Desafios escrita por Remayuto


Capítulo 24
24. Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Hey people, como vocês estão?

Desculpe mais uma vez pelo meu sumiço, mas isso não irá mais acontecer, até porque chegou o grande finale ~ yay! Espero que gostem e desfrutem do último capítulo de "Desafios".



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Naquela noite estava completando 10 anos desde que havia pisado naquele lugar e simplesmente parecia que Konoha Gakkuen não havia mudado em quase nada durante aquele intervalo de tempo. Se sentia um tanto nervosa por estar novamente atravessando os corredores do colégio que havia proporcionado tantas lembranças, umas boas enquanto outras nem tanto, sendo o objetivo daquela visita nostálgica uma reunião dos formandos em comemoração aos 10 anos desde a sua graduação.

Apesar de ter mantido contato com alguns amigos ao longo dos anos, infelizmente não era possível encontrar-se pessoalmente com a maioria devido a alguns impedimentos, desde compromissos profissionais até mesmo de fronteiras, já que nem todos permaneceram na cidade após o término do colegial ou após graduar-se na faculdade. Um exemplo disso era ela própria que durante os primeiros anos da faculdade de medicina, por obter excelentes notas e resultados em pesquisas de diferentes segmentos, desde doenças contagiosas até tratamentos para casos de intoxicação por envenenamento, foi convidada para participar de diversos eventos e até mesmo visitas como estágio em países em crise, prestando auxílio em acampamentos de refugiados ou bases de exército em comunidades carentes, inclusive em zonas de confronto. Tal experiência deu a ela a oportunidade de conhecer diversas partes do mundo e a ganhar prêmios de reconhecimento pelo seu trabalho e pesquisas.

Além da Haruno, os demais da turma também conseguiram se sobressair profissionalmente, sendo alguns deles: Naruto que, surpreendentemente, havia se tornado um aclamado chefe de culinária japonesa, sendo especializado em ramen, tendo reinaugurado a filial em Konoha (de 10 no total), que foi seu primeiro restaurante, o que havia causado um grande alvoroço da imprensa não só local, mas também internacional devido à presença de diversas celebridades; Hinata, que casou com o loirinho alguns anos após concluir o ensino médio, não só presenciou o início do legado dos restaurantes do Uzumaki, mas também o ajudou realizando o gerenciamento do negócio, se tornando uma administradora de pulso firme e hábil se tratando em negócios, contrastando com sua personalidade gentil; e Ino, após uma curta crise de desespero após o colegial, resolveu se dedicar ao negócio da família, tornando-se uma famosa especialista em Ikebana, chegando a dar aulas para um seleto grupo de esposas de grandes empresários (o que na opinião da Sakura significava um bando de mulheres que não tinham nada melhor a fazer do que gastar o dinheiro dos maridos).

Perdida em sua recapitulação mental do paradeiro dos amigos e ansiosa por poder reencontra-los depois de um longo tempo com finalmente todos reunidos, Sakura finalmente adentrou o salão, sendo rapidamente recepcionada por um abraço caloroso de Naruto e um outro mais contido da antiga Hyuuga, que agora era portadora do sobrenome Uzumaki.

— Sakura-chan! Há quanto tempo, pensei que não viria mais... - comentou o loiro após Hinata se afastar da rosada, dizendo que iria chamar a Yamanaka e avisa-la que finamente havia chegado.

— Naruto, não seja exagerado. Nós nos vimos antes de ontem na inauguração do seu restaurante. - ralhou Sakura após bufar e revirar os olhos. - Além disso, faz apenas 15 minutos que a reunião começou e ainda falta muita gente para chegar se você ainda não reparou.

— Poxa Sakura-chan, poderia ser mais gentil comigo né. - brincou o Uzumaki enquanto analisava o recinto e percebia que realmente alguns conhecidos seu não haviam chegado ainda, inclusive o seu melhor amigo.

Após mais uma acalorada discussão com a chegada de Ino e seu belo barrigão de quase 9 meses, Sakura disse que o recinto estava muito abafado e iria dar uma volta pela escola a fim de poder respirar um ar mais leve, claro que todos perceberam que era mais uma desculpa para escapar das perguntas nada discretas da loira sobre a vida amorosa da Haruno, mais especificamente sobre quem seria o responsável por estar deixando a cabeça da portadora das madeixas rosadas sempre nas nuvens.

