Quando chegamos na praia, muito bem instalados, Diogo e Tomás eram brindados com o sol triunfante. Estavam estendidos na areia, com os óculos de sol postos no rosto e remexendo no celular.

Nos fomos aproximando de mansinho, pra fazer surpresa, mais acabou por não dar certo, pois Digo se virou pra pegar em alguma coisa qualquer e acabou por dar por nossa presença.

Tive a leve sensação de que ele se fixou em mim. Mais propriamente em meu corpo, pois me varreu da cabeça aos pés. Estava apenas usando meus shorts e uma bolsa que segurava em meu ombro. Tinha sacado a blusa assim que pousei o pé na areia dourada, queimada pelo sol. Estava descalça, também e tinha os óculos de sol postos, para não levar com os raios no rosto.

Diogo apenas estava de bermuda e seu peito moreno e bem definido reluzia com a luz solar. Tomás estava estendido ao seu lado e se divertia lendo um jornal desportivo.

Depois de nos termos admirado um ao outro, nosso olhar tomou o mesmo rumo e se cruzou.

_ Sophia? Sophia está me ouvindo? – alguém falava mais eu nem dava conta.

_ Diogo que tá dando em você cara? – Tomás falou por entre uma risada.

_ Que foi? – ele falou meio atrapalhado não se situando nem no lugar, nem na conversa e por seu ar nem mesmo no espaço.

_ Eu acho que o Diogo bloqueou! – Rita falou já estendendo sua toalha e se deitando nela.

_ Eu fiz o quê? – rimos juntos menos ele que continuava completamente á nora sem intender nada do que estava rolando e sendo simples e engraçado com sua inocência.

_ Ele bloqueou mesmo. – Tomás falou e fazendo todo o mundo cair na risada de novo.

Deitei ao lado de Rita, que deitou ao lado do Tomás. Fiquei entre ela e Diogo. Estendi minha toalha e tirei meu short e depois me estendi de costas para cima, trabalhando pro bronze.

Peguei meu IPod e levei os fones nos ouvidos. Fechei o olho e relaxei. Que bom que essa vida é.

Quando voltei a abrir o olho vi Tomás passando creme nas costas de Rita e ela olhando em minha direção com um sorriso bobo estampado, que nem uma criança. Pisquei o olho pra ela e virei pro outro lado a cabeça. Me deparando com Diogo que também estava com o rosto virado pra minha direção. Não dava para perceber se tinha o olho fechado ou aberto pois os óculos eram escuros. Voltei a fechar os meus e a me envolver na som que tocava.

Depois de um bom tempo senti uma mão batendo em meu ombro. Olhei pra ver quem era e Tomás estava de joelhos me olhando. Tirei os fones e escutei:

_ Aí, a gente vai dar um saltinho na água. Você vem?

_ Acho que mais daqui a pouco, esse solzinho tá tão bom!

_ Não acredito que vão ser as duas fura olho. Que custa, é só ir na água e voltar, molhar o pé e regressar de novo á tolha. – Dessa vez Tomás se dirigia a Rita também e por sua expressão ela também não estava muito convencida em dar um salto na água.

_ Tomás, a gente vai mais daqui a pouco! – Rita falou e ele bufou.

_ Mais e você cara, vem ou fica? – se dirigiu pra Diogo que levantou o corpo da toalha.

_ Eu vou! Acho que estou precisando de refrescar um pouco! – Diogo tirou os óculos do rosto e os pousou ao pé de suas coisas. Depois se levantou e olhou em volta. Passou a mão pelo cabelo e esperou que a lesma de Tomás, que ainda tentava convencer Rita a levantar a bunda e a ir junto até onde as ondes enrolavam na areia e rebentavam deixando uma mancha de espuma branca que depois se perdia em outra onda.

Ri da figura que ele estava fazendo e me virei de barriga pra cima, as costas já estavam bronzeadas demais, agora era a vez da barriga e das pernas.

Tomás finalmente se levantando jogando um montão de areia em mim e Rita que resmungamos no momento e que em troca de nossa resmunguice fomos elevadas no ar. Tomás pegou em Rita e Diogo pegou em mim. Esperneávamos os duas, gritando. Envolvi minhas mãos em torno do pescoço de Diogo pra não cair e abanei com minhas pernas pra ele me soltar mais minha suplicas foram ignoradas. Eles riam que nem uns perdidos da gente e nos rodavam no ar.

