Perfect escrita por KaahEvans


Capítulo 12
Aluno novo


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente *-* Como estão?
Quero agradecer a Nina Robsten e FC 4 Twilighters LaahMoraes pelas recomendações. Muito obrigada *u*
AAh, quem curte a fic dê uma olhada no que a FC 4 Twilighters LaahMoraes fez: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=517930351601615&set=a.439337659460885.102349.435714719823179&type=1&theater
Agora, espero que gostem do capítulo!



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Observei até o carro de Edward desaparecer pela estrada, quando eu não podia mais vê-lo, virei-me e caminhei até a varanda de minha casa. As luzes estavam acesas, então supus que Charlie ainda estava acordado, isso me deixou imediatamente nervosa, o que eu menos queria era encontrar Charlie logo agora.

Eu ainda estava um pouco assustada com o que havia acontecido algumas horas atrás, mas o que realmente marcou a noite foi o começo de minha amizade com Edward. Era incrível como ele podia me deixar confortável mesmo depois de tudo o que aconteceu. E também, eu não estava mais tão assustada com a ideia de ir para a escola amanhã, pois, Edward estaria lá comigo.

Ele me ofereceu uma carona de Port Angeles para cá, eu hesitei no começo, mas ele me garantiu que seria melhor se eu não dirigisse. Eu concordei e ele prometeu que quando eu acordasse, minha picape estaria em minha porta, mas que eu não precisaria dela porque ele vinha me buscar amanhã. Eu pude respirar de alivio quando ele disse aquelas palavras. Por mais que voltar para aquele lugar ainda fosse desesperador, era reconfortante saber que alguém estaria ao meu lado. Isso não significava que eu confiava plenamente nele.

Entrei em casa, estava tão silenciosa que por um momento pensei que estivesse vazia, mas então, ouvi o barulho de vidro se quebrando na cozinha seguido por altos palavrões. Arfei de medo e fechei a porta lentamente para que Charlie não escutasse que eu tinha chegado e andei apressada, mas silenciosamente, para meu quarto. Quando cheguei lá tranquei a porta e tratei logo de arrumar os livros que eu tinha comprado em minha estante. Quando terminei, deitei em minha cama e fiquei repassando cada momento dessa noite em minha cabeça. A forma como Edward segurou minha mão, como ele limpava minhas lágrimas, a sinceridade tão nítida em sua voz quando ele disse que queria ser parte da minha vida. Um sorriso bobo apareceu em meus lábios, os mordi tentando reprimi-lo, mas parecia impossível tirá-lo de lá. Só parecia mesmo.

Sentei-me ereta na cama quando escutei batidas fortes na porta de meu quarto. Pensei se devia abrir ou simplesmente ignorá-la, optei por ficar onde eu estava. Eu era covarde demais para abri-la.

- Bella, abre essa porta. Eu sei que você está aí! – a voz de Charlie estava exaltada e grogue. Não precisava ser um gênio para saber que ele havia bebido demais outra vez. – Abre a porta!

Meu coração se acelerou e eu me encolhi na cama. Tentei ficar em silencio, eu já podia sentir as lágrimas vindo e molhando meu rosto. Uma noite de paz. Era só isso que eu queria, era pedir muito? 

- Vem aqui agora, sua vadia! – ele gritou de novo enquanto esmurrava a porta com toda a força que tinha. Tapei minha boca com as duas mãos para abafar meus soluços. Por que eu fazia isso? Perguntei a mim mesma. Talvez Charlie até ficasse feliz se ouvisse minha dor tentando – desesperadamente – sair de mim através do choro, mas mesmo assim, eu não queria que ele me ouvisse.

Trêmula e cansada, atravessei o quarto, abri uma das gavetas de minha cômoda e tateei o fundo dela todo à procura de algo. Senti o frio objeto pontiagudo entrar em contado com meus dedos e por um momento pensei que fosse dele que eu precisasse agora, mas fechei meus olhos, respirei fundo e empurrei a lâmina para o canto. Continuei tateando a gaveta, levei minha mão para mais fundo nela e finalmente encontrei o que eu queria.

