Perfect escrita por KaahEvans


Capítulo 11
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente *u* Então, eu quero que me digam honestamente como ficou esse capítulo, se tem alguma coisa sem sentido ou algo assim. Eu li e reli esse capítulo milhares de vezes, mas minha cabeça anda meio aérea ultimamente, então... sei lá :s
AAAAh, quero agradecer a lana salvatore que recomendou a fic *-* Muito obrigada, linda! Muito obrigada a todas que comentaram no ultimo capítulo também :D
Espero que curtam :)



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Levantei-me ainda confusa com o que havia acontecido. Uma luz branca cegou meus olhos. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa sobre o fim do túnel ou o paraíso, vi que as luzes eram do farol de um carro. De um volvo prata para ser mais especifica.

Eu olhei enquanto o carro se aproximava e parava bruscamente perto de mim. Não fiquei surpresa ao ver o garoto pálido correndo em minha direção, eu tinha certeza absoluta de que era ele no carro assim que o vi, mas não tinha a menor ideia do que ele poderia estar fazendo aqui e como ele havia me achado. Na verdade, nada disso importava agora, eu estava segura.

- Bella. – Edward sussurrou quando parou a minha frente.  – Vem. – ele pegou meu braço e me guiou até o carro. Parei no meio do caminho e tentei voltar, mas Edward segurou meu braço com mais força e me impediu. Ele me olhou confuso.

- Eu deixei meus livros naquele beco. – expliquei, mas nem eu mesma reconheci minha voz. Estava tão estranha. Rouca demais, baixa demais, calma demais. Edward assentiu com a cabeça.

- Entra no carro, eu vou buscar. – fiz o que ele mandou sem hesitar. Edward voltou segundos depois e colocou a sacola com meus livros no banco de trás. Olhei por cima de meu ombro tentando ver se os livros estavam intactos.

- Bella? – Edward chamou baixinho fazendo com que minha cabeça virasse imediatamente na direção dele. Sua expressão mudou quando viu meu rosto, ele se arrastou no banco para se aproximar de mim e passou os braços ao meu redor.

Tudo tremia, parecia que um terremoto agitava todo o carro. Menos de um segundo passou até que eu percebi que o tremor era devido aos meus soluços. Senti as lágrimas quentes deslizarem por minhas bochechas, mas não me importei. Segurei a camisa de Edward, sentindo como se eu fosse desmoronar. Mas não era exatamente isso que eu estava fazendo agora, desabando?

- Shh, querida, tudo bem. – Edward sussurrou em meu ouvido enquanto me balançava para frente e para trás como se eu fosse uma criança de três anos que chorava por ter machucado o joelho. Isso só me fez chorar ainda mais.

Ah, quem me dera ainda ser uma criança, com um coração tão pequeno e uma mente tão ingênua. Era tudo tão mais fácil naquela época. Eu só queria poder dormir e na manhã seguinte levantar da cama e ver que tudo foi um pesadelo, que minha vida tinha sido um pesadelo.

Alguns minutos depois os soluços cessaram, mas as lágrimas continuaram a cair. Edward continuava me segurando e sussurrando palavras reconfortantes. Eu suspirei quando ele disse mais uma vez que ia ficar tudo bem, porque por mais impossível que isso possa parecer eu me peguei pensando nessa possibilidade. 

A voz dele era a única coisa que me acalmava agora, era a única coisa que me deixava sã agora que tudo o que eu queria era chorar até morrer. Era apavorante pensar que eu estaria sendo estuprada ou algo parecido nesse instante se não fosse por Edward. Era apavorante pensar que o garoto que eu temi durante dois anos fosse meu salvador. E mesmo que eu tentasse lutar com todas as forças contra esse sentimento, eu me sentia bem por ter sido ele. Eu gostava de tê-lo por perto.

- Está melhor agora? – perguntou baixinho. Ele afastou meu rosto de seu peito apenas para limpar as lágrimas de meus olhos. Quando ele percebeu que elas não parariam de cair ele me deixou descansar minha cabeça em seu peito de novo e começou a acariciar meu cabelo.

