Jogos Vorazes por Peeta Mellark escrita por Jow


Capítulo 1
Capítulo 1- Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Hey galera , essa é minha primeira fic , mas espero que gostem ;]



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Acordo ofegante, a testa molhada de suor, as mãos frias. Tive outro pesadelo. Mas dessa vez foi pior, eu sonhava com a Colheita, mas não via meu nome ser tirado como das outras vezes, via o nome dela: Katniss Everdeen .É insuportável a ideia de perde-la pra esses jogos, não que ela seja minha pra que eu a perca, talvez ela nem saiba minha existência, mas mesmo em sonho , a ver partindo em direção a morte , acaba com meu coração. Prefiro que eu vá ao invés dela.

Fico deitado por um instante olhando pro teto, preciso esquecer a imagem que eu vi. Faltam sete dias para a colheita, mas há semanas venho sendo atormentado por pesadelos, isso nunca aconteceu nos outros anos. A fraca luz que entra pela janela entreaberta do meu quarto me incomoda, então levanto. É ainda muito cedo e tudo está silencioso. Olho ao redor do quarto e vejo que a cama dos meus irmãos já está vazia. Tenho dois irmãos Peter e Patrick, um com dezenove e outro com dezoito anos. Acordamos todos os dias antes mesmo que o sol tenha raiado, e ajudamos nossos pais na padaria.

Meu pai Benjamim Mellark, herdara a padaria de meu avô, a padaria está na nossa família há algumas décadas, e se tudo correr como a tradição, eu e meus irmãos continuaremos a história.

Levanto e me arrumo rapidamente, estou quase atrasado.

Quando chego à cozinha encontro todos em volta da mesa, já tomando seu café.

–Bom dia – digo meio sonolento, ainda não estou totalmente acordado.

– Bom dia filho – meu pai diz sorridente, como ele faz todos os dias.

[Meu pai, eu realmente o admiro. Foram poucas às vezes em todos os meus dezesseis anos de vida que o vi de cabeça baixa, ou reclamar de algo, ele é alma da família, sempre nos alegrando e incentivando quando mostramos qualquer sinal de tristeza ou medo (tento levar esse lado dele comigo). As condições no nosso distrito, o último dos doze distritos existentes, são miseráveis, mas meu pai sempre se esforça pra nos dar o melhor que pode.].

Meus irmãos me respondem um “bom dia’’ tão sonolento quanto o meu, e minha mãe apenas me encara com um olhar de repreensão, sem duvida porque estava quase atrasado.

[Minha mãe é uma mulher muito rígida, seus pais a criaram assim, a base de castigos e repreensões, eles eram um tanto antiquados em relação à criação dos filhos, pelo menos foi isso que meu pai me disse. Meus irmãos e eu a chamávamos de Sargenta (lógico que ela nem imagina isso), eu a via ser dura com meus irmãos, mas quando se tratava de mim, as coisas eram extremas. Eu a amo, e não duvido que ela me ame também, mas às vezes queria que ela demonstrasse mais isso].

Sento-me a mesa e após terminar meu café, me dirijo com eles até a padaria, que fica nos cômodos da frente da nossa casa.

Apesar de tudo minha família tenta se manter unida, nos ajudamos e nos preocupamos uns com os outros, acredito que todas as famílias aqui no doze sejam assim , a falta de comida constante , as situações precárias, nos ensinaram a partilhar o pouco que temos.


Meu pai fez questão que nós aprendêssemos a fazer tudo na padaria, pães, bolos, tortas. Mas cada um de nós ficou com uma tarefa especifica. Eu sou responsável por confeitar os bolos, eu realmente gosto de fazer isso, desenho formas, crio outras, esqueço-me do mundo quando estou ali, se torna meu refúgio, meu lugar secreto.


Geralmente ajudo meu pai na padaria até certa hora da manha, depois vou a escola, e então mais tarde depois da aula volto a ajuda-lo quando não tenho tarefas a fazer , mas estou de férias e meu pai pediu pra que eu viesse a parte da manhã e me deixaria livre a tarde.

