Harry Potter Por Olhos Negros escrita por CY


Capítulo 31
Enigma do Príncipe - 06


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo segue o FILME:

Harry Potter e o Enigma do Príncipe - (Parte 06)



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– Ellie, pra onde estamos indo? – Harry andava ao lado dela, que caminhava em passos rápidos.

Sem responder nada, Ellie apertou o passo. Estavam no quarto andar e acabavam de passar pela Ala Hospitalar e pela Biblioteca, quando ela o puxou virando um corredor que estava vazio. Mais a frente, em uma parede que não havia porta alguma, Ellie esticou sua varinha e apontou para frente.

Revellion.

Harry olhou de Ellie para a varinha e da varinha para a parede, em que surgia agora uma porta de madeira escura. Por fim a maçaneta surgiu dourada. Ellie a girou e abriu a porta fazendo um gesto para Harry entrar. Quando entrou, Harry viu uma sala pequena e vazia com apenas duas poltronas vermelhas de frente uma para a outra, com uma mesa ao lado que servia chá e biscoitos. A sala era iluminada por duas janelas redondas e tinha as paredes de pedra como o resto do castelo, mas Harry nunca a vira.

– Que sala é essa? – Harry rondava os olhos pela sala.

– Dumbledore a fez para nós. – Ellie olhou o vermelho das poltronas que indicavam a Grifinória e o bule de chá na mesinha de canto. Dumbledore adorava chá. – E ele já colocou o toque dele por aqui. – Ellie sorriu e fechou a porta atrás dela e com a varinha apontada para a maçaneta, fez um barulho de tranca soar. Harry deduzira que a porta sumira do lado de fora.

– Dumbledore fez essa sala pra nós? – Harry franzira a testa – Porque...

– Porque você precisa. – Ellie chegara até uma das poltrona e se sentara. Harry fez o mesmo na outra - Você fez questão de irritar o Prof. Snape a ponto dele não conseguir mais te dar aulas de Oclumência.

– Dumbledore vai me dar aulas aqui?

– Não – Ellie se levantara se apresentando – Eu vou.

– Você? – Harry parecia zombar mas Ellie não se abateu.

– Acorda Harry! Você acha que eu sobrevivi com os Malfoy como? – Ellie sorrira – Falei com Dumbledore ano passado, mas ele me pediu que lesse um livro antes de qualquer coisa. Eu li nas férias e acho que você já pode começar.

– Isso é por causa do que eu falei sobre Draco, não é? – Harry ficara sério – Sobre ele enfeitiçar Katie...

– Também. – Ellie voltou a se sentar – Mas acho que Snape te ensinou do jeito errado.

– Como assim?

– Pra saber Oclumência, você precisa de Legilimência primeiro. Por isso...Vou deixar que faça em mim primeiro.

– E se eu ver algo que não devo?

– É justamente por isso que eu vou selecionar. Mas já é um começo. E você já fez isso antes não é? – Ellie olhou para a varinha no bolso de Harry e ele a seguiu – Então? Vamos logo com isso?

Harry não sabia o que pensar. Estava confuso, mas a aula deveria ser melhor do que a de Snape. Já havia feito Legilimência com o professor, mas se atrapalhou e viu uma memória que irritou Severo. Dessa vez, ele iria treinar. Ellie parecia saber o que fazia e se Dumbledore confiara isso a ela e até fizera uma sala...Ele também confiava. Harry viu Ellie sentada e sorrindo esperando ser atacada. Ele puxou a varinha do bolso e apontou para Ellie que fechou os olhos lentamente.

Legilimens!

A visão de Harry escureceu. Véus brancos embaraçaram sua visão iluminando a de novo e se mexiam como lençóis brancos num dia de ventania. Os véus brancos montavam as cenas pouco a pouco.


Setembro de 1987 – Orfanato Sta. Elphaba, Dormitório


Os véus formaram um pequeno quarto em que havia duas camas e um armário dividido em duas partes. Uma menina, que Harry agora percebera ser Ellie, com cabelos pretos nos ombros e olhos negros, com seus sete anos estava sentada quando olhou para a porta.

