A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 19
Capítulo 19 - Os olhos não mentem


Notas iniciais do capítulo

Capítulo esperado por uns, e daqui pra frente vou fugir completamente da historia de Mr. Riordan
Em breve vão entende porque.



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Sally não podia acreditar em que seus olhos viam. Era uma visão absurda, para não dizer que era loucura. Baleias e golfinhos nadavam e faziam manobras no mar, como se estivessem em um espetáculo especial somente para ela. Uma onda cobriu-a, mas Sally não se molhou. Em seguida, Poseidon estava na sua frente, sendo depositado sobre as rochas com a ajuda da água do mar que criava vida e um redemoinho perfeito ao redor deles.

Ela piscou, atônita, confusa e completamente pasma. Conseguiu abrir a boca, mas apenas um leve sussurro saiu por entre os dentes.

— Poseidon...

— Eu trouxe um presente, mas... — ele virou-se para olhar um golfinho que pulava animadamente na água, como uma criança feliz. — Mas o Victor comeu. Eram flores, flores do mar, muito bonitas. Não sei se já viu, ou se esta cansada de flores.

— Sim, digo, não. — Sally sacudiu a cabeça, não estava entendendo o que significava tudo aquilo. — Você é por acaso um ilusionista ou essas pessoas que trabalham em circo? Domador de focas e leões?

— As focas são mais minha praia que os leões, eles são muito bravos, a não ser que esteja falando de leão marinho. Mas tem os cavalos também, eu os criei para serem livres, sabe. São domados quando se apaixonam pelo domador, era para ser poético, mas depois que o homem conseguiu prendê-los a força e comprá-los com torrões de açúcar e maçãs, a beleza poética acabou.

Sally estava de queixo caído, literalmente.

— O que é isso? O que você fez...

— Jura que não entendeu ainda? Não deu para sacar com a apresentação? Eu me esforcei para convencer as baleias a virem, elas são tímidas. Mas os golfinhos... — ele mexeu os ombros, levando as mãos na cintura, olhando os bichos aquáticos saltitarem. — Esses bichos são muito exibidos.

Poseidon sorriu para Sally, ele estendeu as mãos e capturou as dela que tremiam, aproximou-se o quanto pode para não assustar, mais do que já havia feito. Não encontrou as melhores palavras para contar a verdade, por isso decidiu mostrar. Pois os olhos não enganam, pelo menos não enganavam até aparecerem os tais ilusionistas na face da Terra.

Poseidon não gostava deles.

— Isso é tudo muito divertido. Confesso que quase cai na história, mas eu prefiro a verdade, nada mais do que isso. Se é que tem uma explicação para aqueles bichos estarem aqui.

— Você quer a verdade, Sally Jackson?

— Pura e simples. Não importa o resultado final, se não há sinceridade, não há amor.

— Às vezes o amor é uma mentira. Ou, só uma mentira o mantém.

— Eu não posso viver uma mentira.

Ele concordou com a cabeça.

— Meu nome é Poseidon em sua língua, ou se preferir Ποσειδῶν em Grego Antigo. Governo os mares, sou tempestuoso e como diz minha filha, teimoso e cabeça dura.

— Sua filha? — Sally recordou-se rapidamente de Calyce chamar Poseidon de teimoso e cabeça dura. — Impossível, Calyce não pode ser sua filha. Quantos anos ela tem? Vinte e dois, vinte e três? Você não tem mais do que trinta e cinco.

— Agradeço o elogio, não é fácil manter a forma depois de tantos e tantos séculos. Ainda mais comendo essas coisas maravilhosas que a humanidade cria.

— Não zombe de mim. — Disse zangada.

— Desculpe. Confesso que pilates ajuda bastante também, mas não é isso o que estamos discutindo aqui. Você é uma mortal e eu um deus. Isso já é o suficiente para eu ser obrigado a me afastar...

— Não, você é casado, isso sim é um motivo bom para te manter longe de mim, das nereidas e qualquer outra mulher senão a sua...

Sally levou as mãos a boca, assustada com aquela maluquice que estava falando. Como se ele fosse realmente um deus, deuses eram mitologia, não poderia ser verdade. Mesmo em seus sonhos mais malucos, onde ela se via no topo de uma nuvem, vestindo um vestido dourado, ao lado de Poseidon.

