Jogos Vorazes por Peeta Mellark escrita por Jow


Capítulo 3
Capítulo 3 - Carreirista


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo galera . Vamos ver como Peeta se torna um Carreirista , e finalmente vamos entrar na Arena . E que a sorte esteja em nosso favor . Agradecendo a todos que tem mandado os reviews , to me animando cada vez mais .



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Depois de um tempo, ela sai do quarto, não diz nada, então Haymitch, com a cara tão marrenta quanto a dela, se levanta e começa a nos encaminhar até o Centro de Treinamento. Uma coisa que já percebi, o gênio desses dois é forte , mas um sabe lidar com o outro.

A sala de treinamento fica no subsolo, Haymitch nos leva até a porta e então se vai, agora estamos por conta própria.

Somos os últimos a chegar, e todos estão reunidos em um circulo no meio da sala esperando a treinadora chefe começar a falar. Juntamos-nos a eles e então, Atala, começa a dizer sobre as possibilidades de morrermos com os perigos oferecidos pela Arena. Cada ano a Arena é diferente, houve vezes que era um deserto extenso, outro ano foi em meio a nevascas, só saberemos o que enfrentaremos quando chegarmos lá .Espero que seja relacionada a árvores , pelo menos assim Katniss, teria uma grande vantagem , já que conhecia a floresta .

A sala é dividida em várias estações, cada estação possui um tipo de habilidade diferente que podemos aprender, desde usar espadas e facas, até fazer nós e armadilhas.

Atala termina de falar e então os tributos se dispersam cada um pra uma estação. Começo a reparar neles. É a primeira vez que nos vemos, além do dia da Entrada pela cidade Circular, e a julgar pelos olhares fulminantes lançados contra nós, a nossa entrada os incomodou muito. Quem mais nos encara são os do Distrito 1, 2 e 4, no 12 nós os chamamos de Carreiristas . Os tributos desses distritos treinam até completarem 18 anos e então se voluntariam, é proibido treinar, mas todos os anos eles o fazem, e então quando chegam aos jogos, são máquinas de matar. Atrair os olhares deles, não é uma boa coisa, com certeza somos seus alvos diretos, mais do que os outros. Os Carreiristas de dirigem ao arsenal de armas mais perigosas, e começam a manuseá-las sem nenhuma dificuldade, com certeza estão nos intimidando.

Como Haymitich pediu pra que eu e Katniss ficássemos juntos, me coloco ao lado dela:

– Pra onde você quer ir primeiro? - pergunto mansamente, espero que ela não esteja esquentadinha ainda.

– Vamos fazer uns nós. - ela responde calmamente.

Não sou tão ruim em fazer nós, porque algumas vezes amarrava os sacos de farinha com cordas, devido ao peso que eles tinham, mas perto da habilidade da Katniss sou um leigo. Ela ata nós rapidamente e em seguida já monta uma armadilha, recebendo até elogios do treinador que nos observava. Essa garota é realmente incrível.

Ela me ensina a montar uma armadilha, eu consigo então uma meio ruinzinha, mas minhas tentativas arrancaram vários sorrisos dela e isso me alegrava.

Caminhamos por várias estações, e sempre juntos. Katniss estava me tratando super bem, conversando rindo, e até contando algumas historias que aconteciam com ela no 12 , como quando da vez em que ela foi fugir de um urso e ficou presa em sua própria armadilha . Ela conta gesticulando e rindo, e eu reparo em cada detalhe, cada palavra, aproveitando cada momento com ela.

As horas na sala de treinamento passam, e então chega a hora do almoço. A maioria dos tributos se senta sozinho, menos os Carreiristas que estão juntos, tentando se mostrar superiores aos outros e entre eles mesmos. Katniss e eu nos sentamos juntos, estamos em silêncio, então ela diz:

– Vamos Peeta, fala alguma coisa e eu vou rir, vamos fingir que estamos em um bom clima assim como Haymitch disse.