_ Diogo, me pousa no chão! Eu vou cair! – falei meio rindo, meio falando sério, meio suplicando, meio pedindo que ele parasse.

_ Acha que eu deixo que isso aconteça? – ele fez com que eu saltasse em seu colo mais uma vez e depois correu até ao mar sendo tapeado de leva no peito, to ombro e nos braços até lá.

Quando chegou na água me jogou nela e depois mergulhou. Quando vim a cima olhei á minha volta. O tentando achar e quando achei joguei nele um montão de água, o fazendo virar o rosto para não ser atingido. E depois disso ele começou jogando água em mim e eu nele. E não é que a brincadeira estava bem engraçada. Ria quando tinha hipótese.

Olhei á volta procurando Rita para ver seu estado e num era que ela estava bem, bem até demais. Estava rendida aos encantos de Tomás. OS dois estavam no meio da água grudados um no outro, se beijando e se abraçando.

Que pouca vergonha, hein! Que gente é essa. Será que não conhecem á palavra civismo?

_ Parece que aqueles dois já ganharam o dia! – a voz de Diogo que antes estava longe demais agora falava bem perto de mim, me fazendo olhar para o lado. Ele estava com as mãos na cintura olhando para Tomás e Rita também e rindo. Ri pra ele e tive que concordar literalmente com sua expressão.

_ Parece que sim!

_ Sabe o que também me parece?

_ O quê?

_ Que você ainda está seca demais! – mal falou isso ele me enviou um jato de água. Que até em minha boca entrou e fazendo sentir salgada.

_ Eu odeio você! – falei quando ingeri bem o que tinha acontecido e depois parti pra cima de Diogo com mais água e água.

Quando já estava molhada demais , saí da água e Diogo me seguiu. Rita e Tomás ainda ficaram por lá. Deitamos na toalha nos secando enquanto ainda riamos.

_ Espere pela volta! Eu não vou deixar isso assim! – falei quando me deitei de vez.

_ Me agradeça.

_ Agradecer?

_ Sim. Já viu se eu não levasse você na agua, não se tinha divertido tanto!

_ E quem diz que eu me divertir?

_ Porque você é desse jeitinho, hein? – ri de novo sem controlar a gargalhada que saiu de minha boca sem permissão.

_ Suas risadas altas falam por suas palavras.

Bati no ombro de Diogo e depois me virei para o sol, para me secar.

Entretanto Tomás e Rita vieram de novo para a tolha, abraçados um no outro!

_ Valeu ir na água, hein! – Rita pegou em sua tolha e Tomás rodeou sua cintura beijando seu ombro.

_ Cala a boca!

Um papelzinho voou até mim e acabou por colar em minha perna por ainda estar húmida. Peguei nele e li:

“ Festa hoje á noite! Vem se divertir e curtir. Tem DJ e bebidas grátis! Passe sua noite com a gente dançando cantando e muito mais... Se quer um final de dia bem animado, o Preto no Branco te oferece isso!”

_ Que folheto é esse? – Diogo perguntou interessado e fazendo todo o mundo prestar sua atenção em mim.

_ Anuncia uma festa!

_ Quando?

_ Pelo que fala aqui deve ser hoje!

_ Uma festa isso me agrada! – Tomás falou.

_ Onde? – Rita preguntou enquanto eu via se tinha alguma coisa escrita por trás.

_ Num tal de preto no branco! Falei fazendo cara estranha, visto que o nome era estranho demais.

_ Acho que a gente acabou de achar o lugar ideal para acabar o dia! – Diogo riu entusiasmado.

_ Só temos é que ver onde fica, realmente esse bar!

_ Isso não tem problema perguntamos pra alguém de cá.

_ Aqui em baixo fala que é junto á praia! - falei lendo umas letras bem pequeninas que estavam no final da página e que mal se viam.

…

Tinha tomado um banho para tirar o salgado de meu corpo e estava me arranjando para ir no bar com Rita, Tomás e Diogo. Durante a tarde nos fizemos passar por investigadores e andamos em busca do bar e tanto procuramos que nem sequer demos conta que ele era bem na nossa frente.

