E agora, o que eu faço? Estou entre a parede e a faca?

Se eu recusar Orochimaru mata os meus amigos e o garoto que eu amo, mas se eu aceitar eu corro risco de morrer, e eu tenho muito medo de morrer.

Respirei profundamente, contei até dez e sem minha permissão o dia em que eu fui à casa de Neiji e me senti uma adolescente normal passaram como flash em minha cabeça, como eles foram legais comigo, até me ensinaram a jogar truco. E principalmente os poucos momentos que passei com Sasuke que tornou o meu mundo mais brilhante.

Já tinha decidido.

-Decida logo Sakura-chan!  - falou impaciente.

Respirei fundo.

-Os solte primeiro, depois eu vou até ai. Mas primeiro eles. – falei confiante. Não tinha nenhum truque, absolutamente nada, apenas queria tirá-los de lá para não terem nenhum tipo de trauma.

-Sábia escolha Sakura-chan. – riu cinicamente.

-Está de acordo certo? – perguntei preste a atirar em direção dele de tanta enrolação.

-De acordo.

-Então faça a sua parte do trato. Rápido! – praticamente gritei e em seguida desliguei.

Senti que os olhos preocupados de todos os agentes do DEA olhavam em minha direção.

Entreguei o celular para o negociador que me encarava atentamente.

-O que ele pediu para deixar você histérica? – a voz grossa do negociador soou.

-Acabei de fazer um acordo com Orochimaru, ele liberta os cinco reféns e em troca de mim. – falei confiante.

-O que ele pretende fazer com você?

Meus olhos se arregalaram. Ele não poderia demorar mais um pouco não? Tinha que escutar justo essa conversa. Um bolo se formou em minha garganta.

-Vamos Sakura, estou esperando uma resposta. – o vi cruzando os abraços e batendo o pé impaciente.

O que direi a ele? Como vou explicar a ele que sua própria filha irá ser uma cobaia?

Olhei para o seu rosto onde uma expressão dura me encarava. Acho que meu pai compreendeu o meu silencia como um NÃO VOU RESPONDER!

-Eu disse para você que até eu chegar aqui não era para fazer absolutamente nada! Como você pôde ter desobedecido a uma ordem direta do seu líder, que é o seu pai também? – desabafou meu pai decepcionado.

Ultimamente venho decepcionando muita gente.

-Pai, aqueles cinco garotos que estão mantidos ali dentro são os meus amigos que eu consegui fazer com aquela missão de descobrir o motivo de ter várias mortes de alunos em uma escola. Eles são importantes para mim, e aquele moreno ali... –apontei para Sasuke. –É o garoto que eu amo e que me fez descobrir o amo com poucos momentos que passamos juntos. Eu me sinto bem salvando a vida deles em troca de perder a minha, me sinto uma felicidade muito grande dentro do meu peito. Então papai, por favor, eu peço de coração, me deixa cumprir essa acordo. – nessa altura eu já estava com uma enorme vontade chorar, mas eu me segurava.

Meu pai me encarava surpreso, mas ao mesmo tempo bravo.

-Filha, você entendeu o que acabou de dizer? Você disse que perder sua preciosa vida pelos seus amigos é uma felicidade enorme que você irá sentir, mas você parou e pensou em como prender o Orochimaru se ele liberta os cinco e ficar com você? Acho que não! E principalmente em como todos nós, principalmente sua mãe e eu vamos ficar tristes por ter perdido a nossa filha que a protegemos com tanto afinco? Não! Você não pensou nessa parte! Eu não quero que nenhum deles morra, mas também não quero que minha filha faça uma coisa tão imprudente como essa! – papai me abraçou apertado. –Vamos bolar um plano para tirar os cinco de lá sãos e salvos e também para que ninguém saia machucado. Mas primeiro vamos esfriar a cabeça. – e beijou a minha testa carinhosamente.

As lágrimas que antes eu segurava com tanta determinação, agora escorriam pelo meu rosto se nenhuma cerimonia. Percebi agora que mesmo eu salvando as vidas dos cinco em troca da minha própria, meus pais e amigos próximos iriam ficar tristes.

