Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 28
Fim da Batalha


Notas iniciais do capítulo

haaaai (:



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Do seu quarto, em perfeita segurança, o rei observava a batalha com um sorriso convencido e o orgulho inflando seus pulmões. Cumpria de forma esplêndida seu papel: covarde o suficiente para preferir ver, do que lutar pelo seu castelo. Pedro viu a expressão no rosto do inimigo, a qual só fez sua raiva crescer mais ainda em suas veias. Aos poucos, derrubando telmarino à telmarino que se atrevia a enfrentá-lo, chegava mais perto de onde o homem se encontrava. Seu desejo era deslizar a lâmina em sua garganta. Com um aceno da cabeça, chamou um narniano para auxiliá-lo. Os dois subiam as escadas e desviavam dos inimigos de forma rápida e eficaz, deixando para trás todos eles gravemente feridos com um corte no estômago, peito ou garganta.

Irina poderia ser lenta e atrapalhada ao andar, mas ali, no meio dos inimigos em um campo de batalha, não se poderia dizer que era a mesma pessoa. Manejava as adagas com maestria, desviava das lâminas do inimigo tão rápida quanto um guepardo e, por fim, sentia-se útil. Matou três telmarinos em trinta e cinco segundos. Para alguns que detestavam uma batalha na qual precisavam ter equilíbrio para não cair, para ela era mais como um palco de dança. Seus pés a conduziam de forma espontânea e seu corpo lembrava o de um cisne ao nadar elegante e suave em um lago. Após ter desferido uma das adagas no coração de um telmarino, seus olhos rodaram o local e ela encontrou o urso em ataque. Era lento nos passos e isso era um favor aos telmarinos, que tentavam subir por suas costas e cortar-lhe a garganta. Porém, suas patas eram pesadas e mesmo que tardasse em atacar, fazia estragos tenebrosos na pele dos inimigos. Enquanto terminava de arrancar as tripas de um, outro subia por suas costas e, muito esperto, tapou os olhos do urso, o qual assustou-se com a repentina escuridão. Ela atirou uma das adagas menores no preciso momento em que o urso virou de costas e o homem estava a mercê. Este soltou um grito de dor, antes de cair no chão e ter a cara pisoteada pelo urso. Ela correu para perto e tomou a adaga de volta.

–-Como está?

–-Obrigada, senhorita.- ele parecia radiante.

Ela assentiu e visou o local. Seus olhos brilharam e sua boca estarreceu-se em uma expressão de horror ao ver um dos narnianos caindo ao chão de uma sacada com mais de três metros de altura.

–-Senhorita?

Pedro engoliu em seco ao ver o narniano que foi de bom grado ajudá-lo, morto. Defendeu-se de um telmarino e logo, seus olhos correram por aquele espetáculo de sangue e gritos. Estavam perdendo.

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Edmundo fechou a porta e a trancou com a lanterna. Afastou-se lentamente e quando fez a volta, sua garganta secou. Aproximou-se da beirada do muro e seu coração gelou ao ver o precipício. Estava no alto de uma torre. Sem saída alguma.

Do outro lado do castelo, a porta se abriu e mesmo que não demonstrasse, o anão entrou em desespero. Estava só contra dois telmarinos. Atingiu um graças ao seu arco e flecha, mas antes que pudesse preparar a outra, o segundo telmarino aproximou-se e com uma batida do escudo, derrubou o anão pela janela. Este caiu sobre o pescoço, no pátio onde ainda ocorria a batalha. Um minotauro ao lado, percebeu o movimento e ao levantar os olhos, viu que os guardas tentavam cortar as correntes que seguravam o portão. Quando o peso espatifou-se no chão e o portão descia, o narniano correu e com toda a fibra que ainda lhe restava, segurou o portão com os ombros e as mãos encardidas de poeira e sangue. Berrava de dor.

A rainha observava tais acontecimentos estática e assustada. Nunca havia gostado de guerras. E esta, era uma das piores que presenciava. O rei apertou os lábios e sem outra alternativa, gritou sua última ordem daquela noite.

