Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 18
"O quê mais ela me escondeu?!"


Notas iniciais do capítulo

haaai



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–-Irina?! Irina! Acorde!- alguém sussurrava junto ao vento, mas por seus ouvidos só se passavam rosnados cruéis.- Por favor! Acorde!- ela via um ponto brilhante em meio as pálpebras entreabertas, mas uma sombra atrapalhava a luz.- Irina!- algo rasgava sua pele e ela viu dentes amarelos entrando em si.- IRINA!- então, ela despertou.

Ela se sentou tão rápido quanto havia acordado. Ofegava. De sua boca, saia fumaças contorcidas que logo eram levadas para o bosque e passeavam entre as árvores acariciando as folhas dos galhos secos junto ao vento. Ao seu lado, Lúcia a olhava pasma e com a pele tão clara quanto a cera.

–-O... que houve? Lúcia?- perguntou Irina e percebeu que seu corpo tremia.

–-Você estava se contorcendo muito. E murmurava “socorro” e “pare” repetidamente.- disse a pequena com a voz rouca.

–-Ah...- a loira levou uma mão a testa e sentiu a pele molhada e gelada.- Estou bem...

–--Tem certeza?

–-Não sei...- confessou e passou as duas mãos para a nuca encharcada de suor.- Faz tanto tempo que não tinha mais esses pesadelos...- ela murmurou relembrando noites em claro recheadas de lágrimas e gritos sem fim.

–-É com o urso?- perguntou a pequena ao lado, olhando de canto para a loira.

Ela assentiu. Lúcia sentou-se ao lado de Irina e apoiou os braços nas pernas cruzadas enquanto Irina ainda estava de cabeça baixa e apoiada nos joelhos. Passaram-se minutos tão longos e incomôdos quanto aqueles que esperamos uma visita tão esperada.

–-É verdade... que você estudava?- Lúcia tentou começar uma conversa.

–-Sim.

–-Mas achei que não era permitido...

–-E não é.

–-Como então?

–-Um padre fugiu de Londres. Foi ex comungado da igreja por acreditar em um universo infinito. Decidiu espalhar seus conhecimentos para os pequenos, mas era perseguido e declararam que tinha que morrer. Acabou que fugiu para a cidadezinha onde moro. É um bom homem.

–-Ah... claro... - um lobo estava sozinho no campo a frente da coisa. Uivava intensamente para a lua.- Como está?- a pequena perguntou brincando com as suas próprias mãos.

–-Bem...

–-Realmente bem?- ela insistiu.

–-Se parece saber como estou, por que insiste em perguntar?!- a loira disse rudemente e levantando o rosto, mas sem encarar a pequena.

–-Desculpa.- ela disse encolhendo os ombros e observando os olhos inchados.- É que... queria ouvir de sua própria boca.

A loira suspirou.

–-Eu não sei Lúcia.. eu não sei. É complicado explicar... parece que tudo foi uma mentira. Mas do quê estou falando? Óbvio que foi uma mentira!- ela disse forçando uma risada curta e irônica. Lúcia lembrou-se de alguém que ria daquele jeito.- Eu acreditei nelas... em tudo o que diziam...

–-Elas nunca foram falsas com você...- murmurou Lúcia.

–-Como você pode saber? Por acaso esteve lá? Você viu quem elas realmente eram? Você conviveu com elas? Você sempre desconfiava de que elas.. escondiam alguma coisa de você? Porque pegava elas no meio da madrugada cochichando? Você sempre foi ignorada pela sua mãe nos trabalhos de escola enquanto que sua irmã era a preferida?

–-Não, mas acho que você está se precipitando... Não devia ouvir Pedro. Ele estava muito nervoso...

–-CHEGA LÚCIA! CHEGA!- gritou Irina e Lúcia pulou para trás.- Chega... de defender Helena... chega! Por favor!- ela apertava as mãos em cada lado da cabeça.- Você não entende e nunca entenderá! Você nunca terá a noção do quanto eu acreditava naquelas duas! Tudo.. só fazia sentido para mim.. junto a elas. Elas que norteavam minha vida! Eu não tinha muitos amigos.. raramente saia e sempre me desentendia com os colegas. Mesmo que ás vezes eu via... percebia que Fernanda preferia Helena... sempre estavam lá para mim. Helena... era minha amiga de verdade... mas... por que ela não me contou? Por que não me contou que estava casada? O quê mais ela me escondeu?!

Não houve resposta para sua pergunta. Ainda ofegando e sentindo seus olhos a ponto de se fecharem pelo excesso de lágrimas usadas naquele dia, virou-se para a pequena que tinha a cabeça abaixada e e as mãos juntas.

–-Lúcia?- ela chamou com uma dor na garganta. A pequena a olhou com receio e o nervosismo corroendo em seu estomago.- O que mais ela me escondeu?

–-Helena nunca te escondeu nada...

–-Mas não me disse. Não me disse. O que mais ela não me disse Lúcia?- ela tinha a voz sufocada pela pedra de rancor em sua garganta. Lúcia não conseguiu olhar em seus olhos quando disse.

–-Helena trabalhou para a Feiticeira Branca...

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Notas finais do capítulo

deixo aqui minhas desculpas pelo cap. curto.
P.S.: Reeditando o capítulo por ter cometido um grave erro. Estive tão entretida que esqueci-me de dar os créditos a inspiração que tive para criar a rápida história do padre. Tive a ideia com a história do monge italiano Giordano Bruno, relatada no livro Heresia: Um Suspense Histórico, escrito por Stephanie Merritt. Uma pena que eu ainda não tive oportunidade de lê-lo :(
Desculpem-me pelo erro.
bye (: