Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 31
"Já é tempo"


Notas iniciais do capítulo

haaaai (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/312699/chapter/31

>

–-Como está?- ele perguntou, franzindo o cenho e demonstrando verdadeira preocupação em seus olhos.

–-Bem... Pelo menos, viva.- ela respondeu e sorriu fraco.- Obrigada.- respondeu e limpou a face encharcada.

Após isso, ela baixou as mãos para o colo e as fitou intensamente. Não tinha coragem de encará-lo. Como poderia? Depois de todos os erros e atos desprezíveis que ela havia feito, como poderia encarar algo tão puro e tão bom? Sentia o sangue ferver baixo as bochechas e sabia que estava enrusbecendo.

–-Olhe para mim, Filha de Eva.- ele ordenou e ela engoliu em seco. Com os lábios apertados, levantou o olhar.- Tu me temes?

E quando ela olhou fixamente nos olhos amarelados, na serenidade que preenchia cada canto daquela face, na grandeza e poder que emanava daquele ser e na segurança e conforto que sua presença transmitia, ela respondeu, com toda a sinceridade que tinha quando criança.

–-Não.- sussurrou. Ele arregalou os olhos, mas parecia sorrir, ao mesmo tempo.

–-Por que não?

–-Por que eu o temeria?

–-Alguns gostam de dizer que sou um leão não domesticado.- e abriu um sorriso que exibia todos os dentes afiados, mas ela não se assustou. Não conseguia ver maldade alguma.

–-O senhor é bom. Qualquer um pode sentir. Não tem porquê temê-lo.- ela respondeu lentamente e sem pensar. As palavras apenas fluíam para fora da boca.

–-Toque-me.- ele pediu.

Ela engoliu em seco e olhou para as mãos pequenas que possuía. Machucadas, cortadas, sujas de sangue, poeira e lágrimas. Envergonhou-se de si e mais ainda, ao lembrar-se do estado das roupas e do cabelo.

–-Eu não posso...- ela disse, sem olhá-lo.

–-Por que, criança?- ela controlou os soluços que queriam escapar da garganta.

–-Não posso tocá-lo. Minhas mãos estão imundas. Imundas de sangue, de sujeira, do mundo. Não posso sujá-lo com tamanhas desgraças que estão impregnadas na minha pele.- ela respondeu e deixou uma lágrima escorrer.

–-Ah, criança, acha que não conheço o mundo?- ela o fitou e percebeu que, mesmo sorrindo, seus olhos transpareciam uma tristeza tão grande quanto a dela.

–-Como pode? Veja o senhor! Como o senhor pode conhecer o mundo e continuar tão bem?- ela parecia desesperada pela resposta.

–-Eu conheço a maldade do mundo, Irina. Conheço o lado negro e conheço as pessoas. Estas já me deixaram várias cicatrizes.

–-Como conseguiste continuar tão limpo?- ele sorriu de lado.

–-Ah, criança, acreditei.

–-Em quê?

–-Em dias melhores.- e após tais palavras, ele levantou sua enorme pata e pegou o braço da loira. Ela percebeu que as dele estavam tão sujas quanto as dela.- Toque-me.- ele pediu.

E quando ele a soltou e fechou os olhos, ela estendeu a mão e o tocou. Sorriu largamente quando sentiu a face macia e peluda do leão sobre sua mão. Uma sensação de felicidade formigou das pontas dos dedos e formigou por todo o corpo. Ele ronronou como se fosse um gatinho grande carente por carinho. Uma coisa Helena não havia mentido para ela: Aslam era um enigma. Daqueles que você quebra a cabeça por horas, mas jamais vai entender como um leão com toda a postura de rei e selvagem, pode trazer tanta paz para um corpo perturbado.

–-Como o senhor conseguiu acreditar?

–-Tu não?- ele perguntou e parecia ansioso pela resposta desta.

Ela recolheu a mão e endureceu a expressão. O sorriso desapareceu.

–-Acreditei por muito tempo e não valeu à pena. Não pretendo me rebaixar a isso novamente.

–-Fracos não são aqueles que acreditam, criança. Mas sim os que deixam as ranzinzas da vida preencher suas almas.- ela suspirou

–-Estou perdida.- ela confessou. Ele sorriu.

–-Eu sei. Mas me diga, por que tu acha isso?

