A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Capítulo 2 - Muito prazer, Poseidon!


Notas iniciais do capítulo

Retornei com o segundo capítulo, e confesso que me empolguei, mas irei segurar minha animação e não alongar muito a hsitoria, ou ficarei sem tempo para terminar, então ... chega de conversa.
Ah! Agradeço os comentários enviados no primeiro capitulo, irei responder a todos.



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No final da primeira semana do inicio da temporada de verão, Sally Jackson já contava com alguns relaxantes musculares dentro de sua bolsa, entre outros remédios e esparadrapos que poderiam suavizar os calos e as dores que sentia na lombar, nos pés e lugares não antes imagináveis.

Jamais passou pela sua cabeça reclamar da oportunidade de emprego que recebera. Ela estava satisfeita com as gorjetas. As gorjetas poderiam ser boas ou ruins, dependendo de seu atendimento, e normalmente, o atendimento que Sally prestava encantava a todos. Sempre muito educada e gentil, ela se esforçava ao máximo para dar seu melhor e fazer com que o cliente ficasse satisfeito. O que resultava em ótimas gorjetas.

Mas por outro lado, trazia também muita inveja de suas companheiras de trabalho, que passaram a sabotá-la nos últimos dias da semana.

Uma dúzia de pratos espatifaram-se no chão, e a culpada foi Sally. A bandeja de camarões despencou da mesa, Sally foi apontada. O refrigerador ficou a noite inteira desligado, Sally Jackson quem esqueceu de ligar na tomada. Dentre outros pequenos desastres que ocorreram.

O que ela poderia fazer?

Por mais que estivesse sendo sabotada, elas não mereciam seu ódio. E como mágica, os pensamentos ruins sumiam de sua mente, e ela voltava ao trabalho, com um sorriso nos lábios, mesmo que estivesse cansada. A sua mágica era a perseverança.

Sábado e Domingo foram os dias mais trabalhosos, porém, os que mais lhe renderam gorjetas. No final do domingo, o gerente do restaurante deu uma folga na segunda-feira, pelas horas extras que ela trabalhou.

Sally chegou no chalé cansada e com fome. Ela podia fazer duas refeições no restaurante, mas a segunda refeição, preferia levar para comer no chalé, após um banho, quando estivesse se sentindo mais fresca e relaxada. Comer depressa parecia fazer mal quando ela sentava na cozinha, e todos ao seu redor estavam correndo de um lado para o outro, trabalhando enlouquecidos.

O calor que fazia, permitiu ela tomar uma ducha de água fria, sem reclamar. E após lavar bem os cabelos e tirar todo o cheiro de óleo, camarão e lagosta do corpo, sentou-se na cama, com um livro na mão. Acabou esquecendo da comida, mas não demorou muito para sua barriga roncar.

Naquela noite, Sally não conseguiu dormir. Levantou da cama, e deixou o livro sobre uma mesa de cabeceira, o final foi surpreendente, ela precisava comprar outro livro para ler dali em diante.

Quando ficou de pé, olhou pela janela. Havia uma fogueira acessa na praia. Ela achou estranho pois, justamente naquela noite, um luau estava acontecendo mais para os lados das rochas em outra praia, não muito próximo de onde estava, e pelo que soube, todos iriam participar. Dava até para ouvir uma música de festa se ela prestasse bastante atenção.

Era um evento bem conhecido.

Não é à toa que estava mais uma noite sozinha naquele chalé. Definitivamente ela não estava se queixando disso, mas, algumas vezes, Sally se sentia solitária. E esse era um sentimento que se espalhava pelo seu coração e a entristecia.

Ela não sabia como era uma família de verdade. Pai, mãe, avós e tias. Natal, festas de aniversário e churrascos no quintal no dia da Independência. Essas coisas que todas as pessoas faziam. Sally lutava todos os dias, desde os três anos, sozinha, para permanecer em pé. Mas mesmo a pessoa mais forte, as vezes se sente fraco e precisa de um apoio. Esse apoio já estava atrasado para chegar em sua vida.

Os pensamentos e lembranças fizeram Sally permanecer parada em frente a janela, por mais tempo que o necessário. Quando deu por si, ela piscou os olhos e viu que um homem olhava em sua direção. Um relâmpago iluminou o céu, dando inicio a uma chuva torrencial. De repente, seu corpo foi atingido por um arrepio.

Um calafrio percorreu a espinha, fazendo com que ela desse alguns passos para trás, assustada. O homem lá fora também se movia, na direção do chalé. Sally prendeu a respiração.

Ela aproximou-se da janela, o homem estava já na varanda pedindo ajuda. Inicialmente achou que ele falava em outro idioma, um que não soube distinguir, mas logo estava o homem pedindo ajuda no bom e velho inglês, mesmo que seu sotaque fosse incomum, nunca ouvido antes. Mais polido e muito gentil e educado.