Então eu caio na real. O tempo todo que ela estava me tratando bem , rindo brincando , puxando assunto era só pra manter as aparências. Ela era uma boa atriz, tinha me convencido. E ao ouvir as palavras dela sinto um aperto e uma dor no coração. Meus sentimentos pela Katniss eram realmente intensos. Mas não posso demonstrar nada, preciso manter o plano, então eu digo qualquer coisa sobre o formato dos pães e ela desata a rir, uma risada tão gostosa que se eu não soubesse ser falsa, me contagiaria.

Então ficamos o resto do tempo assim, nos divertindo falsamente, se bem que às vezes me parecia que Katniss estava realmente gostando da minha companhia.

Encaminhamos-nos para a próxima estação, e pra minha surpresa era a estação de camuflagem. Vejo tintas e pincéis, das mais diversas cores e tamanhos, e por um breve instante me sinto em casa. Eu começo a desenhar em meu braço, me camuflando como se fosse um tronco de árvore.

– Sou eu que confeito os bolos da padaria, Katniss.

Digo isso então parece que consigo prender sua atenção, mais um olhar triste se forma em seu rosto.

– Prim costumava me pedir pra levá-la pra ver os bolos da padaria, ela ficava lá os admirando . Não tínhamos condições de compra-los, mas uma vez, em um dos seus aniversários, consegui caçar mais do que o normal, e o que ganhei a mais comprei um pequeno bolo pra ela . Ela ficou radiante. – ela diz em meio sorriso, seus olhos quase derramando as lágrimas. Nessa hora percebemos a presença da Rue, a garotinha do 11 , eu já havia reparado ela estava nos seguindo há algum tempo, como um sombra,e não tirava os olhos da Katniss.

– Parece que temos companhia – disse pra ela.

Aí então ela percebeu Rue, mas a garota se escondeu quando viu Katniss a observando.

Rue tinha a mesma idade de Prim, mas não teve a sorte de ter um voluntário em seu lugar. Katniss não disse nada, mas tenho certeza que se pudesse ela protegeria aquela garotinha com todas as forças que tinha.

[...]

O resto dos dias de treino passam rápido, passamos por todas as estações e aprendemos coisas realmente úteis . Como acender uma fogueira,como reconhecer plantas , como atirar uma lança , usar espadas , mas nos mantínhamos longe daquilo que envolvia nossas maiores habilidades . Sugávamos o máximo que podíamos de cada estação, pois assim como nos disse Haymitich até mesmo um simples fósforo ou um tanto de água podia ser a diferença entre a vida e a morte. Nos tornamos realmente mais fortes do que estávamos quando entramos , não éramos tão bons quanto os Carreiristas , mas também não éramos apenas mais um dos muitos cadáveres do 12 que vieram pra cá . Lutaríamos com todas as forças .

[...]

O dia da apresentação aos idealizadores chegou. Todos os tributos foram encaminhados a uma sala secundária a de treinamento, e um por um seria chamado para se apresentar.

Por fim sobramos apenas eu e Katniss na sala.

– Peeta Mellark- uma voz computadorizada chama, ecoando-se pela sala vazia.

Me levanto , coração saindo pela boca, minhas mãos tremulas . Não queria que Katniss visse meu nervosismo, mas é impossível controlar.

– Lembre-se do que Haymitch disse, não esqueça de arremessar os pesos .

Ela diz, e me encorajo em suas palavras.

– Obrigado. Vou lembrar-me disso, e você vê se acerta bem no alvo. – respondo a ela, e então saio da sala e sigo pelo corredor.

A única coisa que posso ouvir são meus passos sobre o chão frio.

Entro e a imensa sala de treinamento está com apenas algumas estações. Certamente eles vinham me observando e então deduziram em quais habilidades eu sou melhor e as deixaram lá pra que eu as mostrasse . Mas embora não tivesse treinado nenhuma vez com os pesos, eles estavam lá. Encaminho-me então até a estação, e há quatro ou cinco pesos de tamanhos diferentes. Parecem bolas de boliche gigantes com espinhos. Os idealizadores estão em uma sala de vidro no alto, mas parecem nem se importar com minha presença, estão cantando uma música bizarra que fala sobre bebidas.

