O silêncio se arrastou por um longo tempo, e finalmente tomei coragem para levantar os olhos, Rony parecia ter entrado em choque. Eu olhei para ele como quem se desculpa e saí do quarto.

 Fui até o quarto de Gina e arrumei minhas malas em silêncio. Coloquei um casaco preto e saí para a noite, puxando o capuz sobre o rosto.

 Cheguei até a frente da minha casa, peguei as chaves e entrei acendendo tudo. Fui até o meu quarto, eu sentia falta daquele lugar. Mesmo matando a saudade do meu quarto, não consegui parar de pensar em como os momentos com os Weasley foram melhores que cada segundo nessa casa.

 Olhei triste para o lugar ao meu redor, imaginando qual seria o meu destino ao amanhecer. Eu não posso continuar aqui, mas também não quero ir. Ficar longe de Rony parece impossível agora. Ruim, talvez até doloroso.

 Me senti cada vez mais idiota ao pensar em talvez ficar por causa do Rony, é só um namorado de colegial. E ele com certeza não está assim tão triste. Mesmo com esses pensamentos as lágrimas insistiram em rolar.

 O toque do meu telefone começou com Only One. Essa era música para quando o Rony ligava. Não me importei em desligar e deixei a música tocar, a mensagem da caixa-postal começou em seguida.

 – Mione – Ouvi-o suspirar – Eu... Eu não sei como lidar com isso, mas eu notei que você saiu daqui. Por favor, volte para cá. Vamos achar uma saída...

 Suspirei e digitei uma mensagem para ele.

Rony, não tem saída, me desculpe. Eu estou indo morar com meus pais. Eles vão conseguir algum tratamento exagerado.

Lembra de quando eu te prometi que ia ser sua para sempre? Eu mantenho a promessa, eu vou conseguir me curar ok?

Não me peça para voltar,

Não posso.

 Caí no sono assim que enviei essa mensagem. Acordei para um dia frio, e fui tomar um banho quente. Saí do chuveiro calmamente e vesti um vestido de lã branco, uma meia-calça cinza e um coturno preto. Fiz um coque alto em meu cabelo e liguei para minha mãe.

 – Mãe, desculpe, eu não posso explicar agora. Mas preciso que compre uma passagem para mim. Preciso ir até vocês agora – Falei com a voz pesada.

 – Hermione? Aqui? Não acho que seja possível – Ela falou.

 – Mãe, é importante – Eu insisti.

 – Certo Hermione, eu vou comprar, pode ir para o aeroporto – Ela falou com voz impaciente.

 – Obrigada – Falei rouca de repente.

 Ouvi-a suspirar e desligar o telefone. É mais fácil do que eu esperei que fosse.

 Peguei minhas malas e segui para o carro. Coloquei tudo no porta-malas, e entrei no banco do motorista, mas hesitei. Isso significa ficar longe de todas pessoas que amo, e que aprendi a amar. Ficar longe dos meus amigos, do Rony, dos gêmeos Weasley (que apesar de me irritarem sempre gostei), da Sra. Weasley e dos meus professores. 

 Encostei a cabeça no banco por um momento, procurando respirar.  Ouvi uma batida na porta. Rony estava ali fora de olhos inchados, parecia ter chorado muito. Senti uma dor no coração ao imaginar Rony chorar.

 Abri a porta e saltei para fora, abraçando ele. Ouvi Rony soluçar e olhei para ele. Estava chorando.

 – Por favor – Falei secando as lágrimas dele. – Não chore.

 – Como? – Ele perguntou me olhando intensamente.

 – Eu não sei – Falei pesadamente.

 – Eu não posso deixar você ir Mione – Ele falou. – Eu sei que você não quer ir. Tem áreas maravilhosas de tratamento aqui mesmo, eu pesquisei. Você não pode ir.

 – Mas eu tenho que ir – Falei dando um sorriso duro. – Meus pais vão... Vão achar o melhor tratamento possível e eu vou voltar. Mas...

 – Mas? – Ele perguntou.

 – Sempre tem a chance que não funcione – Eu falei olhando para baixo. – Não quero que me espere voltar Rony. Isso pode demorar meses, anos. Ou simplesmente pode não funcionar.

 – Eu não posso te perder de novo Mione – Ele falou.

 – Não vai. Eu sou sua para sempre lembra? – Sorri um pouco.

 – Para sempre – Ouvi ele sussurrar e me beijar.

 Como sempre o beijo de Rony me acalmou e me fez esquecer o mundo por alguns minutos.  Minutos que pareceram curtos demais.

