Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 15
"Estou aqui..."


Notas iniciais do capítulo

haaai



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–-Irina?

–-Hã? O quê? Ah, oi Lúcia!- disse a loira se virando para a pequena.

–-Está tudo bem?- perguntou a pequena sorrindo.

–-Ah... claro! É só que... é fascinante!- ela respondeu voltando seus olhos ao redor.

Centauros, lobos, faunos, minotauros, onças, anões e incontáveis outros seres que Irina só havia ouvido falar em histórias. Os faunos eram alegres, apesar de alguns parecerem mais sérios. Com certeza, deviam ser os faunos mais velhos e enquanto isso, os mais alegres tocavam músicas de verão. Irina podia ouvir a melodia vinda do fim da fila. Era contagiante. Como se a música roubasse seus pés e os obrigasse a dançar, mas ali não era um bom lugar para danças. Os minotauros, lobos e anões eram mais quietos e chatos. Mas os anões eram bastante mal humorados. Não adiantava dizer uma palavra com educação que eles já faziam cara feia e respondiam rudemente. Não se podia dizer se os minotauros e os lobos eram assim, a cara de bravos ou sombrios que tinham não ajudava as pessoas a se aproximarem deles. Os centauros eram mais educados, mas eram tão quietos quanto os anões, lobos ou minotauros. E havia também incontáveis animais falantes! Ora ou outra, alguma coisa esbarrava nas pernas de Irina e quando ela se virava para pedir desculpas, a voz sumia de sua garganta e era sempre o animal que pedia desculpas por causa do empurrão. Ela simplesmente perdia a fala. Era estranho sentir que um sonho que estava arruinado algumas semanas atrás, se reconstruía com tanta força e rapidez.

–-Você realmente está gostando, verdade?- perguntou a pequena observando os olhos brilhantes da loira.

–-Bom... é impossível o que está acontecendo aqui! E vendo o impossível acontecer assim... diante dos meus olhos... é tão... lindo.- ela disse ainda observando tudo ao redor sorrindo discretamente.

–-É... é muito lindo.- disse Lúcia baixinho, olhando ao redor e mesmo feliz de estar em Nárnia, lembrava-se que aquele lugar, já fora mais belo um dia. Queria que Irina pudesse ter conhecido Nárnia naquele tempo, ela pensou e olhou de canto para a loira que olhava fascinada para tudo.

Quando Irina ia fazer uma pergunta para Lúcia, foi empurrada novamente, mas dessa vez com muito mais de força. O empurrão foi tão forte, que a loira acabou caindo por cima da pequena e as duas foram ao chão. Então, três lobos que estavam atrás, ajudaram a loira se levantar e outros dois anões ajudaram a pequena a se levantar.

–-Obrigada.- cada uma disse.

Os lobos apenas assentiram, os anões fizeram uma careta e eles continuaram a andar.

–-Oh! Me perdoem! Vocês estão bem?- disse uma voz grave, mas com um tom bastante infantil.

Quando se viraram... oh! Mas que bela surpresa! Um urso! Ele estava sentado no meio da trilha e atrapalhava a caminhada. Ele tinha as patas dianteiras juntas e as apertava com força, talvez pela vergonha ou pelo nervosismo do acidente que cometera. Tinha grandes olhos caramelados e dentes e garras pequenas. Os pelos eram de um marrom claro. Irina arregalou ainda mais os olhos e andou dois passos para trás. Lúcia não percebeu, e ao contrário, aproximou-se do urso sorrindo largamente.

–-Está tudo bem seu urso. Foi só um acidente.- disse Lúcia carinhosa e fazendo um carinho atrás da orelha do urso.

–-Oh... ainda bem! Me desculpem! Eu não quis machucar ninguém! Mas eu senti o cheiro de mel...- ele começou a dizer e farejou o ar mais uma vez.- Oh... está mais perto!- ele disse e se levantou com um brusco movimento e quase caindo para a frente.

Com a surpresa do repentino movimento, a loira andou mais passos para trás e acabou tropeçando em um lobo. O animal levantou a cabeça e olhou para a garota com desgosto. Ao contrário dos outros três, este não a ajudou a levantar e continuou seu caminho. Bom, ele tem motivos para me ignorar, ela pensou compreensiva.

–-Oh.. perdoe-me senhorita! A senhorita está bem?- perguntou o urso chegando mais perto da garota jogada ao chão.