Termino de confeitar os bolos, ajudo meus irmãos com os pães que estão terminando de assar, e juntos voltamos pra casa.

No caminho, Peter desafia a mim e ao Patrick:

– Hey o que acham de quebrarmos um pouco as regras?

– Como assim? – respondemos juntos.

– Desafio vocês a adentrarem, na floresta e irem o mais fundo que conseguirem.

–Tá louco cara, você sabe que se formos pegos, vamos ter sérios problemas - eu digo assustado, não quero nem pensar no que aconteceria se os pacificadores nos pegassem. A entrada na floresta é proibida, sem contar que tem a cerca elétrica, e também os animais selvagens que vivem lá.

– Tá com medo menininha? – Peter me provoca, e Patrick se junta a ele.

– Sempre achei você um banana, Peeta. Desde o dia que ouvi você dizer dormindo, minha flor Katniss, minha flor Katniss , fiquei com o pé atrás – O que ? Eu falo dormindo? E pior eu falo o nome dela? Será que eles sabem o que eu sinto? . Torço pra que não.

– Vamos então, vou mostrar pra vocês que não tenho medo.

Então corremos pra floresta, é um pouco longe de casa, mas temos o dia livre então não há problemas.

Quando chegamos lá a cerca elétrica esta desligada, dizem que a maior parte do tempo ela fica assim.

Eu entro primeiro, e irei sempre à frente pra mostrar que não tenho medo, e realmente não tenho.

Caminhamos alguns minutos e eu começo a contar a meus irmãos sobre as lendas que ouvira na escola sobre a floresta, tentando colocar medo neles.

Já andamos um bom pedaço adentro da floresta, vejo que tudo esta silencioso demais, é então que percebo: Estou sozinho. Meus irmãos sumiram. Eu os chamo, olho para os lados. Eles não estão ali. Será que faz tempo que eles sumiram, será que foram embora, será que pegaram outra trilha? Fico sem saber o que fazer, então decido o mais sensato, vou voltar pra casa e ver se eles estão lá.

Começo o caminho de volta e então ouço risos e passos, mas não são dos meus irmãos, ouço uma garota e um garoto.

Escondo-me atrás de uma árvore grande que tem o tronco com uma abertura parecida com uma pequena caverna. Fico em silencio, esperando as vozes sumirem, mas elas não somem, simplesmente param. Espio pra ver onde eles estão então os vejo sentados em uma pedra e conversando, mas não é simplesmente uma garota qualquer, é ela: Katniss Everdeen, a garota dos meus sonhos, e desde essa madrugada a dos meus pesadelos também. Meu coração dispara, estou acostumado a vê-la na escola, aliás, sempre a vejo, desde que tinha cinco anos quando a vi pela primeira vez, ela estava com duas tranças, ao invés de uma como esta agora, ela cantou a “Canção do Vale” na sala, e desde aquele instante, meu coração passou a ser dela.

Mas pelo jeito o coração dela já tinha um dono também, e não era eu, era Gale Hawthorne, eles sempre estavam juntos, e ali com ele ela estava sorrindo, um sorriso tão lindo, que parecia realmente estar feliz. Metade de mim torce pra que sejam só amigos, metade de mim fica feliz por vê-la feliz. É isso que desejamos pra quem gostamos não é? Que sejam felizes mesmo que não seja conosco. Não sei, é fácil falar. Decido então não olhar mais pra eles, e tentar não ouvi-los, até eles irem embora.

Os minutos parecem horas, mas por fim eles saem correndo em direção floresta adentro, ambos com arcos nas mãos e aljavas de flechas nas costas, vejo de relance, e sei que é isso, estão indo caçar. Meu pai compra os esquilos deles.

Essa é a minha deixa, corro então o mais rápido que posso tentando apagar da minha mente esses minutos horríveis dessa mistura de ciúmes, tristeza, e tantos outras coisas que passaram pela minha cabeça.

Chego em casa e encontro meus irmãos rindo de mim , haviam me pregado uma peça .

– Estávamos quase indo te buscar banana, que aconteceu encontrou sua plantação de florezinhas katniss e ficou admirando? – ambos disparam a rir, também riria, se ele não tivesse quase razão.