 – Posso ir com você? – Ele perguntou. – Para o aeroporto...

 – Acho melhor não Rony. Eu preciso ir e você lá... Vai tornar as coisas mais difíceis – Falei.

 – Mas você precisa de alguém para trazer o carro de volta certo? – Ele falou e ao notar minha expressão de tinha-esquecido-disso, ele acrescentou: – Você não pensou nisso certo?

 – Na verdade não, mas prefiro não admitir. Então vamos fazer de conta que eu aceitei quando você se ofereceu – Eu disse e ofereci o banco do carona para o Rony.

 Ele riu e sentou. Comecei a dirigir com mais cuidado do que o normal, além de estar nervosa, eu iria virar o rosto para Rony se me distraísse. A musica When you’re gone da Avril Lavigne estava tocando. Chegamos ao aeroporto em poucos minutos e recebi uma mensagem da minha mãe. Falando que o meu nome estava na lista voo para Califórnia para daqui à uma hora.

 – Rony, eu preciso que você vá embora agora – Suspirei. – Eu não vou conseguir com você aqui.

 – Nós dois... Não durou nem um minuto não é? – Ele perguntou tristonho, se referindo ao nosso namoro.

 – Quem sabe um dia a gente dure mais que isso – Falei também triste e entreguei as chaves para ele e uma carta. – Leia quando estiver com todos. Os Weasley, os nossos amigos...

 Me virei sem conseguir continuar e andei em direção ao aeroporto chorando, eu queria saber se Rony também estava chorando, mas não tive coragem de olhar. Eu sou só uma das namoradas que ele vai ter.

POV. Hermione off

POV. Rony on

 Ela está indo. Acabou o tempo que a gente teve juntos. E eu nem me despedi de um jeito que preste.

 Vi um cara passando com um violão e uma ideia me ocorreu.

 – Ei! Cara – Chamei e ele virou com uma cara desconfiada. – Preciso de um grande favor.

 Comecei a explicar para ele o quê eu precisava e ele pareceu entender. Eu arrastei ele até a cabine de comunicados e ele distraiu a moça que cuidava do som, a fazendo sair de lá. E pegou o violão.

 – Que musica? – Ele perguntou.

 Minha cabeça girou procurando uma música. Mas a música que a gente ouviu no caminho não me saia da cabeça.

 – Conhece Avril Lavigne? – Perguntei, e ele levantou as sobrancelhas me olhando como se eu fosse gay e deu de ombros.

 – Que música? – Ele perguntou.

 – When you’re gone – Respondi.

 – Minha namorada vive ouvindo, conheço sim.

Sua namorada, sei.

 Ele começou a tocar e eu chequei se o microfone estava ligado, é claro que estava. Comecei a cantar calmamente. Eu sei que é uma ideia idiota, mas quero que a Mione vá com uma lembrança boa, não a lembrança do cara que chorou para vir no aeroporto com ela.

 – Hermione? Espero que esteja ouvindo, por que eu quero que se lembre de mim – Falei tentando ficar calmo. – Ainda temos um trato, lembra?

When you walk away,

I count the steps that you give.

Do you see how much I need you now?

(Quando você vai para longe,

Eu conto os passos que você dá.

Você vê o quanto eu preciso de você agora?).

 Eu vi uma menina de coque com cabelos castanhos olhar na direção da cabine, curiosa. Tão linda... Continuei cantando, tentando mostrar o quanto eu vou sentir saudades, e que eu não vou seguir em frente como ela pediu.

 Notei, mesmo com essa distancia que Mione estava chorando. Continuei tocando, mesmo querendo correr para dizer que vai tudo ficar bem. Tem que ficar bem.

 As pessoas começavam a olhar, e os seguranças pareceram notar, mas ficaram um pouco sem ação. A falta de ação deles me deu tempo de terminar a música e correr ao encontro da Mione, notei que ela também estava correndo na minha direção, desviando do ciclo de pessoas.

 De repente estávamos abraçados e Mione chorava como se não houvesse amanhã, como se ela não fosse mais voltar. Isso não ajudou nada.

 – Eu não vou esquecer – Ela prometeu, já sem chorar e eu sequei as lágrimas que ainda estavam no rosto dela.

 Me aproximei, respirando o cheiro dela, desde o primeiro minuto em que eu vi a Mione. Eu saia que os olhos eram a porta para outro mundo, eu não entendo como ela pode estar doente.

