Constrangida pela cena que presenciava, Sakura tentou sair da sala sem ser percebida, mas acabou esbarrando em uma das mesas, o que fez barulho, chamando a atenção do casal que parou imediatamente o que estava fazendo.

- Sakura?! – disseram em uníssono Shikamaru e Temari.

- O-oi. – respondeu sem graça. – Já estava de saída, então tchau.

- Espera aí Haruno. – mandou a loira enquanto se aproximava da rosada.

- Que problemático. – resmungou o Nara prevendo uma possível “explosão” por parte da sua namorada.

- Senpai calma, eu não vou contar pra ninguém não. – tentou acalmar Sakura. – Mas sabe, não é por nada não, mas vocês deveriam tomar mais cuidado... imagina se fosse um professor que tivesse entrado? Por fazerem parte do Grêmio, já deveriam saber que é estritamente proibido namorar dentro da escola.

- Por acaso a senhorita está me dando um sermão? – perguntou Temari incrédula.

- Nada disso senpai. Eu só estava... er... supondo, sabe. – tentou responder a Haruno enquanto rezava para conseguir sair daquela sala sem nenhum roxo.- Mas como isso não aconteceu, acho que já está na hora de eu ir.

- Haruno! O que diabos está acontecendo com você? – indagou Temari se irritando com as respostas da outra garota.

- Deixe ela ir de uma vez, Temari. – pediu o Nara segurando uma das mãos da loira. – Se manda, Sakura.

Sem falar mais nada, Sakura seguiu a ordem do moreno e se retirou da sala apressadamente, mas assim que fechou a porta, pôde ouvir o barulho de alguém trancando a porta. Rindo baixinho, voltou a andar pela escola vistoriando os alunos, certificando-se que nenhum deles estava fazendo algo errado.

Enquanto caminhava, relembrava o que tinha tido a Temari e repreendia a si mesma em pensamentos, perguntando-se o que tinha na cabeça por ter dito aquilo para a loira, já que instantes atrás ela tinha sido beijada pelo Uchiha na frente de quase toda a escola, expondo-se ao risco de algum professor ter visto a cena.

Decidida a tentar esquecer os acontecimentos da última hora, dirigiu-se até a sala de aula para descansar por algum tempo, mas encontrou Hinata animada ouvindo música e folheando uma revista. Como a Hyuuga não escutava ela chamando, deu um leve tapa no ombro da outra garota para chamar a atenção, o que a assustou.

- Sakura-chan! – exclamou Hinata pálida pelo susto.

- Gomen (Desculpa), Hina-chan. Não foi a minha intenção te assustar, mas você não olhava pra mim. – murmurou a Haruno envergonhada. – Hey, o que você está ouvindo pra estar tão entretida assim?

- Shoujo Jidai. Mais precisamente “Oh!”. - respondeu, logo perguntando. - Quer ouvir?

A Haruno aceitou um dos fones que a Hyuuga estava oferecendo, depois de empurrar uma carteira para perto da garota, sentando-se em seguida.

- Essa música até que é legal, mas é fofa demais pro meu gosto. – comentou Sakura apoiando a sua cabeça em um dos braços. – No outro dia, elas lançaram outro cd japonês, né?

- Sim e já comprei. – respondeu Hinata empolgada folheando a revista. – Olha, aqui tem umas fotos delas.

- Uau, elas são tão magras, principalmente essa alta aqui. – disse Sakura. – É humanamente possível ter pernas tão finas assim?

- Sakura-chan! – repreendeu a Hyuuga. – Não fale uma coisa dessas, parece que você está ofendendo a SooYoung.

- Mas é sério, olha pra isso, é impossível você não achar isso. Se a perna dela for mais grossa que o meu dedo mindinho é um milagre. – exclamou a rosada.

- Menos Sakura-chan, não é assim também. Eu concordo que elas sejam bem magras, mas não chega a ser tudo isso. – declarou Hinata.

- Hina-chan... – Sakura iria continuar as suas observações, mas foi impedida pelo olhar de censura da outra. – Ok, parei... Ah você vai estar ocupada amanhã?

- Acho que não, por quê? – questionou a morena.

- Gostaria de me acompanhar em um karaokê com o pessoal do Grêmio? – convidou a rosada. – Eu não quero ficar sozinha com eles, eu estou com o pressentimento de que vai acontecer algo não muito bom.