– Você veio! – O grito alegre da criança encheu o quarto. Ela pulou no velho homem que entrara no dormitório.

– Achou que eu não viria? – A voz de Dumbledore foi reconhecida


– Não! Mas eu gosto de surpresa! Você trouxe? Trouxe, trouxe, trouxe, trouxe? – A menina sentara com o senhor na cama.

– Aqui está! – Dumbledore tirara do bolso muitos sapos de chocolate – Divida com sua colega, certo?

– Claro! – Ellie colocou um sapo na boca e deixou a metade em cima da outra cama.

– Dumb, olha o que eu aprendi. E sozinha! – Ellie se levantou e sem alguma varinha encarou os vidros da janela que centralizava as duas camas e os estourou. Cacos se espalharam para dentro e fora do quarto.

– Brilhante Ell. – Dumbledore sorria – Agora concerte.

Ellie fez uma cara de esforço e os vidros voltaram de pequenos cacos no chão para seu devido lugar formando a janela inteira. O vidro estava impecável novamente.

– Dumb, posso perguntar uma coisa?

– Eu só trouxe isso de doce. – Dumbledore passara o dedo no nariz arrebitado dela.

– Não é isso! – Ellie abrira a gaveta do criado mudo e tirara uma foto. Mostrando a foto de Sirius e Camille que sorriam hora para a câmera, hora um para o outro. Ellie o surpreendeu. – Essa foto.

– São seus pais, já lhe disse. Eles faleceram quando você nasceu.

– Aé? E porque aqui... – Ellie mostrara um jornal também – Meu pai aparece preso?

Dumbledore suspirou e puxou a menina para sentar ao seu lado.

– Onde conseguiu isso Ellie?

– Roubei da recepção.

– Já disse pra parar de roubar.

– Eu só roubo o jornal...o senhor sabe disso. E não mude de assunto. – A pequena menina cruzara os braços.

– Tudo bem...Você me pegou dessa vez. Acho que não vou esconder isso de você por muito tempo não é? – Dumbledore suspirou – Seu pai ainda está vivo Ellie, mas está preso em Azkaban. Uma prisão para onde vão as pessoas que fizeram algo errado e agora têm que pagar por isso. – Ellie o olhava com atenção – Sirius não vai poder voltar, por isso minha cara, não tenha falsas esperanças. Mas lembre-se que mesmo lá, ele ainda te ama. E disso eu não tenho a menor dúvida.

– Você o conheceu? – Ellie ainda estava assustada com a notícia, então Dumbledore iria lhe contar somente as partes boas da vida de Sirius.

– Sim. Ele estudou em Hogwarts, onde sou o diretor. Era muito amigo de Thiago e Remo. Me lembro como se fosse ontem...

– Quem são esses?...

O véu branco voltou a embaraçar a cena e a visão de Harry. Agora eles desciam formando algumas visões de Ellie brincando num pátio com várias outras crianças de seis a dez anos. Ellie corria e brincava com elas, e o véu entornou mostrando outra lembrança. Ellie estava na cama e sua colega de quarto do orfanato dormia ao lado. Ellie estava olhando para a foto de Sirius e Camille e uma lágrima descera do rosto delicado da menina. O véu saiu da lágrima e voltou a embaraçar a visão de Harry.


Agosto de 1989 – Orfanato Sta. Elphaba, Corredor


Os véus formaram o corredor do orfanato que Harry reconhecia mais uma vez. Uma porta grande se abriu, e Ellie saiu pelo corredor. Atrás dela, da sala que saíra, rolava uma festa de aniversário.

– Parabéns Ell... – Dumbledore abriu os braços no corredor vazio.

– Obrigada Dumb. – Ellie sorrira – São nove anos de malandragem! Aliás... – Ellie encurtara os olhos. – Onde está o meu presente? Ano passado foi Roux, agora podia ser um Dragão não acha?


– E onde você guardaria o dragão? – Dumbledore sorrira

– O senhor pensaria em algo... Sempre pensa em tudo!

– Sabe no que pensei dessa vez? – Ellie fizera que não com a cabeça – Pensei em um presente muito melhor!