 Eu a beijei, a garota estava na ponta dos pés, e as mãos acariciavam meus cabelos. O beijo da Hermione me fez sentir que o tempo não ia passar, que podíamos ficar ali pelo resto da vida e não íamos nos cansar. O gosto dela é como uma explosão de sabores doces em minha boca. Então ela se afastou, cedo demais. Eu não quero dizer adeus.

 – Adeus Rony – Ela falou ainda perto.

 – Não fale assim, parece que você não vai voltar – Eu falei ainda respirando o cheiro da Hermione.

 – Eu vou voltar, eu prometo – Ela falou. – Eu preciso de você Rony.

 Eu parei para pensar um pouco. Faz menos de um ano que eu conheço a Mione, mas nunca tive tanta certeza de nada em minha vida.

 – Eu te amo – Sussurrei, e tenho certeza que fiquei vermelho.

 Eu vi um sorriso criar vida no rosto da Mione, mas ela não respondeu nada. Eu não esperei outra coisa. Ela nunca gostou de mim como eu gosto dela. Eu dei um beijo na testa dela.

 – Você devia entrar agora – Falei, tentando não me mostrar triste, isso já é difícil o bastante para ela. Mas ao notar o olhar dela eu tive que perguntar: – Isso é realmente um adeus não é?

 – Eu não posso mentir para você – Ela falou com um sorriso duro. – Então é melhor eu não falar nada... Vai ser o melhor não é? Acho que não era para funcionar, sempre teve tanta coisa no meio...

 – Você está terminando comigo não é? – Perguntei, mesmo que eu já soubesse.

 – Eu não quero você achando que eu posso voltar a qualquer hora Rony! Eu tenho câncer, isso não é nada que se cura de uma hora para outra, muitas vezes nem se cura – Ela falou e foi como a ver sangrando de novo. Doeu.

 – Entendi, mas não esquece tá? – Falei. – A gente pode durar mais do que isso.

 – Eu vou escrever – Ela beijou minha bochecha e entrou na sala de embarque.

 Eu senti as pessoas continuarem a passar ao meu redor, e tentei me mover, mas minhas pernas não respondiam. Vamos lá Rony, você sempre soube que ela ia dizer adeus um dia. É, mas não desse jeito.

 Eu vi as placas do voo para Califórnia trocarem para Seattle, isso significa que o avião já partiu. Que ela já foi.

 O silêncio se arrastou por um longo tempo, e finalmente tomei coragem para levantar os olhos, Rony parecia ter entrado em choque. Eu olhei para ele como quem se desculpa e saí do quarto.

 Fui até o quarto de Gina e arrumei minhas malas em silêncio. Coloquei um casaco preto e saí para a noite, puxando o capuz sobre o rosto.

 Cheguei até a frente da minha casa, peguei as chaves e entrei acendendo tudo. Fui até o meu quarto, eu sentia falta daquele lugar. Mesmo matando a saudade do meu quarto, não consegui parar de pensar em como os momentos com os Weasley foram melhores que cada segundo nessa casa.

 Olhei triste para o lugar ao meu redor, imaginando qual seria o meu destino ao amanhecer. Eu não posso continuar aqui, mas também não quero ir. Ficar longe de Rony parece impossível agora. Ruim, talvez até doloroso.

 Me senti cada vez mais idiota ao pensar em talvez ficar por causa do Rony, é só um namorado de colegial. E ele com certeza não está assim tão triste. Mesmo com esses pensamentos as lágrimas insistiram em rolar.

 O toque do meu telefone começou com Only One. Essa era música para quando o Rony ligava. Não me importei em desligar e deixei a música tocar, a mensagem da caixa-postal começou em seguida.

 – Mione – Ouvi-o suspirar – Eu... Eu não sei como lidar com isso, mas eu notei que você saiu daqui. Por favor, volte para cá. Vamos achar uma saída...

 Suspirei e digitei uma mensagem para ele.

Rony, não tem saída, me desculpe. Eu estou indo morar com meus pais. Eles vão conseguir algum tratamento exagerado.

Lembra de quando eu te prometi que ia ser sua para sempre? Eu mantenho a promessa, eu vou conseguir me curar ok?

Não me peça para voltar,

Não posso.

 Caí no sono assim que enviei essa mensagem. Acordei para um dia frio, e fui tomar um banho quente. Saí do chuveiro calmamente e vesti um vestido de lã branco, uma meia-calça cinza e um coturno preto. Fiz um coque alto em meu cabelo e liguei para minha mãe.

 – Mãe, desculpe, eu não posso explicar agora. Mas preciso que compre uma passagem para mim. Preciso ir até vocês agora – Falei com a voz pesada.

