Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 12
Apenas um sonho


Notas iniciais do capítulo

haaai



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>< 

A noite já havia chegado. Era fria. O vento corria entre as árvores e tocava nas faces suavemente dos presentes na clareira. Suas faces estavam vermelhas e por conta da adrenalina que tomava seus corpos, eles não sentiam frio. Sentiam calor. As vozes ecoavam pelo bosque, várias ao mesmo tempo no mesmo tom tenso e bravo. Um par de olhos castanhos assistia os donos das vozes impressionado e assustado. A única luz proveniente, era a luz da lua e algumas poucas lanternas penduradas em galhos baixos. Vaias e uivos vinham de todos os cantos. O rapaz que estava no meio da clareira, se sentia perdido, encurralado e totalmente desgraçado!

—-A trompa só prova que eles roubaram mais um objeto de nós!- exclamou alguém.

Virando-se para trás, o rapaz encontrou um anão com uma longa barba e cabelos pretos, com alguns fios brancos aparecendo. Tinha roupas sujas e simples, um nariz grande, olhos escuros e assustadores.

—-Eu não roubei nada!- disse o rapaz tentando controlar a voz para não parecer trêmula.

—-Não roubou nada?!- gritou um minotauro.- Devemos listar os objetos que os telmarinos nos levaram?!

—-Nossos lares!- disse uma centaura.

—-Nossa liberdade!- gritou mais alto ainda um fauno.

—-Nossas vidas!- mais alguém disse, mas esse eu desconheço quem era leitor.

Rugidos, grunhidos, gritos e uivos ecoaram mais uma vez no local. O rapaz tinha os pelos da nuca eriçados e temia que a qualquer momento, aquelas criaturas perdessem a paciência e pulassem em cima dele para arranjar vingança.

—-Vocês acham que sou responsável por todos os crimes do meu povo?

—-Responsável não.- disse o mesmo anão descendo da pedra onde estava e caminhando até o rapaz.- Responsável e punível.- todos gritaram em aprovação. O rapaz engoliu em seco.

—-Há! Essa é boa vindo de você anão!- disse um rato maior do que um rato normal, pondo-se em pé e retirando sua espada.- Ou já esqueceu que seu povo lutou ao lado da Feiticeira Branca?

—-Eu lutaria de bom grado outra vez!- gritou o anão empurrando a espada do rato para longe e virando-se para o rapaz.- Se ela nos livrasse desses bárbaros.

—-Sorte nossa que você não tem esse poder para trazê-la de volta!- interviu uma voz que mostrava estresse em relação as palavras do anão. Todos se viraram em direção ao texugo.- Ou sugere que façamos o rapaz se voltar contra Aslam?- ele perguntou irônico para o anão que fez uma careta, como se considerasse a ideia do texugo.

Logo, todos na clareira gritavam “não” a pergunta do pequeno animal. Parecia que ainda tinha uma chance para eles se acreditassem no rapaz, mas o orgulho impedia que se rendessem a essa ideia.

—-Vocês podem ter esquecido, mas nós texugos lembramos bem!- voltou a dizer e todos se calaram para ouvir suas palavras.- Que Nárnia só foi feliz, quando no trono houve um Filho de Adão.

—-Ele é um telmarino, por que iriamos querê-lo como rei?!- gritou o anão mais uma vez.

Os outros gritaram concordando.

—-Eu posso ajuda-los!- disse o rapaz com a voz meio trêmula ainda. Todos se calaram.- Além desse bosque, eu sou o príncipe. O trono telmarino é meu por direito! Ajudem-me a reclama-lo! E trarei a paz entre nós!- ele terminou por fim com a voz mais segura.

—-É verdade.- disse uma voz grossa. Virou-se para fitar o centauro que começou a andar com suas fortes pernas e saindo do seu lugar para que todos o escutassem melhor.- É o momento oportuno.- ele parou a frente de outros centauros.- Eu observo os céus. Porque compete a mim vigiar como compete a você não esquecer texugo. Tarva, o Senhor da Vitória e Alambil, a Senhora da Paz, se encontraram nos salões do firmamento.- ele passou seus olhos para o rapaz e o fitou intensamente.- E na Terra, um Filho de Adão se apresenta, para oferecer nossa liberdade de volta.

Um barulho chamou atenção de todos, quebrando o silêncio e seus olhares foram para o esquilo em cima de um galho de uma árvore alta.

—-Será possível? Acha mesmo que poderia haver paz? Digo, paz de verdade?- perguntou com a voz confusa e inocente.