Vou então pro meu quarto e pra me distrair faço uma das coisas que mais gosto: pintar.

Eu pinto quadros, na maioria das vezes coisas que eu já vi, mais ultimamente tenho tido tantos pesadelos que minhas pinturas estão um tanto sombrias.

Então pra tirá-la da minha cabeça , decido pintá-la.Mais um dos vários quadros que tenho da Katniss.

Estou quase terminando, quando meu pai entra no quarto e vê minha pintura. Ele a olha e apenas sorri.

– Está tudo bem filho?

– Só um pouco preocupado pai.

–Com o quê? A colheita? – ele diz meio receoso. Nós evitamos ao máximo falar sobre esses assuntos, é como ao deixarmos de falar, eles estivessem mais longe pra acontecer.

– Também pai, mais não estou preocupado comigo, por incrível que pareça , estou com medo por ela, tive um pesadelo essa noite, estou com um estranho pressentimento, como se algo realmente grande estivesse pra acontecer.

Meu pai senta ao meu lado, coloca a mão meu em meu ombro e diz:

–Filho, até entendo o que você está sentindo, mas isso não vai te levar a nada, ficar sofrendo antecipadamente só piora as coisas, não podemos controlar o futuro, não somos donos do amanhã, tudo que temos é o agora, o presente, então não perca isso com algo que você nem sabe se vai chegar.

Meu pai termina de falar, e minha mãe abre a porta do quarto e vê a pintura da Katniss, na mesma hora ela olha pro meu pai, não sei se nervosa ou decepcionada e sai correndo em direção ao quarto dela.

Eu tento levantar, mas meu pai me impede.

– Não filho eu falo com ela. – e sai do quarto.

Eu fico meio sem entender, uma vez meu pai me contara que era apaixonado pela mãe da Katniss, mas que ela escolhera outro. Mas isso faz tanto tempo, será que minha mãe se incomoda com isso ainda? Será que ela acha que meu pai não a ama?

Vou falar com ela, eu preciso fazer alguma coisa.

Espero até que meu pai saia do quarto, e vou até lá.

– Mãe? – eu a vejo ela está sentada na ponta da cama com as mãos no rosto, chorando. Uma cena confusa, mais que corta meu coração. Jamais imaginei ver a Sargenta chorando desse jeito, jamais a imaginei assim tão vulnerável. Às vezes achava que ela até não tinha sentimentos, sei que não é algo bom pra se pensar sobre sua mãe, mas era tudo que eu conseguia ver. Lembro-me de quando eu era menor, lembro-me dos abraços e afagos dela, os únicos momentos de carinho que tenho na memoria, mas então de uma hora pra outra ela ficou fria, isso foi mais ou menos quando eu tinha uns seis anos, será que realmente tinha algo a ver com a Katniss?

– Mãe – insisto em falar com ela, e me ajoelho em sua frente segurando suas mãos. Limpo as lágrimas em seus olhos. – Não chora, o papai te ama, eu sei disso.

Ela me olha, e quando eu acho que ela vai esbofetear meu rosto ela me abraça, e chora mais ainda.

Depois de um tempo ela se acalma e fala.

– Eu sei que seu pai me ama, eu também o amo, ele é tudo pra mim. Mas a minha vida toda eu vivi com esse fantasma da Daisy Everdeen. Saber que ele a amou antes de mim, e que se talvez ela o tivesse escolhido eu não teria chance, me destruía por dentro. Quantas vezes eu não me senti como o resto, como a segunda, como qualquer outra coisa. E pra ajudar tudo isso que eu sentia você ainda uma criança, se apaixona pela filha dela e trás esse fantasma pra mais dentro ainda da minha vida. Por isso eu me afastei por isso te trato assim, tentei trata-lo diferente filho mais não conseguia, eu olhava pra você e um filme de tudo isso passava em minha cabeça. – eu sinto meu coração doer. Eu responsável por causar feridas em minha mãe, feridas que a machucaram tanto a ponto dela me rejeitar dessa maneira. Não sei o que dizer, não sei o que pensar. E então como uma tentativa de apagar tudo isso, de dizer que sinto muito, eu a abraço forte, mais forte do que já abracei qualquer pessoa antes, quero que ela sinta o quanto eu a amo, e o quanto o carinho dela fez falta todo esse tempo. Começo a chorar e sinto que ela chora também. Ficamos assim por um tempo, como se estivéssemos matando a saudade de anos atrás.