-Mas eu não tenho tempo, eu já fiz esse acordo com Orochimaru. – disse entre soluços.

-Vai ficar tudo bem filha. O nosso negociador já começou mexer os pauzinhos. – apontou com o queixo em direção do negociador que estava com o celular no ouvido. –No meu carro tem uma garrafa d’água, vai lá e tente se acalmar, a Maya vai junto com você!

Assenti e Maya começou a me guiar até o carro do meu pai.

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A garrafinha d’água que antes estava cheia agora se encontrava já no finalzinho.

-O clima lá tá’ muito tenso, tá’ tão pesado que dá pra cortar um pedaço. Hum!

Deidara e Sasori apareceram para fazer companhia a Maya e eu.

-E qual é o plano? – perguntou Maya.

Ela segurava a minha mão fazendo um carinho com o polegar no dorso da mesma.

-Está mais calma Sakura-chan? – perguntou Maya preocupada.

-Acho que sim. – respondi com um sorriso torto. –O que eles estão planejando? – perguntei interessada.

-Eles ainda estão na parte dos negócios, estão tentando trazer o Orochimaru para fora. E os reféns também. Eu nem sei o mais o que está acontecendo. – respondeu Sasori desapontado e confuso.

Assenti e desviei os olhos para onde Orochimaru e os garotos estavam e me deparei com os olhos ônix de Sasuke me fitando. Eles estavam sem nenhuma expressão, mas dava para ver que Sasuke estava decepcionado, e eu já até imaginava com o quê.

Não podia contar para ninguém que eu sou uma agente do DEA e que fui à escola em missão. Isso tudo era confidencial, mas eu criei laços de amizade com as pessoas em plena missão e consegui a confiança deles, mesmo tendo passado pouco tempo com eles, e no fim eu acabei decepcionando eles com a mentira. Isso é horrível!

Outra coisa: quando UchihaSasuke cruzou o meu caminho acho que meu mundo mudou apesar de achar Sasuke um idiota de carteirinha. Mas espera aí, o que realmente ele fez para eu me afastar dele?

Tecnicamente nada! Ele só beijou uma garota porque estava com a sua NECESSIDADE, e além do mais, eu não o namorava nem nada, então por que diabo eu me sentia mal por ele ter beijado uma garota? Eu o amo,Sasuke sabe disso, mas eu sei que esse sentimento não é reciproco. Então por que vou me importar com ele? Porque eu o amo e quero só pra mim. Que vontade de me bater, que coisa chata, toda vez que minha cabeça fica desocupada eu começo a pensar nele, mas nunca pensei esse ponto de vista alternativo. Eu sei que Sasuke não me ama, mas ele nutre alguma coisa por mim, dá para ver isso em seu olhar e também em uma frase falada por ele, que era: - Pois bem eu explico. Eu beijei a Karin porque eu não tiro você da cabeça, e quando está carente e uma ruiva que foi sua ex-namorada no nono ano está te dando mole, pensamos com a cabeça de baixo.

Eu posso acreditar que ele goste de mim, certo?

Suspirei pesadamente atraindo a atenção de Maya, Deidara e Sasori. Mas ignorei prontamente e desviei o meu olhar para o condomínio onde os garotos estavam de reféns. As expressões aflitas dos meninos estavam me deixando apreensiva.

-Quando que vão fazer alguma coisa útil? – perguntei irritada, olhando em direção do pessoal do DEA.

Levantei-me com o intuito de andar em direção do meu pai, mas uma mão segurou o meu pulso me impedindo.

-Fica fria ai Sakura! – o tom de advertência estava explicito na voz de Sasori.

Olhei de novo para as expressões aflitas dos garotos.

-Eu não posso... Algo dentro de mim está dizendo para eu tentar fazer qualquer coisa que seja para salvar aqueles cincos. Não por mim, mas pelos pais deles, amigos e pelas garotas que amam eles. – falei e eu temi que o meu rosto se contorcesse em uma careta de choro.

-Seu pai não vai gostar de saber que você tá’ metendo o nariz onde não é chamada. – Sasori fez sua última tentativa.

