Ao longe, Naruto avistou a Haruno e a Hyuuga se aproximando finalmente depois de quase 1 hora após a partida da rosada.

– Onde vocês duas estavam? – perguntou o loiro preocupado. – Demoraram muito.

Antes que a Hyuuga pudesse falar sobre a confusão em que se metera, a Haruno a censurou ao lhe mandar um olhar irritado.

– Demorei um tempinho para encontrar a Hina-chan e na volta, por estar muito abafado, resolvi dar um mergulho para me refrescar um pouco. – mentiu Sakura para não preocupar ainda mais o amigo hiperativo.

– Se foi isso mesmo o que aconteceu, então por que ainda está vestindo a sua camisa e shorts? – questionou o garoto com desconfiança. Bela hora em que o Uzumaki resolvera ser observador, pensava Sakura nervosa. – E se tivesse os vestido depois do mergulho, a sua roupa estaria encharcada agora.

– Dá um tempo Naruto. – disse a Haruno pronta para socar o amigo, mas ao perceber que em sua mão havia algumas manchas de sangue, escondeu–a rapidamente, esperando que o loiro não tivesse reparado nela. Por sorte, quando percebeu a intenção violenta da amiga, o Uzumaki havia fechado os olhos como um reflexo. – Não se afaste da Hina-chan, Naruto. Eu vou voltar para a pousada para pegar o meu protetor solar que esqueci.

Afastando-se rapidamente dos amigos, a Haruno analisava discretamente a sua mão. Quando chegou à pousada, dirigiu-se ao banheiro, onde limpava as manchas de sangue, vendo se havia machucado o local devido à força que usara no soco; estava tão concentrada na tarefa que levara um susto ao notar Sasuke encostado no batente da porta com o cenho franzido, parecia que o garoto estava ali já há algum tempo.

– Q-que susto, Sasuke-kun! – gritou Sakura, escondendo a mão rapidamente dos olhos avaliativos do moreno. Tal movimento foi inútil, já que o Uchiha, com uma rapidez anormal, aproximou–se da garota, segurando a mão desta.

– O que diabos você andou fazendo? – questionou Sasuke vendo pequenas marcas que já estavam ficando roxas. A Haruno tentava a todo custo se soltar do Uchiha e se machucava ainda mais durante a tentativa. – Quieta, garota!

– Me solta primeiro, seu baka! – retrucou Sakura, assustando um pouco Sasuke com o xingamento direcionado. Vendo o quão rude estava sendo, a rosada tratou logo de se desculpar. – Gomen nee, Sasuke–kun.

O garoto suspirou e, segurando da forma mais delicada que conseguia, terminou de limpar a mão da Haruno, que estava surpresa com a gentileza do Uchiha. Enquanto secava com cuidado a área, um silêncio incômodo se instalou entre os dois.

– Nee... por que você não estava com os outros na praia? – perguntou timidamente a garota para quebrar o “gelo” que havia se formado ali.

– Não pense que já esqueci o que te perguntei. – respondeu o moreno esperando a explicação da Haruno sobre o que tinha acontecido, aproximando cada vez mais desta, encurralando–a na parede do banheiro ao colocar os seus braços ao lado do corpo feminino. Vendo que o Uchiha não a liberaria sem antes saber em que encrenca tinha se metido desta vez, a rosada resolveu contar o encontro com um tal de “Hidan” e o modo “estúpido” com o qual este tinha agido, omitindo o fato de ter socado o prateado como forma de descontar a sua raiva, o que o Uchiha concluiu por si mesmo já que conhecia muito bem o temperamento explosivo da garota ao seu lado. A Haruno só não esperava a explosão que viria a seguir.

– Você tem ideia do quão perigoso era a situação? Se o Itachi não tivesse aparecido, era certeza de que algo terrível iria acontecer. – ralhou Sasuke encarando a Haruno, que desviara o olhar por vergonha. – Isso tudo por causa de uma briga infantil com a Tsuchi.

Ao ouvir o sobrenome de Kin, Sakura empurrou o Uchiha sem se importar com as lágrimas que estavam prestes a escorrer.

– Não acredito! – exclamou a Haruno incrédula. – Você... está defendendo ela?

– Não é hora para você ter um ataque de ciúmes. – brigou novamente o Uchiha, sem notar que as suas palavras machucavam cada vez mais Sakura.

– Que droga, por que você é assim, Sasuke-kun? – murmurou a Haruno mais para si mesma, apesar do garoto ter escutado por estarem perto um do outro. – Sempre diz as piores coisas nos momentos mais importunos...

Sem mais forças, a rosada deslizou até sentar-se no chão gelado de azulejo, abraçando os joelhos, permitindo-se chorar. O moreno observava a cena sentindo-se culpado por ela estar chorando, sentia um grande incômodo no peito ao olhar a garota naquele estado.

– Estou tão cansada de ser a única a amar e não ser retribuída... Por todos estes anos, só fui capaz de olhar para você...– confessava a rosada escondendo a face banhada em lágrimas. – Sou estúpida, não é mesmo? Prometi a mim mesma que não choraria mais por você ou por qualquer outro garoto no futuro, mas nem mesmo pra isso sou forte o suficiente, né?

