Harry Potter Por Olhos Negros escrita por CY


Capítulo 29
Enigma do Príncipe - 04


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo segue o FILME:
Harry Potter e o Enigma do Príncipe - (Parte 04)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/309956/chapter/29

Harry já havia chegado na Toca àquela hora da noite. Estava com Dumbledore a pouco, tentando convencer o antigo professor de poções, Horácio Slughorn, a voltar para Hogwarts e lecionar. Com sua sede de alunos prodígios, Horácio não pode dizer não ao ver que daria aulas ao famoso e eleito Harry Potter. Na viagem, Harry também reparou na mão de Dumbledore, que parecia suja, mas ao olhar de perto Harry percebeu o quão machucada ela estava. Dumbledore inventou uma desculpa não muito convincente mudando de assunto e contando a Harry que Sirius deixara sua casa, a sede da Ordem, o Lago Grimmauld, de herança para ele, já que ninguém poderia descobrir sobre Ellie.

Suas malas e Edwiges já estavam na sala da Sra. Weasley quando entrou.

– Harry! – Gina fora a primeira a vê-lo e Harry percebeu seu entusiasmo. Num abraço sem jeito, ele a cumprimentou e percebeu seu perfume floral adocicado.

A Sra. Weasley, Ron e Hermione o cumprimentaram em seguida.

– Quando foi que chegou aqui? Quem o trouxe? – Molly estava afobada com a visita.

– Dumbledore...

– Aquele homem! – Molly beijara Harry – Esta com fome? Vou fazer algo pra vocês. Gina, vamos, me ajude.

Gina seguiu com a Sra. Weasley para a cozinha deixando o trio a sós.

– Senti saudade! – Hermione o abraçara.

– Eu também cara! – Rony se aproximara.

Harry sorria ao ver seus amigos novamente. Era ótimo estar junto a eles.

No quarto de Rony, os três liam os jornais que falavam sobre a volta de Voldemort, a prisão dos Comensais ao invadir o Ministério, e como para alguns pais estava difícil deixar seus filhos voltarem a Hogwarts. Mesmo com a conversa séria, os três estavam sentados perto da janela enquanto fugiam da realidade se divertindo um pouco e matando a saudade.

“Também estou com saudades, Mione. Essas férias estão meio conturbadas pra mim, por causa de prisão de Lúcio. Queria muito ver vocês, mas sabem que é impossível. E obrigada pelas palavras, depois que meu pai se foi, preciso de vocês. Meu NOMs chegaram, e te garanto que os seus devem estar melhores. Passei praticamente no que eu queria, mas ainda não decidi o que quero. Quanto ao Harry, não posso falar com ele ainda. Quando chegarmos em Hogwarts te conto mais.

Lizzy mandou lembranças. Beijos,

E.”


– Ela só me escreveu isso. - Hermione tentava ajudar com uma voz maleável enquanto Harry lia a carta que Ellie enviara a ela. - Até mandaria outra carta, mas acho que seria desperdício.

– Ela não disse mais nada? – Rony sabia que Harry não queria ficar perguntando e resolveu fazer pelo amigo.

– Não – Hermione guardava a carta que Harry devolvia – Eu enviei uma carta no começo das férias, e ela só me respondeu semana passada.

– Ela também não me responde. – Harry tinha a voz fraca.

– Quer conversar? – Hermione abaixara a voz colocando a mão no ombro do amigo.

– Não sei Mione – Harry desabafava – Eu mandei algumas cartas e até me arrependi depois. Eu não sei o que fazer. Eu não quero conversar nada por carta também, por isso entendo o lado dela, mas eu vou enlouquecer se não tiver notícias.

– Não sabia que estava assim... – Ron se assustara com a preocupação do amigo.

– Ron, Ellie é a única pessoa que me restou.

– Por isso que você não devia pensar assim, ela deve sentir o mesmo.

– Se ela estiver sentindo o mesmo que eu...eu não sei mais...

– Do que você está falando? – Hermione franzia a testa.

– Ele acha que Ellie vai terminar com ele – Ron ajudava.

– Não é questão de terminar...Nós mal começamos... - Harry estava agitado - Eu gosto da Ellie, só que...é difícil. Vocês não entendem?

Ron e Hermione se olharam e balançaram a cabeça em negativo.