-E desde quando eu saber sobre o que vamos fazer na missão ou expressar a minha opinião sobre o que devemos fazer é meter o meu nariz onde não sou chamada? – perguntei irritada. –Eu só quero salvar os garotos esclarecer as coisas às garotas e voltar para minha vida normal, tendo aluas particulares e fazendo missões.

Fiz um movimento brusco, Sasori soltou o meu pulso e eu finalmente pude ir até o meu pai.

No caminho a minha cabeça trabalhava a todo vapor.

Quando vi meu pai parado conversando com o nosso negociador com uma cara nada agradável, eu cogitei em dar meia volta. Mas quando comecei a inclinar o meu corpo o negociador me viu e me chamou. Engolindo em seco fui até lá.

-Tome, ele quer falar com você. – o negociador me entregou o celular.

Com um suspiro pesado e sobre o olhar apreensivo do meu pai atendi o celular.

-O que é dessa vez?

-Enganar as pessoas desse jeito é desleal Sa-ku-ra-chan.

-Vai pro inferno sua cobra desprezível.

Recebi um olhar de advertência do meu pai.

-Que boca mais suja hein.

-Quer parar de enrolar e falar o que você quer tanto comigo, se não percebeu estou com pressa! – olhei para os garotos e percebi que eles também me encaravam com uma preocupação que estranhei.

-Como ela é impaciente. Mas tudo quanto mais rápido isso acabar mais cedo eu posso ir embora.

-Fale logo.

-Em todo o perímetro do condomínio eu tenho subordinados esperando o meu sinal para poderem atacar ou me ajudarem com a minha fuga, mas como seu pai tem uma ótima cabeça, ele logo deduziu e mandou que seus agentes cercassem o perímetro e prendessem os meus subordinados, e foi o que aconteceu.

-E por que você está falando isso para mim?

-Calada garota, deixe-me terminar. Os meus subordinados estão nesse exato momento sendo interrogados pelo DEA. Resumindo, eu não tenho ninguém para me ajudar a sair daqui.

Eu sabia o que ele iria me pedir, sabia que tinha o OU SE NÃO e também sabia que alguém iria sair dali ferido.

-Continue, quer saber da continuação.

-É o seguinte, você me ajuda a fugir e eu solto os cinco, mas você sabe que tem que vir comigo, para a minha última experiência.

O meu coração se apertou em meu peito e senti que iria desmaiar, pois percebi que eu prendia a respiração dede o momento em que Orochimaru começou a falar sobre o principal assunto.

-Já estou sem tempo, ou você aceita ou seus amigos vão encontrar com Deus mais cedo do que o previsto.

Desviei meu olhar para o condomínio e percebi que ele tinha um revolver em mãos e olhava assassinamente em direção de Sasuke.

O que eu faço? Se aceitar Orochimaru foge e eu vou junto, mas se recusar eles morrem. Não posso deixar Orochimaru fugir e mais tarde causar mais mortes por causa de sua obsessão pela genética humana. Mas também não posso deixar os garotos morrerem.

Em um momento de desespero eu gritei com todas as minhas forças atraindo a atenção de todos. Já sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto sem nenhuma hesitação. Os meus olhos se encontraram com dos garotos e vi que eles estavam surpresos com algo. Mas vi que nos olhos ônix do Sasuke tinha um misto de carinho e amor junto com a surpresa. O que seria isso?

Ouvi uma explosão e cinco disparos, desvie meu olhar para a porta do condomínio onde de lá saia Orochimaru todo afobado, sem mais nem menos, avancei para cima dele, fazendo ele se chocar contra o chão e eu caindo em cima dele desferindo uma sequencia de socos, descontando toda a minha raiva e tensão no corpo dele.

-SEU VERME DESPREZÍVEL! EU TE ODEIO SEU PAU NO CU! – senti lágrimas escorrendo sem parar pelo meu rosto. –EU VOU TE MATAR! – acertei um gancho de direita em seu rosto e em momento de raiva eu peguei sua cabeça e bati com tudo no asfalto. –FILHA DA PUTA, se um dia eu descobri que você pensou em mim ou em algum conhecido meu eu castro você, arranco seus membros um de cada vez dolorosamente!