- Não. – murmurei rouca.

Era como se eu pudesse respirar pela primeira vez em muito tempo. Eu nunca imaginei que pudesse ser tão bom dizer a verdade, nem que seja uma verdade tão boba como essa. Viver uma mentira era completamente sufocante.

- Me-me conta o que aconteceu. – Edward gaguejou. – Eles machucaram você? O que eles fizeram? – a voz dele soava tão desesperada.

- Eles não me machucaram. Eles não fizeram nada. – graças a você, completei mentalmente. – Eu estou chorando porque... – as palavras ficaram presas e de repente a frase que há segundos atrás estava na ponta da língua desapareceu.

- Eu sei. Você está assustada. – ele falou calmamente, ainda acariciando meu cabelo. – Vai ficar tudo bem, ok?

- Ok. – murmurei levantando minha cabeça de seu peito. Eu queria tanto acreditar nele.

As lágrimas já haviam parado de cair, mas eu tinha certeza que eu estava um caos. Pela primeira vez fiquei envergonhada por ter me permitido desabar desse jeito na frente de Edward. 

- Edward? – o olhei enquanto tentava arrumar meu cabelo. – Como sabia onde eu estava?

- Não sabia. – ele respondeu pensativo. – Na verdade, eu vi sua picape no estacionamento, então eu sabia que estava aqui, em Port Angeles quero dizer, mas eu não sabia onde. – ele me olhou parecendo envergonhado. – Eu estava em uma loja de roupas com Alice quando eu senti que algo estava errado. Eu não tinha a menor ideia do que era, ou onde eu deveria ir, eu só sabia que tinha que pegar o carro e dirigir.

Olhei pra ele espantada. Essa era a historia mais estúpida que eu já tinha escutado e eu não sabia se era por total estupidez da minha parte ou se era apenas o olhar completamente sincero que acompanhou as palavras, por alguma razão, eu acreditei nele.

- Nossa! – soltei um suspiro pesado. - Mas, se estava com Alice onde ela está agora? A deixou sozinha? 

- Não, claro que não. Ela está com Rosalie, provavelmente estão escolhendo roupas até agora. - ele bufou.

- Quem é Rosalie? - perguntei com curiosidade. Era uma namorada dele, ou algo do tipo? Um sentimento estranho me encheu. Era algo incomodo, como uma fisgada indolor sobre minha pele. Era estranho que o simples pensamento de Edward ter uma namorada me fizesse sentir isso. E eu nem sabia o que era. 

- É minha irmã. - Edward respondeu. Ele parecia um pouco desconfortável em chamá-la assim. Será que eles não tinham uma boa relação? Isso me parecia impossível, Edward parecia ter uma família perfeita. Uma vida perfeita. 

- Eu não sabia que tinha outra irmã. - falei me sentindo boba. Eu não sabia absolutamente nada sobre ele. E eu queria saber tudo

- Ela não mora comigo. Eu tenho outro irmão que você não conhece, o nome dele é Emmett. Eles moram em um apartamento aqui em Port Angeles. - Edward sorriu quando falou de Emmett. Era o irmão favorito dele, o tom de voz dele denunciava isso. 

- Você sente falta dele. - afirmei. 

- Sim. Ele era meu melhor amigo. - um sorriso fantasma apareceu em seus lábios. - As coisas mudaram muito quando nos mudamos para Forks. A vida ficou mais... complicada. 

Eu ri sem humor algum. 

- Eu que o diga. 

Edward não disse nada, mas continuou me encarando. Os olhos dele estavam tão intensos, tão profundos que eu me sentia perdida ali. Completamente incapaz de desviar o olhar, eu simplesmente parei de tentar. Minha vida inteira eu me vi perdida, seja na dor ou na confusão, ou no sonho de uma vida feliz. Nenhuma dessas coisas eram tão boas como ficar perdida naqueles olhos verdes. Ele me olhava como se pudesse ver minha alma.

