Vou começar a minha história falando sobre uma coisa que me atormenta desde sempre: escola. Sim, eu sei que é estranho, eu deveria começar dizendo o meu nome, ou falando sobre meu cabelo com mechas azuis, ou como eu gosto de comer pizza. Mas não, eu vou falar sobre a minha escola. Ela não é o que nós chamamos de "escola comum", é um internato, mas um internato estranho... Muito estranho. Acho que tudo se deve a diretora louca que comanda esse internato (lê-se: presidio), acho que só uma louca pra fazer o dia da salada (what the hell?) em uma escola. Sinceramente? Nesse dia eu nem vou pra cantina. Tudo bem, mas eu não estou aqui pra contar a história do dia da salada (uma bosta, só pra constar), mas pra listar razões pelo qual a minha diretora precisa urgentemente de um psicologo:

1 - Ela cria BOIS na escola, isso mesmo BOIS, isso não é normal! Uma pessoa que tem o cerebro no lugar não cria bois em uma escola! Ela diz que é para gente ter "carne fresca"... Será que ela nunca ouviu falar de supermercado?

2 - Ela acha que garotos e garotas dormindo no mesmo dormitorio é uma coisa completamente normal... Eu em surpreendo que somente dez garotas engravidaram nessa escola (esse ano). E a diretora louca ainda diz que a culpa é nossa... Sim, a culpa é nossa que os garotos tem os hormonios a flor da pele e nós garotas somos obrigadas a se vestir e tomar banho no mesmo quarto que eles... Claro, diretora continue com sua mente imbecil.

3 - Seus metodos de ensino são totalmente loucos e principalmente seu metodos que ela chama de "disciplina", por exemplo, aqui não existe detenção ou suspensão... Ela simplesmente cria um tarefa louca pra gente fazer... Como dar comida para os bois ou pentear o cabelo das pessoas durante uma semana... Loucura a flor da pele.

4 - É proibido chocolate. QUEM EM SÃ CONSCIÊNCIA PROÍBE CHOCOLATE?!

Ta, deu de falar da minha escola, eu vou falar agora sobre o motivo de eu estar nela... Talvez seja porque eu não seja a melhor garota do mundo, tenho pequenos problemas em ser legal, carinhosa, afetiva... Ou seja, eu sou o demonio em pessoa. E acho que os meus pais se irritaram comigo, por isso me mandaram para essa escola dos infernos. No qual eu estou sendo obrigada a dividir o quarto com uma garotinha mimada e chata, que só fala sobre pentear o cabelo e comprar vestidos, minha vontade é de jogar ela pela parede. É sério.
Voltando ao motivo pelo qual eu estou aqui...

"- JÁ CHEGA, MOCINHA! VOCE NUNCA MAIS PISA NESSA CASA DE NOVO! - esse é o homem que eu deveria chamar de "pai"... Infelizmente. Talvez voce esteja pensando: o que ela fez? Matou uma pessoa? Matou um gato? Queimou a escola? Não, nenhuma das alternativas. Mas se voce disse "raspou o pelo do poodle (lê-se: diabo) preferido de sua madrasta" sim, voce acertou. Eu já fiz tanta coisa pior, como quebrar um carro, bater em criancinhas só porque elas comeram o meu doritos, roubar lojas... Mas o poodle daquela velha era a coisa que mais importava na vida dela, mais até do que o meu pai, e foi por isso que eu raspei ela, não deixando nem um mini pelinho. Agora a velha siliconada ta chorando por mais de três horas seguidas gritando "por que? Por que?" enquanto segura seu cachorro que agora parece mais uma galinha.

Bem, e foi por isso que os dois concordaram que seria melhor para mim se eu fosse mandada pra bem longe deles. E é por isso que eu estou nesse internato, por causa de um poodle/galinha idiota."

– Sim, ela é meio estranha. - a garota que eu dividia o quarto sussurrava com a amiga dela pelo telefone, pensando que eu não ouvia. Eu vou me vingar dela. - Ela usa umas meias rasgadas, um jeans rasgado, uma blusa rasgada... Tudo rasgado... Será que ela é pobre?

– Cuidado, talvez eu seja um assassina... Durma de olhos abertos - disse isso e apaguei as luzes deixando o quarto completamente escuro e ouvindo o grito da garotinha assustada. Comecei a rir histericamente e coloquei o meu pijama que se baseava em uma blusa preta de caveiras e a minha calcinha de patinhos, sim, totalmente intimidador. Como estava cansada da viagem idiota que eu havia feito pra chegar nesse internato em Londres, dormi rapidamente.

(...)

– EU VOU TE MATAR GAROTA! - gritei tapando meus ouvidos com o travesseiro enquanto a idiota da... Da... Qual o nome da guria mesmo? Vou chamar ela de "baixinha purpurina rosa-pink" ou só BPR (sim, eu costumo dar apelidos para as pessoas) secava seu cabelo com uma droga de secador (obvio né) as... Seis da manha?!

– Quero ver voce tentar, pretinha. - Pretinha? Eu? Sou eu que dou apelidos aqui! Será que ela anda lendo meus pensamentos? Ah, não, eu divido o quarto com uma aberração rosa! A propósito meu nome é Katiana (sim, meu pai conseguiu me dar um nome pior que a minha cara). Mas se alguém me chamar de Katiana eu mato e faço parecer acidente, todo mundo me chama de Kat.

