Ops! - Entre o desespero e a esperança escrita por Fran Carvalho


Capítulo 17
Há alguém aqui


Notas iniciais do capítulo

A personagem que faz esse P.o.v vai aparecer em breve... Enquanto isso, fiquem com sua coragem e força :)



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P.o.v Luana

Foi com ela que tudo começou.

Ela é minha tia, irmã mais nova da minha mãe. Eu ainda era um bebê, quando aos 14 anos, ela se envolveu com uma galera que a influenciaram de alguma forma e ela se viciou em cocaína.

Meus avós nunca se preocuparam muito, sempre disseram que era uma face, que passaria.

Ela engravidou aos 16. Ninguém sabe de quem. Alguém que deve ter oferecido dinheiro a ela na rua, provavelmente. Meus vós ficaram com ele. Ele tem 11 anos agora, é uma boa criança.

Foi nessa época que meus pais quiseram ajudar. Levaram-na a uma clinica, duas, três... ela fugia. Não se ajudava. Foi aí que surgiu o Lince, o centro de recuperação dos meus pais, somente para crianças e adolescentes.

Deve ter sido frustante quando minha mãe, depois de investir tanto dinheiro com o Centro, visse dezenas de crianças e adolescentes melhorarem, menos ela. Ela se recupera por períodos, 6 ou 7 meses e depois desanda de novo.

Sabe-se lá se era por falta de força de vontade ou falta de amor dos pais. Mas era assim até hoje. Uma frustração era a pessoa que tinha criado isso aqui. O lugar que há mais de dez anos salvava vidas e famílias.

Eu não esperava uma ligação dele. O marido atual dela, um cara de quase sessenta anos e que parecia gostar dela. Ao menos é isso que se imagina quando se cria um filho ainda bebê com uma mulher pra quem dá uma vida boa, mesmo ela a cada seis meses tendo surtos e aprontando todas na rua.

– Luana, eu preciso de ajuda.

Ele nunca me procurava. Nunca lembrava dessa parte da família dela. Devia ser mesmo importante.

– O que foi, tio? - eu o chamava assim por costume, apesar de não considerar 'aquela mulher' como família.

– O Luan sumiu com ela... um traficante chegou aqui apontando uma arma na cabeça do meu filho! E disse que ela trocou ele por 600 reais de cocaína!

Eu estremeci. Não conheci o Luan, mas ele ainda era meu primo. Uma criança pequena, sem consciência do que acontecia com a mãe... Aquilo me doeu.

Em pouco tempo, e com alguns papéis e bons advogados, eu peguei a guarda de Luan. O menino loirinho, tão alemão quanto eu, estava fazendo um ano quando chegou ao Lince. Ele era meu.

Toda a semana, eles tinham direito a visitar meu bebê. Eu a via em decadência. Aquela mulher que era meu sangue, se deteriorando aos poucos, consumida pela cocaína. Doía.

Um ano se passou desde que Luan chegou a minha vida. Eu fui visitar a nova casa deles, em um luxuoso condominio fechado, onde ficaria impossivel entrar alguém para matá-la. Fui acompanhada de um casal de professores do Lince.

Pouco antes das 21h, ela surtou.

–Onde tu vai, Tais? - ele gritava com ela, tentando fazer com que voltasse a realidade.

– Vou me encontrar com a Camila - ela disse - Eu já volto, é rápido.

Revirei os olhos. Luan estava as voltas com os brinquedos. Ele abriu a porta, erguendo os braços, sem saber o que fazer.

– É o que tu viu, Luana, ela sai assim... - ele suspirou - Com sorte ela volta amanhã de manhã...

Suspirei. Tinha pena dele. Passou boas com ela. E ela realmente não se ajudava nem um pouco. Com tudo aquilo que ele dava...

– Agora arrumou essa amiga aí, essa Camila - ele desabafou - Daqui a pouco vou ser trocado por uma mulher, sabe?

Dei de ombros. Homossexualidade. Grande coisa. O que me fazia mal era ver que ela se matava aos poucos...

Não voltei mais a vê-la até que conheci Camila.


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Notas finais do capítulo

Curiosas a respeito de Luana e Tais? Aguardem...



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