Após andar um pouco, Sakura já se arrependia de ter deixado o casaco no carro e estar usando um delicado vestido sem mangas vermelho, que era soltinho e que possuía uma gola peter pan preta, combinando com a bota sem salto que calçava, uma coisa que não havia mudado com o decorrer dos anos e com a sua profissão era o fato de sempre procurar manter-se confortável. Como se algo a chamasse, a bela mulher com recém completados 28 anos, mas que ainda possuía um ar pueril nos olhos, entrou em uma sala de aula que se encontrava vazia e se aproximou de uma mesa, sentando-se nesta, para poder observar a bela lua cheia que iluminava o céu e boa parte da sala. Absorta em pensamentos não percebeu a figura que se aproximava sorrateiramente atrás de si, que logo envolveu os braços ao redor da cintura feminina (e antes que pudesse socar a pessoa que ousava lhe assustar), dando um abraço por trás enquanto descansava o queixo no topo da cabeça da Haruno se aproveitando da diferença de alturas, que logo passou a pousar na curvatura do pescoço da rosada, aspirando o suave aroma que sempre lhe agradou.

— Você não deveria estar sozinha aqui nesse escuro. - sussurrou o até então ser misterioso próximo do ouvido da mulher, que reagiu colocando os braços em cima dos que já cobriam a região da sua barriga.

— E você não deveria atacar uma jovem inocente como eu tão silenciosamente. - murmurou enquanto um bico adornava os lábios levemente rosados, que foi rapidamente substituído por uma risadinha tímida quando sentiu os lábios da outra pessoa depositar um breve beijo em seu pescoço. - Poderia ter te socado, sabia? - continuou a falar advertindo sobre o rápido reflexo que adquiriu após um obrigatório e infernal treinamento no exército para evitar situações de perigo durante a sua estadia nos acampamentos em locais de risco. - Sorte a sua eu ter reconhecido o seu perfume, Sasuke-kun.

O moreno, que estava ainda mais alto desde a época da escola, apenas permaneceu em silêncio e acomodou a Haruno melhor em seus braços, aquecendo-a. – Deveria se agasalhar mesmo, poderia pegar um resfriado facilmente vestida assim.

— Dá um tempo desse ar todo mandão e vamos aproveitar a noite, seu chato! – ralhou a rosada desfazendo o abraço e levantando-se da mesa em que estava apoiada.

— Só estou cuidando do que é importante para mim... – resmungou o Uchiha para si, mas não baixo o suficiente para que a jovem próxima de si deixasse de ouvir, reagindo com um sorriso tímido ao compreender o que acabara de ser dito.

— Olha só, você agindo todo fofo! Assim eu não aguento. – exclamou Sakura enquanto esticava os braços para alcançar as bochechas do moreno, apertando levemente e antes que o dono das mesmas pudesse reagir, a Haruno concluiu sua ação abraçando-o pelo pescoço em seguida. – Nee, como você acha que o pessoal irá reagir quando contarmos as novidades? Pensando melhor, como posso contar tudo o que aconteceu?

— É bem simples, só dizer que nos esbarramos por aí num dia e na mesma noite nos casamos. – respondeu Sasuke utilizando um tom que esbanjava zoação, sendo recompensado com um ardido tapa no braço e um olhar indignado da jovem a sua frente.

Tal frase despertou na Haruno novamente uma viagem as suas lembranças desde que havia terminado a escola até alguns dias antes, lembrando-a das reviravoltas que a sua vida deu desde então. No último dia do festival esportivo havia se aproximado  do Uchiha mais uma vez, mas sempre tentando se conter com medo de que algo de ruim pudesse acontecer, não conseguindo se entregar de coração aberto aos seus sentimentos, o que havia desgastado mais uma vez a relação, culminando num término amigável, já que durante o terceiro ano todos estavam muito ocupados em sua própria busca e esforço para decidir o seu futuro, estudando como nunca para os terríveis vestibulares que não tinham mais tanto tempo para se dedicar a relacionamentos. Recordava-se inclusive de uma Hinata possessa e hostil, com o pobre do Uzumaki sendo uma das principais vítimas de seu estresse, mas que logo conseguiu contornar a situação com a Hyuuga conseguindo entrar numa prestigiada faculdade para cursar administração.

