Ops! - Entre o desespero e a esperança escrita por Fran Carvalho


Capítulo 12
Magoado


Notas iniciais do capítulo

P.O.V de toda a turma do Ops! oow *__*



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Era uma segunda-feira, e como a maioria dos adolescentes que frequentavam a Teen Music tinham aula no dia seguinte, não era uma noite muito movimentada. Porém, para Inajara, André e eu, todo dia era dia de balada.

Era o primeiro dia, depois da briga, que íamos a Teen. Aparentemente, todos haviam esquecido a cena.

Todos, menos um.

Mal chegamos, seguimos direto para a pista de dança, mexendo o corpo junto com o ritmo eletrônico que tomava conta do ambiente, envolvendo todos ali. 

Agora, tudo o que eu queria era aproveitar minha atual condição de solteira para fazer o que quase toda garota da minha idade quer em uma noite como essa: beijar na boca.

Inajara não ligava muito para isso, ainda estava decepcionada com garotos. Com eles, só amizade, era o que pensava.

Foi mais ou menos no meio da noite, que fui surpreendida por um cara, em torno de vinte e cinco anos, o rosto sem barbear há alguns dias, que parou em nossa frente com um sorriso meio maroto, de olho em mim.

Eu sorri, e ele passou a fazer perguntas sobre meu nome e outras considerações formais, que eu respondi, simpática.

- Qual a possibilidade de ganhar um beijo - ele perguntou, educadamente.

Eu sorri. Vi Inajara fazer sinais para mim, por trás dele, mas não entendi o que ela queria dizer. Ele se aproximou meio de leve, me puxou pela cintura e me beijou, eu correspondendo, sem medo.

***

P.O.V André

Camila era ingênua.

Logo que cheguei na Teen, me escorei na parede no lugar habitual, torcendo para não ser incomodado. Dançar não tinha graça, quando se está sozinho, e bem, eu realmente não queria ficar por ficar.

Olhava distraído a dança das meninas, quando o vi: Marcelo. Ele estava novamente no ambiente adolescente e conversava com um cara mais velho, talvez uns vinte e cinco anos.

Alguma coisa estranha estava acontecendo. O homem desconhecido entregou a cerveja que tinha nas mãos ao garoto a sua frente, e seguiu em direção a pista de dança, onde iniciou uma conversa tensa, da qual Camila parecia sorrir a tudo.

Aquilo me irritava, me fervia um ódio tão grande. Ela estava flertando com um cara dez anos mais velho? Com certeza, alto estava errado naquilo tudo.

O que ela não sabia, era que aquele cara, aparentemente inofensivo, era um viciado.

Eu amo essa garota, cara, e ela é ingênua demais, talvez por não conhecer tudo pelo que passei até aqui. Por não conhecer o que a Teen passou para chegar até aqui. Mas eu sei que ela não experimentaria nada naquilo outra vez. Ao menos era o que eu achava.

Eu a vi dar um sorriso. Cerrei os punhos com força, as unhas cravadas nas palmas das mãos. Vi que Inajara tentou sinalizar a ela que eu estava olhando, mas ela não se importou. O homem a puxou pela cintura, de um jeito bruto e a beijou. Inajara olhou para mim, e eu baixei a cabeça, decepcionado.

***

P.O.V Inajara

Romântico e sensível como era, André baixou a cabeça e saiu a passos largos da Teen. Preocupada, saí atrás dele. Eu o conhecia, e por isso mesmo, conseguia vê-lo como um cara legal, e sabia que ele não iria me magoar.

- Ela não precisava ter feito isso na minha frente, Iná. Podia ter feito se quisesse, mas longe de mim.

Senti um aperto no peito. Sabia como ele estava se sentindo, pois já havia passado por isso. Mas não imaginava que um garoto pudesse ser tão sensível. Parecia que eles também tinham os momentos tristes que nós, meninas, temos.

- Eu sei - suspirei - Ela devia ter pensado um pouco antes de fazer isso - eu olhava intensamente para o cordão da calçada, enquanto falava.

A vontade de André, eu podia enxergar nos olhos dele. Ele sentia ódio. Sentia vontade de levantar e soquear aquele homem desconhecido. Ou então falar quem ele realmente era.

- Ele é um viciado, Iná - ele soltou, finalmente - É amigo de Marcelo.

Senti algo ruim dentro do peito. Como se aquilo tivesse algo a ver com a promessa de Marcelo. Eu o conhecia. Sabia que ele era capaz de qualquer coisa.

- Como assim? - indaguei, surpresa - Como sabe disso?

- Quando vocês dançava, eu vi eles conversando - ele desabafou - Entregou a cerveja a Marcelo e foi falar com ela.

Senti uma faca atravessar minha garganta. É claro que eu sabia que Camila tinha um pouco de culpa. Mas estava sendo enganada! Eu queria ir até lá e avisar minha amiga da grota em que estava se metendo. Mas bem, André precisava mais de mim naquela hora.

- O que a gente vai fazer? - eu perguntei, baixinho, aflita.

- A gente não vai fazer nada - cortou ele.

- Como assim? - gritei, as pessoas em volta me olharam - Aquele idiota vai enganar a Camila, e você vai deixar?

Bem, ele sabia que nada adiantaria. Camila tinha gostado do cara e agora nada do que eu dissesse ia fazer ela mudar de ideia. Camila sempre foi teimosa, e ele sabia disso.

- Não vai ajudar falar com ela agora - ele baixou o tom, sentando-se ao meu lado na calçada - Deixa ela mesmo resolver o que vai fazer. Se ela tiver um pingo de juízo, não vai fazer nada que não queira. E se quiser fazer, não vai ser a gente que vai impedir.

André pegou minha mão, carinhosamente, e me abraçou. Uma amizade estava se selando ali.

***

P.O.V Camila

Eu estava passando para o segundo andar quando vi Inajara e André de mãos dadas. A fúria que senti foi de uma amida traída.

Então só porque resolvo ficar com outro, ele fica com minha melhor amiga! Agora ele vai me conhecer de verdade, só espera!

E foi esse pensamento que estragou minha vida.

Maurício puxou minha mão, subindo as escadas. Eu não pensava em outra coisa senão a traição de Inajara.

Então o vi.

Marcelo estava me esperando, uma espécie de cachimbo na mão. Maurício me empurrou, fazendo-me cair nos braços de Niterói, que me segurou na cintura e me deu seu familiar sorriso irônico. Vi seus olhos brilhantes e estaquei, sem reação.

- Agora você acredita em mim?

Estremeci.

- O que você vai fazer comigo?


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