Encontros e Desencontros escrita por Juubs


Capítulo 37
Retrocesso?




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Catherine Willows:

Estava trabalhando, Gil já tinha pedido demissão. Ele estava em casa, verificando a sua mala, afinal o vôo iria sair na manhã do dia seguinte.

SS: Cath.- Falou baixo. Olhei para a porta, a morena batia devagar na mesma, olhando para mim.- Está ocupada?

CW: Não muito, pode entrar.- Sorri, a olhando também.

Sara entrava devagar, com um sorriso doce, como se tivesse muito para falar.

SS: E ai.- Sentou-se na cadeira a minha frente.- Como você está?

CW: Bem e você?

SS: Eu... Eu estou confusa.

CW: Por quê?- Parei de mexer na minha papelada e a olhei diretamente, surpresa.

SS: Porque eu estou tentando entender você.

CW: Como assim?

SS: Por que você não vai com ele?- Perguntou aliviada.

CW: É isso.- Sorri, voltando a mexer nos meus papéis.- Porque meu lugar é aqui.

SS: Não.- Tirou a caneta da minha mão.- Seu lugar é com ele.- A olhei fixamente, novamente. Eu não tinha palavras, pela primeira vez em uma conversa. Apenas a encarei.- Eu não entendo porque você fica tão tranqüila sabendo que, em menos de 24 horas, ele estará longe de você novamente, como há seis anos atrás. Eu não entendo como você apóia isso. Você não se abre, não fala, não comenta, há não ser que te perguntem. Eu não acredito que você está bem com essa situação, você não é a Catherine que convivi todos esses anos.- Sussurrou, em um tom de desapontamento.- O que houve com você?

CW: Nada, ora. - Respondi rápido, como se não tivesse dado ouvidos ao que ela disse ainda pouco.

SS: Você não me engana.- Sorriu.- Por que você está assim? Por que você não reclama, não toma uma atitude... Faça algo para ele ficar!

CW: Ele quer ir, eu não posso impedir, isso não é justo. Talvez, eu não queira que ele fique e anos depois se arrependa dizendo “ Eu deveria ter ido, era o FBI” ou “ Tudo poderia ter sido diferente, se eu fosse.”. Eu não quero ser um empate na vida dele, eu não quero o ver perder tudo que acha importante, só porque está comigo. Casamo-nos, eu não o prendi.

SS: Ok, voce sabe o que faz da sua vida.- Levantou-se, dando-se por vencida. Estranhei por alguns segundos.- Mas olha, dessa vez pode não ser 6 anos, dessa vez pode não ter volta, dessa vez pode acabar para sempre.- Falou baixo, olhando-me nos olhos, não se deixando intimidar. Não falei nada, apenas fingir não dá importância. Ela se aproximava da porta, abrindo e a fechando devagar.

Mantive o olhar atento para porta, até ter certeza que ela tinha ido. Depois, desmoronei. Larguei tudo sobre a minha mesa e abaixei a cabeça. “Não é que ela está certa?” Repeti para mim mesmo. Odiava ter a certeza que estava errada, quando todos os meus argumentos eram relevantes. Odiava o jeito que a Sara me conhecia e sabia me deixar sem palavras, o jeito que ela tirava toda a minha pose. Mas, iria odiar mais ainda se o que ela insinuou acontecesse... Perder o Gil. Não sei se suportaria passar por isso novamente.

O dia passou rápido, como de costume. Ainda mais que naquela semana, eu não era eu, literalmente. Mal saia da minha sala, não distribuía mais os casos, deixava tudo por conta da Sara. Havia dias que eu não via a equipe, que eu não freqüentava os mesmos lugares que eles. Hodges vinha na minha sala apenas para falar sobre o caso. Já não tinha intimidade com mais nenhum ali, tinha me afastado completamente de todos, só Sara que ainda tentava falar comigo.