Com esse ultimo pensamento despertei e abaixei a cabeça imediatamente. Edward jamais poderia ver minha alma, ele surtaria se visse. Eu já cheguei a pensar em como minha alma era, e a única imagem que se passava pela minha cabeça era algo bem sombrio e machucado. Uma imagem que ninguém gostaria de ver.

Olhei para a janela do carro e estremeci ao ver o beco que há minutos atrás eu estava presa. Olhando-o daqui ele era bem mais assustador do que quando eu estava lá. Talvez porque olhando para ele agora minha mente reproduzia imagens minhas no meio daqueles homens enormes, sofrendo o pior tipo de crueldade que um ser humano podia sofrer.

- Eu vou tirar a gente daqui. – Edward falou suavemente percebendo meu estado. – Coloque o cinto. – ajeite-me no banco e fiz o que ele mandou, ou pelo menos tentei, minhas mãos ainda tremiam, então eu não estava conseguindo fechar meu cinto. Edward largou o seu cinto e inclinou-se para me ajudar. Quando ouvimos o click do cinto ele voltou para seu lugar, colocou o cinto e ligou o carro.

Evitei olhar para a janela do carro enquanto Edward dirigia, eu não queria olhar para essas ruas e me lembrar do que aconteceu... Do que quase aconteceu, me corrigi. Olhei para minhas mãos, mas logo me cansei. Olhei para Edward, mas ele encarava a estrada deserta fixamente. Perguntei-me no que ele estava pensando. Será que ele se sentia tão bem perto de mim quanto eu me sentia perto dele? Provavelmente não. Mas ninguém poderia me impedir de fingir.

- Posso ligar o rádio? - perguntei. Música! Música acalmaria minha mente. 

- Claro. - Edward sorriu. 

Mudei de estação umas cinco vezes até parar em The scientist do Coldplay. Era perfeita. A letra e melodia deprimente me distraíram de meus próprios pensamentos. 

- Gosta de Coldplay? - Edward perguntou surpreso. 

- Aprendi a gostar. - respondi - Você não gosta? 

Edward deu de ombros.

- Meu gosto musical depende do meu humor. 

- O meu também. - suspirei. 

- Mas, não acha isso meio triste? - Edward zombou. Eu dei uma risada baixinha, nem mesmo sabia se ele havia escutado. 

- É por isso que eu aprendi a gostar. - Edward deu uma breve olhada em minha direção e voltou-se para a estrada. 

- Onde estamos indo? – perguntei dando uma breve espiada pela janela do carro. As ruas não eram mais desertas, eram bem iluminadas e cheias de pessoas. Soltei o ar e relaxei minha postura com essa constatação.

- Vou te levar pra jantar. – um sorriso cruzou o rosto dele e ele estacionou o carro. Olhei para fora e vi que tínhamos estacionado em frente a um restaurante italiano chamado La Bella Italia.

- Eu não estou com fome. – falei, mas ele me ignorou completamente e saiu do carro. Abri a boca confusa. Enquanto eu tirava o cinto de segurança ele abriu a porta do carro para mim.

Ele sorriu parecendo orgulhoso de si mesmo por ter feito isso, sorri para ele e pensei ter visto seus olhos verdes brilharem.

Entramos no restaurante e conseguimos uma mesa bem afastada das outras que estavam ocupadas. Na verdade o restaurante não estava muito cheio, só tinham seis mesas ocupadas e todas por casais. O restaurante não era muito elegante, mas tinha um cara em um palco tocando musicas românticas.

- Não acredito que me fez vir aqui. Eu devo estar horrível. – resmunguei fazendo Edward rir, lancei-lhe um olhar feio para ele ver que eu não estava brincando, mas ele só riu mais ainda.

- Você está linda. – ele me falou me passando o seu celular. Olhei para a tela tentando ver meu reflexo e o que vi ali não era nada perto do que Edward disse. Eu estava horrível, pior que horrível. Eu conseguia ver o quanto minha aparência estava monstruosa mesmo com a escuridão do visor. Eu só não estava pior porque a maquiagem que eu passei antes de sair de casa não havia saído nem com as lágrimas que eu derramei.