A respiração da loira acelerou, seus lábios tremiam e seus olhos pareciam que iam sair do lugar e sair rolando pelo chão.

–-A senhorita está bem?- o urso perguntou assustado por causa da expressão da menina.

–-Eu... eu...

–-Venha! Vou ajudá-la e...- ele disse e se agachou passando uma pata pelo braço esquerdo da loira, mas quando a mesma sentiu as garras do urso tocarem em sua pele, levantou-se e soltou-se do animal e se afastou.

–-Não é necessário! Estou bem! Já pode ir!- ela disse com a voz trêmula.

–-Mas a senhorita...

–-Eu já disse que pode ir! Estou bem sem você!- a loira gritou nervosa e o olhando com raiva.

O urso abaixou o olhar envergonhado e triste. Voltou às patas dianteiras para o chão e continuou a andar com a cabeça baixa. Irina observou o urso se afastar e ao mesmo tempo que se sentia aliviada de estar longe dele, sentia-se culpada pelo modo que o tratou. Todos continuavam com a caminhada, como se não tivessem visto nada. E realmente, alguns não viram, e quem viu, pouco se importou. Estavam cansados demais para pensar em algo além de chegar no seu destino e descansar junto de bebidas e algo para comer. Em compensação, a pequena assistiu tudo assustada e curiosa. Aproximou-se de Irina com cautela e percebeu que a loira não havia sentido a presença dela.

–-Irina?- a loira virou-se em um pulo.

–-Ah... oi Lúcia.- ela disse abaixando a cabeça e com as faces coradas.

–-O que houve?

–-Como assim?- perguntou a loira dando de ombros.

–-Como assim?! Irina, você gritou com o senhor urso! Por que fez aquilo?! Nem parecia você!

Acontece, caro leitor, que Lúcia havia ficado muito brava e magoada com Irina. Está certo que na primeira vez ela estava certa sobre o urso, mas aquele ali sim era um narniano! Era bom! Como ela pode falar daquele modo com o urso?! Ele só queria ajudá-la!

–-Desculpa Lúcia...

–-Não é a mim que você deve desculpas.- ela disse ressentida.- Mas me explique, por favor, porque ficou daquele jeito com o urso. Você parecia muito transtornada...- pediu preocupada.

–-É um pouquinho longa a história.- murmurou ainda de cabeça baixa.

–-Não se preocupe, ainda falta bastante caminho pela frente até chegarmos ao nosso destino.- disse a pequena puxando a loira de volta a trilha.

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Podia-se dizer que era um dia agradável na vila. Mesmo que estivessem na época dos dias mais frios do ano, tendo a temperatura abaixo de zero, o sol estava presente naquele dia. Após uma semana da neve cair sem cessar, havia sobrado somente montes e montes brancos em cada canto das ruas. Enquanto as meninas mais jovens iam até o lago para lavar as roupas da família, uma delas encontrava-se na floresta caçando comida para si, sua mãe e sua irmã. A mãe trabalhava com tudo que podia, mas ainda assim, a menina insistia em ajudar em algo na casa, já que não queria fazer o que a mãe mandava.

Na pequena praça congelada da vila, as crianças brincavam entre a neve. Enquanto os meninos faziam a guerra com bolas de neve, três meninas que tiveram a permissão das mãe de sair para brincar, construíam um boneco de neve. Uma tinha cabelos pretos, a outra tinha cabelos castanhos e a outra tinha cabelos loiros. A grande cabeça do boneco de neve já fora colocada.

–-Pronto!- disse a de cabelos loiros.

–-Está lindo...- disse a de cabelos castanhos olhando sonhadoramente para o boneco.

–-Ele ainda não tem cara!- disse a de cabelos pretos.- Precisamos da cara! Ah céus! A cara! Não é um boneco de neve sem...

–-Cris, acalme-se!- disse a de cabelos loiros.- ‘Tá tudo bem! A Lu tem dois botões para os olhos e o seu irmão- ela disse e apontou para um menino do outro lado jogando bolas de neve.- está com a cartola.

–-E a cenoura? E o cachecol? Precisamos de galhos também!- disse olhando para todos os lados.

As outras duas meninas riram. Debaixo da neve a loira retirou dois galhos compridos e colocou na segunda bola de neve de cada lado. A de cabelos castanhos retirou dois botões e colocou na primeira bola de neve e tirou o seu cachecol e colocou entre as duas primeiras bolas de neve.