Sakura também havia conseguido entrar numa ótima universidade e havia passado a se dedicar integralmente a ela, tanto que raramente se encontrava com os seus amigos ou até mesmo mantinha contato tão constante com sua família durante os períodos de aula, mas tentava compensar sua ausência quando estava de férias, o que se tornava cada vez mais difícil quando passou a viajar constantemente nesse período por causa dos trabalhos voluntários ao redor do mundo. Somente pôde reatar definitivamente sua rotina familiar e com os amigos apenas dois anos atrás, quando terminou a sua residência e especialização, sendo contratada pelo maior hospital de Konoha. Claro que ainda realizava algumas viagens para ajudar áreas de riscos e afins, mas havia reduzido drasticamente para poder se dedicar mais calmamente o lado pessoal de sua vida, quem sabe procurar um possível candidato para namorado (pelo menos era nisso que Ino queria que a Haruno estivesse fazendo).

Sasuke, em seu último ano na escola, encontrava-se focado no cargo de presidente do grêmio estudantil e participando ativamente dos campeonatos de basquete junto com os demais garotos, tendo sido graças a isso que conquistou uma bolsa de estudos em uma faculdade na Europa, partindo de Konoha tão logo havia se formado. De repente, todos se deram conta do choque da realidade e das mudanças que estava sofrendo, com amigos passando a seguir rumos diferentes, perdendo toda a convivência diária, mas ao mesmo tempo adquirindo responsabilidades para se tornarem adultos e unidos com a promessa de manterem contato, seja pessoalmente com reuniões em barzinhos ou até mesmo por telefone ou chamadas de vídeo via Skype; houve dias que pensaram em desistir e jogar tudo para o alto, querendo reviver o clima tão descontraído da escola, mas sentiam novamente que a tão grandiosa esperança por um dia em que tudo iria melhorar e continuavam suas vidas (claro que alguns se rendiam as crises existenciais, mas sabiam que qualquer coisa poderiam contar com um amigo para ajudar a superar isso).

Pulando mais alguns anos, Sakura se lembrou como se sentiu ao rever o Uchiha depois de tanto tempo, mal pôde acreditar que iria se encontrar com ele em tal situação e sentia um friozinho na barriga só de se recordar. Eram uns 7 ou 8 meses atrás e estava quase congelando dentro de vários casacos numa região afastada com temperaturas próximas a 0º C. Havia sido chamada para tratar alguns poucos moradores de um vilarejo distante, mas não imune ao mal da violência, sendo vítima de uma gangue de malfeitores, que viviam aterrorizando a população local e restringia o acesso destes aos serviços básicos, como ao abastecimento de comida e remédios, já que produtores de outras cidades e as empresas tinham medo de serem roubados ao enviarem os seus produtos, deixando a população sem muitas opções de viver, frequentemente morrendo por doenças que poderiam ser tratadas facilmente e com crianças sofrendo com sério caso de desnutrição, dificilmente chegando até os 5 anos.  A Haruno quando havia ficado sabendo da situação do vilarejo ficou arrasada, mas determinada para tentar a mudar essa situação quando foi chamada a participar de uma operação pós-força tarefa do exército junto com a polícia local para retomar o controle da situação.

Quando a Haruno finalmente pôs os pés no vilarejo, a situação já não era mais a mesma, os moradores aos poucos estavam tentando se acostumar com a liberdade, mas ainda sob uma nuvem de receio e de uma nova represália, seja por parte dos soldados que circulavam pela região ou pela possibilidade dos malfeitores retornarem. Como a situação ainda estava perigosa, a equipe médica, composta por Sakura e mais 7 integrantes, tinha que ser a todo momento acompanhada por um policial ou soldado como medida de segurança e ao saber disso, a rosada não havia ficado nada feliz, pois sabia que poderia cuidar de si mesma muito bem e não pode evitar de se surpreender quando conheceu quem seria o responsável por si. Era um soldado que se assemelhava a uma montanha de músculos, que cada vez que abria a boca, destilava comentários machistas para cima da Haruno, dizendo coisas como o lugar de mulher não era ali, mas sim trancada dentro de casa cuidando dos filhos; revezando tais opiniões de merda no ponto de vista da jovem com flertes totalmente repulsivos. Felizmente a Haruno não precisou o suportar por mais tempo, menos de 4 horas depois de o conhecer já havia feito o pequeno favor de arrebentar o nariz do sujeito quando este veio gracejar mais uma vez para cima de si. Se lembrava perfeitamente de ter no dia solicitado entrar em contato com o responsável ou algum superior daquele troglodita a um outro soldado, mas que havia sido facilmente ignorada e não aguentando mais suportar a situação, acabou socando ele tão forte quanto podia com o máximo de sua raiva. Obviamente foi rapidamente contida pelos demais soldados (se não teria deixado mais algumas marcas no cara) e retida numa sala reclusa enquanto aguardava o responsável chegar para tomar alguma atitude quanto à situação.