– Sakura... – chamava o Uchiha, que se agachara em frente da Haruno e, apesar de não saber o que fazer, tentava confortá-la ao passar gentilmente as mãos nos ombros femininos. Sasuke escutava atentamente cada palavra dita e não havia gostado nenhum pouco de imaginar que algum outro garoto pudesse fazer a Haruno chorar.

– Por favor, pare com isso. – disse Sakura afastando o garoto ao levantar-se, secando as lágrimas que insistiam cair. – Sabe, acho que foi bom termos terminado...

Não conseguindo continuar a falar, a Haruno desviou-se do Uchiha e correu para fora do banheiro. Quando estava no corredor, já perto dos quartos, sentiu alguém a puxar e a abraçar, confortando-a; por um momento pensou que era Sasuke, mas notou que quem a abraçava era um pouco menor que o moreno e tinha um perfume diferente. Com muito custo, tomou coragem e dirigiu o olhar em busca do rosto de quem a confortava, encontrando um familiar cabelo ruivo.

– G-Gaara? – Estava surpresa demais para reagir. Antes que pudesse perguntar ao Sabaku sobre o que ele estava fazendo, sentiu outra pessoa a puxar, abraçando-a de forma protetora.

– O que acha que está fazendo? – perguntou Sasuke furioso com o ruivo, que sorria de uma forma estranha.

– Eu que deveria te perguntar isso, Uchiha. – rebateu Gaara, logo continuou provocando. – Não é por minha causa que a Haruno está chorando.

Sem conseguir se controlar por mais tempo, o moreno avançou sobre o outro garoto, o derrubando com um soco veloz; Sakura estava ainda entorpecida, mas ao ver o ruivo devolvendo o soco no Uchiha, sentiu as forças voltando, impulsionando-a a entrar no meio dos garotos que trocavam agressões tanto físicas quanto verbais.

– Parem! – gritou, quase sendo acertada pelos dois.

– Não se meta nisso Sakura. – disse o Uchiha limpando o sangue dos seus lábios, dando em seguida um sorriso repleto de zombaria. – Você é fraca demais e pode se machucar seriamente.

Abandonando a pose de garota chorona, a Haruno adotou uma expressão séria e desferiu um tapa no rosto pálido do moreno.

– Gaara, desculpe se eu parecer rude agora, mas poderia nos deixar a sós? – pediu a Haruno de costas para o ruivo, não deixando um segundo de olhar para Sasuke, que parecia chocado pelo golpe que recebera. O Sabaku acenou positivamente, encaminhando-se lentamente para a saída da pousada, levando nos lábios machucados um sorrisinho misterioso.

Em silêncio, a Haruno pegou uma das mãos de Sasuke e o puxou até entrar no quarto das garotas, indicando que o garoto deveria se sentar em um dos futons que se encontrava no local. O garoto observava a rosada, que estava de costas para si, remexendo em sua mala por alguns minutos, logo virando em sua direção junto de uma caixa pequena de primeiros-socorros.

Enquanto tinha os seus ferimentos tratados pela garota, o Uchiha analisava cada parte do rosto da Haruno, tentando decifrar o que ela pensava. Era estranho estar junto dela, mas não ouvir a voz sempre animada da mesma.

Incomodado, o garoto tentou chamar o nome da Haruno, mas esta o interrompeu, fazendo um sinal para que ficasse quieto, atitude que o irritou profundamente.

– Será que dá pra você dizer alguma coisa? – indagou o Uchiha.

– Engraçado ouvir isso vindo de você. – comentou Sakura, dando um riso sem humor, guardando os remédios que havia usado após ter terminado de esterilizar o corte no lábio inferior do Uchiha. – Engraçado também o fato de que logo após me censurar por ter tido um “ataque de ciúmes”, você ter brigado com outra pessoa só por ela ter me confortado.

Surpreso pelo o que a Haruno tinha lhe dito, não soube como se defender. Esta, por sua vez, sentou-se em um futon que estava próximo de si, cruzando os braços sobre os joelhos, como se tivesse abraçando-os.

– Eu agradeceria se me dissesse o que quer que eu faça... Suponho que não gostaria que eu voltasse a “ser” como era antes, sempre atrás de você. – dizia a rosada, sem prestar atenção no que falava, perdida em seus próprios pensamentos. – Também não parece ser uma opção me relacionar com outro garoto, me sentiria como se estivesse usando a pessoa.

Sakura enumerava as possíveis “alternativas” que tinha passando a sensação de estar se divertindo, o que fazia o Uchiha se sentir ignorado. Abandonando a posição em que estava, Sakura passou a olhar diretamente para o garoto sem mais a calma de antes.

– Não é uma opção voltarmos a namorar, então, me diga o que você quer. – declarou a garota séria, logo continuando sem esperar uma resposta do outro. – Se não tem nada a dizer, então peço que volte a ter o seu maldito autocontrole e não se intrometa mais no meu caminho, mesmo que eu fraqueje e chame por você.

