Harry Potter Por Olhos Negros escrita por CY


Capítulo 26
Enigma do Príncipe - 01


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo segue o FILME:
Harry Potter e o Enigma do Príncipe - (Parte 01)



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– Senhorita? – O elfo batera na porta do quarto de Ellie e não ouvindo nenhuma resposta, entrara no quarto de sua dona. – Senhorita?

Mais uma vez Lizzy não ouvira nada, mas vira Ellie sentada em sua cama olhando para a janela, de costas para a porta. O elfo se aproximou ficando de frente para ela, e agora via seus olhos tristes, mas sem estarem vermelhos ou com lágrimas. Um olhar tão distante que Lizzy nunca vira nela.

Ellie segurava a rosa que Harry lhe dera. Ainda estava em tons esverdeados, o que significava que Ellie não estava nem um pouco contente.

– Senhorita, - Ellie olhou de lado para Liz – Não vai comer nada?

– Não Liz, obrigada... – A rosa rodava em sua mão.

– Mas a senhorita está aqui há duas semanas e ainda está assim. Lizzy entende o motivo, mas tem que comer...

– Obrigada por se preocupar, mas estou bem.

Lizzy não sabia se ficava ou se voltava para a cozinha. Não havia serviço. Narcisa estava no mesmo estado que Ellie e não comia há dias. Voldemort havia dado uma missão a Lúcio de roubar a Profecia guardada no Ministério, mas tivera que enfrentar a Ordem da Fênix e Armada de Dumbledore, fazendo com que ele falhasse na missão e fosse preso em flagrante, sendo mandado junto com outros comensais para Azkaban. Narcisa estava desolada. Entrara em desespero após a prisão do marido e se mantinha em seu quarto sofrendo em silêncio.

– Lizzy vai descer senhorita – O elfo tentava ser gentil – Qualquer coisa me chame.

Ellie não respondeu nada. A morte de Sirius ainda a deixava em transe. Não conseguia chorar e alguma coisa lhe travava. Somente olhava distante e deixou o elfo falando sozinho. Lizzy entendia o motivo, mas estava preocupada demais. O elfo saiu do quarto em passos leves e fechou a porta deixando Ellie com seus pensamentos. Desceu as escadas e encontrou um homem na sala. Quase não reconhecera Draco se não fossem os cabelos curtos e loiros. Aquele ano em Hogwarts parecia ter feito Ellie encorpar e as feições de Draco amadureceram. Os dois estavam bem mais altos do que a última vez que Lizzy os vira.

– Senhor...Não sabia que chegava hoje de Hogwarts...

– Minha mãe não lhe avisou?

– Não, ela... – O elfo pensou na melhor maneira de dizer que Narcisa não abrira a boca desde que Lúcio fora preso – A Sra. Malfoy ainda está em seu quarto.

– E Ellie?

– No quarto também meu senhor... Ainda não está se sentindo bem...

Para enganar Narcisa, Ellie pegara com os gêmeos algumas Vomitilhas do Kit Mata-Aula Weasley. Ela comia metade da metade, o que não a fazia vomitar, mas lhe dava uma aparência doentia e enjoada. Era o único jeito de explicar sua vinda de Hogwarts mais cedo, sem dizer a Narcisa que seu pai verdadeiro morrera e por isso ela não tinha condições de permanecer na escola.

– Você não devia estar preparando o jantar, elfo?

– Sim...Mas nenhuma das duas quer comer... – Lizzy achou que Draco ia brigar com ela.

– Vou subir e falar com minha mãe – Draco tinha realmente muitas coisas a falar sobre seu pai com ela – Faça o jantar... Eu as convenço a descer.

– Sim senhor.

Lizzy viu Draco subir as escadas e seguiu para a cozinha. Talvez ele conseguisse convencê-las, já que um elfo não tem muita voz ativa para isso. E Lizzy era tão nova, que nem sabia como fazê-lo. Pensou como Draco crescera. Talvez a prisão de seu pai o amadurecera. Não tinha o jeito infantil provocante, e sim autoritário e decidido. Estava diferente, e até o elfo reparara.


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– Como foi esse ano querido? – Narcisa mal mexia na comida assim como Ellie, mas pelo menos descera para jantar. A conversa com Draco tinha lhe animado um pouco, mas sua voz ainda era triste.

– Tudo menos normal – Draco ocupava o lugar de sempre, e a cadeira de Lúcio permanecia vazia – Pelo menos Dolores foi afastada.

– Achei que gostasse dela... – A voz de Ellie saiu tão fraca e distante que parecia falar com ela mesma.

– Ela tinha suas qualidades, mas não batia muito bem da cabeça.

Draco estava triste e bem por dentro apavorado com a prisão de seu pai, mas vendo a situação de sua mãe, e o jeito estranho de Ellie, alguém teria que tomar as decisões por ali. Se manteve firme durante o jantar.

– Acho que vou me deitar... – Narcisa se levantara, mas seu prato ainda estava meio cheio – Boa noite queridos. – Ela deu um beijo em Draco e em Ellie, deixando os a sós na mesa. Ellie somente balançava o garfo sobre o prato.

– Vai me contar o que tem?

– Como? – Ellie olhara para Draco.

– O que você tem? – Draco parecia alguém totalmente diferente aos olhos de Ellie e só agora olhando de perto ela reparara. – Não está só passando mal... Tem algo a mais.