- Então por que você diz que não vai? – perguntou calmamente. Explicou então para a Hyuuga a confusão que tinha se metido com o Gaara e a tentativa da sua irmã em se desculpar até o convite feito na manhã, mais cedo. – Uau, que confusão, hein? Se for assim, pode contar com a minha presença amanhã.

- Arigatou Hina-chan! – agradeceu a Haruno ao abraçar a Hyuuga. – Se não for pedir muito, poderia me ajudar a achar a Ino? Já procurei pela escola inteira, inclusive na enfermaria e na sala de ensaio das líderes de torcida, e não a achei. Ela ainda deve estar chateada.

- Tudo bem, vamos lá. – disse Hinata levantando-se e guardando as suas coisas.

Após procurarem por mais de 1 hora, as duas resolveram descansar por alguns minutos enquanto pensavam onde a loira poderia ter se escondido.

- SAKURA-CHAN! HINATA-CHAN! – gritou Naruto no momento em que viu as duas que estavam sentadas na lanchonete. – Onde você estava? Logo depois que o jogo acabou, fui atrás de você e não te achei, já estava ficando preocupado.

A Haruno estava confusa, mas ao notar que o Uzumaki direcionava o seu olhar para Hinata, pode concluir que estava perguntando e preocupado com a Hyuuga. Mais uma vez envergonhada no mesmo dia, optou por sair dali discretamente.

- Onde será que a Ino se meteu, hein? – murmurava a rosada pensando nos locais em que a loira poderia estar. – Tsk se o meu celular não tivesse quebrado...

Encostado na parede de frente para a quadra aberta, Sasuke descansava após a partida de basquete, no qual o seu time ganhou. Questionava-se o porquê de ter beijado novamente a Haruno, ainda mais na frente de um público tão grande. Tinha a certeza de que não nutria nenhum tipo de sentimento pela garota, achando-a apenas irritante.

Como se fosse uma brincadeira do destino, viu a garota se aproximar sem estar prestando atenção por onde andava murmurando algo inaudível, o que a fez topar com tudo em um ruivo mau humorado. Dizia a si mesmo que não estava preocupado com ela, por isso só estava correndo o mais rápido que podia ao encontro dela porque estava apenas curioso com a possível reação do outro garoto.

- Ai... por acaso você não olha por onde anda, hein? – indagou a Haruno nervosa sem saber em quem tinha esbarrado, mas quando viu Gaara, sentiu o seu sangue gelar imediatamente e não conseguia se mover, muito menos se levantar, permanecendo sentada no chão paralisada observando o garoto que não tinha se movido se quer um centímetro com o choque entre os corpos. – Ah fala sério.

- Haruno, por acaso, precisa de óculos? – perguntou ironicamente o ruivo, encarando-a friamente enquanto ela se levantava.

- E você? Por acaso tem algum tipo de atração magnética por mim que o impeça de sair da minha frente? - Talvez por estar uma pilha de nervos pelos acontecimentos do dia, a Haruno não conseguiu “segurar” a sua língua e por fim revidou. – Fala sério, a culpa não é só minha por ficarmos nos esbarrando toda hora, você deveria prestar atenção por onde anda também.

Enquanto a garota desabafava, muitos curiosos se juntaram e formaram uma roda ao redor dos dois, podendo ouvir cochichos entre os alunos, que foram silenciados após um olhar irritado tanto do Uchiha quanto do ruivo.

- Huh? – exclamou Gaara encarando a rosada com o máximo de expressão que ele podia demonstrar. – Parece que alguém perdeu o medo, não?

- Não sei, talvez? Só sei que já estou cansada disso tudo. – Declarou a Haruno como se não estivesse confrontando um dos garotos mais perigosos do colégio. - Dá um tempo Gaara. Hoje é o nosso último dia de aula e, assim como eu, espero que você não esteja com vontade de arranjar uma confusão.

- Sakura! – chamou o Uchiha. – A Yamanaka estava te procurando, ela está na sala de música.

- Hã? Ah ok, obrigada Sasuke-kun. – respondeu a rosada meio confusa, correndo em seguida para o local indicado pelo moreno, mas parou subitamente e apontou para o Gaara. – Não ouse fugir amanhã!