Não sei quanto mede cada peso, mas preciso fazer algo que impressione. Pego então o terceiro mais pesado, o seguro em um das mãos tremulas e o arremesso longe. Foi fácil. Fácil demais, tanto que nem sequer atrai a atenção dos idealizadores, preciso de algo que surpreenda.

Pego então o mais pesado de todos. Minhas pernas bambeiam, não aguento com ele, mas agora que já o peguei não posso simplesmente largar. O seguro então com as duas mãos, mas escorrego. Levanto, reúno toda a minha força, e o arremesso o mais longe que posso.

O metal se choca com um dos pilares de ferro, e um barulho de metal contra metal se espalha pela sala. Olho ofegante para os idealizadores, alguns deles estão com as sobrancelhas erguidas, outros riem . Se receber um quatro como nota, já acharei muito.

A voz de um homem ecoa na sala:

– Pode se retirar Mellark.

Saio e me dirijo direto para o meu quarto.

[...]

Na hora do jantar, estão todos a mesa reunidos e ansiosos com o que fizemos.

– Como foram? - pergunta Haymitich

Respondo primeiro, Katniss parece estar nervosa o que será que ela fez ? Será que não conseguiu atirar com o arco?

– Eles pareciam não estar prestando muita atenção em mim, mas fiquei atirando alguns pesos até pedirem pra eu se retirar.

– E você docinho? – ele pergunta pra Katniss. Então ela solta as palavras de uma vez.

– Atirei uma flecha contra os Idealizadores dos Jogos .

– Você fez o que ? – Effie parece indignada, aliás todos a mesa se espantaram com as palavras dela , acho que foi a primeira vez que alguém ousou fazer isso.

– Não atirei neles diretamente, atirei em uma maçã na boca de um porco que estava na mesa deles. Eles não estavam nem sequer prestando atenção em mim, foi como Peeta disse. Eu acabei perdendo a cabeça. - ela tenta explicar, mas isso não muda o espanto dos demais.

– E o que eles disseram? – dessa vez é Cinna quem pergunta.

–Nada. Eu sai da sala em seguida.

Haymitich solta um riso, ele parece de divertir com a situação .

– Bem é isso ai.

–Você acha que eles vão me prender ? Descontar em minha família?- Katniss não esconde o medo e a preocupação com a mãe e irmã.

Então Haymitch a acalma:

– Duvido muito, dariam muita dor de cabeça pra eles fazerem algo contra você ou elas, teriam que dar várias explicações ao público, o que eles podem fazer é transformar sua vida em um inferno dentro da Arena.

– Eles já estão fazendo isso Haymitch – digo. Eles já estão a obrigando lutar entre a vida e a morte , a arrancaram da família dela , isso já é ruim o suficiente.

– Katniss me conte a reação deles – Haymitch realmente estava curioso.

Então Katniss conta como eles ficaram assustados, perdidos, e um deles até caiu derramando ponche sobre si .

Todos na mesa riem. Isso parece animar um pouco Katniss.

Terminamos de comer e vamos até sala assistir ao programa ao vivo que vai anunciar as notas de cada tributo. Estamos todos muitos preocupados em ir mal, mas Haymitch nos diz que isso não seria tão ruim assim, muitos usam essa estratégia pra tirar notas baixas e não serem notados, e então na Arena se mostram verdadeiros lutadores .

E como era esperado os Carreiristas tiraram notas entre 8 e 10 , o resto dos tributos ficaram na média entre 5 e 6 , a não ser a pequena Rue que tirou 7, e Tresh que tirou um 10 . Então chega nossa vez, Distrito 12. A minha foto aparece e um número 8 brilha na tela.

Oito? Estava esperando um 4 , até menos . Estou entre a média de alguns Carreiristas , talvez isso me ajude a ter alguns patrocínios. Todos me parabenizam.