Peguei meu caderno de veludo preto, o abracei junto ao meu corpo e o levei para a cama comigo. Enrolei-me debaixo das cobertas, acendi a luminária ao lado da cama e abri o diário. Passei pelas primeiras páginas e notei como minha letra tinha melhorado, ela era tão confusão quanto minha cabeça antigamente e agora era quase impecável. Esse era um lado bom da solidão, sem ter ninguém para conversar, minha única opção era escrever ou estudar, isso me ajudou muito na escola.

Sempre que eu recebia minhas notas – junto com os parabéns dos professores – eu me perguntava o que eu faria quando terminasse a escola. Eu costumava pensar em fazer faculdade, mas isso me parecia tão impossível agora, parecia impossível a ideia de que eu pudesse estar viva para realizar algo importante. Isso me fez chorar ainda mais, então eu comecei a escrever.

“Era doloroso pensar na vida dessa maneira... como se um dia fosse uma tortura, mas ao mesmo tempo um presente. Sentir que não mereço viver era a pior coisa, mas como eu poderia pensar de outra forma? Nesse momento, meu pai está batendo na porta do meu quarto com tanta força que a qualquer momento ela pode cair no chão, e ele grita. Grita o quanto me despreza, o quanto eu sou inútil e como a vida seria melhor se eu não existisse. Ele fala como se eu não soubesse de nada disso, como se eu não pensasse a cada momento que, para mim, morrer seria a melhor opção. Minha esperança havia sido roubada por um pequeno e cintilante objeto. Ás vezes tenho vontade de rir quando me lembro da época em que eu pensava em mim como alguém. Sinto falta aquela época ao mesmo tempo. Eu era tão boba! Completamente diferente do que sou agora... naquela época, eu gostava de existir.”

Escrever me ajudava, mas às vezes não era o suficiente, agora foi, e fiquei mais do que agradecida por isso. Eu sempre escrevia com a esperança de que toda a dor ficasse presa no papel. Meus pulsos ainda choravam de dor por causa da noite passada, então - se escrever não funcionasse - minha única opção seria cortar minhas coxas, mas eu odiava fazer isso. Fiquei ali, quietinha, lendo meus textos antigos e escrevendo novos. Peguei um poema que eu tinha achado na internet alguns meses atrás, estava em uma folha solta, então o guardei em minha mochila. Charlie continuava gritando...

Em algum momento da noite, Charlie parou de bater na porta, mas eu continuava enrolada na cama soluçando. E assim as horas passaram, passaram tão rápidas quanto os segundos e quando amanheceu eu continuava assustada.

Fiquei atenta a qualquer barulho e só saí de meu quarto quando ouvi o som da viatura saindo. Olhei pela janela de meu quarto para confirmar se ela ainda estava lá e tive uma surpresa. A viatura havia desaparecido, mas minha picape estava ali. Estranho, porque ela era muito barulhenta e eu não escutei nada.

*~~*

Eu olhava fixamente para o espelho tentando me convencer de que essa era uma boa ideia, mas eu sabia que não tinha escolha, eu precisava voltar um dia e quanto antes melhor. Não me faria bem ficar mais tempo em casa, isso só me deixaria mais a vontade para ouvir meus próprios pensamentos sombrios.  Passei meus dedos embaixo de meus olhos me certificando que minhas olheiras não estavam muito visíveis e só parei de me avaliar quando escutei uma buzina do lado de fora.

- Oi. – falei timidamente e sorri.

- Oi, como está se sentindo? – Edward perguntou gentilmente e retribuiu o sorriso.

“Me sinto péssima, você não pode ver isso?”

- Estou bem e você? – respondi colocando uma mecha de minha franja, que caia sobre meus olhos, atrás de minha orelha.

- Ótimo. – ele abriu a porta do carro para mim e segundos depois já estávamos a caminho da escola.