Peguei a minha bolsa, arrumei a minha mesa, desliguei as luzes e fechei a porta. Caminhei pelos corredores, olhando para cada sala que encontrava. Nick e Greg arrumavam as evidencias do seu caso em uma; Sara conversava com o Jim em outra; Wendy e Hodges discutiam, como sempre, no laboratório. Passei em meio de todos eles e, pelo que eu tinha recebido, nenhum deles tinham me notado. Eu estava me afastando cada vez mais deles, como se já não importassem mais para mim.

Antes de ir embora, fui à caminho do vestiário. Iria pegar o meu casaco reserva, que eu sempre deixava ali, estava fazendo bastante frio lá fora. Sentei no extenso banco, que dividia parte dos armários e, fiquei de frente para o meu. O abri, antes de pegar o casaco, pude reparar em tudo que estava guardado ali. Roupas, kit reserva e o mais importante, fotos da equipe. As encarei por alguns minutos, sorrindo, passando a minha mão sobre ela, relembrando tudo que já tínhamos passado juntos.

WB: Tivemos que te obrigar a tirar foto nesse dia.- Sussurrou. Eu olhei para cima, Warrick estava encostado na porta do vestiário, atrás de mim, encarando a mesma foto que eu.- Você disse que seu cabelo estava mais bagunçado que o do Greg.- Riu.

CW: E, estava!- Ri.

O riso ia parando, dando espaço a um enorme silencio e a sensação de vazio que eu sentia. Warrick entrou, fechando a porta do vestiário. Apoiou a sua mão no meu ombro, sentando ao meu lado.

WB: Conta para mim loira, por que você não fala mais com a gente?- Perguntou, mantendo o tom de voz baixa. Olhou-me diretamente, deixando-me tímida e sem resposta.

CW: Sinceramente, eu não sei.- Falei bem baixinho.

WB: Ah sim, você sabe.- Sorriu doce.- Eu te sinto afastada de uma forma que eu jamais vi. Você não parece mais a nossa supervisora, anda como se nem conhecesse mais a gente. Não divide os casos, não sai depois do trabalho, nem a campo você vai mais. Fica calada, na sua, no seu canto, trancada o dia inteiro naquela sala. Se tornando uma pessoa, que eu jamais pensei que você iria se transformar um dia. Uma mulher quieta, sem atitudes.- Olhou-me diretamente, seu olhos verdes encontravam os meus olhos azuis, em uma troca perfeita de olhares. Ele era totalmente sincero, dizendo tudo em um tom de desapontamento. Abaixei a cabeça, envergonhada, sem nem ter como argumentar.

CW: Eu... Eu lamento.- Falei baixo.

WB: Não, não lamente.- Acariciou o meu rosto, levantando o meu queixo.- Só volte ser aquela Catherine. Animada, durona, sarcástica e irônica. Somente isso.- Sorriu, me olhando diretamente.

CW: Eu não sei se dá.- Disse sincera, falando baixo.

WB: Por que não?- Intimou. Fiquei em silêncio novamente, o encarando.- Ah, Gil... Você tem que dá um jeito nisso.- Interrompeu-me.- Você não pode deixá-ló ir, não pode sofrer por antecedência.

CW: Mas é a carreira dele.

WB: Quando ele te pediu em casamento, ele fez uma escolha, nunca deixa-lá. Ele tem que cumprir com a palavra dele, mesmo você se passando pela compreensiva, ele tem que ficar.

CW: Isso não é justo.

WB: Também não é justo ele voltar, bagunçar a sua vida e querer ir embora depois, trabalhar longe de você.- Sussurrou. Ele se levantou devagar, apoiando em mim. Segurei a sua mão, acariciando-a.

CW: Obrigada.- Falei no mesmo tom que ele, sorrindo. Levantava do banco também, aproximando-me dele, o abraçando. Ele correspondia ao abraço, nos afastávamos devagar. Trocávamos olhares e sorrisos. Logo depois, saiu, andando em direção contrária no corredor. Coloquei o meu casaco, arrumei o meu cabelo e sai do vestiário, segurando a minha bolsa. Sai do departamento, indo em direção ao estacionamento. 


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