–-Recuar!

–-Para onde vai senhorita?!- a voz do urso soou por cima dos gritos, vendo que a loira corria para o lado oposto do suposto.

–-Dar um fim a este inferno!- gritou e sumiu por uma escadaria.

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O corredor estava silencioso. Andava em posição de ataque e com a respiração ruidosa. A ferida no braço sangrava, mas ela não sentia mais dor. A porta estava aerta e com um leve espiar, viu três guardas e seu alvo. Voltou a se escorar na parede e respirou fundo. “Que isto valha a pena”, pensou com nojo de si.

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Enquanto o rei gritava para todos os narnianos fugirem por suas vidas e buscava o princípe, um assobio leve soou no quarto, mas somente um guarda virou-se para certificar-se do que era. Sorriu malicioso. Chamou a atenção do colega com um aceno da cabeça. De um lado da porta, brotava uma perna desnuda da coxa até o tornozelo. Os guardas sorriram travessos e maliciosos. O guarda que viu primeiro começou a andar em direção à carne fresca. Seus superiores não notaram o movimento. Quando os passos estavam a cerca de alguns metros da porta, a perna se recolheu e o que o companheiro do primeiro guarda viu, foi o colega sair do recinto, arregalar os olhos e uma adaga ser cravada em seu coração. Engoliu em seco. O guarda caiu de joelhos e foi levado para fora da vista.

O segundo guarda correu para o corredor e viu o rastro de sangue levar até o colega, que estava jogado de bruços perto de uma esquina. Aproximou-se às pressas e quando ajoelhou-se, de costas para o corredor, a última coisa que viu do mundo foram os olhos do amigo voltados para cima e a pele pálida. Não teve tempo para descrever como foi a dor de uma âmina atravessar a garganta. Irina voltou lentamente para o umbral da porta e colocada na parede, foi fazendo a volta pelo quarto até chegar à sacada. Acocorou-se e prendeu a respiração. O redemoinho de pernas e patas correndo para fora era confuso e angustiante. Ainda agachada, aproximou-se do último guarda que lhe restava e cravou uma das adagas na virilha deste. O homem gemeu e caiu no chão. Ela levantou-se, deixando a arma na perna do homem e sorriu divertida com o pavor estampado no rosto do rei. Girou a outra adaga nos dedos e encostou a lâmina suavemente na garganta dele.

–-Vamos dar um fim nisso.- sussurrou.

Mas nunca conseguiu cravar a arma na traqueia do homem. Era estranho a sensação de ter a própria arma dentro de si. Abaixou os olhos arregalados de dor e surpresa, com os lábios apertados e a respiração presa, observou transtornada o cabo da adaga na barriga, exatamente onde estava o antigo ferimento. Com o rabo do olho, pôde ver o outro homem ao seus pés, ofegando com o rosto banhado em suor e a calça ensanguentada.

–-Tem razão.- ouviu o rei dizer e voltou o olhar para ele. Agora, sorria vencedor.- Vamos dar um fim nisso.- ela não conseguiu pensar. Só pensava naquela lâmina cinzenta instalada em seus órgãoes e banhando-se do seu líquido viscoso e vermelho.

–-Maldito.- murmurou, antes de sentir o homem esbofeteá-la e bater o rosto na murada.

Sua cabeça pareceu rodar e sentiu duas mãos empurrar suas costas. Não gritou. O tempo da caída pareceu infinito. Pelos seus ouvidos se passavam gritos como se fossem sussurros e o céu nunca lhe pareceu tão lindo e tentador como aquele momento. “Mas, pensando bem, meu destino será o inferno”, pensou com um sorriso amargo. Não se lembra de ter visto os narnianos gritando por socorro, ou o rei e o príncipe fugindo montados em seus cavelos, ou o minotauro logo ser esmagado baixo o portão. Nem mesmo de um único narniano correndo em direção contrário dos outros, jogando-se no chão e servindo como apoio para a senhorita. Havia desmaiado antes disso.

