A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 32
Capítulo 32 - Reencontros


Notas iniciais do capítulo

OMG falta pouco para o final. Tô com um aperto no coração hahaha
Mas vamos lá, espero que gostem.
Beijos ;*



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Era a segunda semana de aula e Sally estava atrasada. Não porque dormiu mais do que devida. Ao contrário. Acordava todos os dias uma hora mais cedo, justamente para não correr o risco de se atrasar. Mas naquela manhã o metrô decidiu fazer um treinamento para verificar as saídas de emergência e outras situações de perigo.

Ela não culpou ninguém, já que nos últimos tempos “desgraças” estavam pipocando pela cidade. A névoa deu conta de distorcer a verdade.

Sally caminhou apressada pelos corredores da universidade. Ela chegou a sala de aula, aliviada porque o professor de História da Arte ainda não estava presente.

Sally Jackson se sentou em uma cadeira mais ao fundo da sala, onde sobrara lugar para sentar. Aquela era a primeira aula de Sally, infelizmente ela perdeu as primeiras aulas da outra semana, porque estava confusa com os horários. Um pouco eufórica, acabou pegando mais matérias do que poderia assistir. Por isso, decidiu trocar as aulas de Filosofia para História. Depois iria correr atrás das demais matérias perdidas.

Sally achou um pouco utópico o fato da primeira e segunda fileira de cadeiras estarem já completas. Jovens e não tão jovens garotas estavam lá, atentas a seus espelhos de mão, batom e rímel. Algumas falavam no celular, outras liam um livro.

Ela observou os rapazes mais ao fundo, conversando sem importar-se com aquele burburinho na parte da frente da sala. Mas, assim que a porta se abriu e uma mulher entrou, eles esqueceram o que conversavam. Todos sentaram-se em suas cadeiras, dando largos sorrisos e olhares concentrados no vestido comportado da mulher, que, embora fosse discreto, sua beleza era ressaltada naturalmente.

Sally sentiu o ar faltar de seus pulmões. Ela segurou uma caneta com tanta força que quase a quebrou ao meio.

A mulher que acabara de entrar sentou-se na mesa lateral do professor. Assistente, talvez. Mas ela era muito semelhante a alguém conhecido de Sally. Não era como se ela fosse esquecer daquela combinação de cabelos loiros, pele bronzeada e olhos da cor do mar.

— Calyce. — Sussurrou Sally Jackson, sentindo suor na palma da mão. Embora a maior surpresa ainda estava por vir.

A porta se abriu novamente e o professor entrou.

Sally soube que ele era o professor porque um coro seduzido disse ao mesmo tempo o nome dele, completando o desespero da morena.

— Bom dia todos. — O professor disse, colocando uma pasta de couro sobre a mesa, ele deu uma olhadinha para Calyce e bateu as mãos na frente do corpo. — Prontos para uma aula de História Greco Romana?

— Sim, Professor Poseidon. — Todos disseram ao mesmo tempo, tal como se fossem uma sala do primário.

— Ótimo. — Ele virou-se procurando um giz para escrever na lousa.

Sally, em sua carteira, estava sentindo o coração saltar para fora da boca. Vê-lo, depois de tantos anos, causou-lhe uma comoção interna. Depois de um tempo, acreditou que seu coração havia descansado e agora aquele amor era apenas uma bela lembrança do passado. Mas estava óbvio que não era bem assim. Deveria estar apenas morno, escondido, aguardando o momento certo para saltar e dar uma paulada na sua cabeça, gritando aos sete ventos que ainda existia.

Enquanto Poseidon escrevia na lousa e Calyce parecia mais interessada no laptop à sua frente. Sally reuniu seu material e decidiu deixar aquela aula antes que fosse reconhecida. Seja lá o motivo que os levou ali, fosse por brincadeira ou por falta do que fazer em suas vidas imortais, ela não estava interessada em saber e muito menos participar de algum tipo de farsa.

— Senhorita, onde está indo? A aula apenas começou. — A voz de Poseidon fez a alma de Sally congelar e quebrar, criando uma chuva de cristais dentro de si. Ela virou-se e com um sorriso nervoso disse que estava na sala errada. — É mesmo?

