Perfect escrita por KaahEvans


Capítulo 10
Port Angeles


Notas iniciais do capítulo

Oi gente *-* Como estão?
Eu estou postando tão rápido ultimamente, né? Estou pensando em demorar um pouco mais pra deixar vocês que não comentam de castigo. HAHA'
Se o capítulo estiver confuso e com erros me avisem... Então...
Boa leitura! :)



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Era difícil pensar com meu pulso latejando desse jeito. A dor era tanta que eu mal podia mexer a mão. Eu não deveria ter ido tão fundo ontem à noite, mas eu não estava pensando muito bem. Os sentimentos eram tão confusos, tão esmagadores que eu simplesmente afundei a lâmina em minha pele. Eu acabei fazendo três cortes em minha coxa também, eu só tinha cinco cicatrizes ali e eram quase invisíveis. Fazia tempo que eu não me cortava ali, mas meus pulsos já estavam acabados. Eu não sabia como ainda conseguia segurar a lâmina quando terminei com eles.
Eu não sabia como eu tinha ficado tão deprimida de uma hora para outra ontem, bem, eu estava deprimida sempre. Mas eu estava bem durante todo o dia, assisti filmes, comi uma pizza e quando terminei de comer subi para o quarto. Assim que entrei, as paredes do quarto começaram a me sufocar e assim que deitei na cama as lágrimas começaram a rolar e não queriam mais parar.
Eu estava me sentindo tão mal que tudo o que eu queria era desaparecer do mundo. Olhei para meus braços e foi o que bastou para que eu me cortasse. Pode parecer estranho e estúpido. Alguns anos atrás se eu ouvisse que alguém passava por isso pensaria a mesma coisa, mas não era. Quando eu olho para meu corpo e percebo quantas marcas ele tem, quantas marcas eu mesma proporcionei, me sinto inútil. Porém, mais inútil do que o sentimento de me ver cortada é a sensação que sinto quando não me corto. No final das contas eu me sinto inútil com ou sem cortes.
5 da tarde de domingo, as vésperas do dia em que eu voltaria para a escola e eu estava aqui com o pulso tão dolorido que mal conseguia movê-lo. Sim, eu voltaria para a escola amanhã. Acho que isso também colaborou com meu surto de ontem à noite. Mas não era só isso.
O misto de emoções era a principal culpada. Eu me sentia tão sufocada por sentir tanta coisa ao mesmo tempo que ás vezes eu me perguntava como deveria se sentir um psicopata, ser totalmente livre de sentimentos devia ser agradável, eu pensei. Mas também deveria ser sufocante de tão solitário, e solidão era o que eu menos precisava.
Minha mente logo me levou a Edward. Ele não saia de minha cabeça desde que assistimos Romeu e Julieta e isso me assustava. Pode parecer completa insanidade, mas eu mal podia esperar para vê-lo outra vez. Quando ele estava por perto uma sensação estranha me cobria, era diferente de tudo o que eu já havia sentido. Era quase... Paz. Quase! Porque eu nunca poderia me sentir totalmente em paz. Eu já havia perdido a esperança de sentir qualquer coisa perto disso há meses, então agora, quando eu finalmente descobri que eu podia sentir algo além de dor e solidão eu queria agarrar isso com força, seja lá o que isso for.
Isso não significava que eu ainda não desconfiava de Edward. Eu ainda tinha medo de que tudo isso seja somente um plano para me humilhar, mas mesmo assim somente uma pequena parte de minha mente estava preocupada com isso. A outra estava fascinada com ele.
Quando assistimos Romeu e Julieta foi simplesmente... Normal. Era como se toda essa dor fosse somente fruto de um sonho e que depois de alguns minutos ela seria totalmente esquecida, mas não era bem assim. Ela continuava lá, mas com ele ao meu lado ela simplesmente não se encaixava.
Terminei de passar maquiagem em meu rosto e agora eu parecia normal. Bem, tão normal quanto uma garota suicida poderia parecer. Às vezes era estranho pensar em mim como uma suicida, mas é o que era. Quer dizer, o que eu sou. Eu notei que não havia mais esperança quando eu comecei a pensar em mim mesma no passado, como se eu já estivesse morta ou algo assim. Era um pouco assustador pensar dessa forma, mas não deixava de ser verdade. Eu já estava morta por dentro e parecia não haver nada que pudesse me fazer voltar à vida.
Peguei minha bolsa me lembrando de conferir se estava levando o dinheiro e fui até a picape.
Dirigir até Port Angeles com meu braço latejando do jeito que estava era horrível, mas seria pior ainda continuar dentro daquela casa. Respirei fundo e continuei dirigindo. As arvores eram apenas borrões verdes do lado de fora de minha janela. Liguei o rádio e parei em uma estação que estava tocando God put a smile upon your face do Coldplay, e fiquei apreciando a melodia enquanto sentia a brisa fresca acariciar meu rosto.