–-Desde pequena achava que estava perdida. Desde que Helena sumiu. A única coisa que eu pensava antes de ir dormir, que poderia me resgatar do que eu achava que era uma prisão era isto. Nárnia. Era meu sonho. Um sonho cheio de felicidade, de coisas boas e paz. Mas cá estou e veja meu estado!- ela confessou com olhos marejados.- Já nem sei mais o que é sonho...

–-Sonho você não o encontra, minha criança. Você o cria e persiste. Até se tornar real ao seus olhos, porque em sua alma ele já está vivo.

–-Meu sonho me destruiu...

–-Não. Um sonho não pode destruir algo. É tão puro quanto um unicórnio. Tu mesma se destruiu. Tu deixou que a amargura e o rancor te dominassem. Foi isso que aconteceu.- ele disse com a expressão severa. Ela abaixou a cabeça, envergonhada.

–-Perdão....- ela pediu em soluços.- Eu nunca quis... Perdão, Aslam...

–-Tu se arrepende?- ele perguntou, franco.

–-Sim.- ela respondeu após fitar os olhos amarelados. Ele sorriu, parecendo orgulhoso.

–-Muito bem. Já é tempo, querida.- ele disse e se pôs de pé nas quatro patas.- Te levanta. Já é tempo.

–-De que, senhor?- ela perguntou se pondo em pé torpemente.

–-De ir à luta pelo teu sonho.
>

Destro era veloz e eficaz, porém, não sentia afeição alguma por aquelas que iam em cima do seu lombo. Portanto, pouco se importava se estas fossem cair e ficariam para trás. Lúcia segurava-se com toda força na cintura da irmã, controlando a tontura que sentia com a velocidade excessiva. Susana concentrava-se em não perder as rédeas e tal distração, fez com que se esquecesse de um detalhe importante: se estavam sendo seguidas ou não.

Lúcia viu pelo canto do olho vultos se moverem tão rápidos quanto elas e ao virar o rosto, confirmou seus temores. Quatro telmarinos as perseguiam montados em cavalos da mesma raça que Destro e brandiam armas afiadas.

–-Eles nos viram!- avisou a ruiva e a morena deu mais um impulso no cavalo.

Ao se afastarem o suficiente, Susana parou o passo do cavalo bruscamente e desceu do mesmo com o som abafado dos pés contra o chão macio e coberto de folhas secas.

–-Pegue as rédeas.- ela ordenou.

–-O que vai fazer?- perguntou a pequena, com um leve brilho trêmulo e assustado no olhar.

–-Desculpa, Lúcia. Mas você vai sozinha, no final das contas.- a morena declarou e bateu no lombo do cavalo, como um último impulso.

Virou-se e carregou o arco com uma das flechas. Engoliu em seco. Já havia feito tal ato várias vezes, mas por algum motivo, sentia o nervosismo a fazer-lhe cócegas em sua pele. Antes de dobrar uma árvore à direita, a pequena lançou um último olhar a irmã, como súplica para ela acompanhá-la. Não tinha medo de ir sozinha. Tinha medo de deixar a irmã a mercê de tais inimigos. Este, apenas esperou eles virem e a pequena, continuou seu caminho.

Logo, apareceu o primeiro telmarino. A rainha levantou o arco e com uma mira precisa, lançou a flecha que zuniu no ar e atingiu o peito do homem. A seguir, foi um acontecimento impressionante. A morena conseguiu derrubar cinco homens armados e montados em cavalos fortes com apenas um flecha para cada um. A forma que esta se recuperava após o lançamento de uma e já havia colocado outra flecha no arco desafiava o tempo. Porém, um dos telmarinos precipitou-se mais que os outros e desferiu a espada em direção a morena. Esta conseguiu esquivar-se, mas o inimigo continuou o caminho atrás da ruiva.

O último dos telmarinos ali, levou o cavalo de encontro à morena e esta caiu no chão, desprotegida sem o arco. O homem alçou a espada e antes que pudesse terminar o serviço, outro telmarino brotou, mas este não tinha más intenções. Caspian defendeu a morena, desviando da arma do inimigo e logo deslizando a sua pelo peito deste. O homem caiu e o cavalo fugiu.

–-Tem certeza de que não precisa da trompa?- ele perguntou, com uma mão estendida para ela.

Ela sorriu e subiu no lombo do cavalo, com o coração dando palpitadas de felicidade em poder ver mais uma vez tais olhos negros.
>

Já estavam há mais de meia hora com as espadas em punho, erguendo-as e tentando acertar algum ponto fraco do adversário, levantando os escudos para proteger-se, com o suor escorrendo por baixo das armaduras e os músculos a latejar, clamando por paz. O telmarino tentou atacar por cima, mas o loiro esquivou-se e deslizou a lâmina pela barriga do outro.