– Ah! Esquece! – Harry olhara pro lado. Aquilo não devia ser discutido com eles, e sim com Ellie.

A madrugada chegou e os três foram se deitar, deixando Hermione e Rony curiosos mas sem perguntar mais nada para não estressar Harry. Ele foi se deitar com tudo na cabeça. Sirius, Ellie, Voldemort... Era demais, e a cicatriz às vezes ardia o que explicava uma conexão ainda mais forte com Voldemort.Voldemort estava mais forte.Harry esvaziou a mente, fechou os olhos e adormeceu.


–--------------------------------------------------------------------------------------------

Na plataforma 9 ¾ Harry não encontrou Ellie desta vez. Ela já devia ter subido enquanto ele ainda ajeitava as malas. Hermione e Ron estavam ao seu lado no vagão e conversavam sobre o que viram ao ir comprar material no Beco Diagonal. Eles viram Draco e Narcisa entrando na Borgins & Burkes, e estava na cara que não queriam ser vistos. Mas um detalhe chamou a atenção deles: Ellie não estava junto. Harry já suspeitava que Draco havia se tornado um comensal, quando algo que interrompeu seu raciocínio apareceu no corredor pela porta de vidro da cabine. Ellie passou e olhou sem querer para os três. Deu um aceno curto e desajeitado e continuo andando desaparecendo. Harry continuou olhando para onde Ellie estara.

– Porque não vai falar com ela? – Hermione reparou seu olhar perdido.

– Melhor esperar – Harry não estava se aguentando, mas sua cabeça estava em Draco agora. Precisava descobrir alguma coisa. – Preciso fazer uma coisa antes.

Harry se levantou em fúria e foi para o lado oposto ao de Ellie. Seguia para a cabine da Sonserina e usando o Pó Escurecedor Instantâneo do Peru, que pegara com os gêmeos na Gemialidades Weasley no Beco Diagonal, conseguiu encher as cabines de fumaça e atrapalhando a visão dos alunos, entrou no vagão inimigo. Com a ajuda da Capa da Invisibilidade, Harry conseguiu se esconder no porta-malas superior. Ouviu muita pouca coisa vindo de Draco, ainda mais quando ele percebeu a presença de Harry.

– Você não vem ? – Pansy chamava Draco enquanto todos desciam assim que o trem parou em Hogwarts.

– Vão vocês. – Draco se encheu de raiva – Preciso checar uma coisa.

Pansy saiu com Blásio, deixando o vagão sozinho com Draco. Com um só feitiço, Draco derrubou Harry do porta-malas superior deixando o cair estático no chão sem poder se defender. Draco se abaixou e olhou com ódio para Harry.

– Achou que ia escapar Potter? Achou que iria machucar Ellie e sair ileso? Eu não sei o que você fez com ela...Se você visse como ela ficou nas férias... Ah, não, espere...Você não estava lá! – Draco sorria malicioso e num ato rápido deu um soco em cheio – Isso é por ela.

Draco deixou Harry ali sangrando e desceu para as carroças que estavam ao lado dos aurores que faziam vigia esse ano. Apenas minutos depois Luna acabou encontrando Harry e consertando seu nariz. Só ali, mais consciente, Harry entendeu que Draco devia ter confundido um choro de luto, por um choro de amor.


–-------------------------------------------------------------------------------------------

O Salão Principal estava cheio. Todos os alunos já estavam nas mesas de suas casas e Dumbledore se levantara para discursar fazendo abertura ao novo ano. Harry aparecera por último com uma toalha cheia de sangue segurando seu nariz, que Draco quebrara. Ele se sentou na frente de Hermione e Ron ficando ao lado de Gina, que o ajudou com o ferimento. Harry sentiu sua mão tocar na de Gina e finalmente reparara em seus olhos. Não era negros e atraentes como os de Ellie, mas chamaram sua atenção no mesmo tanto. Gina deu um sorriso preocupado mas logo desfez ao ver a atenção de Harry se desviar. Ellie estava do outro lado, depois de Neville e Dino. Estava ao lado de Lilá que não calava a boca e Parvati que acompanhava. Ellie percebeu o olhar de Harry, mas fingiu não ter visto voltando sua falsa atenção para Lilá.