Então a foto da Katniss aparece , e um numero 11 brilha sobre a tela .

Todos ficam eufóricos, comemorando e parabenizando ela, ninguém entende o porquê dessa nota, mas acho que nem se importam com isso, ela foi a melhor. Eu a parabenizo também, mas então entendo o que os Idealizadores pretendem. Katniss tirou a melhor nota, melhor que os Carreiristas, isso com certeza vai incomodá-los. Eles já nos olham com raiva devido a nossa entrada triunfal no desfile, agora isso. Katniss vai ser o alvo principal . Os Idealizadores fizeram dela uma caça. Um frio percorre meu corpo. Agora mais do que nunca eu preciso bolar um ideia, mas não vou conseguir sozinho , preciso de Haymitch .

Depois de um tempo todos saem da sala e vão para seus quartos.

Ficamos apenas eu e Haymitch na sala.

Ele me olha como se soubesse o que eu pretendo.

– Pode falar garoto.

– Você entendeu o que os Idealizadores fizeram , não entendeu ? Quanto a nota da Katniss.

Ele olha pro vazio, como se a ficha dele tivesse caído.

– A tornaram um alvo.

– Haymitch, eu quero ajudá-la. Desde o instante que meu nome saiu daquela bola de vidro eu decidi que lutaria por ela e não por mim.

– Você morreria pra tentar salvá-la ?

– Não há vida pra mim sem ela – digo com toda certeza que eu tenho.

Ele não parece surpreso. - Eu já sabia que você sentia algo garoto , é só perceber o jeito que você olha , fala, trata-a. Todos sabem menos ela acho que a marrentinha é um pouco lerda no assunto. Você reparou que tentamos deixá-los sempre juntos e com as roupas mais parecidas que pudessem? Combinamos isso, sabíamos que você a defenderia, então criamos esse clima de união pra que as coisas ficassem realmente reais, embora do seu lado sempre foi verdadeiro .

Eu realmente tinha percebido as nossas roupas parecidas, e o fato de nos mandaram ficar sempre juntos, então esse era o plano de Haymitch? Um casal lutando não só pela sua vida, mas pela do outro.

–Mas eu não contava com isso. – ele diz perdido em pensamentos.

– Com isso o que, Haymitch?

– A garota ir tão bem às avaliações, e você também. Vi que vocês eram diferentes, eram guerreiros de verdade, diferente dos outros tributos que vem e simplesmente se entregam a morte, a maioria dos tributos do 12 morre na Cornucópia .Os Carreiristas vão caçá-los como prêmio , os dois melhores tributos que o distrito 12 já teve .

Ele balança o copo chacoalhando a bebida que há dentro. Então continua:

– A menos que você for um deles.

Eu não entendo o que ele quer dizer, como me tornarei um deles? Já havia visto em outras edições tributos que se juntaram aos Carreiristas , mas em um determinado momento eles eram mortos como se nem tivessem tido algum valor , como se nunca tivesse existido uma aliança ali . Então antes que eu possa pensar em qualquer coisa Haymitch se levanta e diz:

– Vamos quebrar um pouco as regras.

Ele se dirige até a porta e sai pelo corredor o mais silencioso que pode, eu o sigo. Ele vai andando e sussurrando:

– É o seguinte os estilistas e treinadores tem uma chave das portas e também do centro de treinamento. Somos proibidos de deixar os tributos saírem, ainda mais de noite, a não ser a mando dos Idealizadores. Mas eu estava rondando o prédio esses dias, em mais uma das minhas noites de insonia, e por ironia, encontrei o garoto do 2 , Cato , na sala de treinamento. Os Carreiristas nunca se importaram com as regras, todos dizem que não, mas de certa forma eles tem um tratamento diferente dos demais, não que eles possam andar livremente, mas os Idealizadores fazem vista grossa. Pelo menos umas duas ou três vezes eu o vi treinando, talvez a sorte esteja a seu favor e ele esteja lá agora .

