Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 6
Perdida


Notas iniciais do capítulo

haai



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Irina bufou sentindo-se extremamente cansada. Nunca havia feito tanto esforço físico. Virou o rosto em todas as direções, esperando que talvez seus olhos encontrassem algum...sinal? Alguém? Na verdade, qualquer coisa bastaria. Quando virou para a direita viu a poucos metros uma pilastra. Estava pela metade, totalmente suja por conta dos vários anos e musgo saindo por entre as rachaduras. Apesar do estado deplorável, parecia que havia tido um passado...glorioso? Irina abanou a cabeça. Não sou muito esperta em coisas de geografia, mas tenho certeza que encontrar uma pilastra no meio de tanto mato, não é muito normal, ela pensou. Com passos cuidadosos entre a grama alta, desviou de buracos onde pudesse haver cobras ou escorpiões ou aranhas. Ela sentiu o corpo tremer só no pensar daqueles bichos. Assim que chegou perto da pilastra, pode ver outra pilastra ao longe e algumas pedras no chão. Novamente, andou até a outra pilastra e pode ver mais claramente o mar e o horizonte.

Seja qual for este lugar, adoraria ter umas férias por aqui, ela pensou enquanto admirava o reflexo idêntico do céu na água. Ficou alguns minutos refletindo. O mar parecia fundo. Muito fundo. Não parecia ter fim. Mas e se fosse somente o reflexo do céu? O mar tem um fim, quando chega na terra que está sob a água, mas e o céu? Ninguém consegue ver uma parede por trás das nuvens e do seu azul. Ela levantou os olhos. Abanou a cabeça. Eu e meus pensamentos sem sentido. Sentiu um calor na nuca, pegou os cabelos e os jogou para o ombro esquerdo e virou-se para tentar se localizar. O que obviamente, conseguirei sem sucesso, nada como estar perdida!, ela pensou derrotada. Andou sem rumo por alguns minutos, a maior parte do tempo subindo. Suas únicas companhias eram as árvores se agitando ora ou outra por conta de uma brisa, leves ruídos de insetos por todo o canto e o incrível céu amplo sem nuvens. Depois que percebeu que os minutos haviam se transformado em horas, parou de andar e tornou a ver o lugar. Agora, o chão aos seus pés tinha pedras, com outras rachaduras, mas desta vez era a grama que estava nelas. Sua mente deu um estalo. É claro! Este lugar só pode ser ruínas!, ela pensou agora um pouco mais localizada do que antes. Sentiu a barriga roncar alto o suficiente para espantar dois pássaros ao seu lado. Bufou.

–-Nem foi tão alto assim.- ela murmurou enquanto colocava as duas mãos na barriga.

Tombou a cabeça para trás com os olhos fechados e quando os abriu novamente, viu uma bela maçã vermelha e suculenta a chamando. Desceu os olhos pelo galho e encontrou o tronco. Assim que chegou perto, colocou uma mão em um galho e um pé no tronco. Forçou seu braço a levantar mais seu peso e assim que o outro pé saiu do chão, o colocou no tronco junto com o outro. Colocou o pequeno pedaço de casca de árvore na boca e continuou subindo. Ás vezes prendia o pé na barra do vestido, mas logo se soltava e continuava. Até que conseguiu chegar perto do galho, mas a maçã estava na ponta do mesmo. Debruçou-se sobre o galho e enroscou seus braços e pernas no galho. Rastejando como uma lagarta em um caule de flor, apertou mais os dentes contra a casca por conta do medo de cair. Seria uma queda feia. O galho desceu um pouco e ela deixou escapar um grito abafado por conta do susto. Com alguns fios na frente do rosto, estendeu a mão para pegar a maçã, mas algo a sua direita chamou sua atenção.

Deixou o braço ainda estendido mas sua cabeça estava olhando para quatro pessoas. Dois meninos e duas meninas. Estavam de costas para ela sobre um piso quase intacto, mas sujo e velho como as pilastras. Três com cabelos escuros e um com o cabelo claro. Estavam posicionados lado a lado, exceto pela menina menor que se movia andando ao lado de cada um e apontando ao longe. Tinham as posturas retas. Não havia vento naquele momento. Estavam a talvez cinco metros de distância. Olhou para o que a menina apontava e só viu as pilastras caídas pela metade. Quando a menina se posicionou ao lado da menina mais alta, achou que sua mente estivesse lhe pregando peças ou alucinações, mas teve a clara sensação de que aquele lugar...já fora um lugar importante. Grande. Majestoso. Maravilhoso. Por um momento esqueceu-se da maçã e sentou-se no galho olhando mais um pouco para os meninos e as meninas. Mas este foi seu erro.

Assim que endireitou as costas, o galho estalou um barulho e desceu mais. Irina sentiu o grito escapar da garganta, mas não fora mais alto porque tinha os dentes cravados na casca de árvore. O galho caiu mais ainda, ficando pendurado enquanto a menina caia de encontro ao chão de costas. Sentiu o corpo reclamar mais uma vez. Não se levantou. Inspirava e expirava com a boca aberta e tinha os olhos fechados, mas logo tomou controle da respiração antes que causasse dores na barriga. Ficou deitada mais alguns segundos esperando a dor das pernas, das costas e do pescoço irem embora. Ouviu mais um estalo. Abriu os olhos e viu o galho caindo. Não teve tempo para se mover, mas por sorte, o galho caiu ao seu lado. Ela percebeu que tinha trancado a respiração. Sentou-se e soltou o ar. Pegou a maçã que estava ao seu lado intacta sobre a grama e a fitou por alguns instantes.

–-Só não te jogo longe, porque ainda estou com fome.

Mordeu a maçã com vontade, pegou a casca de árvore que estava do outro lado e levantou-se batendo atrás no vestido para tirar a grama que havia ficado grudada. Percebeu que tinha algumas manchas de terra e algumas linhas fora do lugar. Deu de ombros.

–-Não era meu vestido preferido mesmo.- disse ela mordendo mais uma vez a maçã, sabendo que tinha ficado três meses procurando os tecidos, agulhas, linhas e babadinhos raros para fazê-lo.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado (;



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