– AI MEU DEUS! Não! Espera! Deixa eu adivinhar...Não! Esquece...Fala logo! – Ellie se exaltara fazendo o diretor dar risada - É...é...uma sereia!? Merlim! Eu amo Sereias!

– Não chegou nem perto...

– Fala logo! PELO AMOR DE DEUS – Ellie engrossara a voz.

Dumbledore puxou Ellie para um banco de madeira no canto do corredor, fazendo suspense.

– Ellie, eu tenho um conhecido...

– Você vai me dar um conhecido?

– Não! – Dumbledore rira – Se acalme. Esse meu amigo, Severo, conhece uma mulher que está pensando em adotar uma menina. – Os olhos de Ellie irradiaram – Ele indicou esse orfanato por que eu acho que tem alguém aqui que ela gostaria muito de conhecer.

– Qual o nome dela?

– Narcisa. Narcisa Malfoy. – Dumbledore mudara o olhar – Mas antes de qualquer coisa eu preciso lhe contar porque quero que vá para lá...

Os véus cortaram a cena que Harry já sabia onde iria dar...


Janeiro de 1990 – Orfanato Sta. Elphaba, Recepção.


– Acha que ela vai gostar de mim? – Ellie ouvia a voz de Narcisa atrás de uma parede que escondia a recepção.

– Claro que vai querida. – Era a voz de Lúcio – Só uma pergunta, senhorita... – Lúcio se virara para a recepcionista que estava ao lado da supervisora do orfanato – Tem certeza que ela é de sangue puro?

– Absoluta. O registro de Ellie foi feito assim que ela chegou Sr. Malfoy.


Antes que Ellie fosse chamada ou se perguntasse qual a importância de seu sangue para eles, Dumbledore aparecera atrás dela. Ellie fora interrompida antes de qualquer coisa.

– Shiu... – O diretor fizera sinal de silêncio e falava sussurrando. – Ellie, você vai para a casa deles, mas se não se adaptar, me chame por Roux. Você já sabe como. E o que quer que aconteça, qualquer coisa, eu ficarei sabendo por Severo. Ele é amigo dos Malfoy. Não se preocupe. Faça o que combinamos sim?

– Ellie? Pode entrar querida. – A supervisora havia chamado. Ellie olhou para a recepção escondida e quando foi falar com Dumbledore nas suas costas, ele não estava mais lá.

Ellie respirou fundo e deu dois passos atravessando o batente. Narcisa viu a boneca de olhos negros que se apresentara com as mão para trás e um sorriso discreto.

– Venha Ellie. – A supervisora a chamava – Esses são seus novos pais. Narcisa e Lúcio Malfoy.

– Prazer – Ellie era educada e não foi nem um pouco com a cara de Lúcio. Já Narcisa era amável.

– Você será muito feliz conosco querida. – Narcisa abaixara ficando na altura dela – Eu prometo.

– A supervisora tinha razão. – Lúcio a encarava, mas os anos anteriores aprendendo Oclumência com Dumbledore para esse dias funcionaram. – Você é uma bruxa forte. – Lúcio olhou para a supervisora. – Vamos levá-la.

Narcisa sorriu de Lúcio para Ellie.

O véu cortou a cena retirando cada pessoa e objeto da recepção, se embaraçou em uma imagem escura e apresentou a sala da mansão Malfoy para Harry.

– Nossa, a casa de você é bem grande. Acho que caberia um Dragão aqui... – Ellie girava os olhos pela sala da mansão enquanto Lúcio entrava com Narcisa atrás dela que riam da comparação.

Mãe! Pai! Dobby me disse que vocês iam... – A voz de Draco entrando na sala desde a cozinha foi interrompida quando ele viu Ellie.

– Draco... – Narcisa aproximara o filho para apertar a mão de Ellie – Esta é a menina de quem lhe falamos.

– Prazer – Draco estendera a mão. - Draco. Draco Malfoy.

– O prazer é meu. – Ellie sorrira.

– Porque não vão se conhecer enquanto peço a Dobby para fazer o jantar.

– Quem é Dobby? - A pequena franzira.

