Perfect escrita por KaahEvans


Capítulo 8
Fingir


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente *--*
Primeiramente quero agradecer à annycullen pela recomendação. Muito obrigada linda. ♥
Eu tava muito sem noção quando escrevi esse capítulo, então não reparem! o.O
Perdoem meus erros de português e curtam o capítulo *-*



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- Oi, Bella. 

- Edward? 

Nomear o que eu estava sentindo de choque seria simples demais. O que eu estava sentindo ao ver Edward parado a minha porta era simplesmente indescritível.

O que ele estava fazendo aqui? Ele sentiu falta de me ofender na escola e veio até aqui para acabar comigo? Talvez, mas de alguma forma eu não senti nada de ruim vindo dele.

Edward me olhava de uma maneira estranha. Ele parecia quase aliviado, mas eu não poderia por o dedo.

Depois de dois minutos, que pareceram duas horas ele se mexeu no lugar desconfortavelmente.

Tentei pensar em algo para perguntar a ele. Eu queria perguntar o porquê de ele estar aqui, mas algo me impediu.

Ele nada falou por um bom tempo, me perguntei se ele tinha perdido a coragem de fazer o que quer que seja que ele iria fazer ou dizer. Até que ele falou:

- Me desculpe por ter vindo sem avisar. Você deve estar ocupada. – ele parecia envergonhado, mas parecia não ter a intenção de ir embora.

- Não. Eu estava bem entediada na verdade. – esbocei um de meus sorrisos falsos e torci para que o convencesse.

Ele sorriu de volta. Bom! Não sei se era verdade, mas eu pensei ter visto os olhos verdes de Edward brilharem quando sorri para ele.  

- Ahn, eu posso entrar? – ele perguntou timidamente.

“Não!” uma voz em minha mente gritou “Ele só quer te dizer mais uma coisa horrível. E quando ele acabar, você vai continuar sozinha, sangrando no chão.”

Eu pensei em tudo o que poderia acontecer se eu deixasse Edward entrar e realmente não havia nada de bom no final. Mas eu estava curiosa e não importava o que ele diria. Eu não imaginava que eu poderia ficar pior do que já estava.

Eu ainda não tinha tomado os comprimidos que James me entregou e a dor em meu corpo estava acabando comigo, mas o pior de tudo era a dor no pulso causada pelos meus novos cortes.

Durante esse ultimo mês meus cortes estavam maiores, mais fundos, mais dolorosos. E eu sabia o porquê. Meus cortes eram como o reflexo do meu coração, e ele estava tão machucado que eu não tinha a menor ideia de como ele continuava batendo.

Eu pensei em mil maneiras de dizer não a Edward, mas nenhuma delas conseguia passar por meus lábios. Abri mais a porta e dei um passo para o lado deixando espaço para ele passar.

Quando ele entrou fechei a porta e indiquei o sofá com o dedo. Sentamos e o olhei cautelosamente. Minha mente estava em guarda só esperando o momento em que eu acabaria chorando e desesperada pela minha lâmina.

- Então, – comecei. – o que veio fazer aqui, Edward? – perguntei amigavelmente.

Finja que nada aconteceu. Que nada te abala. Finja que você nem se lembra das coisas que ele te disse, talvez assim ele desista.

Edward tirou a mochila das costas e a jogou em seu colo. Abriu-a e puxou algo. Eu pensei que a pegadinha começaria ali e logo Mike ou um dos garotos do time de futebol apareceria ali rindo de mim. Mas aquilo que ele tinha puxado era um simples caderno.

- Eu pensei que você quisesse a matéria de biologia. – ele falou estendendo o caderno para mim.

Com a testa franzida ergui um dos braços para pegar o caderno. Eu segurei o caderno com firmeza quando escutei a respiração de Edward engatar. Olhei para ele, mas ele estava olhando diretamente para meu pulso.

NÃO!NÃO!NÃO!