 – Hermione? Aqui? Não acho que seja possível – Ela falou.

 – Mãe, é importante – Eu insisti.

 – Certo Hermione, eu vou comprar, pode ir para o aeroporto – Ela falou com voz impaciente.

 – Obrigada – Falei rouca de repente.

 Ouvi-a suspirar e desligar o telefone. É mais fácil do que eu esperei que fosse.

 Peguei minhas malas e segui para o carro. Coloquei tudo no porta-malas, e entrei no banco do motorista, mas hesitei. Isso significa ficar longe de todas pessoas que amo, e que aprendi a amar. Ficar longe dos meus amigos, do Rony, dos gêmeos Weasley (que apesar de me irritarem sempre gostei), da Sra. Weasley e dos meus professores. 

 Encostei a cabeça no banco por um momento, procurando respirar.  Ouvi uma batida na porta. Rony estava ali fora de olhos inchados, parecia ter chorado muito. Senti uma dor no coração ao imaginar Rony chorar.

 Abri a porta e saltei para fora, abraçando ele. Ouvi Rony soluçar e olhei para ele. Estava chorando.

 – Por favor – Falei secando as lágrimas dele. – Não chore.

 – Como? – Ele perguntou me olhando intensamente.

 – Eu não sei – Falei pesadamente.

 – Eu não posso deixar você ir Mione – Ele falou. – Eu sei que você não quer ir. Tem áreas maravilhosas de tratamento aqui mesmo, eu pesquisei. Você não pode ir.

 – Mas eu tenho que ir – Falei dando um sorriso duro. – Meus pais vão... Vão achar o melhor tratamento possível e eu vou voltar. Mas...

 – Mas? – Ele perguntou.

 – Sempre tem a chance que não funcione – Eu falei olhando para baixo. – Não quero que me espere voltar Rony. Isso pode demorar meses, anos. Ou simplesmente pode não funcionar.

 – Eu não posso te perder de novo Mione – Ele falou.

 – Não vai. Eu sou sua para sempre lembra? – Sorri um pouco.

 – Para sempre – Ouvi ele sussurrar e me beijar.

 Como sempre o beijo de Rony me acalmou e me fez esquecer o mundo por alguns minutos.  Minutos que pareceram curtos demais.

 – Posso ir com você? – Ele perguntou. – Para o aeroporto...

 – Acho melhor não Rony. Eu preciso ir e você lá... Vai tornar as coisas mais difíceis – Falei.

 – Mas você precisa de alguém para trazer o carro de volta certo? – Ele falou e ao notar minha expressão de tinha-esquecido-disso, ele acrescentou: – Você não pensou nisso certo?

 – Na verdade não, mas prefiro não admitir. Então vamos fazer de conta que eu aceitei quando você se ofereceu – Eu disse e ofereci o banco do carona para o Rony.

 Ele riu e sentou. Comecei a dirigir com mais cuidado do que o normal, além de estar nervosa, eu iria virar o rosto para Rony se me distraísse. A musica When you’re gone da Avril Lavigne estava tocando. Chegamos ao aeroporto em poucos minutos e recebi uma mensagem da minha mãe. Falando que o meu nome estava na lista voo para Califórnia para daqui à uma hora.

 – Rony, eu preciso que você vá embora agora – Suspirei. – Eu não vou conseguir com você aqui.

 – Nós dois... Não durou nem um minuto não é? – Ele perguntou tristonho, se referindo ao nosso namoro.

 – Quem sabe um dia a gente dure mais que isso – Falei também triste e entreguei as chaves para ele e uma carta. – Leia quando estiver com todos. Os Weasley, os nossos amigos...

 Me virei sem conseguir continuar e andei em direção ao aeroporto chorando, eu queria saber se Rony também estava chorando, mas não tive coragem de olhar. Eu sou só uma das namoradas que ele vai ter.

POV. Hermione off

POV. Rony on

 Ela está indo. Acabou o tempo que a gente teve juntos. E eu nem me despedi de um jeito que preste.

 Vi um cara passando com um violão e uma ideia me ocorreu.

 – Ei! Cara – Chamei e ele virou com uma cara desconfiada. – Preciso de um grande favor.

 Comecei a explicar para ele o quê eu precisava e ele pareceu entender. Eu arrastei ele até a cabine de comunicados e ele distraiu a moça que cuidava do som, a fazendo sair de lá. E pegou o violão.

 – Que musica? – Ele perguntou.