Coloquei uma calça jeans preta que eu mesma havia rasgado nos joelhos e no meio da cocha, uma blusa dos Guns'N'Roses e um all star preto, nem me dei ao trabalho de pentear o cabelo, na verdade, eu nunca penteio ele, eu acho que ele tem cor de cocô, mas todo mundo diz que o meu cabelo é "simplesmente perfeito" (na verdade, duas pessoas me disseram isso, e foram pessoas que eu nunca mais vi na vida... Uma garota que estava com umas amigas no shopping e uma garota que passeava na rua com um cachorrinho)... Eu pinto meu cabelo de azul nas pontas desde que eu tenho catorze anos, eu acho, e não corto ele desde então, ele bate na minha cintura e é liso até demais.

Fiz minha maquiagem de sempre, que era uma base, muito delineador e rímel. Muito rímel.

– O cabelo dela vai até a cintura. Sim! Não to mentindo! Eu não vi isso ontem porque ela tava usando um coque ridículo! Ela é bonita, tipo, muito bonita! Que raiva! Matematica? Er... Não sei. - a BPR conversava com alguém no telefone (bem, eu acho que era no telefone, ou ela falava sozinha dentro no banheiro) e a idiota ainda fala tão alto que é impossível não ouvir. Ela me acha bonita? Hum... Interessante... Tudo bem, eu não to nem ai.

Deitei na minha cama de novo e fiquei ouvindo "Just tonight" do the pretty reckless e acho que acabei pegando no sono, porque quando abri os olhos de novo já eram oito horas e BPR não se encontrava no quarto e eu estava atrasada... Legal (sente a ironia).

– Dormiu mais que a cama, sra. Morana? - sim, meu sobrenome é Morana, mas eu odeio tanto ele quanto odeio meu nome.

– Dormi mais que um defunto. - disse e sentei na minha cadeira.

– Detenção depois da aula, sra. Morana.

– Tudo bem, sr. Rabugento. - sim, eu ajo como criança quando estou irritada... Ou as vezes ajo como uma psicopata.

Olhei pra trás e vi BPR rindo com algumas amigas dela que mais pareciam ter saído de um comercial de shampoo. Eram todas iguais: loiras, de olhos azuis, corpo barbie, e perfeitinha até demais. Esse tipo de pessoa me da raiva só de olhar.

Depois das aulas idiotas com professores ridiculos fui para a minha detenção, e adivinha? Tive que lavar os pratos da cantina... Felizmente era o "dia da salada" e quase ninguém (lê-se: ninguém) comeu, então o numero de pratos era uns cinco no máximo.

– Lavando pratos... Deve estar divertido. - um idiota falou atrás de mim.

– O que foi que disse? - virei pra ele irritada, estava usando uma bosta de "chapeuzinho" na cabeça (sabe aquela coisa que as cozinheiras usam?), um avental idiota, junto com uns sapatos iguais de enfermeira (já que a diretora doida não quer que os meus tênis sujem o chão da cozinha) e minha maquiagem preta já tinha saido toda, ou seja, eu não estava muito assustadora e nem seria levada a sério por ninguém.

– Legal sua roupa. - ele riu.

– Cala a boca se não quiser que eu chute um lugar em que não vai gostar de ser chutado.

– Que medo. - ele continuava rindo.

É claro que eu nem hesitei em dar uma joelhada bem dada naquele lugar dele e depois um tapa em seu rosto, ele deitou no chão e gemeu, mas logo se levantou e segurou a minha blusa por trás me impedindo de sair do lugar.

– Sorte sua que eu não bato em garotas. - ele disse me olhando nos olhos. Dei outro tapa em seu rosto - Eu posso abrir uma exessão pra ti, pare de se aproveitar. - dei outro soco em seu rosto e ele segurou meus braços e me empurrou contra a parede, fazendo eu bater minha cabeça forte.

– VOCÊS DOIS, PARA A MINHA SALA! - a diretora louca gritou, gente, ela ia me matar, eu não duvido nada dessa mulher.

– Eu estou totalmente decepsionada com o comportamento de vocês... Agressão fisica? Isso completamente proibido em area escolar.

– Então se eu sair da escola posso bater nesse idiota até cansar? - me atrevi a perguntar. Eu já estava encrencada, qual o problema de ficar mais ainda?

– Sra. Morana, já esta encrencada, pare de brincar com o fogo. Alan, alguma coisa a dizer sobre isso?

– Não. - ele deu de ombros e eu revirei os olhos.

– E voce, Katiana? - olhei para o lado e vi o Alan segurando o riso depois que a diretora falou o meu nome... Aquilo era a gota d'água.

– TA RINDO DO QUE, IDIOTA? DO MEU NOME? COMO SE "ALAN" FOSSE UM NOME PRA SE ORGULHAR! IMBECIL! CANALHA! - comecei a dar tapas nele e a diretora segurou os meus braços.

– JÁ CHEGA! - a diretora gritou irritada e me afastando do Alan... Só faltava sair fumaça dos seus olhos - Eu não vou admitir esse tipo de comportamento. E eu sei exatamente qual vai ser a punição de você.

– Punição? - perguntamos juntos.

– Sim. Podem dizer adeus a seus colegas de quarto. Agora vocês vão dividir um quarto juntos até o final do ano - eu queria me dar um tiro ali mesmo - e o melhor, durante cinco dias... - ela colocou uma algema na nossa frente - Vão estar mais grudados do que nunca. - e logo a algema foi coloca em meu pulso e no do Alan. Essa diretora tem problemas?! Ela não tem noção do perigo?! Será que eu poderia processar ela? Ou queimar aquela peruca verde que ela usa? Não, eu ia era matar o Alan durante a noite. Ou pelo menos puxar o pé dele.