Ops! - Entre o desespero e a esperança escrita por Fran Carvalho


Capítulo 14
UNIDADE 2 - AINDA HÁ UMA ESPERANÇA / Lezada


Notas iniciais do capítulo

Aqui começa a segunda unidade, onde a vida de Camila toma um rumo nada legal. Mas ainda há uma esperança.



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– Mas que droga, Camila! - Inajara estava gritando no meio da rua, as duas mãos frenéticas e o rosto vermelho de choro. - Acha que ninguém se preocupa com você? Que merda acha que tá fazendo?

Eu entrava na rua de casa, vestindo uma calça jeans velha e uma camiseta preta. Presentes de Marcelo, riupas dele. Bufei.

– Não enche, Iná - segi o caminho, deixando deixando ela pra trás. Senti a mão no meu ombro. Revirei os olhos e virei.

– Você é uma lezada - ela quase cuspiu no meu rosto - Quer ser um deles? Por que não pega essa bunda e dá logo pra ele? Por que não se muda logo pra casa dele, Camila? Talvez os dois juntos terminem de se destruir.

Ela estava enfurecida como eu nunca vira. Estremeci, engoli em seco, com raiva nos olhos.

– Talvez eu vá fazer isso - ainda falava em voz baixa.

A voz dela veio de trás de mim choramingando, me doendo o peito.

– Eu te amo, Camila - as palavras atravessavam meu peito com a força de uma adaga - Nunca vou desistir e você. Mas quando estiver no fundo do poço e vier me pedir ajuda, vou ter prazer de dizer 'eu te avisei.

Mordi o lábio, sem diminuir os passos.

– Não seja ridícula, Inajara - ironizei - Não vou me tornar uma vicuada.

***

Meus tios sequer falaram comigo. Nem Daiane. Me sentia um tanto quanto perdida debtro daquela casa. Era pouco mais de duas da tarde, e sem nada mais interessante pra fazer, resolvi sair de casa.

Vesti o que tinha de em mãos. Um short surrado e uma regata vermelha. Sem avisar, saí não sei pra onde.

Como se um imã tivesse me puxado, estava só aqueles que eu sabia serem viciados. Dei de ombros.

Encontrei Marcelo a três passos de mim, conversando com um grupo de adolescebtes. Acenei e ele sorruu.

– E aí - ele cumprimntou, ainda em volta do pessoal - Esses são Jésica, Travis, Su e Glória.

– Oi - falei, timidamente, as mãos nos bolsos, as mãos nos bolsos, meio acanhada pelos rostos novos - Tem um baseado pra mim?

Marcelo fez que sim, tirou do bolso um saquinho com maconha e jogou pra mim. Eu peguei no ar.

Ia dizer que não sabia fazer um, quando lembrei que tinha visto Niterói e os outros fazerem outro dia. Sentei na calçada e consegui enrolar da forna certa. Alguém ao meu lado ofereceu fogo, e eu aceitei.

Deixei-me levar por meus pensamentos. Tudo estava tão confuso. Minha mãe morrera, meu pai estava em depressão. Eu mudara de cidade, de rotina, de vida, de certa forma. Perdera a virgindade com um cara ontem, e bem, todos estavam decepcionadso comigo.

Quem poderia me culpar por querer esquecer o problema com maconha? Era natural, não fazia mal e em breve seria liberado no BBrasil.

Suspirei. Marcelo estava ao meu lado e sentou-se comigo.

– Não pensei que ia vir pra cá - comentou - Problemas.

– Todos - erguia sobrancelha.

Ele fez que sim, compreendendo.

– Ia te convidar pra morar morar comigo - ele baixou a cabeça pra falar isso - Se quiser.

Por que não? Pensei.

– Não acho que iriam gostar disso - resumi - Faz assim, deixo umas qutro peças de roupa na sua casa e poso lá de vez em sempre.

Ele sorriu e fez que sim com a cabeça, pegou minminha mão e escorou a cabeça no meu ombro.

***

Foram dias sem conta indo de casa a escola, da escola para a Teen. Meus tios conversaram, denunciaram, chanaran a polícia. Nada me fez mudar de ideia. Eu era uma cabeça dura.

Oito meses se passaram . Fui do baseado ao pó pó rapidinho. Vender meu celular, notebook, tablet e MP3 foram só o começo das consequencias.

Passei a pedir dinheiro na rua. Posava na casa do Marcelo quase todos os dias, só aparecia em casa para pedir dinheiro - ou roubá-lo.

Me ver fazia meu tio feliz, então ele acabava me dando. Ou eu o forçava a isso.

Achei formas de golpe para arrumar dinheiro. Fingir que meu tio tava mal de grana para os amigos dele, dizer que estava doente e precisava comprar um aparelho médico qualqurr. Cheguei a dizer que queria droga. Funcionou, o cara admirou minha sinceridade e me deu dinheiro.

Ainda era só o começo.


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