Sakura jurava que seu coração havia parado de bater durante alguns minutos ao avistar a porta do recinto sendo aberta e o tão esperado responsável passar por ela. Parando a sua linha de palavrões e outros xingamentos mentais ao desconhecido, a jovem não acreditava que parado a sua frente estava o Uchiha, numa postura que exalava seriedade e rigidez, além de uma beleza infernal, ousando demonstrar um mísero sorriso de canto em reconhecimento da bela médica. A Haruno não pode evitar ficar de boca aberta enquanto o encarava, pois logo quando entrou na faculdade não havia tido nenhuma notícia sequer do moreno, então estava em choque tanto por reencontra-lo ali quanto por ter descoberto que o mesmo fazia parte daquela operação. Tentava se recuperar enquanto o observava e pode fazer algumas constatações: primeiro que o mesmo não deveria integrar o exército, pois não usava a roupa característica, na verdade trajava roupas um tanto casuais se assim poderia dizer, como um casaco de frio preto para mantê-lo quente e, logo após ele se despir deixando-a no encosto da cadeira, reparou na camiseta escura de mangas compridas que usava por baixo delineando os músculos dos braços e evidenciando tanto o peitoral quanto o abdômen em forma, trajando uma calça de tecido mais grosso e um par de botas para enfrentar a grossa camada de neve que tinha do lado de fora.

Sasuke simplesmente estava puto naquela manhã. Havia recebido um informativo dias atrás de que uma equipe de médicos seria encaminhada até onde estava para restabelecer o atendimento local até tudo voltar a ser normalizado, mas em sua opinião ainda estava cedo demais, pois fazia poucas horas que haviam finalmente prendido o principal comandante do crime da região, conquista de um detalhado e complexo plano que mesmo assim resultou na fuga de alguns capangas. Para melhorar, estavam enfrentando o pior inverno em 50 anos, com temperaturas extremamente baixas, piorando cada vez mais seu humor, simplesmente odiava o frio, apesar de ouvir muitas vezes que era um iceberg. Ainda teve que enfrentar o péssimo clima, saindo para verificar pessoalmente o que havia acontecido em uma das fronteiras da vila por onde os fugitivos tinham possivelmente escapado, portanto, acabaria perdendo a recepção dos novos moradores temporários e consequentemente não poderia usar o seu tom mais severo para conscientiza-los das obrigações ali e de como deveriam agir dali em diante. O estopim havia sido ser notificado pelo rádio que alguém tinha quebrado o nariz de um de seus subordinados, apesar de ter ficado feliz internamente por alguém ter tido essa atitude antes de si (já que não suportava o cara), ficou nervoso por alguém ter tido a audácia de enfrentar a sua autoridade, já pensando em um castigo por tal tolice.

Qual foi a surpresa ao entrar no seu improvisado escritório e encontrar alguém que significou tanto em seu passado. Reparou que quando chegou ela estava sentada numa das poltronas que ficava na sala do chalé todo madeirado (que antes estava desocupado e que estava servindo também como sua casa temporariamente, se estabelecendo lá, dormindo na suíte que ficava no andar de cima), se levantando rapidamente ao ouvir a porta sendo aberta, fazendo com que o brilho do fogo da lareira refletisse em seus cabelos ainda curtos, deixando o clima um tanto especial. Percebeu a análise dela sob si e se permitiu fazer o mesmo. Se antes já sentia o seu coração palpitar enlouquecidamente quando a Haruno ainda era uma garota – em pleno desenvolvimento, agora que a via em sua forma completa com curvas nada exageradas, mas que ainda o provocavam, Sasuke se percebeu engolindo a seco como uma tentativa de se controlar, mas não sendo o suficiente para impedir um sorriso que carregava um mix de aprovação pela visão a sua frente e de zombação para tentar manter as aparências aparecesse.

