A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 31
Capítulo 31 - Quando o tempo passa


Notas iniciais do capítulo

Um salto no tempo, indo direto para o final do primeiro livro.



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O café da manhã daquele dia era especial. O acampamento estava em festa com o retorno dos heróis após a missão ter sido um sucesso e claro, evitado uma guerra. O Senhor D. fez um discurso inicial e logo depois todos fizeram sua oferenda. Ao seu lado estavam Quíron, Argos e Dalila, que parecia preocupada com a demora de Alexandra para o café da manhã.

— Adolescentes... — falou Dionísio num tom sarcástico. — Ela ficou de me trazer mais cubo de açúcar.

— Hoje não D. — Dalila ergueu a mão, advertindo-o com um tom sério. Depois olhou para Quíron, como se pedisse uma ajuda. Ele atendeu com um sorriso.

— Não se preocupe. Ela esteve tanto tempo fora que esta precisando ficar sozinha para olhar por aí.

— Certo. Tudo bem. — Dalila se mostrava uma mãe preocupada, mas Alexandra preferia o termo paranoica.

— Quando essa garota vai chegar com meu açúcar? — Dionísio resmungou.

Para tudo ficar mais claro: alguns anos se passaram.

Quando Alexandra completou doze anos, pediu um presente que não poderia ser negado por ninguém, principalmente porque Dalila já havia planejado isso antecipadamente. Visitar a ilha das nereidas. Dalila a acompanhou e acabaram ficando mais tempo que planejado. Tudo porque havia uma ameaça de guerra pronta para explodir entre os três grandes deuses, mas graças aos heróis, tudo foi resolvido, então elas retornaram ao acampamento.

Dalila estava ansiosa para conhecer Percy Jackson. Quíron a mantinha informada dos acontecimentos via mensagem de Íris. Mas a emoção de vê-lo seria imensa. Alexandra também estava interessada em conhecê-lo. Não era a toa, já que ouvira muitas histórias de quando eles ainda nem eram nascidos.

— Pare de pensar nisso ou vai fazer mal para a digestão. — Sugeriu Quíron, tocando levemente em sua mão. Dalila sorriu e confirmou que ficaria bem.

— Blá blá blá.

Dalila olhou para o Senhor D. perguntando a si mesma se um dia ele não poderia parecer normal.

***

Viver em tempo integral no acampamento para Alex não era algo ruim. Ela adorava nadar no lago, cuidar dos animais e também havia alguns campistas que não voltavam para suas casas no final do verão. Alguns nem possuíam uma casa. Incluindo Luke. Ela sabia que era totalmente fora do seu alcance, mas aquele ano, Alex não pode deixar de notá-lo.

Muitas coisas mudaram naquele ano, inclusive ela própria e a forma que via as coisas e também as pessoas. Dando uma certa atenção mais específica nos garotos.

Havia um filho de Hefesto, Derek. Ele era alto e forte. Alex as vezes gostava de ver os filhos de Hefesto na floresta, testando suas máquinas e parafernálias. Também havia um filho de Ares, mas preferia manter-se distante dos meninos daquele chalé, geralmente era intimidada por Clarisse.

Mas tudo mudou mesmo quando deixou o acampamento para conhecer a ilha onde sua mãe vivia, foi para ela o momento mais importante de sua vida até o momento. Lá, sentiu que era especial, que fazia parte de alguma coisa muito maior. Não desmerecendo os campistas. Somente porque alguns deles eram um pouco pessimistas.

— Alex? Não vai tomar o café da manhã? — a menina virou-se e viu Luke se aproximar. Ela ajeitou os cabelos louros enfeitados de pérolas por sua mãe, dando seu mais belo sorriso.

— Pensei em passar aqui para ver os cavalos. Estava com saudades.

Ele então se aproximou e tocou os cabelos da menina, mexendo nas pérolas presas nos fios.

— Uau, você é uma nereida mesmo. Não vai levar ninguém para o fundo da água?

— Não sou uma sereia, Luke.

— Eu sei. — Ele piscou para ela.

Alexandra sorriu, mas logo ouviu uma voz feminina chamando por Luke, nesse caso eles não iriam ter uma conversa a sós. Era uma bobagem, por sinal. Alex suspirou e desceu da cerca branca, batendo as botas de montaria no chão. Ela jogou os longos cabelos para trás e observou Annabeth Chase e um rapaz novo se aproximar.

— Aí está você. Vamos para o café da manhã. — Annabeth deu uma olhada em Alexandra. — Oi, você voltou — Annabeth comemorou — Ah! Alex, esse aqui é o Percy Jackson. — Ela apontou para Percy e depois continuou falando. — E Percy essa é a Alexandra. Mas nós a chamamos de Alex.

— Muito prazer. — Percy estendeu a mão, Alex o olhou um minuto e aceitou, apertando-a.

— Você é um pouco diferente do que imaginei.

Todos a olharam surpresos. Luke riu, sugerindo que deveriam ir logo, antes que a comida acabasse, o que não era verdade.

— Como você imaginou que eu fosse? Tipo uns quatro metros de altura e com três olhos?

— Não. Talvez mais parecido com o vovô Poseidon.

— Vovô?!

***

A cabeça de Percy girava, as coisas estavam acontecendo muito rápido. Grover havia conseguido a licença para ir atrás de Pã. Uma missão suicida. Sua mãe estava bem, mas o temor de perdê-la ainda pairava no ar. E agora ele conheceu a neta de Poseidon. Seu pai. O que estava acontecendo ali ele não tinha ideia.