—-Dois dias atrás...- começou o rapaz- não acreditava na existência de animais falantes- o rabo do esquilo se petrificou-, ou de anões ou de centauros.- ele disse agora olhando para estes.- Mas existem. Em número e força que nós, telmarinos nunca poderiamos imaginar!- ele elevou a voz.- Esta trompa, sendo mágica ou não, ela nos reuniu aqui!- ele disse segurando no alto e apertando com força o instrumento.- E juntos, temos a chance de retomar aquilo que é nosso!

—-Se você nos guiar, então eu e meus filhos- disse o centauro e puxou sua espada da bainha e os outros  centauros fizeram igual, segurando-a com força e para cima.- lhe oferecemos nossas espadas.

Mais barulhos de lâminas sendo deslizadas foram se passando em poucos segundos. Girando nos própios pés, o rapaz olhou fascinado e surpreso para todas as criaturas que seguravam suas armas no alto e outros que abaixavam a cabeça para ele. 

—-E nós oferecemos nossas vidas, sem reservas!- disse o rato reverenciando.

O anão ainda olhava feio. O texugo se aproximou.

—-O exército de Miraz não está muito atrás senhor.

—-Se quisermos nos preparar, temos que nos apressar para reuniar soldados e armas.- ele declarou em voz alta.- Eu sei que estarão aqui logo.- sussurrou a última frase, engolindo em seco com a própia afirmação. 

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—-Acho que é suficiente.- disse Susana olhando para o estoque de galhos.- Obrigada Irina.- disse sorrindo para a loira.

Esta assentiu e se sentou em uma pedra um pouco afastada de todos e do cheiro desagradável da carne do urso que havia ficado presa nas bolsas. Lúcia fazia uma careta.

—-Não se preocupe majestade. Ficará melhor do que parece.- resmungou o anão.

A pequena deu de ombros e se sentou em volta da fogueira que o irmão mais velho preparava. Susana estava concentrada em suas flechas, organizando-as e arrumando qualquer defeito que visse. Edmundo estava mais afastado ainda, fazendo uma ronda pelo local até acenderem o fogo para espantar animais selvagens. Irina olhou para cima e viu, com um pouco de dificuldade, o céu escuro e algumas estrelas. Deve ser um céu bastante bonito. Se não tivesse todos esses galhos atrapalhando. Abaixou a cabeça e fitou suas mãos que ainda estavam sujas por causa dos galhos que recolhera. Deixou um suspiro escapar pelos seus lábios.

Ah... como se sentia estúpida! Estúpida! E boba! Sonhou que iria para Nárnia. E ali estava. Mas não era nada igual ao sonho. Ah... como pode se deixar a ideia idiota de acreditar, que quando fosse para Nárnia, teria uma recepção calorosa? Como se a esperassem por tanto tempo? Como se eu tivesse grande importância, pensou rindo sem humor. Com a brisa cálida da praia lhe tocando a face, os grãos de areia entrando nos dedos dos pés e as criaturas... ah, e as criaturas! Conhecer animais falantes, centauros e faunos parecia algo tão distante. Apesar de saber que iria vê-los, não era daquele modo que imaginava. E um castelo? Ah! Esteve nele. Nas ruínas dele. O castelo estava em ruínas! E como se atreveu a pensar que o leão a receberia? Junto com sua irmã?

Ah.... Helena. Quanto mais acreditava que a irmã estava perto, mais distante ela ficava. A única esperança que ela tinha, era que os reis e rainhas soubessem. Mas não. E agora? O que faria? Por onde começar? O que havia lido sobre o livro não ajudava. Ah não! Helena escreveu o livro contando sobre cada detalhe de Nárnia, mas não se pôs na história. Era a história dos Pevensies. Da jornada deles. A loira lembrou-se como se sentiu confusa ao ler. Por que Helena não havia se colocado? Ela não estava lá? Ela não havia dito que esteve lá durante quinze anos? Por que ela não se mencionava? Infelizmente, Irina não teve tempo de lhe perguntar por que a irmã não estava mais ali. Não teve tempo para nenhuma outra pergunta, antes que conseguisse formulá-las.

 Ah... sonhou que era feliz em Nárnia. Sonhou que seu sonho iria se realizar. Sonhei... sim, eu sonhei. Eu acreditei. Sonhei e acreditei em meu própio sonho. Um sonho que tive com seis, ou sete anos. Um sonho de criança. Apenas um sonho, pensava ela enquanto o aroma da carne assada invadia o ar fresco da noite.