- Não conseguiu dormir bem? – Edward perguntou assim que ligou o carro. A pergunta dele me pegou de surpresa, eu pensei que tivesse conseguido esconder os sinais de minha noite mal dormida, afinal, não me lembro de ter passado tanta maquiagem na vida.

- Eu não dormi nada, na verdade. – falei abaixando a cabeça. Eu ainda podia ouvir os gritos de Charlie atormentando meus pensamentos.

- É por causa do que acon... do que quase aconteceu ontem? – Edward perguntou um pouco apreensivo.

- Não. – respondi brincando com minhas mãos. – Eu nem me lembrava disso direito.

- Nossa. Sua memória é tão ruim assim ou alguma coisa mais interessante aconteceu depois que saí? – a voz dele era suave, mas eu pude sentir aspereza em algum lugar ali.

- Você nem imagina o que aconteceu. – murmurei secamente. Ele não tocou mais no assunto e um silencio desconfortável se instalou ali. Acho que tentando acabar com o desconforto, Edward tirou uma das mãos do volante e ligou o rádio. Uma melodia doce e suave que eu conhecia tão bem quanto o som do vento batendo contra minha janela encheu o carro e imediatamente meus olhos se encheram de lágrimas.

“Não chora. Não chora. Não chora!” 

- Clair de Lune? – perguntei levantando minha cabeça sutilmente para que as lágrimas não escorressem por meu rosto.

- Conhece Debussy? – ele perguntou chocado e empolgado ao mesmo tempo. Continuei repetindo meu mantra mentalmente.

“Não chora.”

- É uma das poucas clássicas que conheço, eu costumava ouvir todos os dias, faz alguns anos que não as ouço mais... Só me lembro de minhas favoritas. – respondi tentando esconder a dor de minha voz.

- Essa é minha favorita também. – Edward respondeu impressionado. Ele me lançou um breve olhar, mas logo voltou os olhos para a estrada. – Onde ouviu essa música?

Respirei fundo pensando em uma maneira de mudar de assunto sem responder essa pergunta, eu não queria falar disso, não queria tocar nesse assunto, mas o que eu poderia fazer? Mentir? Eu estava tão cansada disse que optei por dizer a verdade.

- Minha mãe... Ela tocava essa música pra mim todos os dias quando eu era pequena. – meus dedos foram diretamente para meu braço e começaram a traçar linhas imaginarias em meu casaco, bem em cima de meus cortes. Era uma de minhas “manias estranhas”, quando eu me sentia nervosa eu passava os dedos suavemente por cima dos cortes, do pulso até quase chegar ao cotovelo, como se estivesse fazendo uma caricia. Era algo automático, não me lembro quando começou.

- Você quer que eu tire? – ele perguntou baixinho e me olhou pelo canto do olho com a testa franzida.

- Não, por que eu faria isso? – uma risada escapou de meus lábios.

- Pensar nela te deixa triste. – não era uma pergunta. Edward falou isso com uma convicção que se eu não soubesse melhor, diria que ele podia ler minha mente.

- Não estou triste. – era mentira.

- É mentira. – minha cabeça disparou na direção dele. Meu coração batia com força em meu peito, a convicção tão iminente em sua voz... Ele dizia isso como se soubesse.

- Você não sabe nada sobre mim. Eu... Eu... – eu estava tão nervosa que gaguejei duas vezes. – Eu nem me lembro dela direito, já faz tanto tempo...

- Isso não quer dizer que você não sofra por causa disso. – ele falou suavemente. Suspirei pesadamente e fechei os olhos. Senti minha máscara caindo, eu não tinha ânimo para segurá-la. O carro estava parado, já tínhamos chegado, mas nenhum de nós disse uma palavra. Senti a mão de Edward no meu braço me dando conforto, eu tentava convencer a mim mesma de que não precisava disso.

- Você não acha isso estúpido? – perguntei abrindo os olhos e encontrando os seus olhos verdes. Ele havia se aproximado, estávamos a centímetros de distancia e eu não me sentia desconfortável, a proximidade me acalmava. Ele me acalmava.

