e McCoy?

–Era.

–Então assim, será. -E então eu lembro de algo que Ray me contou.

–Tommy gosta mesmo de você Audrey. -Ela leva um susto e ergue a cabeça.

–OH! Como você sabe?

–Ray me contou!

–Ah meu Deus! -Ela abre um sorriso enorme e eu sei que a tristeza familiar já está enterrada por enquanto. Audrey é bem forte para lidar com emoções e ao mesmo tempo tão fraca que me deixa confusa. O que é esquisito porque ela é minha melhor amiga e eu deveria conhecer ela bem, mas quanto mais tempo eu passo com ela, mais ela me surpreende.

Audrey é uma caixinha de surpresas.

Eu resolvo abrir meu e-mail e aproveito que Audrey está aqui para ajudar a responder.

Dúvidas e questões sobre relacionamentos? Pergunte à Madim!

Todos os nomes são protegidos para manter o anonimato dos autores.

Essa coluna pertence à Rixon High School.

Querida Madim,

Como é o primeiro beijo? Tipo, você fica nervosa ou se é o cara certo dá tudo certo? Eu estou com medo de ter uma péssima lembrança de primeiro beijo.

Querida,

Acho que depende de cada pessoa, sabe? Se você é daquele tipo que pensa demais e se estressa demais então eu acho que vai ficar bem nervosa. Se você for pega de surpresa, acho que vai ficar só contente, porque não vai ter tempo para se preocupar. Só NÃO planeje! Isso estraga o clima. Espere o cara certo, com certeza!

Com amor, Madim.

Eu respondo outros e-mails, com Audrey me dando palpites, quando meu celular apita. Tenho duas mensagens. Uma de Ray, dizendo "Me desculpe. ):" UMA CARINHA TRISTE.

UMA CARINHA TRISTE!!!!!!!!!!! ELE ME MANDOU UMA CARINHA TRISTE? Eu devia mandar uma carinha chorando para ele.

Quando eu abro a outra, eu quase tenho um ataque. Ela diz:

"Eu sei quem você é, Madim."


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Notas finais do capítulo

Eu disse que estava sem graça. Literalmente. BOM DIA P VCS AMIGOSSSSSSSSSSSS
E leiam minha nova fic também!
XX, L.



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