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O grifo voava o mais rápido que podia para longe do alcance do território inimigo. Por sorte, quando os telmarinos conseguiram derrubar a porta e deixar o moreno sem saída, o grifo já o esperava ali embaixo da torre. O vento batia em seu rosto pálido e bagunçava seus fios negros. Ao passarem por cima do pátio, o tempo pareceu parar de correr e sim, rastejar-se pela madrugada. Os olhos castanhos apavoraram-se com a quantidade infinita de narnianos e telmarinos mortos. Alguns guardas já faziam o trabalho de arrastar os corpos para longe. Mas, viu também, que havia um narniano vivo. Um urso. Sentado e chorando. Estava agarrado em alguma coisa. Forçando a vista, pôde ver que era um outro ser. Pequeno demais para ser um narniano e grande demais para ser uma criança. Usava um vestido laranja e tinha os cabelos loiros encardidos. O nó presente na garganta apertou-se e, por impulso, puxou o pescoço do grifo e o mandou em direção ao pátio.

–-Majestade!- o grifo debateu-se e fez várias voltas incoerentes no ar.

–-Temos que ir lá! Ainda há sobreviventes!

–-Não posso carregar um urso, majestade! Não tenho tal força!

O rei, antes de voltar para sua cama, viu o grifo e o moreno. Pegou a besta do guarda ao lado e mirou em direção ao animal. Lançou cinco flechas que foram desviadas com rapidez.

–-Majestade, por favor! Temos que ir! Seu irmão nos espera!

O moreno afroxou o aperto dos dedos no animal e assentiu. Antes do pátio sumir da vista, ainda tinha o rosto tranquilo, pálido e machucado dela vivo em sua mente. O rei, apesar de covarde, não era tão estúpido assim. Percebeu o olhar e o desespero do moreno ao ver a loira que se encontrava nos braços peludos e grossos do urso que chorava alto e de forma angustiante.

–-Quero que deem um jeito em todos os sobreviventes. Joguem os corpos em qualquer vala ou os queimem. Exceto a loira. Ela nos pode ser útil.- disse para o capitão e foi se recolher.

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Lúcia observava o frasco que possuía o elixir da vida. A imagem que estava gravada nele lhe trazia calma e lembranças do passado. De repente, percebeu o quanto Nárnia havia mudado. E aquilo a machucava imensamente. Ouviu o som de uma corneta. Guardou o frasco e correu para fora da coisa. Chegando na saída, seu coração gelou e seus ombros caíram. A quantidade que voltava agora, era bem inferior àquela que havia saído. Ela percebeu rapidamente que havia um senhor de barba longa e branca, como a do Papai Noel, que não estava no grupo antes de sair. Seu irmão tinha a face dura e amarga, mas por trás desta, ela podia ver tristeza e desespero em seus olhos.

–-O que aconteceu?- ela perguntou.

–-Pergunte a ele.- ele respondeu e fez menção ao princípe.

–-Pedro.- repreendeu a irmã mais velha.

–-A mim?- ele parecia confuso.- Você podia ter cancelado, ainda dava tempo!

–-Não dava mais tempo graças a você. Se tivesse seguido o plano, os soldados estariam vivos agora.

–-E se tivesse ficado aqui, como eu sugeri, com certeza estariam!

–-Você nos chamou, não lembra?!

–-Meu primeiro erro.- ele admitiu em voz baixa.

–-Não. Seu erro foi achar que podia ser líder.

–-Ei!- a raiva crescia em suas veias saltadas.- Acho que não fui eu que abandonei Nárnia.- ele atacou a ferida do loiro, mas este não se abateu.

–-Você invadiu Nárnia. Não tem mais direito de liderar que Miraz!- o princípe o empurrou e andava em direção à coisa, até que o loiro atacou a sua ferida.- Ele, você e seu pai! Nárnia está melhor sem gente da sua laia!

O princípe deixou um berro escapar e tirou a espada da cintura, onde a deixou com a ponta no pescoço do loiro e a espada deste, também. Antes que o duelo se proseguisse, outro grito os interrompeu.