— Anfitrite, minha esposa. Sim, sim. Lembra-se do acordo? Então, ela é uma mulher como nenhuma outra, digo, uma deusa. A maioria deusas são orgulhosas. — Ele endireitou o corpo, parecendo mais maduro agora, e não um adolescente apaixonado. Mandou que os golfinhos partissem e os deixasse a sós. Um ainda resistiu, mas depois de algumas piruetas e um jato de água arremessado na cauda, ele partiu de vez. — Meu coração me enganou tantas e tantas vezes. Quando se tem a eternidade, às vezes parece que a solidão te engole, e por isso sucumbimos a desejos de diversos tipos. Os carnais principalmente. Não estou orgulhoso de dizer isso, mas posso afirmar que depois de tanto tempo, eu aprendi que viver apenas de desejos não é o suficiente, se não tiver amor.

— Porque eu? Porque você veio até a mim.

— Não há uma resposta para isso. Apenas aconteceu. A imortalidade é algo para poucos, e nós admiramos a mortalidade. Os mortais são como um desejo oculto, nós os invejamos de alguma forma. Eu a invejo por sua vida, eu a amo pelo que é.

Se tudo aqui fosse uma encenação, ao menos Poseidon iria garantir alguns pontos pela originalidade.

— Preciso pensar. — Disse, por fim. — Se tudo isso realmente for verdade, ou um sonho. Que coisa ridícula. Você ensaiou tudo isso para me dizer o que? Que me ama?

— Sim, e não. Eles não foram ensaiados, eu sou o pai deles. E eu a amo sim.

— Não pode ser. — Ela gargalhou nervosamente. — Não poder ser real.

— Você esta vendo. É real.

— É impossível. Isso é um mito. Como... como Adão e Eva. Quais provas concretas existem?

— Minha querida, eu estou lhe revelando a verdade que poucos podem ver. De alguma forma, você pode enxergar mais do que qualquer outro ser humano. Eu não sei como é possível, mas preciso confiar no meu sentido. Além do mais, ainda há algumas coisas que precisa saber. Coisas que não vai gostar, mas são necessárias.

Ela levou a mão a barriga e disse:

— Eu tenho algo a revelar, que talvez você não vá gostar também.

Poseidon apertou os lábios. Ele a olhou, sempre admirado com a beleza encantadora de Sally. O deus já havia visto mulheres incrivelmente lindas ao longo de sua vida imortal, porém, nenhuma delas possuía aquela sinceridade no olhar ou a vibração que sua simples presença lhe causava.

Às vezes pensava se Eros, o cupido, não estava por trás disso, porque jamais havia sentido por alguém, o que sentia por Sally Jackson. Era uma atração sem igual, como se ela fosse a peça necessária que faltava para seu quebra cabeça da vida imortal. Mas, uma mortal não combinava com um imortal.

— Meu filho que carrega no ventre. Eu já sei de tudo, minha doce Sally.

— Dalila contou! — Rapidamente exclamou, sentindo-se traída pela amiga. — Eu pedi para não falar nada.

— Não se zangue com a pequena Dalila, ela fez o que precisou fazer. Você não compreende agora querida. Esse bebê que esta a caminho, ele tem um destino selado, e você, somente você poderá decidir qual caminho ele seguirá.

— Não fale com enigmas. — Sally afastou-se não deixando que ele a tocasse. — Não queria contar a verdade porque eu já imaginava que não iria querer assumi-lo. Sei que seu desejo não é ficar comigo. Não precisa inventar tantas mentiras para se safar dessa. Eu o liberto de suas obrigações.

— Eu jamais faria isso. Eu o desejo tanto quanto a quero. Mas não posso.

— Você não pode nada, não é? Quer mesmo que eu acredite que é um deus? Se nada pode fazer?

— Sou um deus, mas há regras a seguir. Você precisa vir comigo, eu irei lhe explicar tudo. Por favor, Sally, venha.

— Eu não posso, não posso.

Sally afastou-se de Poseidon, da maneira que ele temia que poderia acontecer. Não a seguiu, quando ela o deixou sozinho ali, acreditava que deveria ao menos deixá-la por um tempo, para pensar melhor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.



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