- O que? – ele franziu a testa, confuso sobre o que eu estava perguntando.

- Não acha estúpido sofrer por algo que não tem mais jeito? Ela nem está mais aqui, nem deve lembrar que eu existo... – balancei a cabeça e prendi minha respiração por uns segundos e depois a soltei. – Não vale a pena nem falar sobre isso.

- Bella, Bella... – Edward segurou meu queixo com a ponta dos dedos. – Não é nada estúpido. Todos nós sofremos em algum momento de nossas vidas, o que fazemos para lidar com isso é o que determina a pessoa que nos tornamos.

Eu olhei para ele com a expressão em branco antes de concordar com a cabeça. Se o que ele dizia era verdade, então eu tinha me tornado uma pessoa horrível. Mas pensando bem, o que Edward sabia sobre sofrimento? O que aconteceu na vida dele que o fizesse procurar uma maneira para lidar com a dor? A vida dele era perfeita.

- Temos que entrar. – falei observando que alguns estudantes já estavam entrando para o prédio da escola. Meu corpo estremeceu quando eu vi que tínhamos estacionado entre o carro de Mike e o de Tyler e que os dois estavam próximos dali.

- Tem razão, espere aí. – ele saiu do carro e fez o contorno apenas para abrir a porta para mim. Não pude evitar sorrir para ele.

- Ei, Edwar... – Mike falou, mas parou no meio da frase quando me viu. O olhar no rosto dele seria cômico se eu não estivesse apavorada com o que ele diria em seguida. Edward colocou um braço em meu ombro e me segurou enquanto caminhávamos.

- Oi, Mike. Pessoal. – Edward os cumprimentou com um aceno de cabeça. Eles ficaram boquiabertos, nenhum deles respondeu.

Conforme Edward e eu passávamos todos olhavam para nós e cochichavam entre si, eu não podia ouvir o que eles diziam, mas eu podia imaginar. Abaixei minha cabeça sentindo meu rosto corar de vergonha, eu me sentia mal por toda atenção. Eu queria correr e me esconder dali. Edward sentiu minha tensão e apertou sua mão em meu ombro.

- Não foi tão ruim, foi? – ele perguntou quando paramos em frente a minha classe de inglês.

- Não foi. – mas seria se você não estivesse aqui.

- Eu tenho que ir agora... Vai ficar bem? – ele perguntou sorrindo levemente.

Eu pensei um pouco antes de responder e sinceramente, eu não sabia. Eu poderia ficar, eu poderia fingir que esse último mês era apenas um buraco negro e vazio em minha mente. Podia fingir que ninguém estava olhando para mim e cochichando sobre minha amizade com Edward, poderia fingir que Charlie não me atormentou na noite passada, poderia fingir que meus pulsos não estavam doendo tanto. Afinal, era isso que eu sempre fazia. Mas eu sentia algo novo para hoje, sentia que hoje seria diferente, e fiquei contente. Já fazia tanto tempo que eu não sentia isso.

- Eu posso ficar bem. – sorri.

- Nos vemos mais tarde, então. – Edward deu uns dois passos na direção contraria a mim, mas então se virou novamente. – Ah, eu já ia esquecendo... Vai almoçar comigo hoje, não é?

- Almoçar... no refeitório? – gaguejei. Entrar naquele refeitório seria como implorar para morrer, isso era meio irônico no meu caso. Apenas a ideia de sentar lá e comer como se eu fosse como todos os outros lá dentro era apavorante.

- Não precisa ser lá, podemos ficar onde você almoça. – ele sugeriu com a expressão esperançosa.

- Claro. – sorri para ele e observei-o até ele desaparecer no meio da multidão no corredor. Respirei fundo e fechei meus olhos por breves segundos.