O centauro e o moreno trocaram um olhar cúmplice, os dois perguntando-se se o telmarino ia aguentar por mais tempo: demonstrava um cansaço excessivo. Porém, em certo momento, este conseguiu empurrar o escudo contra a cabeça do loiro que perdeu o capacete. Atacou na horizontal, na altura do rosto, mas o loiro conseguiu desviar novamente e desferiu um corte na perna do inimigo. Este, arregalou os olhos e prendeu o grito de dor na garganta. O loiro avançou e o telmarino atacou com a espada por baixo, na direção das pernas. Entretanto, o loiro foi esperto e jogou-se contra o chão e deixando as pernas fora do alcance da lâmina.

O telmarino atacou e o loiro defendeu, o ataque aconteceu ao contrário, mas o loiro perdeu a força nos joelhos e o outro aproveitou a situação para chutar-lhe. Logo, este, covardamente, pisou no escudo que ainda estava preso no braço do loiro, causando dor e um deslocamento torturante. O loiro atacou-o com a espada e este defendeu, mas cambaleou para trás, dando chance para o outro esquivar-se para um lado. O rei narniano continuou a rolar e rolar, até que o adversário caiu por cima deste e os dois, voltaram a se pôr de pé. Mas antes que o duelo continuasse, um certo movimento para o lado da floresta chamou sua atenção. Montado sobre um cavalo marrom, vinha se aproximando sua irmã e o telmarino banido. Seu coração chegou até a garganta: onde estava a pequena?

–-Vossa alteza precisa de um repouso?- provocou Miraz.

–-Cinco minutos.- pediu o loiro.

–-Três!- corrigiu e cada um foi para seu lado, em passos mancos.

–-Onde está a Lúcia?

–-Ela passou. Com um pouco de ajuda.- e olhou para o moreno.

–-Obrigada.- disse o loiro, sincero.

–-Você estava ocupado.

–-Imagino que não vá deixá-lo chegar tão perto da próxima vez!- disse o telmarino, xingando o capitão, que no momento em que o rei teve a perna ferida, não fez o que ele havia mandado.

Este jogou o capacete para longe e sentou-se, exausto.

–-Fiquem de guarda.- ordenou o loiro.- Por precaução. Não acho que os telmarinos vão cumprir com a palavra.

A morena aproximou-se do irmão e abraçou-lhe de forma repentina, de forma que fez com que os músculos do loiro latejassem outra vez. Ele deixou um gemido de dor escapar.

–-Desculpa.- ela disse.

–-Tudo bem...

–-Cuidado.- ela pediu. Ela tinha essa mania. Ser rude e aparentar frieza, mas seu maior medo, era perder sua família.

–-Sorria..- murmurou Edmundo, vendo a expectativa dos narnianos.

A rainha correu para a coisa, em direção ao posto dos arqueiros e o Grande Rei sorriu para todos, alçando a espada. Seu povo clamou em festa, com a aparente força e esperança do rei. O loiro sentou-se e quando o príncipe tirou o escudo, este deixou um gemido mais audível escapar. A face de exaustão e dor era angustiante para qualquer um que o visse.

–-Acho que desloquei...- ele disse e o irmão veio em auxílio.

Versado em primeiros socorros, o moreno pegou o braço com uma mão e a outra pôs sobre o ombro. Procurava o local atingido, até que Pedro o interrompesse.

–-O que será que acontece em casa? Se morrermos aqui?- ele olhou para o moreno.- Você sempre esteve ao meu lado e eu nunca achei que...- parou de falar quando o irmão deu-lhe um aperto no ombro.

Os ossos estalaram, mas pareciam de volta no lugar.

–-Deixa pra depois.- ele disse e saiu, deixando o irmão absorver o choque repentino de dor e alívio.

O moreno ficava incomodado toda vez que o assunto era sentimentos. Não sabia lidar tão bem com as palavras nesses momentos como a irmã mais nova. Ainda mais quando tais momentos vinham do irmão. Antigamente, era até normal, mas depois que haviam voltado para Nárnia ele havia se fechado totalmente. Vê-lo indefeso e sensível outra vez era algo um pouco nostálgico e assustador. No fundo, não queria que aquelas fossem as últimas palavras do loiro.

>


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado. de verdade.
peço desculpas pelo cap. tosco
bye (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Finding a Dream" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.