–-Agora, só precisamos da cartola e de uma cenoura!- exclamou a menina de cabelos pretos.- Irina, você poderia ir lá atrás do celeiro e pegar uma cenoura, por favor? Vou tentar resgatar a cartola que meu irmão roubou!- disse e saiu para perto do irmão e tentava desviar das bolas de neve.

A loira se dirigiu para trás do celeiro e procurou entre vários baldes alguma cenoura grande e limpa. Quando encontrouno quarto balde uma cenoura perfeitamente limpa e com um laranja forte, percebeu que não havia som. As vozes das crianças desapareceram.

–-Ah... devem ter se escondido para me dar um susto! Mas não vão conseguir!- ela disse e saiu correndo para a frente do celeiro.- Muito bem! Vocês não vão conseguir...- sua voz sumiu por alguns instantes.- assustar.

Perto da fonte congelada que havia no meio da praça, um urso farejava a água congelada. Era grande. Muito grande. Tinha os pelos negros e patas com imensas garras negras. Irina então se lembrou que ouviu sua mãe conversando com sua irmã, dizendo que em outras vilas ursos haviam atacado em busca de comida. Sua respiração perdeu o ritmo, a cenoura escapou de seus dedos imóveis e seu coração estava bombeando muito rápido. O urso desceu as patas dianteiras da fonte e farejou meio a neve. Irina deu passos cautelosos para o lado direito, com os olhos atentos no animal, mas no terceiro passo, o animal parecia ter farejado e infelizmente, levantou a cabeça. Os olhos eram negros. Negros. Somente negros opacos. Irina não pensou duas vezes depois de ver aquele par de olhos. Virou-se e correu. A praça tinha formato circular e em volta havia casas, um celeiro e um mercadinho, que todos, desafortunadamente, estavam fechados. Ela ouviu o rosnar do animal e conseguiu distinguir os passos pesados no meio do silêncio. Ela correu com tudo que podia. Sentia os músculos das pernas se aqueceram e via de relance a fumaça escapando de sua boca. O pesado casaco que usava a deixava com sensação de algo atrapalhando. Então, ele apareceu em sua frente. Enquanto ela corria perfeitamente o círculo, ele apenas atravessou da fonte até a menina. Ela parou e sem encará-lo voltou para trás, correndo mais e mais. Então, algo se enroscou em sua perna e a puxou para trás. Sentiu sendo arrastada e sentiu a neve em seus dedos e no rosto queimar. O que quer que estivesse a puxando, doía muito. Era uma dor aguda, infernal e que parecia se aprofundar a cada segundo na carne da menina. Então, parou e quando ela se virou, o urso estava em pé, em sua frente. Irina se apoiou em seus cotovelos mas sentiu a dor na perna aguçar, e quando abaixou o olhar para o vestido, o tecido estava empapado de sangue. O urso rosnou mais forte e quando ela o olhou, ele rugiu. Fazendo com que os pingos de sangue e saliva de seus dentes, caíssem no rosto delicado da menina. A visão da menina se tornou turva. O urso jogou a cabeça para trás e gritou de uma forma, que mais parecia dor do que raiva ou satisfação.

–-Afaste-se!- uma voz se fez presente no local.

O urso se virou e voltou a pôr as outras duas patas no chão. Havia uma flecha cravada entre seus dois ombros.

–-Afaste-se! Eu disse, afaste-se! Monstro!- gritou a voz mais uma vez.

Irina se apoiou de um lado e viu Helena com outra flecha pronta no arco. Usava calças, botas e um casaco grande. O urso rugiu mais uma vez. Helena abaixou o arco e o jogou para um lado. O quê raios do inferno ela vai fazer?!, pensou Irina.

–-Muito bem, já vi que tipo você é.- disse Helena e tirou o casaco e o jogou em um monte de neve.

Na sua cintura, havia um cinto que prendia a bainha e nela a espada. Vestia uma blusa fina branca e parecia ter sentido a troca de temperatura pelo encolher dos ombros. Helena tirou a espada da bainha e fitou o urso com atenção. Após alguns segundos, a morena suspirou.

–-Venha.- ela sussurrou.

Ele foi. Ela também. Quando estavam a metros um do outro, a morena pulou sobre o urso, puxou a flecha das costas do animal e rolou sobre as mesmas até o chão. O urso tropeçou em uma pata e grunhiu de dor. Virou-se e observou a morena com um sorriso irônico segurando a flecha entre dois dedos.

–-Você tinha que devolver o que é meu.