Você está linda” as palavras dele se repetiram em minha cabeça.  Ele as dizia de uma forma tão convicta, tão sincera, era como se ele acreditasse na própria mentira.

Edward POV

- Você está linda. – eu nunca disse palavras mais verdadeiras em toda minha vida. Passei meu celular para ela para que pudesse ver seu reflexo no visor. Bella mesmo com o rosto vermelho e os olhos inchados de tanto chorar conseguia ser a garota mais bonita do mundo para mim.

Sorri para mim mesmo e respirei aliviado. Ela estava aqui. Comigo. Ela está segura.

Meu coração ficou tão apertado quando a vi naquela rua com aqueles... Nojentos em volta dela. Minha vontade era de ir até lá e arrancar a cabeça de cada um deles. Por um momento tive raiva de mim mesmo por não ser tão musculoso quanto meu irmão, Emmett, eu teria mais chances de vingar o tapa que um deles deu em Bella se o tempo que eu gastei nas aulas de piano fossem gastos na academia. O tapa. Meu sangue fervia só de pensar em alguém colocando as mãos em Bella.

Ela me devolveu o celular com um olhar sombrio em seu rosto perfeito. Encarei seu rosto tentando decifrar sua mente. Eu sempre tive facilidade em ler as pessoas, apenas um olhar e eu já sabia exatamente o que ela sentia, e talvez até o que pensava, mas não Bella. Por que tudo sobre ela tinha que ser tão complicado e confuso? Por que ela não poderia ser fácil de conquistar como as outras garotas? A resposta para minha ultima pergunta veio quase que instantaneamente. Bella não seria minha Bella se fosse fácil. Acho que foi isso que mais me fascinou quando pus meus olhos nela, o mistério.

- Está pronto pra pedir? – uma garçonete perguntou parando bem na minha frente. A atitude dela me irritou, não só porque ela agia como se Bella não estivesse aqui, mas porque ela estava tapando Bella de minha visão. Depois do que aconteceu – do que quase aconteceu – eu não queria desgrudar meus olhos de Bella nem por um segundo.

- Bella? – falei indicando que ela fizesse o pedido primeiro. A garçonete virou-se a contra gosto para Bella. Depois que Bella fez seu pedido, eu fiz o meu sem dar uma segunda olhada na garota. A maneira como ela olhou para Bella me deixou completamente irritado. Eu não sabia se ela realmente tinha lançado um olhar feio para Bella ou se era só minha mente brincando comigo. Eu estava ciente que talvez fosse só invenção de minha cabeça, afinal, eu sabia que tinha um olhar de completa adoração em meu rosto toda vez que olhava para ela.

Depois que a garçonete terminou de anotar nossos pedidos ela se retirou de nossa mesa. Atrás dela um casal caminhava em direção a saída, e então eu notei algo estranho. A toda pessoa que passava Bella lançava uma breve olhada para os pulsos.

- Por que faz isso? – perguntei incapaz de me controlar. Quando vi a pergunta já havia saído de meus lábios.

- Faço o que? – Bella tombou a cabeça para o lado. Estava confusa, eu notei.

- Você tem a mania de olhar pro pulso das pessoas. – expliquei dando de ombros, poderia apenas ser algo da minha cabeça. Mas o olhar horrorizado de Bella me disse que não era.

- Eu nunca... eu... – ela gaguejou. – Eu não faço isso. – ela soltou uma risada nervosa, mas logo depois respirou fundo e me encarou tensa. – Eu faço?

Dei de ombros completamente confuso devido a reação dela. Era algo completamente bobo. Estranho, porém bobo. Então, por que ela estava tão nervosa?

- Você olhou para o da garçonete e daquele casal. – falei apontado para o casal sutilmente com a cabeça. – Tudo bem, Bella. Todos temos manias estranhas.

- Qual é a sua? – estava curiosa ou apenas querendo mudar de assunto?

Pensei por um momento antes de responder. Será que ela ficaria assustada se eu dissesse que a mania mais estranha que eu tinha era a de observá-la sempre que eu podia? Ou que eu costumava desenhá-la nas folhas do meu caderno e colar alguns na parede de meu quarto? É, não era boa ideia.