Uma hora depois eu já tinha estacionado a picape em algum lugar próximo ao centro comercial de Port Angeles e fiz um caminho que eu tanto conhecia para a livraria. Quando entrei fui para uma prateleira aleatória, o gênero do livro não importava realmente, eu leio de tudo. Passei meus olhos por todos os livros de Nicholas Sparks até parar em Diários do vampiro. Continuei passando os olhos por todos os livros e quando percebi já estava com O diário de Anne Frank e uma edição de Alice no país das maravilhas nas mãos. Fiquei mais umas duas horas naquela livraria e no final saí de lá somente com aqueles dois livros e alguns marcadores.
Já era 7 da noite e o céu estava estranhamente escuro para essa hora. Preocupei-me se eu pegaria chuva antes de chegar à picape. Eu não estava preocupada comigo, estava preocupada que meus livros novos molhassem.
Apertei meu casaco contra meu peito e respirei fundo, uma fumaça branca saiu de meus lábios quando fiz isso. Troquei a sacola com os livros de mão, mas não adiantou quase nada, a dor era igual nos dois braços.
Um velhinho passou por mim e me olhou bem nos olhos enquanto passava. O que será que se passou na cabeça dele quando me viu? O que as pessoas pensavam quando olhavam para mim? Eu sempre me perguntei isso, desde criança eu sempre fui louca para saber o que todos pensavam de mim, mas eu era tímida demais para perguntar, graças a Deus. Eu só comecei a sofrer depois dos seis anos de idade, bem, pelo menos é o que me lembro.
Eu não me lembrava bem de como eram as coisas antes de Renée ir embora, mas eu acreditava que eu era feliz. Sim, eu acreditava. Como se não bastasse não ser mais, eu nem me lembrava qual era a sensação. Eu faria qualquer coisa para experimentar apenas uma dose de felicidade, nem que seja por apenas alguns segundos, eu só queria sentir algo além dessa dor excruciante ou essa tristeza desenfreada e esmagadora.
Olhei em volta e percebi que eu estava em uma rua que eu não me lembrava de ter passado antes. Oh, meu Deus! Eu fiquei tão perdida em pensamentos que não prestei atenção no caminho. O que eu faria agora? Daria meia volta e tentaria encontrar a livraria outra vez? Não, provavelmente uma dessas ruas me levaria para a rua principal. Fui em frente.
A rua estava completamente deserta a não ser por alguns mendigos jogados pelo chão. A rua era iluminada somente por um poste e estava frio. E eu estava assustada.
– Ei, lindinha.
Um homem encostado em uma parede pichada gritou olhando diretamente para mim. Ele era alto, tinha ombros largos e tinha cabelos pretos por baixo da touca que estava usando na cabeça. Ele estava acompanhado de um homem um pouco mais baixo do que ele mas não deixava de ser alto também , ele usava um boné que me impedia de ver seu rosto. Olhei para frente e os ignorei completamente, continuei andando tentando esconder todo meu nervosismo. Eu era boa - ótima - em esconder minhas emoções, mas agora eu não tinha total certeza se estava fazendo um bom trabalho.
Ouvi uma movimentação atrás de mim e depois passos. Eu queria ter a certeza de que eles não estavam me seguindo, mas não me atrevi a olhar para trás. Continuei andando, continuei ouvindo passos, continuei assustada.
Em algum momento enquanto eu virei em um cruzamento deserto parei de ouvir os passos atrás de mim, respirei aliviada e fechei os olhos por um segundo e quando os abri tinha outros dois caras a minha frente. Arfei com o susto e antes que eu pudesse me desviar um deles segurou meu braço bem acima de meu cotovelo e me puxou para o beco, que supus ser de onde eles saíram.
Estava escuro, frio e meu coração batia como nunca antes. Os dois homens que eu tinha visto na outra rua entraram no beco logo depois e pararam bem ao lado dos outros dois. Agora havia quatro homens grandes e musculosos me olhando de uma maneira assustadora, um deles ainda segurava meu braço e eu não conseguia pensar claramente. Era como se uma névoa cobrisse minha mente, eu não estava com medo, mas também não estava calma. Eu estava sentindo tudo, mas não estava sentindo nada.
O homem que segurava meu braço era tão alto quanto o homem que gritou meu nome na outra rua e ainda mais musculoso do que ele. Pela fraca iluminação da rua eu pude notar que sua pele era anormalmente pálida, exatamente como a minha. O cabelo dourado e liso caia sobre seus olhos. O cara com o capuz se aproximou mais ainda e disse para seu amigo soltar meu braço. Ele devia ser o líder do grupo, pois o loiro soltou meu braço imediatamente e se afastou de mim.
