Cheguei no quarto e apesar da hora ser tardia, Diogo ainda estava acordado. Sentado numa cadeira ao pé da secretária e com o violão no colo ele tocava um musica qualquer que preenchia o quarto. Parou de tocar quando me viu. O encarei de relance, engoli em seco e fui até o banheiro. Me troquei pra dormir e quando voltei ao quarto Diogo já não estava sentado, com o violão no colo. Estava agora deitado na cama. Estava escuro, as luzes apagadas, o silêncio instalado e eu ali no meio. Apenas o olhando sem sequer ter o atrevimento de ascender a luz.

Dei um passo na direção de sua cama, pois um pensamento bobo e uma vontade de ir até ao pé dele e me deitar ao seu ou sobre seu peito me invadiu.

Desisti de minha vontade, pois uma força maior e uma voz seca e rouca ecoava em minha cabeça pra eu parar, voltar para a cama e dormir até de manhã. Virei pra trás e fui ao encontro de minha cama, com dificuldade devo admitir pois estava escuro demais.

Me deitei na cama e fiquei olhando o teto, quer dizer minha intenção era olhar para o teto, porém entre o escuro da noite e o teto, não havia forma de distinguir um do outro.

Não estavam bem as coisas entre a gente e eu não gostava disso. Queria falar com ele e dizer tudo,  queria resolver as coisas e não estar nesse clima chato. Queria correr de novo pra seus braços. Queria ouvir ele me chamar mais uma vez “piolho”.

Os desejos eram muitos mais a coragem de ir ter com ele era pouca.

Me virei na cama e um barulhão entoou no quarto. E mais uma vez se eu estivesse na de Diogo nunca se ouviria ela a gemer. Olhei umas quantas vezes para a cama em frente tentando entender se alguém dava sinais de vida mais acabei por desistir. Bufei e pousei a cabeça no travesseiro. Dei mais uma volta na cama e mais uma, e mais uma. O sono não pegava e eu já estava irritada o suficiente.

Senti alguma coisas pousar em meu ombro descoberto e olhei logo, logo para cima. Diogo estava ali ao pé de mim. Tinha o cabelo bagunçado e sua respiração fazia um ar quente bater contra meu rosto.

_ Essa cama está fazendo barulho demais não acha? – falava rouco e abafado, estendeu a mão pra mim. Não resisti e acabei por me deitar com ele.

Primeiro deitei dum lado e ele do outro, a uma distância considerável, porém quando deu por mim já estava mais perto do que devia dele. Mesmo assim me mantinha de costas pra ele sem saber o que ele estava fazendo.

Senti uma mão atravessar minha cintura e parar em meu abdómen. Senti um corpo se aproximar do meu até se colar definitivamente e senti uma testa fria pousar em minha bochecha. Ele respirou fundo umas vezes e depois sussurrou pertinho de meu ouvido e me agarrando.

_ Não quero ficar assim com você, piolho!

_ Não quero brigar com você Macedo! – ele falou seu desejo e eu completei com o meu.

Ele beijou meu ombro e depois meu rosto. Eu não me mexi permaneci na posição que estava. Mas precisava de o olhar de frente por isso me voltei pra ele e passei a mão por seu rosto e brinquei com seu cabelo. Pensando bem no que podia falar…., no que devia falar…

_ Não quero ficar brigada com você! Eu sei que não está nem um pouco de acordo com eu querer esconder de todo o mundo isso por algum tempo, mas eu não estou pensando só em mim. Também estou pensando em você, Diogo. Se  a gente dar certo já é tão difícil sem ninguém sabendo, imagine como vai ser quando todo o mundo souber. E não pense que eu não quero você! Porque eu quero. Quero até demais. E eu não assumir o namoro não quer dizer que a gente namore, bem pelo contrário, eu estou com você eu namoro você só que em segredo.

_ Não vou alimentar esse assunto por muito mais tempo. Quero que você fique bem e não triste por isso acho que consigo aguentar mais um tempo escondendo tudo isso.

Sorri vitoriosa, porém um sorriso de segundos pois o tirei logo. Não sei mas fiquei com a sensação que ele ficou triste e mal por dar o braço a torcer.

Diogo fez sinal pra eu deitar em seu peito e foi o que fiz. Ele puxou os cobertores pra mim, pra me cobrir.

_ Tá zangado e bravo comigo?

_ Nunca. – ele acarinhou minha cabeça e ao som de um beijo estalado que ele me deu na testa acabei por adormecer.

…

Acordei com um montão de beijinhos caindo por meu rosto, por meus braços, por meu pescoço… Abri o olho e vi Diogo, com seu peito descoberto como sempre, na minha frente. Já estava meio vestido e com um sorriso gostoso nos lábios. Sorri também e o puxei pra mim. Sentir seus lábios logo de manhã é a melhor coisa do mundo.

_ Já arrumado? – estranha sua atitude.

_ Tou com fome!

_ E não vai sequer esperar aqui por sua namorada pra tomar café da manha?

_ Vou esperar mas lá na cantina.

Antes que eu pudesse falar ele vestiu uma T – Shirt e saiu do quarto, me abandonando daquele jeito!.Me levantei fui no banheiro tomei um banho, me vesti, arrumei minhas coisas na bolsa e saí. Estava com fome também.

Peguei em meu celular pra saber se havia mensagens por ler ou ligações perdidas e quando desviei o olhar pra procurar onde Diogo estava me deparei com uma garota se jogando em cima dele e aí o bicho pegou.

Quem ela pensava que era? Caso ela não soubesse ele já tinha dona! Mais ela não sabia mesmo, tinha que admitir. Apertei os punhos, ainda com o celular no meio de minha mão. Pensei umas quantas vezes no que faria perante uma situação daquelas.

_ Que se dane. – falei pra mim mesma e depois corri até Diogo.

Pousei minha bolsa na cadeira, afastei a ave que se jogava nele e depois sem ele contar e pela reação de todos os que estavam naquele bar, sem eles contarem também roubei um beijo a Diogo, deixando todo o mundo boquiaberto. A garota acabou por se por a andar e depois daquilo Diogo me olhou confuso enquanto toda a cantina começou comentando baixinho o que viu.

_ Oww. Que foi isso? – ele perguntou me olhando.

_ A gente tá namorando, ué!!!

Ele deu uma risada alta e depois nos beijamos de novo.

Sentamos na mesa e tomamos juntos e sossegados e de uma maneira diferente, como nunca antes tivemos em frente de todo o colégio, falamos descansados e descontraídos antes das aulas começarem…