– Mas o que eu vou fazer se ele estiver lá?

– Você vai se tornar um deles. Tudo que ele quer a principio é a Katniss, então você vai levá-lo até ela . Ele vai te usar pra encontrá-la.

– Mas e se eu falhar?

– Então você morre, e ela também. Simples assim.

A ideia é realmente absurda, mas eu sei que é uma das poucas chances que eu tenho. Então sigo Haymitch até o subsolo na sala de treinamento. Minhas mãos estão suando.

A sorte estava a meu favor. Cato está na sala, sozinho treinando. Haymitich vai embora, mas não sem antes dizer: - Só depende de você agora.

Eu dou um passo em frente, entro na sala então ele diz:

– Você sabe que é proibido andar de noite pelo prédio não sabe? – a arrogância em sua voz faz meu sangue ferver.

– Sei, mas parece que você não é o único que não liga pras regras aqui – digo meus olhos fixos no dele .

Ele esta arremessando lanças, eu pego algumas também e começo a arremessar. Adquiri certa habilidade e as acerto no alvo quase toda as vezes que lanço. Isso parece incomodá-lo.

– Tá querendo morrer antes do tempo garoto?

– E quem me mataria? - eu respondo, não vou abaixar a cabeça pra ele , ele até pode ser mais forte , mais eu não sou tão fraco assim também. Ele ri e então diz: - Você não é tão ruim garoto, vi suas notas, e as da sua amiguinha também. – ele fala com nojo em sua voz. Parece que nem vou precisar propor nada, ele já esta caindo no jogo.

– Com medo dela? – digo e forço um sorriso pra insultá-lo.

– Medo. Eu? Não, não estou. Apenas gosto de eliminar as pedras do meu caminho o mais rápido possível, não importa o que eu tenha que fazer pra isso.

– Não me parece atitude de um lutador de verdade, não vejo caráter nenhum nisso.

– E quem se preocupa com caráter nesses jogos? O importante é vencer.

Então eu penso. Eu me preocupo com caráter, e mesmo que eu morra quero morrer sendo eu mesmo, deixando o melhor de mim. Não me tornando uma máquina que mata sem dó nem piedade. Mas parece que sou o único que se importa com isso. Mas preciso continuar o jogo então digo.

–Talvez você tenha razão.

– Eu tenho, sei que tenho. Então talvez você esteja disposto a se unir a mim e aos outros pra acabar com a garota, você é a maneira mais fácil de chegar até ela, e como eu disse gosto de eliminar as pedras no caminho o mais rápido possível – minha vontade é de voar no pescoço dele , mas não posso,então me mantenho frio e não demonstro qualquer emoção .

– Ela é realmente forte, uma ajuda pra derrubá-la mais fácil não seria uma má ideia .- e ao terminar de dizer, as palavras doem em meu coração .

– Temos um trato então? – ele diz me estendendo a mão.

O aperto de mão mais falso que já vi. É como se eu ouvisse temos um trato e vou te matar logo após matar ela.

Eu aperto a mão dele forte e digo: - Se você não morrer antes de nos encontrarmos temos um trato – não demonstro qualquer sinal de medo ou gratidão, mesmo que tenha um falso trato com ele, não vou jogar o jogo dele, vou jogar o meu.

[...]

Os dias passam rápido e já está na hora de fazermos nossa entrevista com Caesar Flickermam. Um por um iremos e teremos um papo com ele, pra que todos que estão nos assistindo nos conheçam antes de entrarmos na Arena. Precisamos impressionar.


Pelo que sei Katniss estará em um vestido vermelho pra manter o slogan das chamas então de certa forma preciso estar ligado a ela, Portia então me veste em um terno preto e com camisa vermelha.


Portia me aconselha a usar meu lado engraçado, diz que isso irá cativar o público. Eu farei isso, mas também terei uma carta na manga.