Antes que as coisas complicassem mais ainda, a Haruno voltou a andar e quando passou pelo Uchiha, o pegou pelo braço, arrastando-o para a sala de música, deixando para trás um ruivo que a encarava com mais irritação ainda e parecia que a qualquer momento iria enforcá-la até não respirar mais.

- Uchiha que porcaria você tem dentro dessa cabecinha, hein? Você sabe melhor do que qualquer outra pessoa que o seu pulso tá machucado, então me diga por que diabos você estava jogando agora há pouco? – descarregou a Haruno a sua indignação no moreno, que como resposta parecia... emburrado?

- Tsk você é irritante. – simplesmente declarou Sasuke, fazendo a rosada levantar uma das sobrancelhas.

- E você é irresponsável e não digo somente por ter sido estúpido de ter jogado. – rebateu a garota, logo depois dando um sorrisinho sacana, que era uma das marcas do garoto ao seu lado, após ver a cara de confusão dele, mesmo que por poucos segundos, por causa do seu comentário. – O que deu em você por ter me beijado na frente de todo mundo? Sabia que aquilo poderia resultar na nossa expulsão?

Será que apanharia se respondesse a ela que tinha feito aquilo porque estava nervoso e parecia que ela era a única que conseguia o acalmar? Além disso, os lábios dela estavam tão sedutores, pedindo pra ele os beijar. O que fez ser impossível resistir a ela, ocasionando aquele beijo com plateia? Por via das dúvidas, resolveu ficar quieto, o que a irritou mais ainda pelo jeito, pode observar. Mas, por sorte ou não, finalmente chegaram à sala de música e só então ela notou que ainda segurava o braço dele. Pelo jeito ele não era o único idiota ali, pensou dando um minúsculo sorriso.

Após soltar o moreno, a Haruno entrou na sala vasculhando cada canto até que retornou para o corredor e, sem dizer nada, deu um soco no braço do Uchiha que segurava minutos atrás.

- Onde está ela? – questionou a Haruno.

- Não sei. – respondeu simplesmente, mas ao reparar o olhar impaciente da garota, continuou. – Só disse aquilo pra você não virar picadinho do ruivo.

- Ah que comovente Sasuke-kun, devo te agradecer por ter me salvado? – disse Sakura com um falso tom de inocência. – Cai na real, era aquele bastardo que iria virar picadinho.

Era impressão sua ou uma aura negra estava em volta da garota? Talvez ela estivesse com febre e por isso dizia coisas sem sentido, pensou o moreno. Quase que automaticamente, levantou o seu braço e antes que pudesse encostar a sua mão na testa da rosada, ela desviou e se pôs a andar, deixando o Uchiha paralisado para trás, como se não tivesse visto a ação do moreno.

- Hmmm vejamos, onde a porca pode estar? – murmurava a rosada. Por dentro, Sakura se questionava por ter se afastado do toque do Uchiha e por que o seu coração batia tão rápido por ter visto uma ação tão simples. Agora podia sentir as maçãs do seu rosto queimando e por isso acelerou ainda mais os seus passos, com medo de que o Uchiha a visse corada.

Quando saiu de seus pensamentos, notou que estava em frente a porta que dava para o telhado da escola. Ainda não tinha procurado a loira ali porque sabia que ela odiava aquele local devido ao vento forte que bagunçada o seu cabelo. Será que a Ino estaria ali? Pegou na maçaneta e a virou, mas como a porta não abria, tentou mais uma vez girar ela enquanto empurrava a porta apoiando um dos ombros nela. Como resultado, a porta abriu uma brecha, o suficiente para o seu corpo passar.

Fazia muito tempo que não ia até ali, desde que havia sido convidada (obrigada, na verdade) a entrar para o Grêmio pela Temari após pouco mais de três meses do início do ano letivo. Era engraçado, parecia que o ar se tornava mais fácil de respirar e que o peso sobre os seus ombros se tornava mais leve... Talvez aquilo fosse uma reação por se lembrar da sua antiga vida, aquela antes de entrar e assumir as responsabilidades do Grêmio Estudantil (que chamava carinhosamente de Inferno Estudantil)? Quase sorria por causa daquela dedução, no mínimo, idiota, mas antes que pudesse fazer mais uma “brilhante” dedução, a Haruno foi tirada de suas lembranças ao escutar um barulho vindo de um galpão que ficava naquele andar.