O desespero me tomou. Eu não queria mais nada, a não ser correr dali. Ele olhava para meu pulso com a expressão completamente horrorizada. Eu tinha certeza que minha expressão espelhava a dele.

Eu tinha vontade de correr dali, eu senti vontade de subir para meu quarto e arrastar a lâmina com toda força em meu pulso, mas eu não conseguia me mover. A única coisa que eu conseguia fazer era olhar para ele, esperando alguma reação.

Minha mão ficou mole e ouvi o baque do caderno caindo no chão. Edward pareceu despertar com isso, mas eu não.

- Foi quando caiu da escada? – ele perguntou lançando um olhar para o lado de meu corpo, onde meu braço havia caído.

Escada? Do que ele estava falando?

Meus olhos arregalados encontraram os dele. Eu não vi nojo, nem nada parecido ali, somente preocupação. Segui meu olhar para onde ele olhava. Ele não podia ver meu pulso, pois o esparadrapo que James havia colocado ali o cobria.

Eu quase respirei aliviada. Quase.

- Quando eu caí da escada? – torci meu rosto em confusão enquanto falava.

Edward ergueu a sobrancelha como se estivesse confuso também.

- Seu pai foi até a escola falar que você ficaria um tempo sem aparecer porque caiu da escada e se machucou feio. – ele fez uma careta com as ultimas palavras.

- Oh! – eu falei surpresa.

É claro que Charlie inventaria uma história. Ele sempre inventava.

- Não é verdade? – ele perguntou suspeito.

- Não! Quer dizer, é! – balancei a cabeça tentando limpá-la. – É verdade, eu caí da escada e me machuquei.

Edward me olhou por um momento e se aproximou de mim no sofá.

- E você está bem agora? – ele sussurrou. Ele estava tão perto que pude sentir seu hálito batendo em meu rosto.

Não sei por que, nem como, mas por um segundo eu quis fingir que aquele Edward não era o mesmo Edward que me empurrou para baixo desde meus 15 anos. Eu queria, por um momento, fingir que éramos dois estranhos e que minha vida não era essa bagunça total. Porque de alguma forma sua presença me trazia um tipo de paz. O modo como ele me olhava era simplesmente... Diferente.

Eu queria dizer a verdade a ele. Queria dizer que eu não estava bem. Não porque eu confiava nele, mas porque eu precisava dizer isso a alguém.

Eu tenho tantos sentimentos reprimidos, tantas palavras que nunca disse, e agora elas precisavam sair. Se esses sentimentos não saíssem em forma de palavras, sairiam como sangue.

- Eu estou bem! – doía dizer essa mentira.

Ele sorriu. Será que ele realmente não podia através da mentira ou ele podia, mas não ligava?

Edward e eu passamos um bom tempo conversando. Falávamos sobre como passamos esse mês. Eu disse a ele que passei a maior parte trancada em meu quarto e ele me disse que sentiu minha falta na escola. Eu não sei por que, mas meu coração se acelerou quando ele disse isso.

“Ele não sentiu sua falta, ele sentiu falta de te humilhar!” fechei meus olhos por um momento sentindo a dor me assolar novamente. Ela não me deixava em paz nem por um segundo.

- O que houve? – Edward se aproximou ainda mais colocando a mão em meu braço.

Trinquei meus dentes com a dor e fechei meus olhos para as lágrimas não descerem. Ele tinha acabado de fechar a mão em meus cortes.

- Bella? – ele falou mais alto. Preocupação manchando sua voz.

Era incompreensível para mim como ele poderia agir de modo tão diferente aqui. Eu estava quase acreditando que ele se importava comigo.

- Está tudo bem... Eu só... – tentei pensar em uma desculpa. – Eu preciso tomar um remédio para a dor agora.

Falei me levantando.

- Eu pego para você. Onde está? – ele falou se levantando também.

Eu fiquei agradecida por ele ir para mim, mas depois me lembrei onde estavam os comprimidos que James me deu.