Poseidon, fazendo-se de desentendido pegou a prancheta e analisou a lista de alunos. O nome de Sally estava gravado ali e ele a mostrou, pedindo para que retornasse ao seu lugar.

Houve uma onda de conversas paralelas enquanto ela retornava para o fundo da sala, praguejando mentalmente o deus dos mares, que continuou dando sua aula como se nada de anormal estivesse acontecendo.

Calyce e Sally trocaram olhares algumas vezes, mas nada comprometedor. No final da aula, Sally foi a primeira a se levantar para sair. Mas o professor estava interessado em conversar.

— Senhorita Jackson, por favor, precisa pegar a matéria perdida da semana passada. Minha assistente irá entregar. — Ele comentou, enquanto se despedia de seus alunos.

Quando a sala ficou vazia, Sally deixou a bolsa e seus livros em cima da mesa, cruzou os braços e exigiu uma explicação do que acontecia ali.

Calyce puxou a caneta que prendia seu cabelo em um coque. Ela tirou uma lixa de unha da bolsa e cruzou as pernas, pronta para ouvir o senhor dos mares dar seu discurso.

— Eu adoro História, você mesma disse que eu deveria contar as outras pessoas. — Ele disse, entusiasmado.

— Mas não era para fazer isso na minha faculdade.

— Não tinha ideia de que essa seria sua sala. Calyce? Uma ajudinha aqui.

— Desculpe senhor. — Ela lixou a unha e esticou o braço para verificar o resultado. — Mas eu avisei.

— Ora, por favor. — Poseidon falou baixo.

— Isso não importa. Tantas universidades no mundo, tinha que ser essa? Porque não vai contar suas histórias para as crianças de uma creche? — Sally perguntou irritada.

— Ah! Acredite, nós fizemos isso. — Calyce se levantou. — Não foi muito bem aceita algumas histórias. Os pais acharam que eram muito violentas e sensuais.

— Sim, claro. — Sally olhou para Poseidon. — É óbvio que alguém aqui não tem noção do ridículo.

— Culpado. — Ele afirmou. — Mas tenho uma boa explicação para isso.

— Não, eu duvido muito. — Sally pegou suas coisas de cima da mesa e caminhou até a porta, ainda dando uma última olhada para os dois. — Se vocês não vão sair. Então eu saio.

Ela partiu.

Sally não retornou aquela sala nas demais semanas. Embora isso não tenha sido um problema para Poseidon. Ela estava sentada em frente ao café próximo da Universidade. A leitura do livro parecia interessante porque não tirava os olhos dele. Nem quando alguém parou ao seu lado.

— Estou satisfeita, obrigada. — Disse, achando que era um dos atendentes do café. E quando olhou para cima, girou os olhos, largando o livro na mesa. — Sinceramente, não existe outra mulher a quem você deseja perturbar? Fazer um filho? Quem sabe mudar o destino do mundo.

— Nossa, quase não reconheço minha Sally. — Poseidon se achou no direito de sentar na cadeira ao lado dela. — Esses anos fizeram um bem danado para sua língua afiada.

— Essas coisas acontecem naturalmente quando se passa por problemas como eu passei.

— Minha doce Sally.

— Não! Não comece, pois eu não vou cair nessa de minha doce, minha querida.

Poseidon tamborilou os dedos na mesa.

— Confesso que essa braveza me excita.

— Por favor. — Sally se levantou e jogou algumas moedas em cima da mesa para pagar os cafés que havia tomado. Deixando Poseidon sozinho.

Ela sabia que não seria fácil manter-se longe dele. Por onde ia, Sally desconfiava de tudo e todos. Era como se a qualquer momento Poseidon ou Calyce fosse aparecer na frente dela de forma misteriosa e inexplicável. Mas nas semanas seguintes nada aconteceu. Por curiosidade, ela foi até a aula de História da Arte, encontrando uma sala quase vazia e um novo professor falando como se sua boca estivesse anestesiada.

Sally segurava alguns livros conta o peito. De repente aquela sensação de vazio preencheu seu peito. Então ele foi embora. Certo? Certo. Era exatamente isso que ela queria. Porque ficaria chateada com um desejo sendo realizado? Tudo bem.