 Minha cabeça girou procurando uma música. Mas a música que a gente ouviu no caminho não me saia da cabeça.

 – Conhece Avril Lavigne? – Perguntei, e ele levantou as sobrancelhas me olhando como se eu fosse gay e deu de ombros.

 – Que música? – Ele perguntou.

 – When you’re gone – Respondi.

 – Minha namorada vive ouvindo, conheço sim.

Sua namorada, sei.

 Ele começou a tocar e eu chequei se o microfone estava ligado, é claro que estava. Comecei a cantar calmamente. Eu sei que é uma ideia idiota, mas quero que a Mione vá com uma lembrança boa, não a lembrança do cara que chorou para vir no aeroporto com ela.

 – Hermione? Espero que esteja ouvindo, por que eu quero que se lembre de mim – Falei tentando ficar calmo. – Ainda temos um trato, lembra?

When you walk away,

I count the steps that you give.

Do you see how much I need you now?

(Quando você vai para longe,

Eu conto os passos que você dá.

Você vê o quanto eu preciso de você agora?).

 Eu vi uma menina de coque com cabelos castanhos olhar na direção da cabine, curiosa. Tão linda... Continuei cantando, tentando mostrar o quanto eu vou sentir saudades, e que eu não vou seguir em frente como ela pediu.

 Notei, mesmo com essa distancia que Mione estava chorando. Continuei tocando, mesmo querendo correr para dizer que vai tudo ficar bem. Tem que ficar bem.

 As pessoas começavam a olhar, e os seguranças pareceram notar, mas ficaram um pouco sem ação. A falta de ação deles me deu tempo de terminar a música e correr ao encontro da Mione, notei que ela também estava correndo na minha direção, desviando do ciclo de pessoas.

 De repente estávamos abraçados e Mione chorava como se não houvesse amanhã, como se ela não fosse mais voltar. Isso não ajudou nada.

 – Eu não vou esquecer – Ela prometeu, já sem chorar e eu sequei as lágrimas que ainda estavam no rosto dela.

 Me aproximei, respirando o cheiro dela, desde o primeiro minuto em que eu vi a Mione. Eu saia que os olhos eram a porta para outro mundo, eu não entendo como ela pode estar doente.

 Eu a beijei, a garota estava na ponta dos pés, e as mãos acariciavam meus cabelos. O beijo da Hermione me fez sentir que o tempo não ia passar, que podíamos ficar ali pelo resto da vida e não íamos nos cansar. O gosto dela é como uma explosão de sabores doces em minha boca. Então ela se afastou, cedo demais. Eu não quero dizer adeus.

 – Adeus Rony – Ela falou ainda perto.

 – Não fale assim, parece que você não vai voltar – Eu falei ainda respirando o cheiro da Hermione.

 – Eu vou voltar, eu prometo – Ela falou. – Eu preciso de você Rony.

 Eu parei para pensar um pouco. Faz menos de um ano que eu conheço a Mione, mas nunca tive tanta certeza de nada em minha vida.

 – Eu te amo – Sussurrei, e tenho certeza que fiquei vermelho.

 Eu vi um sorriso criar vida no rosto da Mione, mas ela não respondeu nada. Eu não esperei outra coisa. Ela nunca gostou de mim como eu gosto dela. Eu dei um beijo na testa dela.

 – Você devia entrar agora – Falei, tentando não me mostrar triste, isso já é difícil o bastante para ela. Mas ao notar o olhar dela eu tive que perguntar: – Isso é realmente um adeus não é?

 – Eu não posso mentir para você – Ela falou com um sorriso duro. – Então é melhor eu não falar nada... Vai ser o melhor não é? Acho que não era para funcionar, sempre teve tanta coisa no meio...

 – Você está terminando comigo não é? – Perguntei, mesmo que eu já soubesse.

 – Eu não quero você achando que eu posso voltar a qualquer hora Rony! Eu tenho câncer, isso não é nada que se cura de uma hora para outra, muitas vezes nem se cura – Ela falou e foi como a ver sangrando de novo. Doeu.

 – Entendi, mas não esquece tá? – Falei. – A gente pode durar mais do que isso.

 – Eu vou escrever – Ela beijou minha bochecha e entrou na sala de embarque.

 Eu senti as pessoas continuarem a passar ao meu redor, e tentei me mover, mas minhas pernas não respondiam. Vamos lá Rony, você sempre soube que ela ia dizer adeus um dia. É, mas não desse jeito.

 Eu vi as placas do voo para Califórnia trocarem para Seattle, isso significa que o avião já partiu. Que ela já foi.