– Não sei do que você está falando.

– Do seus olhos.

– O que tem eles?

– Seus olhos te entregam Ellie. – Draco sorrira – E não diga que está assim por causa de meu pai. Seria a pior mentira que você já contou.

– Só estou enjoada... – Ellie desviara o olhar, para não se entregar mais. – Só isso...

– Tudo bem... Não precisa falar se não quiser – Draco olhara para o elfo ao lado esperando ordens – Lizzy, tire a mesa, mas antes acompanhe Ellie pro quarto.

Ellie seguiu as palavras de Draco e mal o reconhecia. Como alguém que o pai acabara de ser preso estava assim? Não chegava a ser frio, mas Draco estava tão...sério. Ellie se sentiu acanhada e nem tinha força ou vontade pra falar nada. Fez exatamente o que Draco mandara: se levantou deixando também o prato cheio e acompanhou Lizzy.


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Draco estava em seu quarto, deitado na cama, já com um pijama em seda azul marinho bem escuro, o que eu lhe deixava ainda mais esguio e mais velho. Já era de madrugada e ele não conseguia dormir. Ficava pensando onde seu pai estava e como ele fora para Azkaban. Pensou em tudo que seu pai já lhe dissera, e tudo que o vira fazendo para Voldemort. Pensou no sofrimento de sua mãe, o que o deixava com mais raiva de seu pai por ter feito escolhas erradas. Erradas? Não sabia se eram erradas ao certo, mas aquilo o enfurecia por dentro. Estava mais confuso do que triste com a ida de Lúcio para a prisão. Teria que ser forte para sua mãe e para Ellie. Pensou nas ideias de Voldemort, o que o remeteu a Harry. Como o odiava! Só de pensar em Ellie com ele...

– Já chega...

Resolveu limpar a cabeça e se levantar. Jogou as cobertas para o lado se descobrindo e sentando por cima delas, pegou um livro ao lado na cabeceira e começava a lê-lo. Lia algumas páginas para dispersar a raiva, e logo estava pegando no sono. A noite caía escura lá fora e a iluminação estava somente por alguns abajures no quarto de Draco. Estava tudo silencioso na mansão e não se ouvia nem o ressono dos pavões lá em baixo no jardim. Draco ainda estava desperto lendo o livro quando um barulho em meio ao silêncio profundo lhe fez olhar para a porta. O piso de madeira rangia do lado de fora no corredor. Lizzy não era pois o elfo era tão magro que seus passos mal pesavam. Os passos ficaram próximo de sua porta e a maçaneta virou. Draco se inclinou para pegar a varinha na cabeceira mas a porta abrira antes.

– Ellie?

Ela entrara devagar e sorrateira. Ainda em silêncio, fez com que Draco se assustasse e levantasse. Ellie não dizia uma palavra. Em sua camisola branca e os cabelos soltos, Draco a via ali parada e se levantou depressa achando que ela estava passando mal.

– O que foi? – Se aproximava cada vez mais de Ellie que fechava a porta devagar para não acordar Narcisa. – O que faz aqui...

Draco chegou bem perto e vira finalmente. Os olhos de Ellie estavam mais que vermelhos. Estavam fechados e molhados. Era a prova de que Ellie não dormira nada até então porque andara chorando. Draco nunca a vira naquele estado. Ellie percebeu o olhar de dúvida de Draco e calando qualquer pergunta, pulou nos braços de Draco em sua frente, aos soluços. O choro finalmente descia e nada o parava. Ellie soluçava e o abraçava forte, deixando Draco sem saber o que dizer. O desespero pela morte de Sirius chegara, e Ellie só tinha uma pessoa para se apoiar ali. Draco abraçou Ellie de volta que o apertava como nunca num choro desesperado. O mundo de Ellie tinha desabado naquela noite. Draco pensou em perguntar alguma coisa, mas viu que Ellie não tinha condições. Abraçou ela por mais alguns segundos e a pegara pelos braços vendo novamente seu rosto triste.

– Vem comigo...

Draco a guiou até sua cama e sentou-se junto a ela. Draco deitou primeiro ficando esticado na cama com a cabeça alta no encosto da cama. Puxou Ellie para seu peito e a fez encostar sua cabeça nele. Ellie deitou ao seu lado e o abraçava ainda chorando. Os soluços pararam depois de um tempo, mas Draco não teve coragem de perguntar nada. Em meio ao silêncio, Ellie perdeu as forças e caiu no sono. Deitada ali no peito de Draco, na mesma cama, Ellie havia despertado um lado desconhecido de Draco. Vê-la naquele estado o mudou de repente. Viu o que realmente era ter que proteger alguém, e o que era ver alguém que se gosta sofrendo. Aqueles soluços apertavam seu coração pela primeira vez e decidiu que não podia ver Ellie naquele estado novamente. Por mais que estivesse bravo com Ellie, por causa de Harry, não podia deixá-la sozinha. Draco viu Ellie pegar no sono, e se afastou para dar mais espaço para ela dormir. A cama era grande, mas não quis que qualquer movimento seu a acordasse. Ellie finalmente estava em um sono pesado e se encolhendo, puxou um travesseiro solto e o abraçou. Draco deitou do outro lado e a assistiu dormir por alguns minutos, até as pálpebras pesarem pouco a pouco e pegar no sono também.

Naquela noite Ellie sonhou pela primeira vez desde que Sirius se fora.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 27 em breve!