– Dobby é o elfo aqui de casa... – Draco andava com Ellie para a porta principal da Mansão deixando seus pais para trás. – Ele é meio tonto sabe...Elfos são atrapalhados em geral.

– Eu nunca tive um elfo. - Ellie rodou os olhos pela mansão enquanto o acompanhava.

– Vou falar pro meu pai te dar um!

Ellie atravessou as escadas com Draco que levavam ao jardim com os pavões albinos.

– Esses pavões são seus?

– Todos nossos... - Ele sorriu - Você gosta?

– Gosto de Dragão. Eles causam a maior bagunça onde chegam. E você... Draco né? Você gosta?

– Gosto sim. - Ele sorriu mais uma vez - E gostei de você!

– Eu também – Ellie devolveu um sorriso simpático.

– Quer ver o velho carvalho? - Draco arregalou o olho ao se lembrar.

– Claro!

Os véus desmancharam enquanto Draco e Ellie, ainda com seus nove anos e pouco corriam para o carvalho do outro lado. O véu percorreu mais algumas cenas curtas mostrando Ellie ganhando Lizzy em seu primeiro Natal com os Malfoy.

– Ela é linda! Obrigada Cissa – Ellie abraçava o elfo e depois Narcisa. – Vou chamá-la de Lizzy!

– Elfos não são brinquedo, são servos. – A voz de Lúcio soou atrás.


Julho de 1990 – Carvalho da Mansão Malfoy


O véu branco agora se espalhava em um verde, formando a grama escura do quintal do Malfoy. O carvalho estava belo, num estado que só o verão lhe deixava.

– Ellie, você tá legal? - Draco vira a menina caída ao lado da árvore.

– Não né! Você empurrou! – Ellie sorria e Draco deu risada.


– Você que começou. Quem mandou você esconder meu sapato!

– Você merece! Você é muito chato. – Ainda com a perna ralada, Ellie se ergueu um pouco.

– Sou chato é?

– Muito! – Ellie arregalou o olho sorrindo.

– Então não vou curar seu arranhão!

– Você sabe curar?

– Lógico que sei. – Draco levantou – Espera ai.

O garotinho loiro foi até um arbusto próximo e pegou algumas das folhas triangulares amareladas.

Ele se agachou perto de Ellie deitada e esfoliou as folhas com as duas mãos em cima do machucado. O pó da folha sugou o sangue e a pele voltou. O arranhão não estava mais ali.

– Como você fez isso? – Ellie olhou assustada.

– Eu gosto de livro de plantas. Principalmente de cura.

– Você podia ser médico... 

– Nunca tinha pensado nisso... – Draco sorriu, mas desfez em seguida – Mas não importa...meu pai nunca aceitaria isso.

– Pare de aceitar tudo que ele fala. Você tem um dom! – Ellie olhou para sua perna curada – Ninguém faz isso assim, facilmente. - Ela pausou um pouco curiosa - Porque as folhas amarelas?

– Tem que estar velha para poder curar, se não, só deixa a pele bonita.

– Viu! – Ellie sorriu – Você tem dom pra isso. – Ellie olhou para sua perna e lhe veio um pensamento. Draco sentou ao seu lado – Posso te fazer uma pergunta?

– Claro! – Ele limpava as mãos empalhando o pó da folha.

– Porque seu pai queria que eu fosse de sangue-puro?

– Porque sim. É bom pra linhagem da família.

– Mas qual a diferença?

– Toda. Os trouxas são trouxas, e sangue-puro é sangue-puro. É ruim ficarmos nos misturando com eles.

– Então você não teria um amigo trouxa?

– Acho que sim. Ou não. Não sei.

– E se meu sangue não fosse puro e seu pai me devolvesse? Nunca mais falaria comigo?

– É diferente. Você é legal Ellie.

– Qualquer trouxa pode ser legal. Não precisa ser bruxo pra saber disso.

– Pensando por esse lado... – Draco olhou pro céu – É, você tem razão. Acho que meu pai exagera às vezes.

– Viu? – Ellie sorriu e Draco sorriu de volta – Agora... – Ela se levantou e pegou o sapato de Draco a força saindo correndo aos gritos. – Vou esconder o outro! - Draco sorriu nervoso e foi atrás dela.