No meu quarto, na cabeceira da cama. Ao lado da lâmina ensanguentada.

- Não, tudo bem! Eu pego. – falei indo apressada em direção à escada.

Entrei em meu quarto e instantaneamente aquelas paredes pareciam ter se fechado em torno de mim, me sufocando. Peguei a cartela de comprimidos com a ponta dos dedos tomando cuidado para não tocar na lâmina e saí dali o mais rápido possível.

Edward estava na mesma posição que o deixei, ele estava de costas para mim então eu não podia ver seu rosto.

- Edward? – o chamei.

Ele virou-se e caminhou até onde eu estava sorrindo.

- Você está com fome? Eu posso fazer alguma coisa pra você. – algo passou pelos olhos dele, mas eu não sabia o que era.

- Eu comi em casa, mas obrigado.

Ele caminhou comigo até a cozinha e sentou-se em uma das cadeiras da pequena mesa que havia ali.

Joguei o comprimido na boca e o engoli acompanhado de água bem gelada.

Eu sentia os olhos de Edward em mim em todo o momento, isso me deixava um pouco desconfortável.

- O que fez para passar o tempo durante esse tempo todo sem sair de casa? – Edward perguntou. Caminhei até a mesinha e sentei-me de frente para ele.

Bom, durante esse mês eu refleti muito sobre minha vida. Eu percebi que sou uma inútil e que o mundo não perceberia se eu simplesmente desaparecesse. Ás vezes eu pensava em qual seria a melhor forma para acabar com essa dor. Fiquei pensando na melhor forma de tirar minha própria vida. Imaginei qual seria a mais rápida e a menos dolorosa. Pensei sobre você também. Em como você e seus amigos colaboraram para que eu chegasse até aqui. Espero que todos estejam felizes com o que fizeram comigo!

- Ah, eu terminei de ler meu livro, O morro dos ventos uivantes. – falei simplesmente. 

- O morro dos ventos uivantes? Você já leu esse livro centenas de vezes. – Edward disse com uma risada.

O olhei bruscamente. Como ele sabia? Ele me olhou como se tivesse cometido um erro terrível.

- Como você sabe? – perguntei lentamente.

Ele parou com a expressão pensativa e se mexeu desconfortável.

- Bom, eu sempre te vejo andando com ele na escola... – ele falou, mas pareceu mais uma pergunta do que uma resposta.

Olhei-o desconfiada, mas deixei isso para lá.

- Você não me respondeu lá na sala. – Edward falou na intenção de mudar de assunto, eu pensei.

- Não respondi o que? – apertei os olhos tentando me lembrar.

- O seu pulso. – ele apontou. – O machucou quando caiu da escada?  

Olhei para meu pulso enfaixado e o embalei com minha outra mão tentando escondê-lo. O olhar que ele tinha no rosto quando olhava para meu pulso... Eu não sei, mas eu sentia uma coisa ruim. Era como se ele soubesse.

- Sim, eu o torci enquanto rolava. – Edward estremeceu.

Mentir era fácil. Eu fiz isso minha vida inteira, então eu não me sentia estranha ou desconfortável. Eu poderia mentir olhando nos olhos de alguém e ninguém veria através. Mas nem sempre isso era uma coisa boa.

- O que eu perdi nesse tempo em que fiquei fora? Alguma novidade na escola? – perguntei.

Edward deu de ombros.

- Há um novo aluno chegando semana que vem. – ele falou parecendo indiferente.

- Um novo aluno, sério? – ele assentiu.

- É, ele chegou à Forks essa semana. Veio sozinho, é órfão, eu acho. – ele pareceu pensar antes de responder.

- Uau, você acha? – falei ironicamente. – Estou impressionada que as pessoas não estejam cientes de cada detalhe da vida dele.

Edward riu.

- Bem, e elas estão. Eu é que tinha coisas demais para pensar. – ele me lançou um olhar intenso. Desviei o olhar.