–-Parem!- era o irmão mais novo.

Nos braços do centauro, o anão estava desacordado e pálido, mesmo com alguns filetes de sangue seco. O rei mais novo ajudou-o a colocá-lo no chão. A pequena se aproximou às pressas e tirou o frasco da cintura. Ela e a irmã mais velha se ajoelharam ao lado do pequeno corpo que estava estirado e deixou algumas gotas pingarem em seus lábios. O princípe guardou a espada e continuou o caminho para a coisa. O outro anão, Nikabrik, o seguiu com um sorriso maldoso desenhado na face. A centaura chorava em silêncio, com a perda do marido. O centauro chefe, fez uma saudação com o braço sobre o peito, mas aquilo, não a consolou totalmente. O anão abriu os olhos em susto e a cor voltou aos poucos.

–-Por que estão todos parados aqui? Os telmarinos logo vão chegar.- disse de mal humor e a pequena sorriu, vendo que ele estava bem. Antes de sair, ele deixou escapar.- Obrigado. Minha Cara Amiga.

Ela sorriu divertida e seguiu os irmãos. Os narnianos logo se dispersaram e o loiro tentou ocupar sua mente com algo que não fosse tão incomôdo quanto a ideia de estar sendo um fardo para sua terra amada.

–-Quantos soldados nós perdemos, Ed?- ele perguntou baixinho para o irmão que estivera calado desde então.- Ed? O que houve?

–-Nada.- ele grunhiu.

–-Me diga.- ele exigiu

Ele levantou os olhos e quando o loiro viu sua expressão, assustou-se. Era uma mistura tão confusa que não se sabia dizer o que ele sentia. Dizem que os olhos são as janelas da alma. Naquele momento, as janelas do moreno estavam trancadas.

–-Preciso dizer? Olhe o que você fez, Pedro! Tudo por conta do seu egoísmo e orgulho! Perdemos narnianos, nosso povo e você quer que eu fique bem?!- as palavras saíam como as balas de uma metralhadora.- Você pode estar mal, mas não é só você. Perdemos mais da metade do que era nossa esperança e eu perdi o que me trazia paz e felicidade! Como quer que eu fique?!

–-De quem você...

–-Irina! A garota que não conseguia matar uma mosca, mas que conseguiu matar tantos telmarinos quanto eu e você!

–-Ela...- ele estava estático. Havia visto o comportamento da loira e não podia negar que se surpreendeu, mas podia jurar que ela iria voltar.

–-Está morta.- havia tristeza e raiva no olhar acastanhado do moreno.- Somente porque você não foi feliz, Pedro, não significava que eu tinha que seguir seu caminho também.- dito isso, ele saiu para a coisa, seguido da irmã mais nova.

–-Mas por que ele vai se importar tanto com aquela garota?- ele praguejou, tentando fingir indiferença, apesar de se sentir cada vez pior, a cada segundo que passava. Susana o mirou séria.

–-Ele está igual àquela vez que Helena sofreu aquele acidente em Cair Paravel, se recorda?- ele empalideceu. A lembrança doía.- Foi a partir daquele dia que você se afastou, não é? Por quê?

–-Eu...- ele abaixou a cabeça e a guarda.- Não sei... Não conseguia mais vê-la como minha mulher...

–-Ela estava fraca e doente, Pedro. O que esperava?!- ela estava atônita com as palavras do irmão.- Nessas horas que me pergunto: quem é mais covarde? Você ou Miraz?

Ele arregalou os olhos e ela seguiu os narnianos para a coisa. Ele mirou os olhos para o céu. Suspirou. De fato, a cada segundo, pior se sentia.

Me perdoe... Onde quer que esteja...

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Notas finais do capítulo

Irônico que o início da batalha deu-se em três capítulos e a batalha só um. Enfim, veremos se alguém lê (: Tenha um bom dia. Ou boa tarde. Ou boa noite.
bye (:



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