A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 24
Capítulo 24 - Central Park dos sonhos


Notas iniciais do capítulo

Vale lembrar que tudo o que escrevi aqui foi antes de ler os livros sequenciais ao primeiro da Saga de Percy Jackson, por isso muita coisa esta diferente do que tem no livro ;D



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Era cedo quando Calyce vestiu o roupão e abriu a porta do quarto. Poseidon estava parado com um sorriso tão absurdamente grande nos lábios, que a loira não podia imaginar outra coisa senão ele ter aprontado alguma. Calyce fechou a porta para não incomodar Dalila que ainda dormia. Eles foram juntos para a sala, onde poderiam conversar a sós.

A novidade que Poseidon iria contar era, sem dúvida, a mais louca que Calyce poderia imaginar. Ela se levantou da poltrona que estava sentada, levando as mãos a boca, ainda boquiaberta.

— Vocês vão se casar? — Calyce não poderia acreditar no que estava ouvindo.

— Sim. Hoje.

— Vão se casar hoje? Não pode fazer isso.

— Eu posso sim. — O deus dos mares relaxou na poltrona. Não sentia tal felicidade há muito tempo. — Tanto posso, como vou me casar essa tarde com Sally Jackson.

— Está ficando louco. Esse romance foi longe demais. O que vai acontecer caso seus irmãos descobrem isso? Caso todos descubram isso.

— Você vai contar algo? — Ele arqueou a sobrancelha para a filha.

— É claro que não vou. — Calyce respondeu nervosamente.

— Então ninguém vai saber. — Ele voltou a relaxar. Era tão simples. Calyce não sabia como ele poderia ficar tão calmo numa situação como essa.

Calyce andava de um lado para o outro.

— E minha mãe? — A voz dela era um sopro. — Que tipo de pais loucos são vocês? — Reclamou, tal como uma adolescente mortal. — Ela precisa saber.

— Você sabe melhor do que ninguém que esse não é um casamento real. Não há mais porque manter uma farsa de tanto tempo em pé. Sua mãe foi a primeira a me abrir os olhos. Mantemos as aparências por anos a fio em nome da família, mas estou cansado de mentir. — Poseidon não gostava de ver a filha daquela forma. Ele se levantou e segurou seu rosto. — Qual é? Não esta feliz por mim?

— Claro que estou. — Ela apoiou a testa no peito do pai. — Estou feliz por todos.

— Essa é minha garota. — Ele beijou-a na testa. — Agora preciso de um favorzinho. Quero que encontre alguém especial para mim. Ela vai bater o pé, vai tentar persuadir Sally a não casar, mas eu preciso dela.

— Você a ama tanto assim, pai?

— Sim. Tanto que eu vou cometer a maior loucura dos últimos dois mil anos. — Ele sorriu tão satisfeito que Calyce não poderia negar um pedido.

***

Sally estava diante do espelho, vestia um longo vestido branco, com a alça amarrada na lateral tal como um vestido grego. O tecido era fino e tão macio que sentia-se como se a pele fosse acariciada. Os cabelos estavam soltos e caíam encaracolados nas costas. Ela sentiu o estômago revirar, estava ansiosa e nervosa. Tantos sentimentos misturando-se naquele momento, que não saberia dizer ao certo qual era maior.

— Você está linda. — Dalila entrou no quarto, na companhia de Calyce. Havia também uma terceira pessoa a qual Sally não conhecia.

— Essa aqui é Cassandra, amiga da Calyce.

Cassandra aproximou-se, mas não houve nenhuma previsão quando ela segurou as mãos de Sally, dando-lhe os parabéns em Grego antigo. Dalila e Calyce se olharam, elas aguardavam alguma previsão, por isso levou a sacerdotisa ali. O medo de Calyce era que algo ruim acontecesse, por isso ela achou que seria uma boa ideia levar uma sacerdotisa para o casamento.

— Trouxe seu buquê. — Calyce estendeu-lhe um buque de camélias enfeitado com ramos de oliveira e loureiro. Juntamente uma coroa de louro dourada. Ela prendeu a coroa nos cabelos de Sally, ajustando o véu sobre sua cabeça. — É uma tradição.