Dezembro de 1992 – Mansão Malfoy


O véu mostrava a sala de jantar dos Malfoy, onde Lúcio jantava na cabeceira da mesa com Ellie, Narcisa e Draco.

– Como vai a Beauxbatons Ellie? – Narcisa olhava para a filha.

– Bem...Tem umas menina bem irritantes, tipo a Fleur. Ainda bem que ela é mais velha e eu não tenho que vê-la sempre. Só no jantar.


– E você Draco? Como foi até agora filho?

– Até agora tranquilo. – Draco enfiava uma carne na boca - Só os boatos do herdeiro de Sonserina. A Câmara Secreta foi aberta...Mas eu acho isso uma idiotice. Um bando de trouxas sendo atacados. Aquela escola parece ser atrativo pra problemas.

– Agradeça ao Sr. Potter por isso. – Lúcio encarava o filho e Ellie escutara o nome que não era estranho.

– Acho que nem é ele, pai – Draco fitara Lúcio – Sei lá. O herdeiro da Sonserina deveria ser da Sonserina, e não da Grifinória, não é? – Lúcio começava a se enfurecer – E outra, a Granger é filha de trouxa, ele não atacaria a própria amiga. Eu não atacaria uma amiga, mesmo que o sangue não fosse puro...

– Chega! – Lúcio se levantara e pegara Ellie de surpresa – Suba agora Draco...

– O que fiz?

– SUBA!

Ellie viu que Narcisa não reagira e apenas voltara para o prato. Draco seguiu nervoso para o quarto e Lúcio o seguiu rapidamente. Sem que Narcisa percebesse, Ellie escorregou da cadeira e saiu atrás dos dois.

– Ellie, volte aqui! – Narcisa limpou a boca com um pano, mas Ellie já estava correndo. Subiu as escadas e seguiu a voz de Draco e Lúcio no corredor.

– Você está maluco!?

– Mas pai, eu só disse o que eu acho. Não pode ser Harry...

– Não! Não repita esse nome aqui, ouviu?

– Mas pai, eu também não gosto dele, mas daí acusá-lo disso...

Ellie ouviu um sou estalado. Era o tapa que Lúcio dera em Draco.

Não repita esse erro de novo, de achar que eu não vou te punir. Quer ficar do lado de quem carrega o pior sangue? Fique filho. Mas não more nessa casa então ou não me deixe te ouvir respirando. Se eu ouvir você dizendo alguma coisa que seja a favor da Granger, ou de qualquer outro sangue-ruim, e pior ainda...Sobre o Potter... Vamos ter essa conversa de novo. Entendido?

– Sim pai...

Ellie estava atrás da porta de Draco ouvindo tudo mais de perto.

– Tudo que passei foi por causa desse infeliz do Potter...dos pais dele, de todos que levam esse maldito sangue trouxa. Eu não vou... Está escutando? Eu não vou tolerar alguém dizendo o contrário aqui dentro dessa casa. Se você quer provas de que os trouxas não prestam, basta olhar para as cicatrizes que a Primeira Guerra Bruxa me trouxa. Derramar sangue não é o meu lema. Mas os trouxas se enganaram a achar que podem entrar em nosso mundo. Está me entendendo?

– Sim pai...Eu só acho que...

– Você não acha. Você ouve e me obedece. E não desça pra terminar o jantar.

O Sr. Malfoy saiu do quarto nervoso e viu Ellie espionando. Encarou a menina com a mesma raiva.

Que isso sirva de lição pra você.

Ellie entrou no quarto de Draco e fechou a porta.

– Você está bem? – Ellie viu o vermelho no rosto de Draco.

– Você ouviu, não ouviu?

– Seu pai não pode fazer isso com você!

– Eu não tenho escolha. Ou eu aceito, ou você já viu o que acontece...

Ellie se encheu de raiva, mas viu que realmente, não podia fazer muita coisa. Ela pegou uma de suas pulseiras e retirou do braço. Sem a varinha, ela congelou a pulseira que ficara azul com o gelo. Ela colocou a pulseira congelada no rosto vermelho de Draco para amenizar a dor do tapa.