-Sasori tire Sakura de cima dele e algeme o que resto de Orochimaru. Andem logo.

-EU TE ODEIO! MORRA NA CADEIA SER MISERAVEL! – minha visão ficou embaçada por causa das lágrimas e por conta disso acabei socando o asfalto, era o meu último golpe, e eu errei. Estava no meu limite, o estresse, o nervosismo a tensão me sobrecarregou.

-Venha Sakura. Já chega, não precisa mais bater nele, Orochimaru já estava quase inconsciente. – escutei Sasori dizer em meu ouvindo calmamente.

Olhei para o corpo que estava sob o meu e vi que faltava pouco para ele desmaiar.

-O que aconteceu?  O que eu fiz? – perguntei olhando para os olhos de Sasori. –Sasori eu deixei Orochimaru nesse estado? – Sasori assentiu. Comecei a chorar de novo, mas não sabia o motivo do meu choro, em busca de consolo me joguei nos braços de Sasori e ele me abraçou com força e me pegou no colo.

-Sa-kura-chan... – o chamado que ouvi me fez se arrepiar. –Você perdeu. – Orochimaru falou antes de fechar os olhos. A região da cabeça estava com uma poça de sangue um pouco grande.

-Levem Orochimaru daqui. – escutei meu falar.

Estava fechando os olhos, mas lembrei de uma coisa.

-Sasori e os cinco tiros?

-Não se preocupe, apenas descanse. – disse e beijou a minha testa.

-SAKURA-CHAN! – a voz de Naruto preencheu o meu ouvido e abri os meus olhos.

Procurei com olhos e quando os vi eu sorri aliviada. Naruto andava com uma manta em seus ombros e a expressão aflita tinha sumida, agora ele só sorria e tinha um curativo no canto de sua testa, andando ao lado do loiro estava Neiji que também tinha uma manta em seus ombros com o pulso enfaixado e um sorriso de canto, assim como Naruto estava sem aquela expressão aflita, ao seu lado estava Shikamaru e do outro lado de Naruto estava Gaara, os dois últimos que citei também estavam com mantas em seus ombros, Shikamaru com um curativo na bochecha esquerda e o Gaara estava sem nenhum curativo, os dois também sorriam do jeito deles. Eu sabia que essa experiência que eles tiveram deixaria algum tipo de trauma neles.

Mas uma coisa me incomodou, onde estava Uchiha Sasuke?

-Você está bem? – perguntou Neiji.

-Estou sim, obrigada. E vocês estão bem?

-Sim. – responderam juntos.

-Mas cadê o Sasuke?

-TRAGAM UMA MACA E RÁPIDO. UM DOS REFÉNS ESTÁ BALEADO.

Alguém respondeu por eles.

As peças foram se juntando, os cinco tiros, um deles atingiu o Sasuke, o meu Sasuke-kun, e agora ele está, com um furo por causa da bala, sangrando e perto da morte.

Sem pensar duas eu pulei do colo do Sasori e fui correndo até onde ele se encontrava, os para-médicos onde não tinham chego.

Estaquei perto de um sofá de coura bege que agora estava tingido de vermelho sangue e que o Sasuke estava deitado nele com a mão pressionando a região perto do diafragma.

-Sasuke! – cheguei perto dele, e ele olhou em minha direção por alguns poucos minutos, deu um sorriso de canto e fechou os olhos. –Sasuke! Hei, Sasuke! Abre os olhos! Sasuke! – debrucei-me sobre o corpo dele e vi que a pressão que ele colocava na região onde a bala o atingiu perdeu força.

Querendo salvar ele, custe o que custar tirei a minha blusa e a rasguei na costura lateral, enrolei a minha blusa na região do diafragma e amarrei com força para conter o sangue.

-Sasuke, por favor, não morra! – implorei em meio às lágrimas encostando a minha testa na dele e vi que estava ficando gelada. -Cadê os para-médicos? ANDEM LOGO COM ISSO PARA-MÉDICOS, O SASUKE ESTÁ MORRENDO E VOCÊS ESTÃO NESSA LERDEZA, ATÉ UMA TARTARUGA GANHA DE VOCÊS!

*CONTINUA*