– Draco?

Ellie acordara com a luz do dia que invadia a janela do quarto de Draco. Ele havia fechado as cortinas, mas o sol estava forte. Ela se assustou ao abrir os olhos e ver que não dormira no seu quarto. Ao reconhecer o novo quarto, procurou por Draco e o viu sentado no pé da cama olhando para o chão pensativo.

– Dormiu bem? - Ele desviou a atenção para ela e a fitou com os olhos. Ela se inclinou e sentou na cama ainda com os cabelos bagunçados, passando a mão nos olhos e bocejando.

– Eu dormi aqui?

– Não...Eu acordei mais cedo e te busquei no seu quarto...estava com saudades... – Draco abrira um sorriso besta – Lógico que você dormiu aqui!

Ellie riu e Draco se sentou mais próximo dela.

– Posso perguntar o que foi aquilo ontem à noite, ou você vai mentir mais uma vez?

– Draco...Eu não quero falar disso.

– Tá bom...Não vou insistir. – Draco estava bem próximo dela. Ellie pegara um travesseiro e colocara no colo.

– Obrigada por não fazer perguntas... Mesmo...

– Não tive nem coragem de perguntar algo ontem a noite. Mas posso perguntar só uma coisa?

– Claro... – Ellie sorriu, mas teve medo do que fosse.

– Promete responder a verdade, só dessa vez?

– Prometo... – Ellie olhou nos olhos claros de Draco e nunca tinha reparado como eles eram bonitos quando Draco não estava com raiva.

– Ellie... – Draco colocara as mãos nos joelhos ainda sentado na cama com os pés no chão. Se levantou agitado e a fitou. – Por favor, me diz que esse choro não é obra do Potter...Por favor...Por que se for, eu vou...

– Não é! – Ellie se apressara. – Eu juro!

– Mesmo? – Draco sentara na cama novamente.

– Juro...Isso não tem nada a ver com ele.

– Então o que é?

– Draco!

– Okay! Não fale então. – Draco pegara a mão de Ellie que corria o travesseiro. – É que...

– Que...? - Ellie ainda seguia seus movimentos agitados.

– Eu fico louco quando te vejo nesse estado!

– Não fique. – Ellie sera um sorriso apertara a mão de Draco incentivando o – Eu sei me cuidar...

Draco a olhava agitado ainda por pensar que Ellie tinha brigado com Harry. Tinha certeza que fora algo que acontecera entre ela e Harry, não tinha outra explicação. Desejava que ela brigasse com seu namoradinho, mas sem que Ellie tivesse que sofrer. Por que senão teria que matar o cara que fizera isso com ela.

– E Draco... – Ellie levantara o rosto de Draco com a outra mão, e o fez olhá-la com mais atenção, no fundo de seus olhos. – Obrigada por cuidar de mim...

– Achei que estivesse brava ainda.

– Estou. – Ela o soltara – Você não tinha nada que entrar na Brigada Inquisitorial e dedurar Harry e os outros.

– Mas..

– Mas nada Draco! Não devia e acabou! Você não viu o que aconteceu com seu pai? Quer acabar que nem ele? Tendo que se meter em uma missão que nem conseguiu cumprir e parar em Azkaban. Não queira ir pra lá Draco e não me diga que nunca pensou nisso. Nem tenha a covardia de defender seu pai dessa vez!

– Eu não vou... – Draco se levantou e se aproximou dela com a voz baixa.

– É claro que você va...O que? – Ellie se calara.

– Não vou. Dessa vez você está certa.

Depois da noite de choro, o coração de Ellie irradiava. Não podia acordar com um bom dia melhor que aquele. Perdera o pai, mas ganhara Draco. Havia conseguido. A cegueira de Draco acabava ali e ela ganhava mais um motivo pra permanecer naquela casa. Lúcio não iria conseguir tirar isso dela. Ele estava em Azkaban e essa era a hora dela mesma fazer a cabeça de Draco. Mas não podia forçar nada, e sabia disso.

– Eu só não quero falar sobre isso Ell...

– Claro...Eu...Eu entendo – Ellie sorriu e decidiu convencê-lo mais tarde.

Estava soltando fogos de felicidade por dentro.