Olhou para a garota de cabelos compridos. E eles eram bem grandes. Loiro e cheio de pérolas enfeitando-o. Ela possuía um rosto angelical, como das meninas nos comerciais de sabonete anti-acne. Bonita e doce, como se olhar para elas fosse o suficiente para saber que tudo daria certo. E no fim comprava vários sabonetes. Mas possuía algo que Percy não sabia bem o que era, talvez fosse o sangue em suas veias, afinal, eram da mesma família.

— Espera. Você é neta de Poseidon? Como? Quem é seu pai? — Ele perguntou, estavam somente os dois sentados na mesa do chalé três. Como neta de Poseidon, Alex poderia fazer suas refeições ali, até mesmo dormir no chalé. Mas ela não se sentia a vontade de ficar sozinha, por isso ainda dormia em um quarto na casa principal.

— Minha mãe é Calyce. Filha de Anfitrite e Poseidon. Meu pai era um pescador, ele morreu antes que eu nascesse. — Ela contou com naturalidade, como se sua história fosse normal para os padrões daquele local. — Sendo assim...

— Uau. Você é filha da filha do meu pai? Tipo, isso é demais.

— Sim. — Ela sorriu. — Então você é...

— O que? — Percy não entendeu bem. Ele viu Annabeth na mesa dela com seus irmãos, depois olhou para a mesa de Quíron que o encarava, assim como uma outra mulher ao lado do Senhor D.

— Ah! Aquela é minha mãe Dalila. — Alex acenou para a mãe. — Ela é filha de Anfitrite, irmã da minha outra mãe. Bem, é confuso. — Ela riu.

Percy quase cuspiu o suco.

— Tá de brincadeira. — Ele deu um tchau para Dalila. — Ela é a filha da mulher do meu pai.

— Ex-mulher. Poucos sabem, mas há anos que meus avós não são mais casados. Apenas mantém as aparências.

— Nossa, é muita informação.

— Bem, acho que já entendeu o que você é meu. Certo? — Pela perguntou deixando Percy nervoso.

— Não sei. Desculpe, eu estou ainda tentando me situar no meio dessa mistura familiar.

Alex sentou-se mais perto de Percy, passando sua mão sobre a dele. Ela deu um sorriso gentil.

— Se vovô Poseidon é seu pai, isso faz de você meu tio, Perseu Jackson.

Ok! Era mesmo muita informação para Percy assimilar. Ele deu uma risada nervosa, depois achou aquilo sensacional. Entretanto era estranho ser tio de alguém que tinha sua idade, embora parecesse um pouco mais velha com aqueles cabelos e o rosto de atriz juvenil de comercial de sabonete e creme para meninas.

— Como ele é?

— Quem?

— Meu pai. Como ele é?

— Você não o conheceu?

— Sim, mas estávamos lá na frente de todo mundo. Quero saber como ele é de verdade.

Alex pensou um minutinho.

— Ele gosta de contar histórias. Tem dias que ele me chama para ver as estrelas de uma praia. Nós passamos a noite inteira no barco, olhando para o céu. Às vezes eu tenho a impressão de que ele esta triste e pensando em alguém. Mas sempre que eu pergunto, ele muda de assunto e prepara algo para eu comer.

— Nossa. Parece legal. — Percy não pode deixar de sentir uma pontada de inveja de Alex.

— Uma vez encontrei uma coisa na casa que temos na praia. Eu costumo ir lá passar o inverno. Gosto do som que o mar faz. Quer ver?

— Ok.

Eles deixaram o local sob os olhares atentos de algumas pessoas, que não é nem necessário dizer quem são. Alex correu na frente e Percy veio logo atrás pensando como é que ela não caía ou se desequilibrava com um cabelo tão longo. Eles pararam na porta da casa principal. Percy recuou um passo, mas Alex o segurou com as mãos puxando para dentro. Passaram pelas salas e entraram em um corredor. O último quarto era o de Alex.

Percy não visitava muitos quartos de meninas, mas não esperava encontrar tantas coisas diferentes ali. Algumas roupas, dvds e cds. Ursos de pelúcia e tinha um pôster tamanho real do vocalista do Maroon 5, Adam Levine. Se não fosse tamanho real, Percy ia se sentir muito, mas muito pequeno perto do original.

Alex revirou as gavetas do armário ate achar o que queria. Sentou na cama, chamando ele.

— Olhe. — Percy pegou a fotografia das mãos dela. Ficou sem palavras. — Viu?

— Eles dois, eles são. Eles se casaram? — A foto era de Sally e Poseidon no Central Park, no dia do casamento. — Porque mamãe não me contou?

— Ninguém sabe, senão as seis pessoas que estavam presentes no casamento. Minha mãe Calyce, minha mãe Dalila, a sacerdotisa Cassandra, a deusa Ártemis. Vovô e sua mãe.

— Ártemis?

— Sim. E se contar nós dois, que estávamos na barriga de nossas mães são oito.

— Muita informação. — Percy olhou novamente a fotografia. Sua mãe de branco, sorrindo e recebendo um beijo de Poseidon. Ele nada parecia com aquele homem que conheceu no Monte Olimpo. — Obrigado por mostrar essa foto.

— Fique com ela, afinal, são seus pais.

Percy pegou a fotografia e guardou no bolso.

— Então eu sou o seu tio?

— Sim, mas isso não quer dizer que precisa pegar no meu pé.

Eles riram.


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Notas finais do capítulo

Lembrando que meu foco principal é Sally Jackson e Poseidon, mas eu devia dar uma explicação sobre Alex e Percy. Até o próximo ;*