Assim que Sally abriu a porta, o homem alto e de cabelos negros, molhados pela chuva, entrou no chalé. Seus olhos esverdeados pareciam duas pedras de safira que brilhavam na noite. Sally tentou esconde sua excitação diante do homem.

Ele era alto e vestia roupas elegantes, uma camisa em tom claro e uma calça social. O rosto, de queixo mais quadrado, tinha uma barba fina, os lábios eram bem corados. As mangas da camisa estavam dobradas, podendo ver os braços fortes.

— Peço perdão pela invasão. — Ele disse, esfregando as mãos nos braços, o vento uivava e o mar estava agitado. Sally podia garantir que ouvir as ondas gemerem ao quebrar na areia da praia. Um pensamento estranho. — Estava aguardando alguns companheiros, mas acho que fui deixado para trás.

Sally pegou uma toalha e estendeu para o homem. Ela o analisou com cuidado para não parecer curiosa. Não era o tipo de homem que alguém poderia sequer cogitar na possibilidade de deixar para trás.

— Sinto muito, mas aqui não há telefone, então não tem como entrar em contato com seus amigos. — Sally se prontificou a fazer um chá.

Havia uma cozinha pequena no chalé, elas pouco utilizavam a cozinha, mas Sally comprou uma caixinha de chás em saquinhos, para poder tomar enquanto lia um livro a noite, e aquela seria uma boa oportunidade para abrir a embalagem.

— Tudo bem. Não acho que estão sentindo minha falta. — Ele sorriu e esfregou a toalha nos cabelos. Sally desviou o olhar. — Então...

Ele deu um passo e parou quando Sally virou, parecendo desconfiada. Era justo, afinal, eles não se conheciam. Mas Sally não sentiu medo, ao contrário, ela sentia-se bem.

— Sally... Sally Jackson. — Disse enquanto enchia a chaleira de água na pia. Colocou a chaleira no fogão de duas bocas, e acendeu o fogo com um fósforo. Organizou dois copos de plástico com os saquinhos de chá, e quando se virou, o homem sem nome estava parado com os braços cruzados, ainda sorridente.

— Ah! — Ele levou uma das mãos até a testa e bateu ali com uma força moderada. — Como sou tolo, desculpe não ter ainda me apresentado, é que eu estava, como posso dizer, admirado.

— Admirado? — Sally pensou se era o momento certo para ficar com medo de um estranho em seu chalé, aquela hora, numa noite chuvosa. Sua generosidade ainda poderia lhe causar problemas, era o que seu tio sempre lhe dizia.

— Sim, admirado com sua graça.

— Desculpe, mas eu não... — Sally afastou-se, encolhendo os ombros.

— Peço perdão por lhe causar desconforto. — Ele afastou-se, na intenção de acalmar. O que deu certo. — Vamos começar do início, como deve ser. — ele estendeu a mão, mantendo um sorriso sincero nos lábios. — Muito prazer, Poseidon!

— Como o deus dos mares? — Sally também estendeu a mão e capturou a de Poseidon, apertando levemente. Naquele instante, ele arqueou a sobrancelha, parecendo confuso. — Desculpe, mas, seu nome. Poseidon, o deus grego, sabe... — Sally apertou os lábios, sem graça. — Você sabe o que seu nome significa, não é?

— Sim, claro. Eu sei. Mas me admiro você saber.

— Porque eu não saberia?

— Não quis ofender, é que poucas pessoas, quero dizer. — Ele mexeu nos cabelos negros, parecendo deslocado. Sally terminou de preparar o chá e entregou o copo ao visitante inesperado.

— Não adocei, se precisar, tem ainda alguns cubos de açúcar em algum lugar aqui. — Ela tratou de procurar pelo açúcar, mas não foi necessário, ele já havia bebido todo o chá. — Não queimou a língua? Estava bem quente.

— Oh! Não estava tão quente. — Mentiu, claro que estava, ela sabia que sim. — Acho que já tomei muito tempo da sua noite. — Ele disse por fim, esfregando as mãos. — Bem, senhorita Jackson, eu agradeço por sua hospitalidade. Poucas pessoas dariam abrigo a um homem desconhecido.

— Mas a chuva, ainda não... — Ela olhou pela janela, e poderia jurar que estava chovendo há alguns segundos atrás, mas agora, o céu estava num azul anil repleto de estrelas brilhantes. — … passou.

Poseidon alcançou a mão de Sally e dessa vez ele a levou até sua boca, depositando um beijo respeitoso sobre a pele, agora quente, da anfitriã. Deixou o chalé da mesma forma que entrou nele, tão rápido como um vento poderia cortar o céu.

Sally conseguiu dormir logo depois que Poseidon partiu. Ela ainda ficou diante da janela, aguardando ver algum movimento lá fora, mas parecia que ele havia sumido no ar, ou mergulhado no mar, voltando para o reino aquático, tal qual o deus dos mares.

Ela riu, com o último pensamento.


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Notas finais do capítulo

Feliz ano novo :D