A Haruno, após finalmente aceitar que não estava tendo uma visão, se aproximou rapidamente do homem e o abraçou com força, enterrando o rosto no peito masculino enquanto soltava um sonoro “Sasuke-kun!” como nos velhos tempos, desmanchando o abraço logo em seguida ao se dar conta de como estava agindo e antes que pudesse se afastar, sentiu o Uchiha refazer o abraço enterrando o rosto no pescoço feminino, provocando arrepios nela por conta da respiração gélida que sentia em sua pele e numa região tão sensível.

 Ainda um tanto inerte, a rosada mal percebeu quando o Uchiha se afastou e começou a dar um sermão pela atitude da jovem mais cedo com o soldado, lhe dando um castigo: decretou que a Haruno deveria o ajudar no chalé, desempenhando um papel de assistente enquanto ela não estivesse atendendo os seus pacientes, ou seja, quando a jovem mulher tivesse algum tempinho livre, deveria auxiliar o moreno na arrumação das papeladas ou em qualquer outra atividade que o Uchiha julgasse ser necessário. Na realidade, Sasuke não fazia parte diretamente do exército ou da polícia, pelo menos não tinha um cargo fixo exatamente nessas organizações. Era um agente que servia diretamente ao Governo, então sempre que era necessário, era designado para uma determinada função em alguma missão. Quando havia optado por cursar direito alguns anos atrás, nunca passou por sua cabeça ou sonhos ser recrutado e se tornar um agente; sabia melhor do que ninguém que se arriscava demais em cada missão, correndo o risco de não voltar vivo, mas a sensação de adrenalina e de perigo o excitava, além, claro, do salário gordo que recebia a cada trabalho que possibilitava uma vida mais do que confortável.

O primeiro dia havia sido inesquecível para a Haruno naquele lugar, sentia que havia descido ao inferno e subido ao céu mais vezes do que poderia contar. Claro que não havia gostado nenhum pouco do pseudo-castigo que havia recebido, pois não havia feito nada de errado em sua opinião e até o Uchiha concordava internamente com a ação da Haruno, mas jamais iria admitir em voz alta porque via o castigo como uma chance de se aproximarem novamente e sabia que não permitiria nada os atrapalhar dessa vez, já que agora eram adultos e principalmente mais maduros, podendo lidar melhor com toda aquela carga de sentimentos.  Por sorte ou não, os antigos colegas de escola foram se aproximando cada vez com o passar dos dias, com sorrisos maliciosos e frases nada sutis por parte de Sasuke direcionadas a Haruno, que, por mais que tentasse, abria o seu coração mais uma vez. Foi inevitável reascenderem a paixão durante os seis meses que passaram no vilarejo, engajando um relacionamento que se assemelhava com a rotina de recém-casados com a rosada inclusive passando a morar no chalé menos de 2 meses após se reencontrarem.  Com a chegada do fim da operação e com a ordem enfim estabelecida no vilarejo, veio a autorização de todos retornarem para casa. Sakura em seus últimos dias no local se sentia totalmente apreensiva, pois nunca havia conversado com Sasuke sobre o que iriam fazer em seguida, o futuro juntos nunca havia sido discutido e isso causava um aperto quase insuportável na Haruno, pois tinha a sensação de que tudo que viveram naqueles 6 meses iria desaparecer assim que voltassem para a antiga rotina, portanto, acreditava que não manteriam nenhum contato.

No final da tarde do último dia no chalé, Sakura já estava com as malas devidamente arrumadas para o dia seguinte, onde partiria junto com os demais da equipe médico logo que o dia clareasse. Até aquele momento não havia criado coragem suficiente para questionar o Uchiha sobre como as coisas seriam a partir do dia seguinte e era notável o que tal tensão estava causando em si, com sinais claros de desgaste em seu rosto antes tão jovial, mas que agora carregava pequenas olheiras. Durante o dia inteiro não havia encontrado com o moreno em nenhum momento, após terem acordado de manhã e se despedido rapidamente, até porque esteve ocupada revisando o pequeno hospital, mas funcional que havia conseguido organizar naqueles meses. Mal sabia que naquela noite o Uchiha iria aparecer com um padre bem senhorzinho a tiracolo para oficializar a união do casal, que teve a presença apenas dos habitantes daquele pequeno vilarejo como testemunhas. A cerimônia havia sido simples e rápida, mas não menos que perfeita aos olhos da Haruno, que se segurava ao máximo para não deixar cair às lágrimas que enchiam seus olhos. Naquela noite, o mais novo casal se amou tantas vezes que fosse possível, demonstrando todo o amor que um sentia pelo outro.