E então ela diz:

–Filho, não se culpe por nada, você era só uma criança, eu é que deveria ter tomado alguma atitude, mas me fechei contra tudo isso, me perdoa. Eu prometo deixar isso de lado, prometo que vou viver esse amor do seu pai por mim, sem medo ou lembranças angustiantes.

Eu sorrio pra ela e lhe dou um último abraço, então meu pai e meus irmãos entram no quarto e nos veem assim, em uma cena rara na família Mellark .

Eles vêm ate nós e todos nos abraçamos, nos lembrando de que estamos ali juntos, e sempre estaremos.

Eu e meus irmãos saímos do quarto e deixamos meus pais sozinhos, eles precisam de um tempo só pra eles.

No outro dia, imaginei que acordaria e seria recebido por minha mãe com beijos e abraços, mas não, a Sargenta estava de volta, mas havia algo diferente em seu olhar, havia amor e carinho, ao invés de repreensão e desprezo. Fico feliz por isso.

A semana passa demorada e aterrorizante, e então chega o dia.

A colheita.

Nossos nomes estarão lá. Crianças de doze anos até jovens de dezoito, vendo seus nomes dentro de uma bola de vidro , torcendo pra que eles não saiam , torcendo entre a vida e a morte.

Mas há pelo menos algo bom esse ano, Patrick não faz mais parte da colheita, já tinha dezenove estava livre, e também seria a ultima colheita de Peter, e se tudo desse certo estaria livre também.

O dia é silencioso, como todos os anos, e em casa quase não dizemos nada, como que por medo de abrirmos as nossas bocas e começarmos a chorar e desfazer o nó que se forma em nossas gargantas.

As horas passam rápido.

Tomo um banho e começo a me arrumar pra ir.

Sempre vestimos a melhor roupa que temos, não porque se importamos com essa droga de comemoração, mas porque talvez sejamos o “sortudo” a representar nosso distrito e desde o começo já temos que causar boa impressão . A Capital que é responsável por Panem, leva esses jogos como se fosse um favor que eles fazem a nós, como se fosse um tratado de paz.

Paz. Como pode se celebrar esse tratado de paz obrigando jovens a se matar? Qual é a paz que se é lembrada com violência e morte?

Patético. Tenho tanta revolta sobre isso, há tanta coisa errada. Eles nos tratam como lixo. Todos os distritos trabalham pra suprir as necessidades da Capital, somos nada mais que peças em um jogo sujo de ganância e poder. A Capital nos oferece alimento, sim alimento que ganhamos em troca de um papel a mais com nosso nome na maravilhosa bola de vidro. Coma, se alimente e inscreva-se para a morte mais uma vez. Justo não? Mas é a única saída de muitos de nós, ou isso ou desistimos de viver. Estamos de mãos atadas.

Coloco uma calça preta e sapatos pretos, e então quando procuro uma camisa pra vestir meu irmão Patrick estende uma blusa branca em minha direção:

– Toma. Eu usei todos os anos. Me deu sorte. Vai te dar também.

Eu agradeço com um aceno de cabeça, evito as palavras pra que elas não venham acompanhadas de lágrimas.

Toda minha família caminha junta até a praça central, em frente ao Edifício de Justiça, onde todos da cidade são obrigados a comparecer para a cerimonia.

Chegamos. Meu pai da um aperto em meu ombro e eu sei que isso é o máximo que ele consegue fazer pra me desejar boa sorte. Eu me encaminho para a direita onde estão os caras da minha idade, Peter fica a esquerda com os mais velhos, e Patrick e meus pais e lá no fundo, junto com os outros tantos pais angustiados.