Um a um os tributos vão até o palco, as garotas Carreiristas estão deslumbrantes, mas nada se compara a beleza da Katniss. Ela esta um vestido vermelho longo, e com o cabelo preso, perfeitamente irresistível. Tenho certeza que ela ira agradar, embora ela não tenha muita confiança nisso, como sempre digo, ela não faz ideia do efeito que pode ter.

Chega a vez de Katniss, e Caesar conversa com ela sobre as roupas de Cinna e sobre Prim, Katniss parece se entristecer ao ouvir sobre a irmã , mas conquista a multidão pela maneira que demonstra seu amor . Então em um momento da conversa Caesar pede pra que ela gire pra que todos vejam o vestido que Cinna fez, e ao fazer isso o vestido reflete chamas , como se estivesse pegando fogo , chamas parecidas com as que usamos no dia do desfile. A multidão vai ao delírio, e Katniss fez a sua marca registrada “A GAROTA EM CHAMAS”.

Então chega a minha vez. Minhas mãos suam, estou tremendo ainda não sei que rumo terá a conversa e nem que perguntas o Caesar vai fazer pra mim. Não tenho medo da multidão nem vergonha, sei falar bem em público, eu fazia parte do atendimento aos clientes na padaria, sei que isso nem se compara aqui , mas de certa forma isso me treinou a falar bem .

– Então Peeta, como está sendo aqui na Capital? Muito diferente do seu distrito?

Mando a real e falo sobre os estranhos chuveiros com cheiros de rosas, e isso soa engraçado aos ouvidos de todos.

Eu e Caesar trocamos piadas sobre os chuveiros, até em um momento que eu chego a me aproximar do pescoço dele fingindo sentir o tal cheiro, e ele faz o mesmo em mim. Muitas das garotas soltam gritinhos. Mas então ele leva a conversa ao ponto que eu queria:

– Peeta, nos conte. Um garoto como você deve ter uma garota especial, nos conte. Qual o nome dela?

Eu balanço a cabeça negativamente, mas de um modo a deixar dúvida. Então finjo hesitar em falar e digo:

– Bem, há uma garota. Sou apaixonado por ela desde sempre, mas acho que ela nunca me notou até a colheita.

– Olha só o que você vai fazer. Vença Peeta, vença e volte pra casa, ela não vai te recusar nessas circunstâncias.

– Não sei se vai dar certo Caesar. Vencer não vai me ajudar. Não nesse caso.

– E porque não?

E pela primeira vez eu vou dizer a maior verdade da minha vida. Vou declarar meu amor por Katniss Everdeen no meio de uma multidão. Meu coração salta disparado em eu peito então digo:

– Por que... Porque ela veio pra cá comigo.

As câmeras focalizam em mim e na Katniss, e eu posso ver sua expressão confusa em meio a um rosto avermelhado de vergonha. A multidão suspira.

– Ela não sabia Peeta?

– Não até agora.

– Vocês iam adorar que ela voltasse aqui e desse uma resposta não é ?

Sim eles iam adorar, e eu também, mesmo nessas circunstâncias. Será que tinha o mínimo de chance?

Termino a conversa com Caesar e me retiro do palco. Não vejo Katniss até chegarmos ao nosso andar.

Ela me vê vem em minha direção e me empurra com força. Eu caio contra uma urna de flores falsas e machuco minhas mãos.

– Pra que isso? – digo confuso. Não era o que eu esperava depois de uma declaração, ao menos um abraço, ou um fora menos dolorido.

– Você me fez parecer fraca, você não tinha o direito.

Cinna, Portia, Haymitch e Effie chegam ao andar, e vem em nossa direção. Eles de certa forma me defendem, dizendo que tudo que a Capital quer é um bom show e que poderíamos dar isso graças ao novo lance que criei, os amantes desafortunados do 12.

Katniss não gosta da idéia.

– Nós não somos amantes desafortunados – ela grita.

E eu retruco: - Ela só está assim por causa do namorado dela. – falei sem pensar, mas talvez seja isso mesmo, o que o tal do Gale vai pensar. A sua garota sendo apresentada como amada por outro em rede nacional. O ciúme bate em mim, odeio a idéia de pensar neles juntos.