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Acordaram cedo para continuar, antes mesmo do sol raiar. Quanto mais rápido fossem, mais cedo chegariam ao local. Da fogueira, só restavam cinzas e madeira queimada. Pegaram as bolsas e continuaram a andar com dificuldade pela floresta fechada. Susana, Lúcia e Irina tinham um pouco mais de dificuldade por conta dos longos vestidos. Em muitas ocasiões, eles ficavam presos em galhos. Haviam parado somente para almoçar. Chegaram no Beruna por volta das duas da tarde.

Ao chegar no rio, saíram da floresta cautelosamente e agachados para observar a bagunça que aquele lugar estava. Bom, para os narnianos aquilo era uma bagunça brutal. Árvores eram cortadas e derrubadas sem delicadeza. A ponte já estava quase terminada. Em poucos dias ela estaria pronta. Barulhos de metal contra metal era o mais ouvido no local. Ouviram passos de cavalo a direita e se agacharam contra os troncos já cortados e empilhados para que os guardas não os vissem.

—-Talvez não tenha sido o melhor caminho a seguir.- sussurrou Susana para Pedro com o olhar preocupado. 

Tendo uma última visão da paisagem, Pedro se retirou ainda agachado e voltou para o meio das árvores. Os outros o seguiram em silêncio.

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Estavam de volta ao desfiladeiro. Lúcia olhava para onde Aslam esteve. Infelizmente, ele não estava mais ali. Sentiu um aperto no coração e sentiu uma sensação de abandono. Irina, Edmundo e N.C.A descansavam por conta da caminhada longa que tiveram que repetir. Susana olhava para o irmão mais velho ansiosa. Pedro tinha o maxilar travado e respirava fundo para fazer a pergunta que tinha em mente. Por mais que achasse que fora uma coincidência não atravessarem o Beruna, só lhe restava uma única opção. E ele teve que se agarrar a ela.

—-Lú, onde achou ter visto o Aslam?

A pequena se virou para o loiro e o encarou com uma cara muito feia, como a cara de quando alguém prova uma comida e não gostou.

—-Eu queria que parassem de tentar parecer adultos!- ela disse raivosa.- Eu não achei que vi o Aslam. Eu vi. – ela confirmou e foi para mais perto da beira do penhasco.

—-Eu sou adulto.- resmungou N.C.A.

Edmundo e Irina prenderam o riso e trocaram um olhar cúmplice. Infelizmente, a loira corou e voltou sua atenção para a pequena. Ed deixou de rir.

—-Estava bem aqui...- Lúcia murmurava.

Então a terra caiu. Lúcia gritou. Os corações de cada um pularam ao verem a cena.

—-Lúcia!- a irmã mais velha gritou e correu junto com os outros para achar a pequena.

Seus corações se acalmaram quando viram a pequena sentada apenas alguns metros abaixo deles. Onde ela estava sentada, a terra pela direita, ia descendo, como uma escada. Lúcia olhou para cima e sorriu ao ver as caras surpresas de todos.

—-Aqui...- ela disse e depois observou a escada de terra.

>< 

Sem outra alternativa, os reis e rainhas, o anão e a filha de Eva, desceram pela escada meio receosos e se segurando sempre que podiam em qualquer coisa que os deixassem com equilíbrio. Lúcia não conseguia parar de se sentir vitoriosa. Eles iam conseguir atravessar o desfiladeiro. Eles acharam um meio de atravessar o desfiladeiro. Estavam indo, ironicamente, por onde Aslam havia andado. Aslam colocou aquele caminho para nós, eu estava certa!, ela pensava consigo mesma. Pedro estaria afundado em pensamentos sobre se o que a irmã dizia era real ou não, se não estivesse preocupado com outros pensamentos.

—-Você está bem?- perguntou Edmundo ao segurar Irina antes que ela caísse.

Ela apertou sem querer os braços do rei que a segurava. Estava tão entretida com as águas, que não percebeu a pequena pedra no último degrau da escada de terra e tropeçou. Desviou o olhar da água e encontrou as orbes castanhas a fitando preocupadas. Ela corou com rapidez ao imaginar o que ele estaria pensando dela. “Que menina desastrada!”, “Céus! Ela só sabe cair?!”, “Será que ela tem problema no pé?”. Com certeza, esses são só uns dos mínimos pensamentos sobre mim, ela pensou envergonhada. Mas a única coisa que se passava na cabeça do moreno, era se ela estava bem ou machucada. Não havia dúvidas de que ela era frágil e um pouco desastrada. A qualquer momento ela poderia se machucar e isso preocupava ele. Ah... ela era tão linda. Uma beleza pura. Pura. E ele se perguntava como algo tão puro vivia solto por aí, sem proteção, em um mundo que a qualquer momento poderia destruí-la sem escrúpulos. Ela se soltou calmamente dele, embora quisesse sair correndo dali.