- Eu costumo passar as mãos no cabelo quando fico nervoso. – sorri para mim mesmo. Minha mãe costumava dizer que essa mania era tão irritante que ela tinha vontade de amarrar minhas mãos para eu parar. 

- Só quando fica nervoso? – Bella riu. – Você faz isso o tempo todo.

Fiquei surpreso com o que ela disse.

- O que foi? – ela perguntou comprimindo os lábios para parar de sorrir. O sorriso dela é tão lindo.

- Ah, nada. Eu só... – balancei a cabeça não sabendo como completar a frase. – Fiquei surpreso por ter notado isso. Aliás, fiquei surpreso quando bati na sua porta aquele dia e quando eu disse “Oi” você disse meu nome sem eu precisar te lembrar. – as palavras simplesmente saíram de minha boca, eu não consegui mantê-las presas. 

- Por que você precisaria me lembrar? Somos parceiros de biologia, é claro que eu saberia seu nome. – ela respondeu atordoada.

- Você nunca falou comigo na escola. Pensei que nem notasse minha presença. – me arrependi no mesmo segundo que as palavras saíram de minha boca. Bella corou violentamente e seus olhos se arregalaram em espanto.

- Por que eu falaria com você? – o tom de voz áspero me pegou desprevenido. Abri minha boca para dizer alguma coisa, mas ela me interrompeu. – Você nem gosta de mim!

Foi como se eu levasse um soco no estomago, ou talvez mais doloroso do que isso. Um soco no estomago doeria apenas por alguns minutos, essas palavras, eu sabia que me machucariam toda vez que eu lembrasse delas.

Tentei pensar em algo para dizer, algo que a fizesse saber que não era verdade, mas nada parecia ser bom o suficiente. Nada me pareceu profundo – ou clichê – o suficiente para expressar tudo o que eu sentia por ela. Abaixei a cabeça e fechei os olhos por apenas alguns segundos tentando esconder a dor que a constatação de que a garota que eu mais amava no mundo pensava que eu a odiava. Levantei minha cabeça e encarei Bella com o olhar mais sincero e falei:

- Eu sinto muito. – foi a única coisa que eu conseguia dizer agora.

Bella balançou a cabeça de um lado para o outro lentamente.

- Pelo que?

- Por ser um idiota. Por todas as coisas ruins que eu já disse sobre você. Por te fazer pensar que eu não gostava de você.

- E você gosta? – a voz de Bella tremeu no final da pergunta. Ela precisava mesmo perguntar?

Peguei a pequena mão dela por cima da mesa e a segurei na minha, estava fria em comparação com a minha, a apertei, Bella não pareceu se importar. Olhei fundo nos olhos dela tentando ver sua alma. Os olhos dela continuavam lindos, mesmo com a usual tristeza que parecia nunca abandoná-los.

- Eu não estaria aqui se não gostasse de você.

Bella balançou a cabeça de um lado para o outro e abaixou a cabeça novamente. Aproximei minha cadeira da dela e então já estávamos tão próximos que até podia sentir o calor do corpo dela me aquecer. Segurei o queixo de Bella e o levantei para poder olhar nos olhos dela. Meu coração se apertou quando vi as lágrimas agrupadas em seus olhos, eu sabia que Bella usava todas as suas forças para as impedirem de cair.

- Ei. – murmurei suavemente passando meu polegar em sua bochecha.

- Não precisa mentir pra mim. – Bella me olhou nos olhos. Seu rosto agora estava limpo de qualquer sentimento, isso me assustava às vezes. A forma como ela simplesmente escondia o que estava sentindo... Eu não conseguia entender porque ela fazia isso. Por outro lado, eu odiava olhar aqueles lindos olhos e ver um mínimo de dor neles.

- Não é mentira. Eu realmente gosto de você, eu sempre gostei. Perdoe-me se eu fui um estúpido e se eu te magoei, eu não queria que as coisas fossem assim. Me perdoa. – eu comecei calmo, mas no meio da frase eu me vi frenético e no final, eu já estava implorando, mas isso não importava. Eu imploraria de joelhos se isso a fizesse me perdoar.

