Ops! - Entre o desespero e a esperança escrita por Fran Carvalho


Capítulo 8
O segundo andar


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui Camila não resiste a curiosidade e cede a drogas variadas, obviamente com consequências...

Não tá muito bom, mas né =P



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A noite começou quando chegamos a Teen, e um dos garotos viciados, de um cabelo cinza e olhos maldosos, anunciou:

- Ei, as meninas estão sozinhas!

Virei o rosto, ignorando-o, e sem querer dei de encontro com o ombro de um velho conhecido. Marcelo, um dos garotos do grupo que eu e Inajara conversamos no outro dia. Niterói. O garoto viciado.

Olhei nos olhos dele, a tempo de ver seus olhos vermelhos. Estava com uma cerveja em uma das mãos e um cigarro na outra.

Inajara cumprimentou o garoto, desconfiada, mas me viu dar um largo sorriso inocente. Ela já o conhecia e sabia bem quem ele era.

Agora eu conhecia Inajara melhor e sabia que ela não era nada do que eu pensava no início. Embora parecesse e até fizesse o estilo rebelde, que faz tudo errado e anda com más companhias, Inajara não era bem assim.

Era uma garota que sonhava com o namorado perfeito, e que embora fosse um pouco depressiva e tivesse amigos de todos os estilos (mesmo, como diria meu namorado), era consciente o suficiente para não ser influenciada por eles.

- Desculpe - ele disse, devolvendo o sorriso.

- Não foi nada - eu disse - É bom ver você aqui.

Ele sorriu. Sorriso meio maroto e sedutor. Seus olhos castanhos esverdeados irradiavam uma beleza diferente do que eu conhecia.

- E então? - eu tentei puxar um assunto qualquer - Sempre por aqui?

- É, sempre, mas não muito por aqui - o garoto respondeu, destacando os cabelos bagunçados, ao apontar o andar de cima - Vocês querem dar uma olhada?

Marcelo era muito mais alto que nós duas. E forte. Mas eu não tinha medo dele. Estava curiosa o suficiente para subir lá em cima. Não importava o que aconteceria depois.

Senti a mão de Inajara segurando meu braço com força. Olhei para ela, desconfiada e ela me rebateu um olhar do tipo "Pare já com isso."

- Não - ela disse - Vamos ficar por aqui mesmo, obrigada.

Olhei Inajara, em dúvida. Ela não era amiga dele?

- Você sabe bem o que prometeu - sussurrou Inajara - Não vai atrás dele!

Dei de ombros. Nada importava agora, nem mesmo a promessa. Só queria matar uma curiosidade. Eu não ia virar uma viciada por isso.

- Vamos - falei a Marcelo.

Ele deu uma risadinha meio sinistra e saiu em direção a porta.

Eu o segui e Inajara foi atrás de mim, contrariada.

**

Fiz o sentido contrário do percurso que tinha percorrido, saindo do prédio. Na porta de ambas as entradas, ficavam seguranças que normalmente pegavam o valor de entrada e não deveriam permitir a entrada de menores de catorze anos no andar de baixo e menores de idade lá em cima. Mas, bem, nem sempre era assim.

Entrei na porta pequena que tanto tinha curiosidade de conhecer, sem que o segurança desse sinal de que eu era menor. A porta dava a um lugar escuro, cheio de luzes coloridas, como lá em baixo. Tive medo. Segurei forte a mão de Inajara atrás de mim.

- To indo, Camila - Inajara cochichou em meu ouvido - To com medo.

Eu a ignorei, ainda subindo as escadas. As pessoas lá em cima estavam alienadas a nossa presença, curtindo cigarros e bebidas alcoolicas, proibidas lá em baixo. Pessoas de todas as idades, incluindo adolescentes. Olhei gente de onze a trinta anos de idade.

Inajara parou numa posição um tanto desconfortável - na verdade, estava apenas coçando o pé direito. E depois, na mesma mão que usara para se coçar, roeu a unha grande e muito bem lixada do dedo indicador - coisas que fazia quando estava nervosa.

- Ok, Camila, já viu o que queria, agora vamos - sussurrou Inajara.

- Calma, garota! - advertiu Marcelo, com um sorriso zombeteiro.

Marcelo tirou do bolso o pacote de pó verde do outro dia, enrolando tudo num pedaço de papel, até formar um cigarro. Eu o vi colocar o cigarro na boca, acender e dar uma tragada, de olhos fechados. Logo depois, me ofereceu, passando o cigarro estranho para mim.

Dei um sorriso, girando o anel de rubi no dedo. Peguei o cigarro recém-feito com o dedo indicador e médio e o coloquei na boca. Soltei a fumaça. Marcelo riu.

Eu não sabia fumar aquela coisa.

Passei o cigarro a Inajara, que devolveu sem sorrir nem abrir a boca.

- Chega, Camila! - seus olhos tinham um misto de tristeza e desapontamento - Vamos embora!

Olhei novamente minha amiga, com expressão de dúvida.

- Qual o problema? - resmunguei.

Eu sou o tipo de garota que morre chorando de arrependimento a noite toda, mas prefiro isso a dormir cheia de vontade. Eu era tão curiosa, que se me oferecessem bosta de cavalo, eu ia experimentar só para não ficar sem saber como era o sabor.

Inajara revirou os olhos ao meu lado.

- Camila, eu sei que você já me viu fumando. E eu confesso que estou errada em fazer isso, tá legal? - ela arfou - Mas estava só sendo uma idiota, cometendo erros normais. Eu jamais fumaria isso. Cê sabe o que é e o que se transforma uma pessoa viciada nisso aí.

Eu assenti., sem entender o que Inajara quis dizer. Olhei Marcelo com ar de culpa e virei as costas, mas ele segurou meu casaco e fui obrigada a olhar para trás.

- Qual o problema de ficar aqui? - ele fez a pergunta com interrogação no semblante.

- O problema, Mila - Inajara falou em meu ouvido - É que isso aí pode te viciar a qualquer momento. E, além disso, que eu saiba você fez uma promessa a seu pai e a seu namorado.

As lágrimas teimosas escorreram no meu rosto sem parar. Eu limpei com as costas da mão, aflita.

- Não posso fazer isso - disse, virando as costas - Prometi ao meu pai que não ia me envolver com drogas e ao meu namorado que não ia subir aqui ou experimentar essas coisas.

Marcelo pegou meu braço, colocando o braço em volta da minha cintura. 

- Ninguém precisa saber - ele limpou as lágrimas do meu rosto - Além do mais, isso é maconha e não é droga!

Para falar a verdade, embora meu coração gritasse para ir embora dali, a curiosidade falou mais alto.

Como sempre.

Minha curiosidade era conhecida. Eu costumo ser muito curiosa, em todos os sentidos. Eu queria saber que gosto tinha aquilo, só para experimentar, que mal teria?

Peguei o baseado com os dedos trêmulos, prendi a fumaça e soltei. Não senti nada. Marcelo riu de mim, e meu ensinou a prender a fumaça no pulmão.

Agora sim. O que eu sentia só podia ser FELICIDADE.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam das idiotices de Camila? Próximo capítulo: Recepção perfeita?



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