– Uma ótima noite a todos... – Dumbledore começara trazendo a atenção de todos para ele - Quero apresentar o mais novo membro do corpo docente Horácio Slughorn. – O diretor apontou para ele na mesa dos professores – Ele concordou em reassumir o posto de poções, enquanto isso, o posto para Defesa Contra Arte das Trevas será ocupado pelo Prof. Snape...

Um silêncio invadiu o salão preenchido somente pelos aplausos dos alunos da Sonserina.

–...Como sabem, cada um de vocês foi revistado hoje em sua chegada. E têm o direito de saber o porquê. – Dumbledore mudara o olha, fitando quase aluno por aluno - Uma vez, houve um jovem, que como vocês, sentou-se nesse salão...Andou por esse corredores...E dormiu sobre esse teto...

Os alunos sabiam de quem Dumbledore prestava depoimento.

–...Para todo mundo ele parecia um aluno comum... O nome dele? Tom Riddle. – Dumbledore levantara a voz calando os múrmuros - Hoje é claro. Ele é conhecido por outro nome e é por isso que lembro a vocês... - O silêncio voltou - Todo dia, toda hora. Neste exato minuto...talvez forças das trevas tentem penetrar nesse castelo. Mas no fim das contas... – Dumbledore parecia olhar para Harry - A sua maior arma são vocês. – A voz grave continuava - É algo para se refletir...

Ellie olhou sorrateira para Draco. Em meio a tantos comensais porque raios Voldemort escolhera Draco? Obvio! Lúcio era sempre a resposta pra qualquer desgraça. Como Draco podia ter aceitado aquilo? Nem que ele ameaçasse o mundo. Ninguém em consciência humana aceitaria uma missão daquelas. A vontade de Ellie era voar em Draco. Mas não podia. Tinha que pelo menos fingir.

– Agora, todos pra cama! – Dumbledore finalizara o jantar e os alunos se levantaram ainda desanimados pelo discurso.


–--------------------------------------------------------------------------------------------

O dormitório feminino estava com cada menina em sua cama. Lilá, Parvati e Hermione. As três dormiam em sono profundo, e para evitar qualquer pergunta de Hermione sobre Harry, Ellie fingira já estar dormindo, mas só quando Mione caiu no sono, Ellie despertou do falso sono e abriu o livro de Oclumência fugindo da insônia. Era tanta coisa pra se pensar. Em Draco, em Sirius, em Dumbledore correndo perigo. Em Harry...Harry. Aquele nome lhe passara na cabeça durante todas as férias. Ellie se concentrava na parte do livro de Oclumência que explicava como fugir do seu próprio inconsciente quando algo lhe assustou. Ali na janela, Roux bicava finamente o vidro.

– Roux? – Ellie se aproximara abrindo a janela. – Há essa hora...

Ellie puxou o bilhete nas patas de Roux.

“Estou na Torre de Astronomia. Preciso falar com você. Por favor não demore, se demorar ou acontecer algo, vou saber pelo Mapa do Maroto.

Harry"


Ellie digeriu a mensagem e um frio na barriga lhe percorreu. Para agradecer, Ellie passou a mão em Roux, fazendo lhe carinho. Foi quando viu os pés da coruja sumirem. A Capa da Invisibilidade escorregara para cima dos pés da ave. Harry pensara em tudo. Não iria deixar Ellie passar pelo castelo correndo perigo de ser vista. Ainda mais com aurores por todos os lados. Ele usou a capa e pediu a Roux para levá-la a Ellie.

– É Roux... – Ellie suspirava baixinho para a ave fechando o bilhete – Acho que não tenho escolha.

–-------------------------------------------------------------------------------------

Ellie passou por dois aurores na saída do castelo e quase deixou a capa cair por mais de uma vez. Não estava acostumada, talvez seu pai usasse com Thiago, mas para ela era novidade. Finalmente saindo dos corredores e subindo as escadas em caracol, Ellie chegou ao topo da Torre de Astronomia. Ela viu em meio às paredes escuras e o céu negro, uma pele clara iluminada pela lua que aparecia hora sim, hora não. Harry estava sentado em uma das muretas olhando para as montanhas que um dia voara com Ellie. Talvez não estivesse pensando nisso, mas era o que via.

– Achei que você cumpriria a promessa que fez ao meu pai e se manteria seguro na cama.

– Ellie...

Harry finalmente viu a garota chegar, fazendo com que ele levantasse num impulso. Harry ainda estava acanhado e nem teve coragem de abraçá-la.