Será que eram de novo os senpais intimidando algum garoto novato como ela? Se fosse, será que eles não se cansavam disso nem no último dia de aula? Só de imaginar isso, uma ideia maldosa brincava em sua mente, tais senpais, por vergonha, não iriam sair espalhando por aí que uma kohai (novato/a) bateu neles, certo?

Quando abriu a porta do galpão, sentia-se presa em um flashback porque na sua frente mais um casal foi pego em um momento romântico, só, que desta vez, as duas pessoas estavam... hm, digamos... intimamente ligados .

- Mas que droga Ino! Eu estava aqui toda preocupada com você e a senhorita tava aqui transando com o Sai? – indagou gritando a Haruno vermelha de vergonha e de raiva, após fechar a porta e se apoiar nela no lado de fora. – Quer saber, não quero ouvir nada, só queria te avisar que é pra você estar amanhã as 15:00 horas no karaokê Arashi, aquele que fica perto da minha casa. É isso, tchau.

Já estava perto da escada quando escutou a sua melhor amiga gritando alguns palavrões, o que ignorou completamente. Estava crente que a loira estava zangada consigo por ter escondido o “envolvimento-não-romântico” (porque ainda não sabia dizer o que era aquilo o que tinham, mas tinha certeza que não era nada relacionado a amor ou algo do tipo, claro que não  por parte dela) com Sasuke, mas pelo jeito não era nada disso. Além disso, precisava urgentemente mandar alguém arrumar aquela maldita porta, alguém poderia ficar preso no telhado por causa dela. Um “tick” pode ser ouvido dentro da cabeça da Haruno, que começou a pensar numa hipótese um tanto quanto difícil de ocorrer...

Talvez, de fato, a Yamanaka tenha se refugiado no telhado e, preocupado, Sai foi atrás da loira, mas quando os dois perceberam, a porta havia emperrado, deixando-os presos ali em cima. Com o decorrer das horas, eles resolveram se abrigar no galpão, que sempre esqueciam de trancar, para se proteger do vento e do frio até que rolou algum clima e deu no que deu.

- Não, isso parece impossível de acontecer... certo? – murmurou a Haruno, sem notar a presença do seu lado.

- O que parece ser impossível, Haruno? – perguntou curioso Kiba que estava sentado ao lado da rosada que parecia mirar sem realmente enxergar a movimentação dos alunos na quadra coberta.

- Hm? Kiba, o que você está fazendo aqui? – rebateu perdida, logo reparando ao seu redor e perguntando-se se estava tão distraída a ponto de ir parar do outro lado da escola.

- Só estou deixando aqueles fracotes recuperarem o fôlego pra voltar pro jogo. – respondeu indicando com o dedo alguns garotos jogados no chão tentando respirar perto de uma bola de basquete. – E você? Parece estar em outro planeta.

- Hã? Não, nada disso. – tratou de desconversar a garota. – Ah me dá o número do telefone da sua mãe ou da sua irmã?

- Por quê? Eu não disse nada de grave pra você querer chamar elas, minha mãe vai me matar se eu receber uma advertência no último dia de aula. – questionou o Inuzuka ficando cada vez mais em pânico.

- Hey, acalme-se! Não é a sua mãe e a sua irmã que possuem uma clínica veterinária? – perguntou a rosada franzindo as sobrancelhas. – É por isso que preciso do telefone delas, tenho um paciente precisando de alguns exames de rotina.

- Paciente? Não é o Naruto né? – perguntou com tom de zoação o moreno. – Você tem caneta e papel?

- Hai, aqui está. – respondeu a Haruno tirano um bloquinho de papel e uma caneta pequena do bolso da saia e entregando para o Kiba. – Obrigada Kiba!

Como gesto de agradecimento, a rosada bagunçou os fios castanhos do Inuzuka, fazendo um leve carinho na cabeça do garoto, este, por sua vez, ficou sem fala e envergonhado com o gesto da Haruno.

- YAH! Haruno, faça isso mais uma vez e estará morta, ouviu? – gritou o Kiba enquanto o seu rosto tingia-se de vermelho. Como resposta, a garota levantou-se e saiu da quadra rindo.