Ele se levantou e voltou a correr de encontro a morena. Quando estava novamente a poucos metros, ela pulou para um lado e cravou novamente a flecha no urso. Mas dessa vez, no ouvido esquerdo. O animal parou com um rugido de dor e começou a bater na flecha violentamente. A morena aproveitou a distração e pulou nas costas do animal. Antes que pudesse passar a espada pelo pescoço do urso, este começou a se mexer para todos os lados. Ela deixou a espada cair e se agarrou aos pelos para não cair. Então, o urso se pôs de pé e com uma das patas, puxou a morena pelos cabelos e ela se soltou de seu pescoço enquanto tentava soltar seus cabelos das garras do animal. Ele a puxou e o grito dela ecoou na vila. Deixou-a em sua frente e seus rostos próximos um do outro. Ela mexia as pernas nervosamente. Ela tinha lágrimas penduradas para cairem, mas elas resistiam. O urso soltou a morena e ela caiu com brutalidade na neve. O urso levantou uma pata, pronta para rasgar a pele da garota. Mas a pele continuou intacta. Uma pedra pequena foi jogada no focinho do animal. Ele se virou e encontrou uma menina, com cabelos loiros até a cintura, com um punhado de pedrinhas na mão. Ela jogou mais um que bateu na testa do urso. Ela chorava compulsivamente.

–-Largue ela! Largue ela seu monstro!- ela gritou jogando mais três pedrinhas.

O urso sem pensar duas vezes correu em direção a menina. Ela largou as pedrinhas, pegou a saia pelas mãos e correu mais ainda. Quando ela se virou para ver se ele estava longe, tropeçou na cartola.
Virou-se ainda deitada.

–-Socorro!- gritou e observou o urso rugir e levantar a pata com aquele olhar assassino. Olhar que jamais esqueceu.- Socorro...- ela sussurrou.

–-Não!- outro algém gritou e estranhamente, a cabeça do urso caiu no colo de Irina. Somente a cabeça.

A menina gritou. Gritou. E gritou. O urso a olhava com olhos estáticos e a boca entreaberta. Ela sentia algo molhar sua saia. Sentiu um peso maior ainda nas pernas e viu o corpo do urso sobre elas. Ela começou a chorar mais e mais enquanto gritava. O pescoço cortado do urso esbanjava uma enorme quantidade do líquido vermelho sobre sua saia. Ela gritou mais. A cabeça do urso pesava em seu estomâgo e ela sentia que não conseguia respirar direito.

–-Irina!- alguém gritou, mas ela não conseguiu identificar quem era.

E quem se importava? O cadáver de um urso estava sobre si. Então, uma mão pálida tirou a cabeça para longe e chutou o corpo para o lado. Irina ainda olhava para o corpo sem cabeça.

–-Irina? Irina! Olhe para mim! Iri, por favor! Olhe...- pediu alguém que tinha seu rosto envolto em duas mãos.

Ela olhou para os olhos azuis da irmã. Ela também chorava. Riscos que acabavam embaixo do queixo da morena ainda eram completamente visíveis! Na verdade, outros já estavam se criando. Tinha os lábios tremendo.

–-Oh Iri!- a morena a puxou para um abraço apertado. Passava as mãos pelos cabelos da pequena.- Por que você fez aquilo?! Por que provocou o urso?!

–-Eu estava com medo...

–-Medo?! Medo de quê?!- perguntou a morena segurando a pequena pelos ombros e olhando atentamente para seus olhos verdes. Ela tinha a cabeça baixa, como se tivesse vergonha de algo errado.

–-Medo de perder você mais uma vez.- ela sussurrou.

–-Oh Irina!- e ela voltou a abraçar a irmã.- Tudo bem... eu estou aqui agora. Estou aqui...- ela murmurava constantemente.

Os aldeões chegavam. Alguns levavam os filhos para dentro das casas, outros gritavam ao ver o cadáver e outros olhavam com raiva para as irmãs. Helena tinha os olhos fechados e ignorava os burburinhos. Concentrada apenas em balançar a pequena em seus braços ao som de uma canção sussurrada ao vento. A pequena? Apenas retribuia o olhar que o urso lhe lançava ao lado da espada ensanguentada.

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Notas finais do capítulo

desculpem-me pelo cap. curto, mas ando focada em outros assuntos, mas que diferença faria, afinal? pelo visto, a fic foi abandonada pelas leitoras. beijos e abraços apertados da Loren



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