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Naquela semana Ellie estava mais leve depois de conversar com Draco. Ainda ficava triste quando pensava em Sirius, mas não se sentia tão sozinha. Ela estava em seu quarto lendo um livro que Dumbledore lhe emprestara sobre Oclumência. O quarto de Ellie era diferente do de Draco. Tinha os móveis escuros, mas sempre havia uma flor em cima da cabeceira, e a roupa de cama era clara, o que deixava o quarto mais feminino e alegre. As cortinas eram quase transparentes e tinha uma vista ótima da planície que rondava a mansão e do portão de entrada. Diversas vezes vira Sirius em forma de cachorro rondando por ali. Mas achou melhor não lembrar disso agora...

– Senhorita? - O elfo aparecera na porta.

– Entre Liz.

– Estou incomodando?

– Não...Pode entrar. Só estava lendo um pouco – Ellie desfizera as pernas cruzadas em cima da cama e se inclinara colocando o livro na cabeceira. – Sente aqui.

Lizzy adorava subir na cama de Ellie. Era tão macia e quentinha.

– A senhorita parece melhor!

– Estou sim. – A rosa que Harry lhe dera, posta num pequeno vaso ao lado da cama, comprovava isso. Laranja era sua cor e isso só podia ser um estado mais alegre.

– A senhorita já respondeu alguma carta? – Lizzy se sentara na cama.

– Não...ainda não.

Harry não resistira e preferia correr o risco. Havia enviado poucas cartas a Ellie, mas sempre sendo breve. Não queria esticar um assunto tão sério por cartas.

“ Ell,

Ainda estou preocupado com você. Espero que esteja tudo bem. Já é a quarta carta que lhe envio, mas entendo seu lado e sei esperar. Espero lhe ver o quanto antes.

Saudades, H.”

– Por que a senhorita não responde?

– Ah Liz, não sei nem o que dizer pra ele...

– Diga o que sente. – Lizzy deu um sorriso bobo para sua frase inocente.

– Essas coisas não se fala por carta, e não tenho a menor condição de encontrá-lo. – Ellie mudara o olhar – Pra falar a verdade elfo...Eu nem sei se quero encontrá-lo.

– Porque não?

– Ah Liz...Minha cabeça está uma confusão. A morte de meu pai me fez entender certas coisas...Eu...eu não sei.

– Não sabe o que dizer quando encontrá-lo?

– Acho que até sei. Mas não sei como... – Ellie olhara para a janela – Não quero pensar nisso agora.

– Comer sempre ajuda!

– Você é um elfo muito gordo sabia? – Ellie sorriu e Lizzy ficou sem jeito – Vai...Vamos descer e fazer algo na cozinha! Vai indo na frente, te encontro lá.

Lizzy sorriu de orelha a orelha e assentindo com a cabeça, saiu do quarto de Ellie. O livro de Oclumência estava em cima do criado mudo quando a coruja gorda e alaranjada de Ellie entrou pelo quarto pousando em cima do livro.

– Roux! – Ellie se aproximou do criado mudo e acariciou a coruja. Roux trazia algo em suas perninhas escondidas pelas penas cheias e laranjas. – O que é isso?

Uma carta estava presa junto a um envelope. Ellie o abriu e encontrou um colar. Não podia não reconhecer o colar. Era parecido ao que sempre usava por baixo da blusa. O cordão era fino em uma espécie de metal e o pingente não era grande. Era redondo e havia um desenho gravado.

“ Querida Ellie,

Sinto muito pelo seu pai. Assim que puder lha trarei para matar as saudades da Ordem da Fênix. Recebi sua coruja e todos os membros da Ordem já estão cientes que você continua na missão para Dumbledore, mesmo depois de tudo. Enviei o colar por Roux de volta para diminuir suspeitas. Mas quanto ao colar, acho que você sabe o que fazer com ele.

Abraços, R. L.”

Ellie segurou o colar com força que Lupin lhe enviara e o guardou em sua gaveta, junto ao livro de Oclumência.

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Ellie saiu do quarto para descer para a cozinha e se encontrar com Liz para um lanche. Fechou a porta e seguiu pelo largo corredor. Ao chegar no fim do corredor, Ellie vira Lizzy ainda lhe esperando na beira da escada. Seus olhos enormes e avelãs nunca demonstraram tanto medo. Ellie chegou perto do elfo assustado, olhou para a sala lá em baixo e entendeu o motivo.

– Não vai descer e dar um beijo na sua titia querida?

Não podia ser. Só podia ser piada. Nem pensara nessa possibilidade. Mas ali estava. Em plena sala dos Malfoy, sozinha em meio aos móveis caros, estava Bellatrix Lestrange, a assassina de seu pai.