Bella colocou as duas mãos no rosto e as esfregou, ela parecia quase tão desesperada quanto eu, mas por um motivo diferente, obvio. Eu esperei pacientemente por Bella sair de seus pensamentos. Eu não queria interrompê-la, se ela não quisesse me perdoar, tudo bem.

Não. Não. Não. Não estava tudo bem. Ela tinha que me perdoar, ela precisava. Eu precisava!

- E se eu te perdoar? – ela quebrou o silencio fazendo uma pergunta. – O que acontece?

Em minha cabeça várias imagens de Bella e eu, juntos e felizes vivendo como se o mundo lá fora não importasse. As imagens passavam como flashes, rápidos, porém perfeitos. A vida com ela ao meu lado seria perfeita.

- Se você me perdoar eu prometo que vou compensar esses dois anos que eu passei sendo um imbecil. Eu realmente gosto de você, Bella, e me magoa que pense o contrario. Eu só queria uma chance de te mostrar que eu posso ser algo bom na sua vida. Não tenha medo. É só isso que eu quero. Eu só quero fazer parte da sua vida. – apertei a mão dela que eu tinha voltado a segurar e coloquei minha mão livre por cima. Eu nunca me senti tão bem com um simples contato, era como se a mão dela fosse feita especialmente para eu segurar.

Eu esperei aparentemente calmo, mas eu não estava. Por dentro eu estava tão apavorado como uma criança que quebra algum objeto de valor dentro de casa, ou até mais. Continuei encarando minha Bella e esperando que ela desse a resposta que mudaria minha vida pra sempre.

Bella POV

As pessoas nunca mudam. As pessoas são cruéis. Nunca vão te amar do jeito que você gostaria ou na mesma intensidade que você as ama.

Eu tive que aprender todas essas coisas cedo demais. Acho que esse foi um dos motivos para eu estar perdida no abismo escuro que estou agora. Desde cedo eu aprendi que ter fé nas pessoas não valia a pena. Mas então, porque eu estava querendo desesperadamente aceitar Edward em minha vida?

Era só olhar nos olhos dele e meus pensamentos voavam. Nada fazia sentido na minha cabeça mais. Não que antes fizesse, mas agora... Eu apenas não queria mais lutar contra isso. Afinal, quantas vezes eu tranquei a porta de meu quarto e tive vontade de morrer simplesmente por não ter alguém que pudesse segurar minha mão do jeito que ele estava segurando agora? Quantas vezes eu sonhei que alguém viesse dizer que “queria fazer parte da minha vida”. Eu tinha isso agora, porque era tão difícil simplesmente aceitar?

Uma enxurrada de coragem veio e antes que ela pudesse ir embora eu disse:

- Então... – falei tirando minha mão debaixo da dele. O olhar de devastação que Edward ganhou me deixou sem ação. Continuei a falar antes que ele pudesse dizer algo. – Somos amigos agora?

- Amigos? - ele repetiu a palavra como se a estivesse testando em seus lábios. Ele tinha um olhar distante, e por segundo pensei que ele pudesse ter desistido de tentar se aproximar da menina esquisita, mas então um sorriso enfeitou seus lábios e ele me puxou para um abraço apertado - Você não vai se arrepender, eu prometo. - ele sussurrou em meu ouvido.

Eu não sabia o que aconteceria depois. A voz em minha cabeça me disse que eu deveria ir embora antes que fosse tarde demais. Ela parecia estar desatualizada, pois era tarde demais. Eu passei minha vida inteira sozinha, somente esperando o momento em que alguém diria que tudo ficaria bem. Esse momento chegou. Essa pessoa chegou. Ela poderia muito bem ir embora a qualquer momento, eu sabia que isso doeria, mas doeria ainda mais se quem fosse embora fosse eu. Eu não iria fugir. Não agora. Já estou cansada de fugir. 


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Notas finais do capítulo

Então, como ficou? Não se esqueçam dos reviews e das recomendações! HAHA'
Beijos ♥