– Antes parecia impossível, mas agora está um pouco mais fácil viver sem estar pensando ou te perseguindo 24 horas por dia. – declarava a garota, segurando ao máximo as lágrimas, soltando uma fraca risada. – Devo estar louca... Não quero ficar longe de você, mas o que estou dizendo só nos afastará cada vez mais.

Não suportando mais ouvir a confissão da Haruno, o Uchiha finalmente resolveu tomar uma atitude para acabar com tudo aquilo: aproveitando-se do fato de ela estar em futon, a empurrou sobre este, tomando o cuidado ao colocar a sua mão na parte de trás da cabeça dela para que não se machucasse, o que o fez ficar por cima da garota e perigosamente perto dos lábios femininos, que foram possuídos imediatamente pelos seus. Apesar de estar chateada, não demorou muito para que a Haruno correspondesse o carinho.

– Você fala demais. – murmurou Sasuke após se separarem em busca de ar. – Pare de pensar em tantas bobagens, isso é irritante.

Vendo que a garota não tentava se soltar e que ouvia atentamente o que dizia, continuou a dizer o que há muito tempo estava preso em sua garganta.

– Não permito que se aproxime ou faça qualquer coisa com outro garoto. – disse de forma imperativa, secando gentilmente as lágrimas que escorriam pelo rosto da Haruno. – Se disse que era para terminarmos, era como uma forma de te manter segura.

– N-nani (O que)? – exclamou Sakura surpresa. Tentando conservar o que restara do seu orgulho, o Uchiha escondeu o rosto na curvatura do pescoço da rosada, aproveitando para sentir o aroma da Haruno. – Me proteger do que?

– Das outras garotas. – respondeu simplesmente o Uchiha, sorrindo discretamente ao notar que a Haruno se arrepiara com a sua respiração tão próxima de seu pescoço, logo completou com um tom ligeiramente sugestivo. – E talvez de mim mesmo.

– H-hm? – gaguejou a rosada confusa, concentrada demais em sentir os lábios masculinos deslizarem por seu pescoço. – O que isso significa?

– Pensei que você fosse um pouco menos inocente. – disse o moreno mordiscando levemente a orelha da Haruno, fazendo-a gemer baixinho. Percebendo as intenções nada puras do Uchiha, a garota juntou o que restou de sua força e o empurrou, invertendo as posições ao sentar-se em cima da cintura masculina.

– S-Sasuke-kun, pare com isso. – pediu corada, sem ter coragem de olhar diretamente para o rosto do Uchiha. – Você está me confundindo... Uma hora quer manter distância, para logo em seguida me agarrar... Seja sincero e me diga de uma vez que você tem problemas com compromissos e que esse papo de me proteger foi uma desculpa esfarrapada.

Um pouco surpreso pela conclusão inesperada que a Haruno havia chegado, Sasuke soltou um suspiro cansado; pelo jeito, a rosada, mesmo tendo uma inteligência acima da média, tinha os seus momentos “Naruto”, em que agia como uma verdadeira idiota.

Ajeitando-se para uma posição mais “comportada”, o Uchiha sentou-se apoiando as suas costas na parede, acomodando melhor Sakura em seu colo, que ainda estava com a cabeça abaixada, fugindo de encarar o moreno.

Gentilmente, O Uchiha tocou o queixo da garota, o puxando para que pudesse olhar diretamente nos olhos verdes da Haruno.

– É difícil aceitar que estará em segurança longe de mim? – questionou o moreno, com um pouco de agressividade, assustando a rosada. – Por qual motivo você acha que a Kin te atacou?

Entendendo finalmente sobre o que o Uchiha advertia, Sakura emitiu um som parecido com um “oh”, ficando em silêncio em seguida. Sasuke já estava começando a se preocupar com o que poderia estar passando pela cabeça da rosada, quando esta resolveu se pronunciar novamente.

– Não me subestime, baka! – exclamou a Haruno, socando levemente o ombro do Uchiha, que, apesar de ter certeza que a garota não usou toda a sua força, sentiu uma ligeira dor no local. – Eu sei me cuidar muito bem, não preciso que me protejam.

O garoto sem que pudesse controlar, estava dando um pequeno sorriso carregado de deboche, o que influenciou a Haruno a dar mais um soco no Uchiha, o fazendo massagear o local discretamente.

– É sério, já disse para não me subestimar só porque sou uma garota – ralhou a garota. – Não é uma coisa que uma garota deveria se gabar, mas sou bem forte. Certas pessoas deram sorte por eu não ser irresponsável e agressiva, se não, já estariam internadas no hospital.

Novamente o Uchiha se segurava para não deixar escapar um mínimo sorriso em seus lábios, tarefa que estava se mostrando cada vez mais difícil de fazer.

– Não estou dizendo que você não sabe se proteger... – disse Sasuke, recebendo um olhar descrente da rosada. – Mas sim que é difícil prever o que essas garotas loucas podem aprontar.

– Só me dê uma chance, Sasuke-kun! – pediu a Haruno de repente, fazendo o Uchiha a encarar com o cenho franzido por não ter entendido onde Sakura queria chegar. – Uma única chance para te provar que nada de ruim irá acontecer a mim ou até mesmo a você... Onegai (Por favor)...