Infelizmente, o casal teve que se despedir no dia seguinte, mas com o Uchiha sussurrando promessas de que a distancia era temporária e tão logo estariam juntos novamente. Rapidamente uma semana se passou, depois mais uma e tão logo se completou 1 mês em que a antiga Haruno não via seu amado pessoalmente, conseguiam se comunicar escassamente por telefone, já que após a partida dela do vilarejo, o moreno teve que permanecer lá mais alguns dias e logo depois foi transferido para outra missão.

Sakura agradecia por já estar morando sozinha e não ter que dar mais satisfações a sua mãe ou pai, pois até agora não havia comentado apropriadamente que havia se casado e muito menos com quem... durante os meses em que havia ficado longe, mesmo tentando a todo custo, havia deixado escapar e mostrava sinais claros que estava mais feliz que o normal e não foi difícil sua mãe ou suas amigas perceberem que ela estava apaixonada por alguém até então desconhecido e, apesar da curiosidade, elas procuraram não questionar demais a Haruno, porque sabiam que se forçassem, a rosada iria surtar e assim não comentaria mais nada.

No tempo em que Sasuke esteve longe, Sakura se ocupou o quanto pôde com a sua rotina no hospital e também ajudou o quanto pôde na reabertura do restaurante de Naruto, dessa forma nem percebeu tanto o tempo voando e logo chegando o dia da reinauguração. Tinha esperanças de que o Uchiha fosse dar o ar da graça, mas somente encontrou decepção ao se dar conta que isso não iria acontecer ao receber uma mensagem do mesmo pedindo desculpas e um aviso de que logo se juntariam novamente.  Após poucos dias, tal encontro havia finalmente acontecido em sua antiga sala de aula, numa confraternização de ex-alunos.

Sakura suspirava em pura felicidade após relembrar tudo que passou nos últimos meses, sendo despertada ao sentir uma leve dor em seu ombro, dando conta que o Uchiha, que não havia ficado nada feliz com a falta de atenção para si e estranhando o quão longo estava sendo o silêncio da rosada, mordeu levemente uma parte do ombro feminino para chamar a atenção após afastar o tecido do local, expondo a pele de porcelana, beijando logo em seguida.

— Ouch! O que você está fazendo? – ralhou Sakura virando-se de frente para o moreno, que exibia um sorriso malicioso que sabia que causava um efeito na mulher.

— Apenas te chamando para o presente. – respondeu brincalhão, logo em seguida completando provocante. – E realmente sinto falta de ver as minhas marcas nessa pele tão branquinha. – O efeito foi instantâneo, Sakura corou e estava definitivamente da cor de seu vestido, não sabendo onde enfiar a cara pela tamanha cara de pau do outro.

Selando carinhosamente seus lábios nos masculinos, Sakura se endireitou e puxou o Uchiha pela mão para a saída para logo retornarem aos seus amigos, enquanto se continha para não transbordar toda a alegria que estava sentindo, ainda mais para reunir o que lhe restava de coragem para contar mais tarde ao seu marido que estariam enfrentando ainda mais desafios dali em diante conforme crescia a pequena vida em seu ventre...


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Esperavam um final diferente? Agradou vocês? Me contem :)

Tive um travamento de criatividade durante um bom tempo e hoje finalmente criei coragem de sentar e digitar tudo que andei pensando e que talvez pudesse ser aproveitado, tanto que passei a tarde inteirinha na frente do computador e terminei só agora :)

Enquanto escrevia, veio muitas ideias durante o período no vilarejo, talvez role alguma coisa com mais detalhes, não sei ainda, me deem um feedback que poderá sair mais alguma coisa como um spin-off hihihi

É isso, pessoal! Muito obrigada pelo carinho por todos esses anos e pela paciência de santos que tiveram comigo e com meus atrasos. Espero encontra-los novamente algum dia ~

Kissu e até uma próxima ;*



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