—-Estou bem. Obrigada e me desculpe.- ela disse coçando a orelha direita.- Me desculpe mesmo.- ela disse saiu dali, mas ele voltou a falar.

—-Você soltou os cabelos?- ele perguntou sem ter noção do que perguntava.

Ela se virou para ele um pouco mais corada. Ele enfim percebeu o que havia dito. Era somente um pensamento, não era para dizer em voz alta. Ela tinha saído de Cair Paravel com uma trança e agora tinha os cabelos soltos. Por que fora reparar nos cabelos dela?! E por que perguntara?!

—-Ahm... a trança se soltou sozinha. Por causa... do vento.- ela disse perdida nas palavras.

—-Ah, claro.- ele respondeu.

Sem ter mais o que falar, ela assentiu com a cabeça e saiu dali rapidamente. Ah.. como era difícil conversar com ele olhando para aqueles olhos. Nem ela sabia como conseguia ter feito aquilo! Era um tormento! Era como se ele conseguisse ler sua alma, mas a dele era impenetrável. Suspirou e relaxou os ombros. Ao mesmo tempo que era bom e estranho estar perto dele, era chato e triste ficar afastada. Se juntou a Susana e a morena sorriu para ela e começaram a conversar coisas banais, como por exemplo, o que acontecia com aquelas pedras quando a água tomava força.

—-Não deveria se juntar assim com ela.

Edmundo se virou e encontrou o olhar desafiador e sério de Pedro e os braços cruzados.

—-Desculpe?- perguntou Edmundo juntando as sobrancelhas.

Os outros já estavam indo na frente e Edmundo estava satisfeito. Queria ter aquela conversa com Pedro o mais rápido possível.

—-Você sabe do que estou falando.

—-Não, eu não sei Pedro. Poderia me explicar?- disse Ed com voz sarcástica.

—-Não se aproxime assim de Irina. E não comente nada do que sabe para ela.- Pedro respondeu de qualquer jeito.

—-E o que seria em questão para deixar em segredo?

—-Tudo.

—-Não acho que há com o que se preocupar. Ela não parece saber do que houve no passado.

—-Acha que Helena não contou para ela?

—-Acho. E se tivesse contado, por que acha que ela faria a mesma coisa que Helena?

—-Farinha do mesmo saco.- ele disse simplesmente.

—-Se for assim, não há com o que se preocupar. Sabe bem disso.

—-Não ficaria tão calmo dessa forma Ed.- advertiu Pedro.

—-Pedro! Francamente! Você fala como se soubesse o que aconteceu com Helena!- explodiu Edmundo, mas conseguiu manter a voz neutra.

—-Tenho uma hipótese.

—-Sei bem que tipo de hipótese é essa. E eu não concordo. É ridícula! Ela não seria capaz...

—-Como pode ter certeza?- interrompeu Pedro rangendo os dentes raivoso por estar sendo questionado.

—-Somente porque aquele dia da caçada Helena não estava junto, somente porque Helena não voltou conosco, somente porque você não sabe o que aconteceu com Helena não pode pensar tal coisa. Essa hipótese está fora de cogitação.

—-Você tem uma melhor?

—-Tenho. É a mais racional e lógica do que a sua. A sua é impossível! Olhe bem para o seu redor!- o moreno disse e esticou os braços mostrando a bela paisagem que os rodeava.- Acha mesmo que Helena teria feito isso? Não acha que se ela tivesse feito, já não teria sinais mostrando isso?

—-Qual é a sua hipótese?- Pedro voltou a perguntar, ignorando o que o irmão tinha dito.

Edmundo suspirou e olhou no fundo dos olhos do irmão. Percebeu que não conseguia ver ou decifrar nada novamente. Pedro estava totalmente fechado para o mundo afora. Por que?! Por que ele fazia aquilo consigo mesmo?! Não era tortura?! Mas o moreno abaixou a cabeça, sabendo que sua hipótese doeria muito mais.

—-Você e eu sabemos muito bem qual é a minha hipótese.- ele disse e o loiro apenas voltou a anda, seguindo os outros, murmurando algo do tipo “impossível”.  

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Notas finais do capítulo

haai haai! como estão? *-* espero que tenham gostado, eu, particularmente, adorei ter escrito a conversa do pedro e do ed. e vocês?? estão gostando? sei que a história está bem parada e confesso que não sei quando as coisas vão se animar e peço desculpas pela demora. de verdade, mas é que eu quero que saia tudo perfeito *-* eu tento né? :/ whatever, tentarei fazer o próx. logo e aguardo a opinião de vcs sobre este cap.
beijos e abraços apertados da Loren



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