– Ainda bem que você está aqui agora Ellie. – Draco sorriu e Ellie sorriu de volta.


Julho de 1993 – Quarto de Ellie


Uma parte do véu montou o quarto de Ellie e um pedaço pequeno formou um pergaminho na mão de Ellie.

“ Ellie,

Acho que você já viu as notícias que Sirius Black fugiu de Azkaban. Por favor, mais do que nunca preciso de você em Hogwarts. Sei que pedi que fosse para a Beauxbatons, mas agora é crucial que você peça a Narcisa para ir para Hogwarts. Diga que é mais perto, que tem alguma inimizade na escola que está ou que quer ficar com Draco. Qualquer coisa. Mas a convença. Preciso de você no começo do terceiro ano. Tenho certeza que seu pai virá atrás de Harry e descubra se Lúcio está envolvido, já que seu pai fora aliado de Voldemort. Quanto ao seu pai. Não se preocupe. Te manterei informada desta vez. Desculpe por mais uma vez exigir de você. Mas você aceitou a missão, e eu estou mais que grato por isso.
Dumbledore. ”


A carta pegara fogo nas mãos de Ellie e sumira.



Dezembro de 1993 – Natal na Mansão Malfoy.


A fumaça branca, que voava como um lençol se transformou no corredor da Mansão Malfoy. Ellie havia acabado de passar a madrugada brincando e conversando com Draco como fizeram nos Natais anteriores. Ela seguiu pelo corredor e entrou em seu quarto. Na cama, havia um pequeno embrulho. Ellie o abriu e viu um colar de cordão de metal e com um pingente um pouco maior que uma moeda. Harry não o viu direito pela visão estar embaçada

“ Espero que goste, e quando for a hora, lhe explicarei tudo. Eu nunca deixei de te amar. Espero que se lembre sempre disso e saiba que eu sou inocente. Nunca teria coragem de mentir para você. Assim que puder, vou lhe encontrar. Mas antes de tudo, tenho que provar minha inocência.

Dê seu pai, Sirius Black


Ellie arregalou os olhos e logo os véus tiraram a cena do ar.



Julho de 1994 – Carvalho da Mansão Malfoy


O véu montara o carvalho, com Ellie e Lizzy encostadas nele.

– Senhorita, acha que consigo ver Dobby mês que vem?

– Vou pedir a ele Liz. É que ele se ocupa demais na cozinha de Hogwarts. Mas eu mandarei uma mensagem para ele, ok?


– Obrigada senhorita. Lizzy sente muita falta dele.

Uma coisa chamara a atenção de Ellie. Um cachorro aparecera na planície que rondava a mansão. Era preto e com os pelos bagunçados. Lizzy também viu.

– Acha que ele fugiu?

– Acho que ele está olhando pra nós Lizzy.

O cachorro latiu roco duas vezes pro ar e abanava o rabo. Ellie se levantou e o cachorro se ergueu um pouco. Mais um latido e Ellie entendeu.

– Acho que ele quer que eu o siga. – Ellie só olhava para o cão – Fique aqui Lizzy.

– Mas senhorita! – Harry viu o elfo falar sozinha enquanto Ellie perseguiu o cachorro para uma floresta ali perto. A floresta estava um pouco escura e Ellie perdera o cachorro de vista ao adentrar a mata. As folhas secas no chão rangeram atrás dela.

– Desculpe chegar assim... – Sirius estava atrás com a aparência mais velha do que na foto. Ellie arregalara o olho e dera alguns passos para trás – Por favor...Não vou machucá-la.

– O que faz aqui? – Só agora Ellie percebera Bicuço deitado na folhagem atrás de Sirius.

– Eu vim te ver...Precisava te conhecer. Agora que sabe que sou inocente, posso ter uma chance.

– Você é mesmo meu pai? – Ellie não tinha o que perguntar.

– Se você me reconhece, deve ser de algum lugar. – Sirius dera um sorriso simpático.