– Você está bem? – Harry queria saber de tudo depois que ouvira de Draco que ela não ficara bem nas férias e ganhara um soco por isso.

– Me diga você. – Ellie se aproximou da mureta e sentou. Harry fez o mesmo a seguindo

– Eu sei como se sente.

– Eu sei que você sabe. – Ellie sorriu – Agora somos dois sozinhos não é?

– Ellie...Desculpa eu...

– Se você vai se desculpar pelo o que aconteceu com meu pai...Poupe esforços. Eu não te culpo, nem culpo a Aramada, Harry...

– Mas eu tentei, eu juro...

– Harry – Ellie desfizera o sorriso – Eu não o culpo. Mesmo...

Harry olhou para Ellie e ficaram alguns segundo calados. Os dois podiam ter matado a saudade e se beijado e se abraçado, mas não. Eles sabiam por que estavam ali.

– Acho que você já sabe porque eu não respondi suas cartas...

– Sei... – Harry concordou.

– É estranho não é? – Ellie começara a desabafar e algumas lágrimas começaram a vir – É estranho ver que mesmo depois de fazer tudo certo, nós continuamos sozinhos. Eu estava tão...tão feliz, sabe? – Harry a ouvia com atenção – Eu reencontrei meu pai, achei um lugar aqui, as coisas estavam bem com Draco, e eu tinha você... – Harry reparou na frase sobre Draco mas relevou – De repente...tudo mudou! – Ellie enxugava as lágrimas – Meu pai se foi e eu já não sei nem mais porque continuar...Ai eu penso em você. E você não é só isso Harry...

– Acho que eu sei onde você quer chegar – Harry abaixara o olhar.

– Você entende não é? Você é a única coisa que me sobrou Harry...A única ligação...

– Com seus pais.

Harry sabia e pensava a mesma coisa, pois só pensara nisso as férias inteiras também. Ellie também era a unica ligação mais próxima que ele ainda tinha com seus próprios pais.

– Eu queria que fosse diferente Harry...Mas não é. – Ellie abaixara a voz – E se nós brigarmos Harry? E se a gente se machucar... – Ellie olhou pra Lua - Agora eu entendo o que meu pai queria dizer...Ele iria adorar eu e você. Mas é arriscado demais. E eu não posso e nem quero arriscar mais...

– Nós já perdemos tanto não é? – Uma lágrima caia de Harry

– Tanto... – O silêncio brotou mas foi cortado.

– Eu gosto de você Ellie, de verdade.

– Eu também Harry... - Ellie o fitou com os olhos molhados.

– Acho que é por isso que estamos fazendo isso não é?

Ellie balançou a cabeça que sim, mordendo os lábios pra segurar outro choro.

– Se eu perdesse você Ellie, eu não teria o porquê continuar também. Você é uma prima distante, e mais do que tudo...Você é uma amiga. Minha família agora. E eu não posso arriscar você.

– Eu sinto a mesma coisa Harry.

Ela o abraçou finalmente agradecendo aos céus por colocar aquilo pra fora. Tanto ela como Harry sabiam que aquilo não podia continuar. E se um perdesse ao outro? Podia dar certo sim e eles superarem tudo, mas se não conseguissem ficar juntos, a perda seria maior. E eles sabiam que quanto mais tempo juntos, maior seria a queda se algo acontecesse. Era melhor assim. Era melhor para a missão de Ellie, para a missão de Harry, e até para a memória de Sirius que descansaria em paz sabendo que Ellie nem Harry estariam sozinhos pois teriam um ao outro. Ellie teria que ver Harry como um irmão e vice versa. Não seria difícil pois eles já tinha se afastado bastante durante as férias, e Harry até se sentira estranho ao lado de Gina. Algo estava destinado a eles, e a morte de Sirius só veio a ajudar nessa decisão. Ellie sempre gostou de Harry, talvez pela ligação que os Potters tinham com os Black, ou por tanto que seu pai falava de Thiago. Talvez o fogo da adolescência também os cegasse. Harry ficara deslumbrado com sua beleza e simpatia, e de quem Ellie era filha. Mas esses eram tempos difíceis. Nenhum dos dois poderia falhar com suas missões, e menos ainda, falhar com eles mesmos. Falhar com a única família que lhe restara: um ao outro.

Estava decidido. Amigos. Só amigos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo 30 em breve!