O silêncio paira sobre o lugar.

O prefeito, sua esposa e sua filha, saem do Edifício de Justiça e sentam-se nas cadeiras que estão sobre um palco. Logo após eles vem Haymitich, o único vencedor ainda vivo do nosso distrito. Em 73 anos o distrito doze havia tido apenas dois vencedores. Ouvi dizer que Haymitch era realmente forte e habilidoso, mas acredito que não haja mais nada disso ali, pois sempre que o vejo ou ele está bêbado, ou está caindo de bêbado.

Effie Trinket vem com suas roupas e perucas extravagantes ao estilo da Capital, cada ano chamando mais a atenção, a desse ano é rosa.

Ela quebra o silencio com sua voz fina:

– Feliz Jogos Vorazes, e que a sorte esteja sempre a seu favor.

Então começa o filme sobre os dias negros, sobre a guerra, sobre a destruição do distrito treze, o distrito que havia se rebelado contra o governo, e como a partir dai os Jogos Vorazes foram criados como um acordo entre os distritos que ofereceriam um tributo homem e uma mulher, para lutar em uma luta de honra pelo seu distrito. Nós os mais velhos já decoramos esse filme.

O filme termina e Effie Trinket caminha em direção a uma das bolas de vidro que estão com tiras de papel, o silêncio é tanto que dá pra se ouvir o barulho dos saltos dela sobre o chão. – Primeiro as damas - ela diz, e num grito meio ardido continua. - Primrose Everdeen.

Meu coração dispara. Primrose, a pequena irmã da Katniss, não posso acreditar, se eu não me engano ela tem só doze anos e é a primeira vez que o nome dela estaria ali. Olho pro lado tento encontrar Katniss, minha vontade de correr e abraça-la é imensa, mas não posso fazer nada, queria então ao menos consolá-la com um olhar. A encontro então, e o que vejo me faz desmoronar totalmente.

Ela grita: - Prim . Todos abrem caminho e ela corre em direção ao palco, gritando pela irmã, então a esconde atrás de si e grita um grito de dor, de desespero. – Eu me voluntario. Eu me voluntario como tributo.

Minha garganta seca me sinto perder o chão, meu mundo perde o foco, tudo que eu consigo ouvir são as batidas do meu coração em ritmos desordenados, talvez ele esteja gritando tudo que eu queria gritar agora e não consigo. Katniss, nem tive a chance de tê-la e já a estava perdendo, os meus pesadelos haviam se tornado reais .Fico assim perdido em pensamentos quando sou trazido a realidade,pela voz de Effie Trinket, que diz :

–Peeta Mellark.

Peeta Mellark , repito em minha cabeça, sou eu. Sou eu. Estarei lutando vida ou morte, com Katniss Everdeen, e de repente um filme se passa em minha cabeça, todas as vezes que havia a visto, e também da vez em que eu a ajudei, a vez que eu realmente tive a chance de dizer algo pra ela e não disse. Estava chovendo muito forte, eu estava assando pães junto com minha mãe, escutamos um barulho nos lixos em frente de casa, minha mãe foi lá ver e eu fui com ela. Katniss estava lá fuçando em nosso lixo, procurando comida. Minha mãe gritou com ela e a expulsou ameaçando chamar os pacificadores, ela saiu então rastejando pra longe da nossa casa, eu não fiz nada, fui um covarde fiquei olhando minha mãe trata-la como um lixo e não fiz nada. Olhei uma última vez antes de entrar e vi-a caindo sobre o chão enlameado. Eu precisava fazer alguma coisa. Fui até o forno e aumentei a temperatura, para que os pães queimassem, raramente queimávamos alguma coisa, a situação era difícil então dobrávamos a atenção para não ter prejuízos, mas eu sabia que se eu os queimasse minha mãe mandaria os dar aos porcos. Mas ao ver que eu tinha queimado os pães minha mãe irou-se e bateu em meu rosto com uma colher de pau que estava usando pra mexer a massa do bolo, e aos gritos me mandou jogar os pães aos porcos. Eu tirei a parte queimada, e sem nem ao menos olhar pra Katniss arremessei o pão em sua direção, perto o suficiente pra ela visse, pra soubesse que eram pra ela. Então olhei pra ela e por um instante nossos olhares se encontraram, mas eu estava envergonhado demais por nem sequer ter tido coragem de levar os pães até ela então entrei correndo e bati a porta. No outro dia na escola fui mais cedo com a intenção de falar com ela, de me explicar, mas nunca consegui, nunca achei as palavras pra começar sequer a falar algo. Já havia imaginado tantas vezes o dia em que finalmente a conheceria de verdade, mas nunca imaginei que seria assim, de frente a morte. Sinto aquele pressentimento estranho de novo, e entendo enfim, algo realmente grande está acontecendo comigo e sei que ainda vai acontecer mais.