– Eu não tenho namorado – ela retruca mais alto ainda e um alívio corre em meu peito.

Depois de todos conversarem com ela, finalmente ela parece entender que o que eu fiz foi bom pra ela.

[...]

É a nossa última refeição juntos, e o silêncio paira sobre a mesa. Por incrível que pareça acabei me apegando a eles de certa forma, Portia, Cinna, Haymitch e até Effie, e acho que isso era recíproco.

Quando termina o jantar Effie se despede de nós com lágrimas nos olhos. Depois vem Haymitch braços cruzados e olha pra nós. Suspeito que Haymitch seja um chorão, mas ele não nos deixaria ver uma lágrima sequer sua , afinal ele precisa manter sua pose de treinador duro e sem sentimentos.

– Algum último conselho? – pergunto.

– Quando o gongo soar deem o fora de lá, nenhum de vocês está preparado para o banho de sangue na Cornucópia. Distanciem-se lá, fujam dos outros tributos e encontrem uma fonte de água.

– E depois disso?- Katniss pergunta.

– Fiquem vivos – ele diz, e eu nunca o vi ser tão serio em suas palavras . Não há mais o que dizer, o jogo é isso mesmo, fique vivo e vença.

Então ele se retira apenas com um aceno de cabeça , e logo após ele Katniss sai sem dizer nada . É até bom, não sei quais as últimas palavras que diria pra ela.

Eu fico mais um pouco na sala, Portia ainda está lá.

– Eu te admiro garoto. É realmente corajoso o que está disposto a fazer por ela.

–É o único sentido que vejo em tudo isso. Mas não sei se vou dar conta. São muitos e são fortes.

– Não importa quantos sejam, ou quão fortes sejam, nenhum deles é movido pela força que você é: O AMOR . Eu acredito em você Peeta, sei que vai conseguir – então ela me abraça e sai.

Fico sozinho por um tempo, então volto pro meu quarto tomo um banho.Troco de roupa e me deito na intenção de descansar, mas é impossível , o barulho e gritaria lá fora nas ruas é imenso , sem contar que meus pensamentos estão a mil . Me levanto então e vou até a sala principal e abro uma das janelas que vai pro telhado , quem sabe tomar um pouco de ar me ajude um pouco .

O céu está estrelado e a noite fresca, realmente uma bela noite. E tenho certeza que é isso que a multidão lá em baixo deve estar pensando. Milhares de pessoas com roupas estranhas estão dançando e cantando, celebrando o início dos Jogos, a maneira com que eles se comportam me dá nojo. Será que não conseguem ver o quão angustiante isso é? Vidas e vidas se destruindo entre si, mortes injustas, crianças que nem sequer tiveram a chance de pensar em ter um futuro. Eu queria poder fazer alguma coisa, até quando eles nos tratariam como peças, como objetos de sua diversão? Seja como for eu não vou me render as regras deles, vou manter meu caráter minha maneira de ser, vou tentar mostrar lá dentro que nós temos sentimentos também, que poderíamos querer escolher algo diferente pra nós , mostrar que pra nós tributos isso não é simplesmente uma diversão como é pra eles , mostrar que queremos viver e desfrutar os momentos com nossas famílias , vou jogar com o coração , vou jogar com tudo que tenho .

Ouço passos suaves no telhado, e quando me viro vejo a única coisa que me traria felicidade em meio a tudo isso. Katniss está parada a menos de um metro de mim.

– Você deveria estar dormindo um pouco – ela diz.

– Não quis perder a festa, afinal é em nossa homenagem. Também não conseguiu dormir? Pensando na família? – pergunto tentando começar um assunto.

– Não. Só consigo imaginar em como será amanhã. O que não faz sentido é claro. – então ela se aproxima um pouco mais de mim e posso ver que seus olhos fixam em minhas mãos ainda enfaixadas por causa do tombo – Sinto muito pelas suas mãos – ela diz.