— Obrigada, Calyce. — Sally agradeceu a todas pela ajuda.

— A tradição diz que as famílias deem oferendas aos deuses, ao qual eu não devo pronunciar o nome nesse momento. Mas nós não queremos que eles saibam do casamento. Pelo menos não agora. — Calyce continuou explicando a Sally sobre as tais tradições dos casamentos antigos. — Nesse caso, meu pai pediu para que eu encontrasse alguém que pudéssemos confiar.

— E quem é? — Sally olhou curiosa para Calyce, depois para Dalila. Cassandra estava sentada na cama, evocando algum tipo de mantra, que Sally não compreendeu as palavras, mas sentia uma paz se alastrar pelo quarto.

— Ele não estava mais certo em chamá-la para a cerimônia. Ainda mais porque estamos no mês que se comemora sua graça.

— Você está me matando de curiosidade. — Sally segurava o buquê, quase tremendo de ansiedade. Ela baixou a cabeça e fechou os olhos, respirando fundo. — Calyce, eu sei que deve ser uma situação um pouco constrangedora essa de ver seu pai casar comigo. Você com certeza preferiria ver sua mãe aqui.

— Não, não. — Calyce aproveitou que Dalila estava concentrada em Cassandra, tentando compreender mais sobre suas previsões. Ela se aproximou de Sally, ajeitando o véu sobre sua cabeça. — Eu vi o Senhor dos mares fazer coisas muito peculiares e desagradáveis. Você é a escolha mais sensata que ele poderia fazer. Vocês são loucos, mas eu os amo. E também lhes dou minha benção.

Calyce a beijou na testa, apressando a todas, já que estava na hora.

***

Sally atravessou a agitada 5ªAvenida, ao som das buzinas dos carros. Ela carregava o buquê de camélias com uma mão e com a outra, erguia o vestido longo para não sujar. Calyce e Dalila seguravam o véu da noiva, enquanto Cassandra ia na frente abrindo caminho para a noiva atrasada, cantando uma canção antiga.

O caminho para o Conservatory Water, no Central Park, estava enfeitado com balões brancos e estrelas do mar. Sally sentia seu coração palpitar conforme se aproximava. Ela parou um segundo para calçar a sandália que escapava do pé direito. Não perguntou como Calyce conseguiu encontrar um vestido tão em cima da hora, embora não parecesse tão difícil achar algo naquela cidade.

Cassandra parou a caminhada apressada logo quando alcançaram o lago. Sally, atrás dela, soltou o vestido, segurando o buquê com as duas mãos.

Poseidon estava lá. É claro que sim. Vê-lo vestindo uma armadura dourada, causou-lhe mais nervosismo e ansiedade. Ela olhou ao redor, perguntando se as pessoas que passavam ali não estavam vendo aquilo. Calyce a tranquilizou, dizendo que a névoa estava muito bem manipulada no momento.

Mas a novidade era a que mais uma pessoa desconhecida estava ali, ao lado do deus dos mares. Era uma jovem de rosto marcante, vestia uma curta túnica amarela e ao que parecia, em suas costas, um arco de caça dourado e um coldre de flechas. Em cada lado dela postava-se dois cães selvagens.

— É ela, Ártemis. — Calyce sussurrou. — Como eu disse, você dará uma oferenda. Qualquer coisa que represente sua infância. É uma simbologia, ao fim da infância.

— Eu, eu não tenho nada aqui. — Sally anuiu. — A não ser esse cordão. Foi da minha mãe, eu uso desde que era pequena. Não tem valor nenhum, senão o sentimental.

— Pode ser ele.

Sally abriu a boca para negar, ela não queria entregar a única peça que a ligava diretamente a sua mãe. Mas nada disse, ela voltou os olhos para Poseidon, que não se segurava em tantos sorrisos e trejeitos, chamando-as logo para acabar com aquilo de uma vez.

Onde estava toda a paciência agora?

Ela concordou, retirando o cordão para entregar a deusa.

As pessoas ao redor presenciavam é claro uma cerimônia comum. Com os noivos trajando suas vestes tradicionais e a mulher, Ártemis, como uma mulher, não tão jovem, habilitada a fazer tal união.