Caminho então até o palco, olho pra multidão e procuro rostos conhecidos e os encontro. Meus pais, amigos, vizinhos, sinto um aperto forte no coração. Effie termina de dizer algumas palavras, mas eu nem sequer consigo prestar atenção, estou me controlando o máximo pra não desabar em um rio de lágrimas.

Ela pede então que eu e Katniss apertemos as mãos.

Meu primeiro contato com Katniss Everdeen. Ao apertar suas mãos, olho nos seus olhos, e tenho certeza, eu a amo, sempre a amei. De repente as palavras do meu pai vêm em minha mente, “Tudo o que temos é o agora”, e sei o que preciso fazer. Sempre quis ter um momento com Katniss, sempre quis ter a oportunidade de demonstrar a ela tudo que eu sinto, e agora eu tenho. Mesmo que seja diante dessas circunstâncias, eu sei o que preciso fazer, eu vou lutar por ela, mesmo que eu não saiba lutar, mesmo que não seja forte o suficiente. Desde que eu me entendo por gente minha vida girou em torno dela, eu não posso perdê-la, não há existência pra mim em um lugar que ela não existe, então é isso, vou lutar por você Katniss, não por mim, por você.

Ela solta minha mão, e os pacificadores nos levam até uma sala onde nos despediremos de nossos familiares.

Meu pai entra e me sufoca em um abraço, logo entram meus irmãos e minha mãe, e por alguns instantes ficamos todos assim juntos.

Então meu pai quebra o silêncio dizendo:

–Toma filho, é meu desde criança, meu irmão mais velho fez pra mim, leve pra que saiba que estaremos sempre com você – ele me estende uma pulseira feita com pequenos pedaços de cordas de varias cores. – Você pode vencer filho, mesmo que pareça que não , esses jogos nos surpreendem , talvez o distrito doze tenha um vencedor .

– Talvez o distrito doze realmente tenha um vencedor, mas acredito que não seja você – minha mãe diz baixo, talvez estivesse apenas pensando alto , ou disse isso tentando já se conformar com minha morte .

Meus irmãos não dizem nada, talvez estivessem pensando que poderia ser eles ali, mas eu os entendo. Não há muito que dizer.

Então o pacificador chama e eles saem da sala.

A estação de trem é um pouco longe do Edifício de Justiça, então um carro nos leva até lá.

Sempre vi Katniss, como uma guerreira, alguém realmente forte , quando seu pai morreu ela era ainda muito nova e assumiu o controle da casa , mas ao vê-la eu vejo que ela é mais forte que eu imaginava, não havia sequer uma marca de lágrima em seu rosto, ela não havia chorado, estava ali implacável, diferente de mim que estava com o rosto todo inchado. Ao chegarmos à estação havia uma multidão de repórteres e câmeras, e eu pude ver de relance minha imagem em um dos telões, logo toda Panem veria nossos rostos.

Esperamos um pouco até o trem chegar, e então embarcamos, a velocidade é magnífica 400 km por hora, nunca antes tinha visto nada igual.