Caminhei para dentro da sala com a cabeça baixa, como eu sempre fazia e fui diretamente para meu lugar. Alice me observava do fundo da sala, quando levantei minha cabeça ela sorriu e acenou freneticamente, sorri de volta. Voltei-me para frente e estaquei em meu lugar. No assento ao lado do meu, que sempre estava vazio, tinha um garoto. Ele parecia ser um pouco mais velho do que eu, moreno, ombros largos e bem musculoso. Ele estava com a cabeça baixa, desenhando alguma coisa em seu caderno. Passei por trás dele para ir pro meu lugar, ele ouviu quando arrastei minha cadeira para sentar e levantou a cabeça.

- Oi. – falei baixinho e sorri timidamente para ele.

- Oi. – ele falou com sua voz rouca, mas suave ao mesmo tempo e sorriu. Olhei para ele por mais alguns segundos e tentei me lembrar se eu já o tinha visto antes, mas não me lembrei. Seu rosto era completamente novo para mim. Então, me veio à mente o dia em que Edward foi a minha casa pela primeira vez. Ele comentou algo sobre um aluno novo, eu acho.

As horas passaram... Todos continuavam me olhando conforme eu caminhava pelos corredores ou na sala de aula, mas ninguém se aproximou de mim, isso fez meu dia melhor. Inglês não era a única aula que tive com o garoto novo, compartilhávamos todas as aulas antes do intervalo, e como eu era a única que sentava sozinha ele pegou o assento ao meu lado em todas elas.

No final de trigonometria, Edward estava me esperando na porta da sala. O sorriso torto se fez presente quando ele me viu caminhando para ele.

- Ei. Vamos? – ele perguntou colocando uma mão em meu ombro. Assenti sorrindo. Começamos a caminhar em direção ao refeitório, mas eu desviei para ir para área de piquenique. Edward me olhou confuso por um momento, então um lampejo de entendimento brilhou em seus olhos. – Eu vou buscar a comida, quer vir ou...?

- Eu vou te esperar na área de piquenique. – cortei-o rapidamente. Ele balançou a cabeça e foi para o refeitório. O corredor estava vazio, o único som aqui era minha respiração, o corredor sem a agitação e correria de meus ‘colegas’ era um pouco... assustador. Virei-me para ir para o local onde eu sempre ficava na hora do almoço e bati em algo duro, perdi o equilíbrio e eu ia sentindo meu corpo caindo para trás. Antes que eu caísse de bunda no chão, um par de braços me segurou.

- Droga, me desculpa! – o garoto que me segurou, - e que provavelmente também era a coisa em que eu bati - falou urgentemente. Olhei para cima quando eu sentia que meu equilíbrio estava em ordem e tive uma surpresa. O garoto moreno, que vi pela primeira vez hoje na aula de inglês estava ali. – Você se machucou?

Eu pisquei algumas vezes tentando clarear minha mente e finalmente respondi.

- Não, tudo bem. A culpa foi minha, eu não estava olhando. – falei. – Obrigada... por não me deixar cair.

Ele me olhou atentamente, um sorriso fraco brincou em seus lábios.

- Sempre que precisar. – e então ele foi embora, na direção contraria ao refeitório.

- Ei! - o chamei não podendo controlar minha curiosidade. Ele virou-se para mim e ergueu uma sobrancelha. - Qual é seu nome mesmo? - um canto de seus lábios se moveu para cima quase formando um sorriso.

- Meu nome é Jacob. 

- Prazer em te conhecer. - eu não sabia porque estava tão disposta a falar com ele, eu só via algo diferente nele.

- O prazer é todo meu, Bella. - a primeira coisa que pensei foi: Como ele sabia o meu nome? A segunda... era que eu tinha que falar com ele de novo. 

Quando ele desapareceu de minha visão eu dei meia volta para esperar Edward.

Sentei-me na minha mesa habitual – a única que ficava protegida da chuva – e olhei a chuva que estava começando agora, estava fraca, mas pelas nuvens quase negras eu sabia que aumentaria.