Ellie o fitou por alguns minutos e reparara nos olhos vermelhos de Sirius, que entravam num quase choro. Ela nem acreditou. Sirius já estava sem esperanças quando Ellie abriu um sorriso. Abraçou o prisioneiro de Azkaban como sempre quisera abraçar seu verdadeiro e inocente pai.


Agosto de 1994 – Carta de Dumbledore


O véu apresentou uma nova carta de Dumbledore

“ Ellie,

Fico feliz que a história com Sirius tenha se esclarecido. Ele me avisou que iria lhe visitar. Pensei em ir junto, mas achei que deveria ser um momento pai e filha. Enfim, a Ordem da Fênix já sabe sobre você. Lupin lhes contou sobre você ser filha de Sirius e em breve teremos que contar ao Harry, mas por enquanto, ficamos em silêncio. Ainda há coisas que tenho que resolver. Voldemort tem dados sinais de sua volta e não me surpreenderia que ele tentasse mais alguma coisa. Com tudo, desejo a você e Sirius uma bela relação daqui para frente. E acho que falo por todos, quando peço desculpas mais uma vez por nunca ter acreditado em seu pai. Depois conversamos mais quando chegar. Tenho novidades para o seu quarto ano aqui. E claro, já fiquei sabendo. Boa viagem para a Copa Mundial de Quadribol com os Malfoy. Torça por mim.

Dumbledore


O véu se contornou e se transformou mais uma vez, deixando Harry dar mais uma olhada nas lembranças de Ellie.




Julho de 1995 – Quarto de Ellie


Sirius estava no quarto de Ellie, quando a assustou assim que ela entrou. O que antes era uma sombra, agora era Sirius tapando sua boca com o grito assustado.

– Odeio quando você faz isso pai!

– E eu adoro seus olhos arregalados! São os mais bonitos! – Sirius viu Ellie se irritar e sentar na cama.


– Achei que te encontraria só em Hogwarts.

– Não esse ano. Temos que fazer uma coisa antes.

– O que? – Ellie ajeitava o cabelo com as mãos. E Sirius se sentou na cama ao seu lado.

– Vamos contar ao Harry sobre tudo.

– Tudo?

– Tudo... – Sirius mudara a feição para sério – Voldemort voltou. Eu acredito que o menino de Diggory tenha morrido em suas mãos. E com o filho de Bartô, cada vez o Ministério tem mais certeza disso, só não quer aceitar. Se contarmos a Harry, talvez vocês se aproximem mais e você possa protegê-lo.

– Acha que ele vai aceitar?

– Ellie, Thiago era meu melhor amigo. Se Harry não gostar de você por isso, não sei quem mais o faria. – Ele sorriu – Vamos a minha antiga casa no Lago Grimmauld. Ela ainda é sede da Ordem. Dumbledore virá te buscar assim que Lúcio e Narcisa viajarem. Severo já sabia da viajem e o alertou. Posso contar com você?

– Claro...

O véu novamente cortou a cena deixando Sirius abraçando sua filha.

Voltando da Legilimência, Ellie ainda deixou Harry ver mais algumas cenas importantes para ele. Deixou lhe ver o último abraço que dera em Sirius.

"Fique segura Ellie...Só me prometa isso filha..."

Harry viu Dumbledore em seu escritório e Ellie com os olhos vermelhos de raiva.

"Bellatrix Lestrange...Ela é assissana de seu pai, Ellie"

E o dia em que chorou para Draco a morte de seu pai. A voz de Draco fora ressaltada.

"Eu fico louco quando te vejo nesse estado Ellie!"


Os véus desfizeram todas as cenas e a visão de Harry escureceu novamente...
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Harry abaixou a varinha e Ellie abriu os olhos. Os dois viram novamente a sala que Dumbledore preparara. As duas poltronas vermelhas, o chá e biscoitos na mesinha e as janelas redondas. Harry olhou fixamente para Ellie. Mal podia acreditar no que ela realmente tinha passado até então. Ficar sozinha no orfanato, se apegar a Dumbledore, descobrir que seu pai estava preso ao invés de morto, seu apego com Lizzy e principalmente, como Draco podia ser inocente em suas escolhas erradas.





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Notas finais do capítulo

Capítulo 32 em breve!