Effie nos dirige até nossos aposentos, é realmente grande e aconchegante, nem sequer comparado ao estilo de vida que temos no 12 . Tomo um banho quente e choro tudo que ainda preciso chorar, a partir de agora precisarei ser forte. Troco-me e deito um pouco na cama, mais tarde teremos a ceia, e então conheceremos Haymitch pessoalmente . De certa forma nossa vida também depende um pouco dele, já que ele é nosso Mentor, quanto mais patrocinadores ele conseguir, mais chances teremos de ganhar. Decido dar uma volta no trem e acabo encontrando com ele.

– Oi! Haymitch? – olho pra ele, está bêbado e balbuciando qualquer coisa que não consigo entender.

– Não me enche garoto – então ele se vira entra em um quarto, e grita lá de dentro – Nem tente bater na porta, eu estou indo dormir.

Foi assim meu primeiro encontro com aquele que vai me ajudar a sobreviver. Sem problemas, terei uma próxima chance, e realmente sou bom com as palavras, ainda vou conseguir tirar bons conselhos dele.

O horário da primeira ceia chega, sou o primeiro a chegar. Logo entram Katniss e Effie, elas perguntam por Haymitch , e eu lhes explico como ele está. Sinto que falar sobre Haymitch causa um grande incomodo em Effie.

Há sobre a mesa, vários tipos de comida, sopa de cenouras, costeletas de cordeiro, purê de batata, saladas, e tantas outras coisas que não sei que o que são, jamais pensei em ter uma refeições dessas, não lá no 12 .

– Pelo menos vocês têm bons modos – Effie diz enquanto comemos – O último casal que veio aqui, comia com as mãos, como selvagens, perturbaram minha digestão.

Incomodo-me com esse comentário, me lembro do ultimo casal. Eram da Costura, e com certeza não tinha comida suficiente em suas mesas, e quando chegaram aqui viram tudo isso, que não pensaram em nada além de saciar sua fome. Se Effie ao menos conhecesse o 12 como ele é, entenderia o que é viver na miséria. Percebo que esse comentário também incomoda Katniss, que começa a comer com as mãos, pra insultar Effie que fecha a cara na hora. Eu seguro o riso.

Depois de comermos vamos até outra sala pra assistir as colheitas em todos os distritos. Um a um, os distritos passam e eu me surpreendo com a força de alguns dos tributos desse ano, distritos 1 e 2 , tem voluntários , como previsto , todos com 18 anos e bem fortes , também tem um garoto do 4 bem alto e parece ser forte , uma garota de cabelos ruivos do 5, não é muito forte ,mas chama a atenção, tem um garoto do 8 , pequeno e de cabelos loiros , vê-lo me faz sentir mais revolta sobre a Capital e esses malditos jogos , depois vem distrito 11 , uma pequena garota de 12 anos é sorteada , mas não teve a mesma sorte de Primrose, ninguém se voluntariou por ela, posso ver os olhos da Katniss encheram de lágrimas nesse momento , então um cara do 11 é sorteado , ele é realmente forte , talvez ele proteja a garotinha , por fim Katniss tomando o lugar de Prim e eu caminhando lentamente até o palco, e termina .

Haymitch entra na sala, ainda cambaleando, Effie começa dar sermões nele e quando ele vai responder vomita no chão um líquido pegajoso e cai em cima do mesmo .

Por alguns instantes Katniss e eu nos olhamos sem saber o que fazer, então levantamos Haymitch que está todo sujo. Levamos ele de volta até o quarto, e o colocamos em baixo do chuveiro .

– Pode deixar eu assumo daqui – digo pra Katniss , seria constrangedor pra ela me ajudar a dar banho no Haymitich , e eu também não iria querer ela esfregando o peito de outro cara , mesmo que este esteja bêbado e desacordado.

Um pouco em baixo da água fria faz com que ele desperte e o efeito da bebida passe, então ele se veste. Ele não fala nada, parece estar meio desconcertado, mas eu vejo gratidão em seu rosto, então sorrio e deixo-o sozinho, talvez amanhã ele decida não beber e então poderemos começar a ver nossas estratégias de jogo.

Com esse conforto que os quartos têm dormir é fácil, porém mais uma vez acordo com pesadelos sobre perder Katniss. Eu preciso salvá-la preciso de um plano.









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Notas finais do capítulo

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