— Você é tão determinada, poderia aproveitar essa força em pró a algo muito melhor...

Poseidon olhou para a jovem deusa: — Minha doce sobrinha, não me faça arrepender de tê-la chamado.

— Ela seria muito mais útil em minha companhia. — Ártemis virou-se para Sally. — Você pode tornar-se imortal, pode salvar muitas pessoas e ajudar tantas outras juntando-se a mim.

— Eu sabia que você ia tentar fazer isso. — Poseidon girou os olhos.

— Então porque me chamou aqui se sabia que eu tentaria? — De repente Sally não sabia do que falavam. Mas ela lembrou-se do que Calyce disse.

— Ah! Eu tenho minha oferenda aqui, senhora. — Era estranho chamar alguém tão jovem de senhora, mas enfim. — Meu colar, foi de minha mãe, e eu lhe oferendo com esse pequeno presente.

Ártemis suspirou, enquanto Poseidon se sentia vitorioso, dando um sorriso malicioso, lançando uma piscada de olho para Sally.

Ao segurar as mãos de Poseidon, Sally sentiu-o quente, completamente o oposto das suas mãos que estavam frias. Enquanto Ártemis falava, ela ouvia a voz de Poseidon sussurrar ao pé de seu ouvido a tradução do que ela lhes dizia.

O cordão que fora de sua mãe, agora estava pendurado no pescoço da deusa. Sally não estava magoada, a oferenda deveria ser dada de coração e foi o que ocorreu. A aliança colocada em seu dedo era fina e delicada, com uma pedrinha azul, muito pequena, mas extremamente brilhante. O beijo de Poseidon tirou todas as suas inseguranças e dúvidas. Sally não poderia estar mais satisfeita e feliz.

Sally recebeu um abraço de Dalila, logo em seguida de Calyce. A deusa Ártemis lhe deu sua benção.

— Não esperava menos de você, senhor meu tio. Casar-se com uma humana mortal embaixo do nariz do Olimpo. É deveras excitante de sua parte.

— Não leve a mal doçura. Não chamei seu pai para a cerimônia por motivos pessoais.

— Debaixo do nariz do Olimpo? Não compreendi. — Sally esperou uma resposta, e não foi muito bem recebida, sabendo que os deuses estavam acima de sua cabeça naquele momento.

— Meu amor, não precisa ficar brava.

— Não estou brava. — Ela irritou-se, recebendo um beijo do marido. — Isso não muda nada.

— E dois beijos?

— Não brinque com algo sério. — Ela recebeu um abraço, enquanto ouvia Poseidon falar baixinho algo que somente ela poderia ouvir. — Você é impossível...

— Jogue o buquê Sally. — Pediu Dalila, entregando o ramalhete para ela. — Venha todas para ver quem vai pegar. — Dalila estava sozinha atrás de Sally, que já estava de costas para arremessar o buquê. — Vamos meninas, para saber quem é a próxima a casar.

— Eu não me casarei. — Interferiu Calyce. Ártemis também completou a mesma frase, com um tom de sarcasmo. Enquanto Cassandra, bem, ela era uma sacerdotisa.

— Tudo bem, vamos fazer pela tradição. Ninguém precisa casar.

Sugeriu Dalila.

As quatro mulheres se posicionaram atrás da noiva, que contou até três e arremessou com uma leve força o buquê de camélias e oliveira. O arranjo foi direto para as mãos da sacerdotisa Cassandra. Sally se virou para ver e bateu palmas, dando parabéns a ela, sendo erguida imediatamente por Poseidon, que desejava tirá-la dali com toda a pressa que sentia.

Dalila acenou para o casal que escapou do parque numa carruagem típica de passeios da cidade, mas os cavalos que puxavam a carroça possuíam assas e voaram.

Dalila levou as mãos aos ombros de Cassandra, que ainda segurava o buquê.

— Será que sacerdotisas podem se casar? — Brincou, mas Cassandra não respondeu. Ela estava com seus olhos anuviados e o corpo travados.

— O casamento chegará ao fim junto com o verão. — Ela disse, tal como fizera a previsão de Dalila.


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Notas finais do capítulo

Beijos!



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