Rita também estava dando os últimos toques em sua roupa.

Um barulho vindo da porta fez Rita ir abrir ela e para meu espanto Guilherme adentrou no quarto. Rita passou as mãos nas pernas sem saber muito bem o que falar e se limitou apenas em pegar em sua bolsa.

_ Eu vou deixar vocês sozinhos. Já sabe onde eu e o pessoal vai estar, se precisar de alguma coisa me liga. – notei que ela evitou os nomes dos menino por causa do outro menino.

Fiquei sem jeito naquele momento. Não sabia o que falar e muito menos o que fazer por isso optei por ficar caladinha.

_ Acho que temos que conversar.

_ Você acha eu tenho certeza! – Porque eu não sei estar calada, hein?

_ Tá zangada comigo?

_ Não.

_ Está triste?

_ Também não!

_ Então como a gente está? – Guilherme enterrou as mãos nos bolsos e me olhou se encostando na porta.

_ Eu estou desiludida com você. – falei fria e me apoiando no roupeiro.

_ Eu não queira bater em você e...

_ Aqui não tem nada haver se você queria me bater ou não. O importante aqui é que você perdeu o juízo e a cabeça com um inocente!

_ Ele não é inocente!

_ Se engana. Diogo é inocente a gente passou a tarde e a noite trancada na biblioteca.

_ Como é que é?

_ É o que você ouviu! A velha mulher da biblioteca esqueceu a gente lá dentro e por isso ficamos lá a tarde a noite e parte da manhã fechados.

_ Ele tocou em você?

_ Se tocou ou não tocou isso não vem ao caso! O que conta é que você partiu logo pra cima dele. Nem sequer se deu ao trabalho de o escutar. Nem deixou ele se defender ou justificar.

_ E desde quando isso é razão pra você se jogar na frente dele?

_ Porque eu não queria que você acertasse nele!- nossos tons de voz estavam subindo.

_ E porque você não queria?

_ Onde você quer chegar com todo esse papo? Você quer ouvir o quê de minha boca? – ás vezes eu era estúpida e ingénua, mais esse não era o caso. Ele queria ouvir alguma coisa de minha boca e eu nem sequer sabia o que era. Ou melhor eu desconfiava, só que não estava querendo acreditar.

_ Você gosta dele? Você o quer?

_ Sabe bem que não eu o odeio, se esquece?

_ Não você não o odeia! Você se esconde atrás desse ódio ridículo para não mostrar pra ninguém que gosta dele e mais que isso você o ama.

_ Amar? Endoideceu de vez?

_ Não! Eu não! Você é que está doida, mais por ele. E por isso me beijou naquele dia de manhã para causar ciúme nele. Pra fazer a Diogo o mesmo que ele fez com Carla no banheiro. Pra mostrar pra ele como é passar por uma situação daquelas. E escusa de negar, porque isso todo o mundo percebeu.

_ Quer saber. Você tem razão, você tem toda a razão. E quer que eu fale o que fiz? Eu falo e bem alto pra todo o mundo ouvir também. Eu usei você sim, pra provocar ciúme nele. E pra falar que a gente namorava e muito mais coisas. Mais eu garanto pra você que apesar de tudo eu adorei todos os momentos que a gente passou junto. E não é por isso que está acontecendo que eu quero deixar de falar pra você. Ou deixar de ser sua amiga.

_ Acho que vou precisar de um tempo pra encaixar essa palavra de “ amiga”!

_ Tenha o que quiser. Mais fique sabendo que assim como você esteve lá quando eu precisei eu também estou aqui pra tudo o que precisar.

_ Amigos?

_ Amigos! – ele estendeu a sua mão e me questionou e eu me limitei a responder do mesmo jeito. Só que não utilizei a mão e sim abracei ele. Que raio. Aperto de mão já não conta pra nada, muito melhor é um abraço.

Nos separamos e ele me olhou.

_ Então até amanhã! A gente se vê por aí!

_ Sim a gente se fala! – sorri.

_ Ah, e deixe de ser cega e corra para os braços de Diogo! Ele merece você! - vi ele desaparecer na porta.

Passei pelo espelho mais uma vez e dei um ultimo jeito naquilo que não estava muito bem em meu cabelo. Saí em direcção ao bar. A festa á começar…