– Fique bem quietinha. - o líder sussurrou no meu ouvido.
Era a oportunidade perfeita para morder a orelha dele, chutar a virilha e tentar fugir, mas eu ainda estava paralisada. Meu braço latejava ainda mais, o nervosismo que eu sentia parecia intensificar a dor, mas eu não podia pensar muito nisso. Eu não podia deixar isso me distrair. Ele colocou a mão na parte de trás de meu pescoço e puxou os cabelos de minha nuca com força. Abri minha boca devido à dor, mas o grito que pretendia sair ficou preso em minha garganta. Eu podia sentir a adrenalina vindo e passando por todo meu corpo como se uma onda de eletricidade o atravessasse.
Larguei a sacola com meus livros no chão e mirei meu joelho na virilha do cara com capuz. Ele dobrou os joelhos devido à dor que ele estava sentindo e soltou meu braço. Corri o mais rápido que pude, mas não era rápido o suficiente. Um deles agarrou minha cintura por trás e me virou de frente para ele. Me debati tentando me soltar, mas ele continuava a me manter presa ali. Em algum momento seus braços me soltaram e por um segundo eu pensei que eles me deixariam em paz, mas então algo atingiu meu rosto. Eu cairia no chão se a parede atrás de mim não me desse apoio.
Como se meu braço doendo de tantos cortes não fosse o suficiente, como se tudo o que eu passo em casa com Charlie não fosse o suficiente, como se sentir que a cada noite uma parte de minha vida se esvai junto com o sangue que escorre de meu pulso não fosse o suficiente, eu sentia que agora era o fim.
Eu tinha conseguido sair do beco apertado e escuro quando corri, mas de nada adiantou meu esforço. A larga rua apesar de iluminada não deixava de ser escura, e assim como o beco, ela estava completamente vazia. Não havia nenhuma alma viva presente que pudesse ver meu desespero naquele momento. Eu não era estúpida de tentar lutar com eles outra vez. Eles me matariam se eu tentasse. O pensamento era meio irônico. Eles me matariam de qualquer forma.
– Eu não mandei você ficar quieta? - aquele que eu me referia como líder rugiu em meu rosto com ódio. Ele segurou a gola de minha jaqueta e me puxou para que ficássemos cara a cara. - Me desculpe, eu não queria fazer isso... Não queria te machucar dessa forma, mas você me obrigou. - ele sussurrou ameaçadoramente.
Eu não tinha a menor ideia do que ele faria comigo agora, mas eu sabia que não era bom. Eu sabia que daqui alguns minutos ou talvez segundos eu estaria com mais dor do que jamais havia sentido, pelo menos era isso que a voz sussurrante em minha mente dizia, e ela quase nunca errava.
Fiquei parada, meu corpo mole como o de uma boneca de pano, só esperando o momento que a dor excruciante viesse. Mas ela não veio. Ele me olhava nos olhos, eu podia ver ódio que ele sentia, eu podia senti-lo também. Esperei que o medo viesse. Mas ele não veio. Eu simplesmente me sentia vazia agora. Eu sentia que morreria, tinha total certeza disso e eu não me sentia feliz ou triste, nem nada. Só vazio.
Eu devia me alegrar por tudo estar acabando agora, mas eu não conseguia. Eu não queria morrer assim, não queria morrer aqui. Não queria morrer agora. Era difícil pensar em qualquer coisa com essa neblina cobrindo minha mente, mas mesmo assim eu podia ver um rosto. Edward.
O que ele estaria fazendo agora? Se divertindo com os amigos, sorrindo e aproveitando sua vida perfeita? Será que nesse momento ele se lembrava que eu existia? Eu esperava que sim, pois eu estava a instantes de morrer e tudo o que eu conseguia pensar era nele.
O homem me soltou completamente, mas eu não abri os olhos. Eu podia ouvir alguém gritando e o som de botas batendo contra o chão, mas eu não me importei. Eles estavam fugindo.
Eu notei que eu estava no chão, provavelmente caí quando o líder me soltou. Levantei-me ainda confusa com o que havia acontecido. Uma luz branca cegou meus olhos. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa sobre o fim do túnel ou o paraíso, vi que as luzes eram do farol de um carro. De um volvo prata para ser mais especifica.


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Notas finais do capítulo

E então, Como ficou? Tirem suas dúvidas por review e me digam se gostaram... ou não.
Gente, vocês conhecem fics Bella/Jake que sejam boas? É meu shipp favorito da semana (aham, toda semana tem um novo). Então, eu tô louca pra ler uma fic boa desse shipp, mas não acho nenhuma aqui no Nyah! Se conhecerem me mandem o link por mensagem. Pode ser aqui do Nyah ou do Fanfiction.net, pode ser em inglês também, ok? haha'
Beijos ♥