– Não tem problema Katniss, nunca tive a ilusão de disputar nada nesses jogos mesmo.

– Você não deveria pensar assim.

– E por que não? O máximo que eu posso sonhar é não macular minha honra. Eu não sei como dizer isso, mas quero morrer sendo eu mesmo, não quero que eles me mudem me transformem em um monstro que sei que não sou. Faz sentido? – ela balança a cabeça negativamente. Mas eu sei que não faz sentido, ela não sabe que não penso em sair vivo dos jogos , ela não sabe que meu objetivo é protegê-la , mas talvez a melhor maneira de ser eu mesmo , é assim lutando pelo que eu acho importante .

– Você está querendo dizer que não vai matar ninguém?

– Não. Vou matar quando surgir a oportunidade. Não vou cair sem lutar. – respondo meus olhos fixos no vazio, mesmo que eu não queira tirar a vida de alguém, uma hora terei de fazê-lo, só assim poderei continuar, mas farei isso com honra, sem me render a podridão da Capital, queria que Katniss compreendesse. - Katniss dentro desta estrutura que os jogos nos obrigam a ser, ainda existe eu e você, nosso eu, dá pra entender?

– Sem querer ofender Peeta, mas quem se importa com isso?

Eu não posso evitar ficar com raiva dela, ela se rendeu a isso, ela vai simplesmente matar e matar, fazer um bom show. Olho nos olhos dela e digo: - Eu me importo, com mais o que poderia me importar?

– Com o que Haymitch disse, em ficar vivo.

Eu sorrio então triste pra ela: - Obrigado pela dica, docinho. – tento imitar o jeito que Haymitch fala, eu amo Katniss intensamente, mas a maneira dela pensar em relação aos jogos realmente me chateia.

– Olha aqui se você quer passar as suas últimas horas na Arena a escolha é sua, eu vou passar as minhas no Distrito Doze – ela diz com convicção e desafio .

– Eu não ficaria surpreso se você conseguisse, mande lembranças á minha mãe. – digo a ela, e fico triste com a maneira que a nossa conversa terminou.

Ela volta pra dentro e eu continuo lá. Deixo as lágrimas escorrerem, pelo tempo necessário, até me sentir aliviado.

Volto pro meu quarto e durmo.

[...]

O dia seguinte é muito corrido. Acordo cedo e Portia ja está me esperando. As roupas que os tributos usarão, são jaqueta e calças feitas de um couro fino, que segundo ela se ajusta a temperatura do corpo, e também botas de borracha, são leves e boas pra correr.

Não vejo Katniss, ela deve estar com Cinna, é melhor assim.

Chegamos até a sala que eles denominam Sala de Lançamento. Na porta uns Pacificadores injetam em meu braço algo que eles disseram ser o meu rastreador.

A sala é branca e fria e há nela apenas um tubo de vidro.

Portia me abraça forte, e coloca em meu braço direito a pulseira que meu pai tinha me dado no dia da colheita, confesso que havia se esquecido dela – Quero que saiba que você foi o melhor tributo que eu tive a honra de trabalhar. Boa sorte, e estarei aqui torcendo por você.

Eu sorrio, mas não consigo dizer nada. Então me dirijo até o tubo de vidro. Entro. Ele se fecha e eu começo a subir.

Olho pro lado todos os tributos já estão a postos. A minha frente está a Cornucópia, cheia de armas, bolsas, e equipamentos, realmente muito tentador.

A Arena é um campo aberto e em alguns lados rodeados por altos pinheiros, formando quase uma floresta. Alegro-me com isso, Katniss vai ter uma boa vantagem.

Uma voz soa alta por todos os lados, reconheço é a voz de Seneca Crane, já o tinha ouvido pela TV antes.

– Senhoras e Senhores, está aberta a septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes.

E então o tempo começa a contar. Sessenta segundos, e tudo terá começado. Respiro fundo, agora não há mais volta.


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Notas finais do capítulo

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