- Coitado dele. - falei olhando para baixo. - Vai sofrer até que todos saibam de tudo sobre ele. 

- O que podemos fazer? - Edward riu. - Não há segredos em Forks. 

Soltei uma risada nervosa. Ah, se ele soubesse. 

A hora passou rápida e nossa conversa fluía naturalmente. Não era estranho ou forçado e isso me surpreendeu.

Desse jeito era fácil fingir que estava tudo bem e que Edward não me odiava. Mas no fundo eu sabia que nada disso passava de fingimento. Edward não gostava de mim e eu ainda pensava que essa atitude amigável não passava de um plano para me humilhar mais tarde, mas por enquanto eu não pensei nisso. Eu tentei, mas não consegui.

- Obrigado por isso. – agradeci balançando o grosso caderno em minha mão.

- Não foi nada. – seus olhos estavam mais suaves do que quando ele chegou e o clima desconfortável que estava instalado ali havia se dissipado no meio de nossa conversa.

- Eu não sei quando poderei voltar para a escola, mas te devolvo assim que possível. – estampei mais um de meus sorrisos falsos.

- Não precisa devolver, copiei esse pra você! – ele parecia um pouco tímido em admitir isso.

Mais uma vez a desconfiança veio sobre mim.

- Por quê? – sussurrei.

Ele me olhou em silêncio. A intensidade de seu olhar me fazia querer dar um passo para trás, mas me mantive no lugar.

- Eu cansei de ficar longe de você. – ele sussurrou.

Eu tinha vontade de dar um passo para ficar mais próxima a ele, mas eu não poderia fazer isso. Eu sabia que se eu andasse para frente sem olhar para o chão eu cairia em um abismo fundo, e ainda mais escuro do que eu já me encontrava.

Eu não poderia ser amiga de Edward porque minha vida já estava arruinada. Eu não permitiria que ele me jogasse para a parte mais funda do abismo. Eu tinha que me manter naquela parte que eu já conhecia. Lá eu não conseguia ver a luz, mas também não estava completamente perdida na escuridão.

- Você deveria tentar mais. – eu falei e em seguida abri a porta da frente para ele sair.

Edward abriu a boca para falar algo, mas ele parecia ter se engasgado com as próprias palavras.

Ele jogou a mochila em seu ombro e se virou para mim.

- Eu vou voltar.  – ele sorriu como se eu não tivesse sugerido rudemente que ele se retirasse de minha casa menos de um minuto atrás. 

Só fechei a porta quando ele entrou em seu carro.

Respirei fundo e cai contra a porta fechada, sentei-me no chão, coloquei minhas mãos em meu rosto e chorei. Eu não sabia o porquê, não sabia o motivo, mas fiquei ali chorando pelo que pareceu uma hora, mas foram apenas alguns minutos.

Deitei minha cabeça no travesseiro. Repassei o dia de hoje milhares e milhares de vezes em minha cabeça. Pensando em cada expressão de Edward. Em cada palavra que dissemos.

Agora, no silencio da noite, trancada em meu quarto eu não conseguia mais fingir. Eu não era normal, Edward não era um amigo e amanhã quando eu acordasse seria tudo igual.

Ergui a mão e a passei pela cômoda. Senti o fino e afiado objeto em meus dedos. Estava frio, mas eu não me importei, no momento em que ele rasgasse minha pele, queimaria.

Não me importei em limpar o sangue, estava cansada demais para isso. E assim caí no sono. Diferente de todas as outras pessoas, eu vivia enquanto estava inconsciente, porque minha vida real era um pesadelo. 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Quero muitos reviews e recomendações também são bem-vindas! HAHA'
Ah, e enquanto o próximo capítulo não sai, que tal dar uma olhadinha nas minhas one-shots? :D

Glad you Came:
http://fanfiction.com.br/historia/319950/Glad_You_Came/

Sweet Dreams:
http://fanfiction.com.br/historia/271111/Sweet_Dreams/

Beijos ♥