Quando chegou em casa, encontrou uma bela novidade no sofá. Percy estava lá, e acompanhado.

— Querido. — Ela o abraçou com força, constrangendo o rapaz na frente da visita, enquanto verificava se ele estava inteiro.

— Mãe! — Percy ainda tentou escapar da revista materna, mas foi praticamente impossível.

Quando Sally se deu por satisfeita, ela olhou para a jovem que agora estava em pé.

— Poderia ter me avisado que teríamos uma visita. Eu preparo algo para comer rapidinho.

— Mãe, mãe espera. — Percy segurou a mão dela. — Quero te apresentar Alexandra.

— Olá, senhora Jackson. É um prazer conhecê-la.

Sally estreitou seus olhos e analisou a menina loira à sua frente. A semelhança era gritante para dizer que ela não era filha de quem Sally imaginava ser. Não foi preciso dizer mais nada. Ela a abraçou, como fazia com Percy.

— Mas você é linda. — Sally acariciou o rosto da menina, tocando levemente seus cabelos. — Percy, você sabe quem ela é?

— Claro que eu sei mãe. É minha... sobrinha. — Ele disse, ainda achando que era estranho.

— Então vocês se conheceram no acampamento?

— Sim. Eu moro no acampamento com minha mãe Dalila.

O sorriso de Sally se desfez por um momento, quando se recordou da amiga. Ela mudou de assunto, dirigindo-se para a cozinha. Preparou um bolo, panquecas e suco. Os dois adolescentes sentaram-se na mesa e comeram.

Alex contava como era viver no acampamento, depois foi a vez de Percy contar com detalhes como foi a sua aventura. Por fim, Sally estava orgulhosa dos dois, mas com uma pontada de medo em seu peito.

— Você vai ficar quanto tempo querida?

Minha mãe vem me buscar mais tarde. Ela está no Olimpo, daí eu decidi vir com Percy. Não gosto muito de ir lá.

— Sei. O Monte Olimpo. — Sally deu um sorriso amarelo. — Sua mãe Calyce ou Dalila?

— Na verdade as duas. — Alex terminou de comer e limpou a boca no guardanapo.

— Eu não entendo uma coisa. — Percy bateu o garfo no prato de panquecas. — Você não poderia ter sido criada por sua mãe? Porque viver no acampamento, se pode morar na ilha das Nereidas.

— Ela é somente metade nereida e a outra humana. — Foi Sally quem respondeu. Alex olhou sorridente para ela, concordando com o que foi dito. — Faz sentido agora, a profecia de Calyce e o destino de Dalila. Estavam ligados.

— Sim. — Alex concordou novamente. — Minha mãe falou muito da senhora. Eu estava ansiosa por conhecê-la.

Sally decidiu não falar nada sobre aquele assunto, mas Percy não parecia satisfeito. Ele tirou do bolso a fotografia que Alex lhe deu, e deixou sobre a mesa. Ao ver a foto, Sally mordeu o lábio inferior.

Estendeu a mão, passando o dedo levemente sobre a fotografia.
Aquela imagem a levou de volta ao passado. Quando deixou a mansão, ela sequer lembrou-se daquela, que era a única fotografia que haviam tirado no Central Park.

Quando suas lembranças a trouxeram de volta para a cozinha de seu apartamento, Sally notou que estava sozinha. Ela suspirou, limpando as lágrimas que escaparam.

— Sally.

Ela virou-se, encontrando Dalila parada na porta da cozinha. Sally ficou de pé. Ambas se olharam em silêncio. Houve um tempo que possuía mágoa, rancor, perguntas sem respostas. Mas depois desses anos, ela finalmente estava em paz e entendia que tudo aquilo que aconteceu, deveria acontecer.

Elas se aproximaram, e depois se abraçaram.

Alex e Percy deram uma espiada pela porta, depois deixaram o apartamento. Percy prometeu levá-la ao cinema, dando assim um tempo para Sally e Dalila conversarem sozinhas.


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Notas finais do capítulo

AWNNN adoro esse capitulo, quando escrevi o primeiro da historia eu imaginava esse capitulo como final, mas não resisti. Deveria continuar KKKKKK
Beijos