Eu estava sentindo aquilo de novo, aquela sensação triste estava me envolvendo outra vez, e eu não podia fazer nada a não ser aceitá-la. Eu devia esperar que esta tristeza desenfreada e vinda completamente do nada voltaria, mas eu estava tão bem o dia inteiro... Eu passei o dia inteiro só esperando o momento que veria Edward. Ainda agora, a ideia de sermos amigos ainda parecia louca, e eu me perguntava constantemente, durante toda aula, se isso era uma boa ideia ou se eu deveria me afastar.

Meu olhar estava perdido em algum lugar no chão. Meus dedos foram automaticamente para meus braços, coloquei um pouquinho de pressão para sentir a dor, eu nem precisava disso, já estava doendo. Olhei para meus pulsos e mesmo agora, com eles cobertos pelo tecido do casaco, a imagem de meus cortes sangrando, o sangue manchando minha blusa me atormentavam. Eu até podia ouvir a mim mesma chorando no chão do banheiro e pedindo ajuda a alguém que não estava ouvindo.

- Bella?

Arfei e olhei para cima completamente assustada. Meu coração batia em meu peito com força, respirei fundo e me acalmei quando percebi que era só Edward.

“Só Edward!” eu debochei de mim mesma. Acho que “só” e “Edward” nunca deveriam ser colocados na mesma frase.

- Me desculpe, eu não queria te assustar. Você parecia meio fora de órbita, está tudo bem? – eu olhei para ele e sorri. Ele se aproximou e colocou uma bandeja na mesa a nossa frente, estava tão cheia que meus olhos se arregalaram.

- Vai comer tudo isso? – perguntei o olhando estranhamente. Sem nem perceber o que estava fazendo meus olhos foram parar no corpo dele e o analisei. Ele não podia comer tanto e continuar com esse corpo perfeito. Senti meu rosto esquentar com meu ultimo pensamento, torci para que ele não reparasse.

- Claro que não. Eu trouxe pra você também. – ele falou como se fosse óbvio.

Meu estomago se revirou ao olhar para a bandeja cheia. Eu não queria comer nenhuma daquelas coisas, eu não queria comer nada. Tentei deixar meu rosto em branco, me impedindo de fazer uma careta.

- Ahn, obrigado, mas não estou com fome.

- Come alguma coisa, pelo menos. – eu concordei com a cabeça e peguei uma garrafa de água. Edward revirou os olhos e insistiu até que eu pegasse uma maçã.

- Como foram as aulas? – perguntei dando uma mordida na maçã e a forçando para dentro.

- Chatas. – ele respondeu dando de ombros. – Queria ter mais aulas com você.

Edward me olhava de uma maneira tão intensa que eu não poderia desviar o olhar nem se eu quisesse. E eu não queria.

- Você se enjoaria se passasse mais tempo comigo. – falei com um sorriso. Para ele eu poderia estar brincando, mas as palavras eram mais do que verdadeiras para mim.

- Eu não acho que isso seja possível. – ele disse com a voz suave, mas convicta. – Você é interessante demais para mim.

Meu corpo inteiro parou por um segundo, ou dois, e então minha mente foi a mil. Eu não podia acreditar que ele realmente disse isso, mas ele tinha. Edward estava sentado no banco a minha frente, a bandeja com a comida entre nós, mas tudo o que eu podia ver eram aqueles olhos incrivelmente verdes. 

- Sua vida deve ser muito chata para você me achar interessante. – falei ironicamente.

- Minha vida não é chata, você só chamou minha atenção. – ele riu sem graça.

- Eu só não entendo como isso pode acontecer. – falei olhando para baixo. Como alguém tão insignificante como eu poderia ter chamado a atenção de alguém?

- Sua cabeça deve ser muito confusa pra não entender algo tão óbvio.

Ah, ele não tinha ideia de como estava certo!


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Notas finais do capítulo

Então... Ficou bom, ruim, chato, péssimo? Me contem! Não esqueçam de comentar e recomendar a fic *-*
Beijos ♥