Ops! - Entre o desespero e a esperança escrita por Fran Carvalho
- Só me diz o que aconteceu com a irmã dele - implorei, já vestida de blusa amarela e calça jeans - Ela era sua amiga, você deve saber.
- Pergunte isso a ele, Camila! - insistia Daiane, sem mudar a expressão séria do rosto.
- Ela estuda na sua sala? - perguntou a garota mais nova.
- Estudou, no ano passado - respondeu Daiane, sem mudar a expressão séria do rosto. Estendeu uma toalha na janela do quarto e virou as costas - É só isso que vou dizer.
Deixou-me sozinha, pensando no que tinha nas mãos.
- Estudou - refleti - Então deve estar no terceiro ano. Ou no segundo, se tiver repetido o ano.
- Quem? - perguntou André atrás de mim, dando um susto em mim e na minha curiosidade - Se está falando de Justin Bieber, ele deve estar no segundo, mas não repetiu o ano.
Ri. O sorriso devolvido por André iluminou meus olhos verdes.
- Podemos ir? - perguntou o garoto, fazendo um gesto antigo de cavalheiro, estendendo a mão.
Balancei a cabeça, concordando, mas neguei a mão estendida.
- É injusto - eu disse.
- Também acho - brincou André - O salário minímo deveria aumentar em cem porcento.
Eu ri, entrando na brincadeira.
- To falando de você - expliquei - Sabe de toda a minha vida e eu não sei nada sobre você.
Ele endireitou a coluna, limpou a garganta, ajeitou uma gravata imaginária e perguntou:
- O que você quer saber?
Dei de ombros, confusa.
- Quantos anos você tem? - perguntei - Quantos irmãos?
- Ah - riu André - Tenho quinze anos e cinco irmãos, dois meninos e três meninas. Alias, meus dois irmãos são gêmeos, como sua mãe.
Suspirei. Detestava que lembrassem minha mãe. Mudei de assunto.
- Qual a idade deles? - perguntei, sempre curiosa.
André suspirou.
- A Bia, de dois anos; a Deby, de sete; Tenho os gêmeos, Elias e Gui, de doze anos; e a Fernanda - parou de falar, abruptamente.
- A Fernanda... - encorajei.
- Bom, eu não quero falar dela, por favor.
Concordei. Era curiosa, mas não mal-educada.
Atráves das grades do brinquedo do parque, eu via a multidão de pessoas, feito formigas encaixotadas. Ao meu lado, André ria, segurando forte no banco da frente.
O brinquedo dava voltas no alto, me deixando com as mãos suadas e trêmulas. Só me desliguei do medo, quando ouvi meu nome.
- Rola um beijo nas alturas, Camila? - perguntou André, dando um leve sorriso malicioso.
Eu ri, balançando a cabeça em afirmação. Lentamente, segurei atrás do cabelo arrepiado do garoto, agora sem boné, e o beijei.
E era isso que eu pensava, quando juntos, eu e André estávamos sentados perto de uma árvore no fundo do parque. Ele sentado no chão puro, escorado na cerca de madeira baixa. E eu, feliz e sorridente, apoiando minha cabeça na perna dele. E, juntos, sorriámos para as crianças correndo no lugar cheio de pessoas.
- No que está pensando? - ele perguntou, acariciando levemente meu rosto muito branco.
- No nosso beijo - sorri.
Ele riu. Seu sorriso iluminava meus olhos, me trazia uma sensação de bem estar, de felicidade interior. Só tinha medop que não fosse pra sempre.
- Eu não ia detestar namorar você - ele disse, em tom de brincadeira.
Eu ri, beijei seus lábios com carinho e acenei com a cabeça.
- Se isso foi um pedido de namoro, eu aceito - ri.
E assim, meu namoro tão sonhado começou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí, quanto tempo dura a felicidade desse casal?